sexta-feira, 2 de março de 2012

Lectio Divina






 SEXTA-FEIRA - 02/03/2012



PRIMEIRA LEITURA : Ezequiel 18,21-28



• Se pudéssemos encontrar algum defeito em Deus, este seria: SUA FALTA DE MEMÓRIA PARA NOSSOS PECADOS. Deus, como nos diz hoje o Profeta, não procura castigar-nos ou enviar-nos para a morte eterna, mas sim, o contrário: continuamente, e desde a criação do homem, tem procurado por todos os modos que o homem lhe ame, lhe ouça, lhe obedeça e tenha com isso a felicidade neste mundo e na vida eterna. A prova máxima deste projeto de Deus é ter-nos enviado seu próprio Filho para que por Ele tivéssemos esta vida profunda e cheia de paz. Mais ainda, conhece nossa debilidade, e como diz o salmo 103, sabe de que barro fomos feitos, por isso, não nos trata como merecemos. Quando nós vamos ao sacramento da Reconciliação com um profundo arrependimento, Deus nos perdoa e não nos lembra de nossas faltas jamais. A Quaresma é um tempo propício para reconciliar-nos não só com Deu e com os irmãos, mas, inclusive com nós mesmos, é tempo de perdoar nossos erros, de aceitar-nos como somos e propor-nos novas metas. Tenha coragem, Deus quer que tenha vida e a tenha em abundância.



ORAÇÃO INICIAL


• Oh Deus, fonte de todo bem, ouça sem cessar nossas súplicas; e concede-nos, inspirados por ti, pensar o que é reto e cumpri-lo com tua ajuda. Por Nosso Senhor.



