sexta-feira, 29 de junho de 2012

Lectio Divina - 29/06/12





SEXTA-FEIRA -29/06/2012

PRIMEIRA LEITURA: Atos 12,1-11

•    O livro dos Atos dos Apóstolos, esta cheio de histórias que nos lembram que a vida cristã é a vida onde o sobrenatural se converte no natural de todos os dias. Em suas páginas a qual hoje lemos, nos mostra, além disso, que o cristão autêntico se verá continuamente perseguido por aqueles que se opõem na instauração do Reino. Todavia, Deus é fiel e cumpre suas promessas. Ao lembrar hoje os santos apóstolos Pedro e Paulo, a Escritura nos revela o grande amor de Deus por seus servidores, aos quais não deixa ao arbítrio de seus inimigos, mas, sai em defesa deles, livrando-os da morte. Herodes pensou que com quatro turnos de guardas e tendo Pedro encarcerado poderia fazer com ele o que quisesse, porém, se esqueceu que para Deus nada é impossível. Pedro pensou que estava sonhando, porque um anjo o libertara, mas, logo se deu conta de que não era um sonho, mas uma realidade. Para a primeira comunidade todos estes prodígios era parte de sua vida cotidiana. É necessário que nós também aprendamos de novo a confiar plenamente em Deus, e com isso, vamos aprendendo a viver em um mundo onde a ação e o poder de Deus se manifesta continua e ordinariamente em nossa vida.



ORAÇÃO INICIAL

• Senhor Jesus, envia teu Espírito, para que Ele nos ajude a ler a Bíblia do mesmo modo com o qual Tu a leu para os discípulos no caminho de Emaús. Por Nosso Senhor...



REFLEXÃO

Mateus 16,13-19

• Mateus 16,13-16: AS OPINIÕES DO POVO E DOS DISCÍPULOS COM RESPEITO A JESUS. Jesus quer saber a opinião do povo sobre sua pessoa. As respostas são muito variadas: João Batista, Elias, Jeremias, um dos profetas. Quando Jesus pede a opinião dos próprios discípulos, Pedro em nome de todos diz: “Tu és o Cristo o Filho de Deus vivo!”. Esta resposta de Pedro não é nova. Anteriormente, depois de caminhar sobre as águas, já os próprios discípulos havia feito uma confissão de fé semelhante: “Verdadeiramente tu és o Filho de Deus!” (Mt 14,33). É o reconhecimento de que em Jesus se realizam as profecias do Antigo Testamento. No Evangelho de João a mesma profissão de fé se faz por meio de Marta: “Tu és o Cristo, o Filho de Deus que veio a este mundo!” (Jo 11,27).
• Mateus 16,17: A RESPOSTA DE JESUS A PEDRO: Feliz é tu, Pedro! Jesus proclama “feliz” a Pedro, porque recebeu uma revelação do Pai. Tampouco, aqui, é nova a resposta de Jesus. Anteriormente Jesus havia feito uma idêntica proclamação de beatitude aos discípulos porque viam e ouviam coisas que ninguém antes havia conhecido (Mt 13,16), e havia louvado o Pai porque havia revelado o Filho aos pequenos e não aos sábios (Mt 11,25). Pedro é um dos pequenos ao qual o Pai se revela. A percepção da presença de Deus em Jesus não “vem da carne nem do sangue”, ou seja, não é fruto de estudo, nem é mérito de nenhum esforço humano, mas, é um dom que deus concede a quem quer.
• Mateus 16,18-20: AS QUALIFICAÇÕES DE PEDRO: Ser pedra de fundamento e receber a posse das chaves do Reino.
• (01)-SER PEDRA: Pedro deve ser a pedra, a saber, deve ser o fundamento firme para a Igreja, de modo que possa resistir contra os assaltos das portas do inferno. Com estas palavras de Jesus a Pedro, Mateus animava as comunidades da Síria e da Palestina, que sofriam e eram perseguidas e que viam em Pedro o chefe que as havia selado desde as origens. Apesar de ser débeis e perseguidas, elas tinham um fundamento sólido, garantido pela palavra de Jesus. Naquele tempo, as comunidades cultivavam sua relação com a pessoa de Pedro. A da Grécia com a pessoa de Paulo. Algumas comunidades da Ásia com a pessoa do Discípulo Amado e outras com a pessoa de João do Apocalipse. Uma identificação com estes chefes de suas origens lhes ajudava a cultivar melhor a própria identidade e espiritualidade. Porém, podia ser também motivo de conflito, como no caso da comunidade de Corinto (1Cor 1,11-12). Ser pedra como fundamento da fé evoca a palavra de Deus ao povo no cativeiro da Babilônia: “Ouça-me, os que seguem a justiça, os que procuram Yahvé. Considerai a rocha de que haveis sido talhados e da pedreira da qual fostes tirados. Olhem para Abraão, vosso pai e para Sara que os deu a luz, porque só a ele eu chamei, o abençoei e o multipliquei” (Is 51,1-2). Aplicada à Pedro esta qualidade de pedra-fundamento, indica um novo começo do povo de Deus.
• (02)-AS CHAVES DO REINO: Pedro recebe as chaves do Reino para atar e desatar, ou seja, para reconciliar entre eles e com Deus. O mesmo poder de atar e desatar é dado para as comunidades (Mt 18,8) e aos discípulos (Jo 20,23). Um dos pontos em que o Evangelho de Mateus insiste mais, é o da reconciliação e do perdão (Mt 5,7.23-24.38-42.44-48;6,14-15;18.15-35). O fato é que nos anos 80 e 90, ali na Síria existiam muitas tensões nas comunidades e divisões nas famílias por causa da fé em Jesus. Alguns o aceitavam como Messias e outros não, e isto era fonte de muitas desavenças e conflitos. Mateus insiste sobre a reconciliação. A reconciliação era e continua sendo um dos mais importantes deveres dos coordenadores das comunidades. Imitando Pedro, devem atar e desatar, isto é, trabalhar para que haja reconciliação, aceitação mútua, construção da verdadeira fraternidade.
• (03)- A IGREJA: A palavra Igreja, em grego “ekklesia”, aparece 105 vezes no Novo Testamento, quase exclusivamente nos Atos dos Apóstolos e nas Cartas. Somente três vezes nos Evangelhos, e só em Mateus. A palavra significa “assembléia convocada” ou “assembléia eleita”. Esta indica o povo que ser reúne convocado pela Palavra de Deus, e procura viver a mensagem do Reino que Jesus nos trouxe. A Igreja ou a comunidade não é o Reino, mas, um instrumento e um sinal do Reino. O Reino é muito maior. Na Igreja, na comunidade, deve ou deveria aparecer aos olhos de todos, o que acontece quando um grupo humano deixa Deus reinar e tomar posse de sua vida.
• Mateus 16,21-22: JESUS, COMPLETA O QUE FALTA NA RESPOSTA DE PEDRO E ESTE REAGE E NÃO ACEITA. Pedro havia confessado: “Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo!”. Conforme a ideologia dominante do tempo, ele o imaginava um Messias glorioso. Jesus o corrige: “É necessário que o Messias sofra e seja morto em Jerusalém”. Dizendo “é necessário”, Ele indica que o sofrimento já estava previsto nas profecias (Is 53,2-8). Se os discípulos aceitam Jesus como Messias e Filho de Deus, devem aceitá-lo também como Messias Servo que vai morrer. Não só o triunfo da glória, mas, também o caminho da cruz! Porém, Pedro não aceita a correção de Jesus e procura faze-lo mudar de opinião.
• Mateus 16,23: A RESPOSTA DE JESUS A PEDRO: Pedra de escândalo. A resposta de Jesus é surpreendente: “Retira-te de mim, Satanás! Tu me serves de escândalo, porque não sentes as coisas de Deus, mas sim, dos homens”. Satanás é o que nos afasta do caminho que Deus trouxe para nós. Literalmente Jesus diz: “Coloca-te, atrás de mim!” (Vada retro! Em latim). Pedro queria tomar a dianteira e indicar a direção do caminho. Jesus diz: “Atrás de mim!”. Quem indica a direção e o ritmo não é Pedro, mas Jesus. O discípulo dever seguir o mestre. Deve viver em conversão permanente. A palavra de Jesus era também uma mensagem para todos aqueles que guiavam a comunidade. Eles devem “seguir” Jesus e não podem colocar-se adiante como Pedro queria fazer. Não são eles que podem indicar a direção ou o estilo. Ao contrário, como Pedro, ao invés de pedra de apoio, pode converter-se em pedra de escândalo. Assim eram alguns chefes das comunidades nos tempos de Mateus. Havia ambigüidade. Assim não pode acontecer conosco hoje!