REFLEXÃO

Mateus 5,20-26


• O evangelho de hoje está dentro da unidade maior de Mt 5,20 até Mt 5,48. Nesta unidade Mateus mostra como Jesus interpretava e explicava a Lei de Deus. Por cinco vezes repetiu a frase: “Haveis ouvido o que foi dito, porém eu vos digo!” (Mt 5,21.27.33.38.43). Na opinião de alguns fariseus, Jesus estava acabando com a lei. Porém, era exatamente o contrário. Dizia: “Não pensem que vim abolir a Lei e os Profetas. Não vim para abolir, mas sim, dar-lhe pleno cumprimento” Mt 5,17). Diante da Lei de Moisés, Jesus tem uma atitude de “ruptura e continuidade”. Rompe com as interpretações erradas que se encerravam na prisão da palavra, e reafirma de forma categórica o objetivo da lei: alcançar a justiça maior que é o Amor.
• Nas comunidades para as quais Mateus escreve seu Evangelho havia opiniões diferentes diante da Lei de Moisés. Para alguns não tinha sentido. Para outros tinha que ser observada até nos mínimos detalhes. Por isto, havia muitos conflitos e enfrentamentos. Uns chamavam a outros de imbecil e idiota. Mateus procura ajudar os dois grupos a enfrentar e superar os conflitos que surgem dentro da família e da comunidade.
• Mateus 5,20: A JUSTIÇA DE VOCÊS TEM QUE SER MAIOR QUE A JUSTIÇA DOS FARISEUS. Este primeiro versículo oferece a chave geral de tudo o que segue no conjunto de Mt 5,20-48. O evangelista mostra às comunidades como devem praticar uma justiça maior que supere a justiça dos escribas e dos fariseus e que levará à observância plena da lei. Em seguida, depois desta chave geral sobre a justiça maior, Mateus apresenta cinco exemplos bem concretos de como praticar a Lei de tal maneira que sua observância leve à prática perfeita do amor. No primeiro exemplo do evangelho de hoje, Jesus revela o que Deus queria quando entregou à Moisés o quinto mandamento. “Não matarás!”.
• Mateus 5,21-22: NÃO MATAR. “Haveis ouvido que se tem dito: Não matará. Quem matar seu irmão será condenado pelo tribunal” (Ex 20,13). Para observar plenamente este quinto mandamento não basta evitar o assassinato. É preciso arrancar do próprio ser tudo aquilo que, dê uma ou outra forma, possa levar ao assassinato, como por exemplo, a raiva, o ódio, o juízo, o desejo de vingança, de exploração, etc. “Todo aquele que se encolerize contra seu irmão, será réu diante do tribunal”. Isto é, quem pensa com raiva em seu irmão, já merece o mesmo castigo de condenação do tribunal que, na antiga lei, era reservado ao assassino. E Jesus vai muito mais além. Ele quer arrancar a raiz do assassinato: porém, o que chamar seu irmão de “imbecil”, será réu diante do Sinédrio, e o que chamar de “renegado”, será réu na “gehena” de fogo. Com outras palavras, observo plenamente o mandamento “Não Matar” se consigo tirar de meu coração qualquer sentimento de raiva que me leve a insultar o irmão. Isto é: somente assim chego a perfeição do amor.
• Mateus 5,23-24: O CULTO PERFEITO QUE DEUS QUER. “Se ao entregares tua oferenda no altar, então, lembrar que teu irmão tem algo contra ti, deixe tua oferenda ali, diante do altar, e vá primeiro reconciliar-te com teu irmão; volte e apresente tua oferenda”. Para poder ser aceito por Deus e estar unido a Ele, é preciso estar reconciliado com o irmão, com a irmã. Antes da destruição do Templo no ano 70, quando os cristãos participavam das peregrinações à Jerusalém para fazer suas ofertas ao altar do Templo, lembravam sempre da frase de Jesus. Agora nos anos 80, no momento em que Mateus escreve, o Templo e o Altar já não existiam. A comunidade passou a ser o Templo e o Altar de Deus (1Cor 3,16).
• Mateus 5,25-26: RECONCILIAR. Um dos pontos em que o Evangelho de Mateus mais insiste é na reconciliação, pois, nas comunidades daquela época, havia muitas tensões entre os grupos radicais com tendências diferentes, sem dialogo. Ninguém queria ceder diante do outro. Mateus ilumina esta situação com palavras de Jesus sobre a reconciliação que pede acolhida e compreensão. Pois, o único pecado que Deus não consegue perdoar é nossa falta de perdão aos demais (Mt 6,14). Por isto, procure a reconciliação, antes que seja demasiado tarde!
• O IDEAL DA JUSTIÇA MAIOR. Por cinco vezes, Jesus cita um mandamento ou um costume da antiga lei: “Não Matar (Mt 5,21), Não Cometer Adultério (Mt 5,27), Não Jurar em Falso (Mt 5,33), Olho por Olho, Dente por Dente (Mt 5,38), Amar ao Próximo e Odiar o Inimigo (Mt 5,43). E por cinco vezes, critica a antiga maneira de observar estes mandamentos e aponta para um caminho novo para alcançar a justiça, o objetivo da lei (Mt 5,22-26; 5, 28-32; 5,34-37; 5,39-42; 5,44-48). A palavra Justiça aparece sete vezes no Evangelho de Mateus (Mt 3,15; 5,6.10.20; 6,1.33; 21,32). O ideal religioso dos judeus da época era “ser justo diante de Deus”. Os fariseus ensinavam: “A pessoa alcança a justiça diante de Deus quando observa todas as normas da lei em todos seus detalhes!”. Este ensinamento engendrava uma opressão legalista e enchia de angustia as pessoas de boa vontade, porque era muito difícil observar todas as normas (Rm 7,21-24). Por isto, Mateus lembra as palavras de Jesus sobre a justiça mostrando que tem que superar a justiça dos fariseus (Mt 5,20). Para Jesus, a justiça não vem daquilo que eu faço por Deus observando a lei, mas sim, vem do que Deus faz por mim, acolhendo-me com amor como filho ou filha. O novo ideal que Jesus propõe é este: “Sê perfeito como o Pai celestial é perfeito!” (Mt 5,48). Isto quer dizer: ser justo diante de Deus, quando acolher e perdoar as pessoas assim como Deus me acolhe e perdoa gratuitamente, apesar de meus muitos defeitos e pecados.



PARA REFLEXÃO PESSOAL


• Quais são os conflitos mais freqüentes em nossa família? E em nossa comunidade? É facial a reconciliação em família e em comunidade? Sim ou não? Por quê?
• De que maneira os conselhos de Jesus podem ajudar a melhorar a relação dentro de nossa família e da comunidade?



ORAÇÃO FINAL

• (SALMO 65,10)
• Hoje repetirei constantemente: “Senhor, dá-me tua vida”.











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