PARA REFLEXÃO PESSOAL

• Quem é Jesus para mim? Quem sou para Jesus?
• Pedro é pedra de dois modos: quais?
• Que tipo de pedra é a nossa comunidade?
• Qual é o resultado da missão de tudo para nós hoje?



ORAÇÃO FINAL

• (SALMO 103)
• Hoje farei uma oração especial pelo Santo Padre Bento XVI, e por todos os que estão sofrendo na atualidade por causa do Evangelho.






quinta-feira, 28 de junho de 2012

Lectio Divina - 28/06/12






QUINTA-FEIRA -28/06/2012

PRIMEIRA LEITURA: 2Reis 24,8-17

• A mãe de Ioakin, Nehushtá, é de Jerusalém. Ele faz o mal aos olhos do Senhor. Seu reinado dura apenas três meses. Isaias profetizara o exílio de Ioakin na Babilônia, junto com o exílio de outros e o confisco dos tesouros do templo e do palácio. Mais uma vez, a palavra do Senhor é eficiente. Quando Nabucodonosor coloca o tio de Ioakin no trono de Judá como rei fantoche, muda seu nome, a mesma coisa que o faraó NeKô fizera a Eliaquim e por razões semelhantes. Mataniá (Sedecias) está sob total controle babilônico.



ORAÇÃO INICIAL

• Concede-nos viver sempre Senhor, no amor e respeito a teu santo nome, porque jamais deixas de dirigir a quem estabelece no sólido fundamento de teu amor. Por Nosso Senhor...




REFLEXÃO

Mateus 7,21-29

• O evangelho de hoje apresenta a parte final do Sermão da Montanha: (a)-não basta falar e cantar, é preciso viver e praticar (Mt 7,21-23). (b)-a comunidade construída em cima do fundamento da nova Lei do Sermão do Monte ficará firme no momento da tormenta (Mt 7,24-27). (c)-O resultado das palavras de Jesus nas pessoas é uma consciência mais critica com relação aos líderes religiosos, os escribas (Mt 7,28-29).
• Este final do Sermão do Monte explica algumas posições ou contradições que continuam atuais até hoje em dia: (a)-As pessoas que falam continuamente de Deus, porém, se esquecem de fazer a vontade de Deus; usam o nome de Jesus, mas, não traduz na vida sua relação com o Senhor (Mt 7,21). (b)-Existem pessoas que vivem na ilusão de estar trabalhando pelo Senhor, porém, no dia do encontro definitivo com Ele, descobrem tragicamente que nunca o conheceram (Mt 7,22-23). As duas palavras finais do Sermão do Monte, da casa construída sobre a rocha (Mt 7,24-25) e da casa construída sobre a areia (Mt 7,26-27), ilustram estas contradições. Por meio delas Mateus denuncia e, ao mesmo tempo, procura corrigir a separação entre fé e vida, entre falar e fazer, entre ensinar e praticar.
• Mateus 7,21: NÃO BASTA FALAR, É PRECISO PRATICAR. O importante não é falar de forma bonita sobre Deus ou saber explicar bem a Bíblia aos demais, mas sim, fazer a vontade do Pai e, assim, ser uma revelação de seu rosto e de sua presença no mundo. A mesma recomendação foi dada por Jesus à mulher que elogiou Maria sua mãe. Jesus lhe respondeu: “Felizes os que ouvem a Palavra de Deus e a colocam em prática” (Lc 11,28).
• Mateus 7,22-23: OS DONS DEVEM ESTAR A SERVIÇO DO REINO, DA COMUNIDADE. Havia pessoas com dons extraordinários como, por exemplo, o dom da profecia, do exorcismo, da cura, porém, usavam estes dons para elas próprias, fora do contexto da comunidade. No juízo, ouviram uma sentença dura de Jesus: “Afastai-vos de mim vós que praticais a iniqüidade!”. A iniqüidade é o oposto à justiça. É fazer com Jesus o que alguns doutores faziam com a lei: ensinavam, porém, não praticavam (Mt 23,3). Paulo dirá o mesmo com outras palavras e argumentos: “Se eu tivesse o dom da profecia, conhecendo as coisas secretas com toda classe de conhecimentos, e tivesse tanta fé como para trasladar os montes, porém, me faltasse amor, nada seria. Se reparto tudo o que possuo aos pobres e se entrego até meu próprio corpo, mas, não por amor, mas sim para receber elogios, de nada me serve” (1Cor 13,2-3).
• Mateus 7,24-27: A PARÁBOLA DA CASA SOBRE A ROCHA. Ouvir e colocar em prática, esta é a conclusão final do Sermão do Monte. Muita gente procurava sua segurança nos dons extraordinários ou nas observâncias. Porém, a verdadeira segurança não vem do prestígio, nem das observâncias, não vem de nada disto. Vem de Deus! Vem do amor de Deus que nos amou primeiro (1Jo 4,19). Seu amor por nós, manifestado em Jesus, supera tudo (Rm 8,38-39). Deus se torna fonte de segurança, quando procuramos fazer a sua vontade. Ai, Ele será a rocha que nos sustenta na hora das dificuldades e das tormentas.
• Mateus 7,28-29: ENSINAR COM AUTORIDADE. O evangelista encerra o Sermão do Monte dizendo que a multidão ficou admirada do ensinamento de Jesus, “Ele ensinava com autoridade e não como os escribas”. O resultado do ensinamento de Jesus é a consciência mais critica das pessoas com relação às autoridades religiosas da época. Suas palavras simples e claras brotavam de sua experiência de Deus, de sua vida entregue ao Projeto do Pai. As pessoas estavam admiradas e aprovavam os ensinamentos de Jesus.
• COMUNIDADE: CASA NA ROCHA. No livro dos Salmos, com freqüência encontramos a expressão: “Deus é minha rocha, minha fortaleza..., meu escudo e meu libertador” (Sl 18,3). Ele é a defesa e a força dos que pensam na justiça e a buscam (Sl 18,21.24). As pessoas que confiam neste Deus se tornam “rocha” para os outros. Assim o profeta Isaias dirige um convite aos que estavam no cativeiro: “Ouçam-me vocês que almejam a justiça e que buscam Yavé. Olhem a pedra de que foram talhados, e o corte na rocha de onde foram tirados. Olhem a Abraão, seu pai, e a Sara, que os deu a luz” (Is 51,1-2). O profeta pede as pessoas que não esqueçam o passado. O povo tem que lembrar como Abraão e Sara pela fé em Deus se tornaram “rocha”, começo do povo de Deus. Olhando para esta rocha, as pessoas criavam coragem para lutar e sair do cativeiro. Mesmo assim, Mateus exorta as comunidades para que tenham como meta essa mesma rocha (Mt 7,24-25) e assim possam elas mesmas ser rocha para fortalecer seus irmãos e irmãs na fé. Este é o sentido do nome que Jesus deu a Pedro: “Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei minha Igreja” (Mt 16,18). Esta é a vocação das primeiras comunidades, chamadas a unir-se a Jesus, a pedra viva, para tornar-se, elas também, pedras vivas pela escuta e a prática da Palavra (Pd 2,4-10; 2,5; Ef 2,19-22).




PARA REFLEXÃO PESSOAL

• Nossa comunidade como trata de equilibrar oração e ação, elogio e pratica, falar e fazer, ensinar e praticar? O que é que deve melhorar em nossa comunidade, para que seja rocha, casa segura e acolhedora para todos?
• Qual é a rocha que sustenta nossa comunidade? Qual é o ponto em que Jesus insiste mais?




ORAÇÃO FINAL

• (SALMO 78)
• Permita que o amor de Deus encha tua vida hoje. Abra-lhe teu coração.




quarta-feira, 27 de junho de 2012

Lectio Divina - 27/06/12





QUARTA-FEIRA -27/06/2012


PRIMEIRA LEITURA: 2Reis 22,8-13;23,1-3

• A lei de Deus é, diante de tudo, um convite a felicidade, pelo qual, sua desobediência acarreta ao homem angustia e a dor. Na linguagem do Antigo Testamento, isto é expresso como uma irritação por parte de Deus, todavia, esta atitude divina deve ser compreendida mais no sentido do que o próprio pecado trás em si mesmo. Não é que Deus nos castigue por não obedecer seus mandatos, mas sim que, o fato de não obedecer-lhe faz que se perca a felicidade. Isto é o que chamamos as conseqüências do pecado, das quais, a mais trágica é perder a vida eterna. No entanto, pareceria que depois de tantos anos de humanidade e de instrução por parte de Deus havendo-o experimentado uma e outra vez, todavia, não aprendemos e não temos colocado em nosso coração as palavras do Gênesis na qual Deus adverte a nossos primeiros pais: “O dia que comer desta árvore morrerá”. Regressemos a Deus com um coração arrependido e com o firme propósito de viver conforme sua vontade, a qual está expressa na Sagrada Escritura.



ORAÇÃO INICIAL

• Concede-nos viver sempre Senhor, no amor e respeito a teu santo nome, porque jamais deixas de dirigir a quem estabelece no sólido fundamento de teu amor. Por Nosso Senhor...




REFLEXÃO

Mateus 7,15-20

• Estamos chegando as recomendações finais do Sermão do Monte. Comparando o evangelho de Mateus com o de Marcos percebe-se uma grande diferença na maneira na qual os dois, apresentam o ensinamento de Jesus. Mateus insiste mais no conteúdo do ensinamento e o organiza em cinco grandes discursos, dos quais o Sermão do Monte é o primeiro. Marcos, por mais de quinze vezes, diz que Jesus “ensinava”, porém, raramente diz o que Ele ensinava. Apesar destas diferenças, os dois concordam em um ponto: Jesus ensinava muito. Ensinar era o que Jesus mais fazia. Era seu costume. Mateus se interessa pelo conteúdo. Marcos se interessava pelo conteúdo? Depende do que entendemos por conteúdo! Ensinar não é só questão de comunicar verdades para que as pessoas aprendam de memória. O conteúdo não está só nas palavras, mas também nos gestos e na maneira que Jesus tem de relacionar-se com as pessoas. O conteúdo nunca está desligado da pessoa que o comunica. A pessoa é a raiz do conteúdo. A bondade e o amor que transparecem nas palavras e nos gestos de Jesus é parte do conteúdo. É sua espessura. Conteúdo bom sem bondade é como leite derramado. Não converte e não existe conversão.
• As recomendações finais e o resultado do Sermão do Monte na consciência das pessoas ocupam o evangelho de hoje e de amanhã.
• Mateus 7,15-16ª: CUIDADO COM OS FALSOS PROFETAS. No tempo de Jesus, havia profetas de todo tipo, gente que anunciavam mensagens apocalípticas para envolver as pessoas nos diversos movimentos daquela época. Essênios, fariseus, zelotes e outros (cf. At 5,36-37). No tempo que Mateus escreve havia também profetas que anunciavam mensagens diferentes da mensagem proclamada pelas comunidades. As cartas de Paulo mencionam estes movimentos e tendências ((cf 1Cor 12,3; Gal 1,7-9; 2,11-14;6,12). Não deve ter sido fácil para as comunidades fazer o discernimento de espíritos. Daqui a importância das palavras de Jesus sobre os falsos profetas. A advertência de Jesus é muito forte: “Cuidado com os falsos profetas: eles vêm vestidos com peles de ovelha, porém, dentro são lobos ferozes”. Jesus usa esta mesma imagem quando envia os discípulos e as discípulas em missão: “Os envio como cordeiros no meio de lobos” (Mt 10,16 e Lc 10,3). A oposição entre lobo voraz e manso cordeiro é irreconciliável, a não ser que o lobo se converta e perca sua agressividade como sugere o profeta Isaias (Is 11,6;65,25). O que importa aqui em nosso texto é o dom do discernimento. Não é fácil discernir os espíritos. Às vezes, acontece que interesses pessoais ou de grupo levam as pessoas a proclamar como “falsos” aos profetas que anunciam a verdade que incomoda. Isto aconteceu com Jesus. Foi eliminado e condenado à morte como falso profeta pelas autoridades religiosas da época. De vez em quando, acontece o mesmo e continua ocorrendo em nossa igreja.
• Mateus 7,16b-20: A COMPARAÇÃO DA ÁRVORE E SEUS FRUTOS. Para ajudar no discernimento de espíritos, Jesus usa a comparação do fruto: “Pelos frutos o reconhecerão”. Um critério similar já havia sugerido no livro do Deuteronômio (Dt 18,21-22). E Jesus acrescenta: “Uma árvore boa não produz frutos ruins, nem uma árvore ruim produz frutos bons. Toda árvore que não dá bom fruto, é cortada e jogada ao fogo”. No evangelho de João, Jesus completa a comparação: “Se algum de meus ramos não produz fruto, é cortado, e podo todos os ramos que produz fruto para que dê mais. Esses ramos são jogados fora e secam como ramos mortos” (Jo 15,2.4.6).




PARA REFLEXÃO PESSOAL

• Falsos profetas! Conhece algum caso em que uma pessoa boa e honrada que proclamava uma verdade incomoda foi condenada como falso profeta?
• Ao julgar pelos frutos da árvore de tua vida pessoal, como te defines: falso ou verdadeiro?




ORAÇÃO FINAL

• (SALMO 119,123-124)
• Hoje farei uma recontagem de todas as coisas que me fazem feliz, confirmarei como essa felicidade chega para cumprir algum mandato divino e darei graças a Deus por isso.





terça-feira, 26 de junho de 2012

Lectio Divina - 26/06/12





TERÇA-FEIRA -26/06/2012

PRIMEIRA LEITURA: 2Reis 19, 9-11.14-21.31-35.36

• No meio de nosso mundo tecnológico, que poucos são os que, como o rei sabem recorrer a Deus para deixar-lhe resolver seus problemas; parece mais fácil usar nossos próprios recursos e nossas próprias forças para alcançar as metas que nos temos proposto. Todavia, o Salmo 127 nos diz: “O Senhor dá de comer a seus amigos enquanto dormem”. Devemos, pois, ter sempre em mente, que certamente é muito importante, até poderíamos dizer, vital, o fazer nosso máximo esforço em tudo o que empreendamos, porém, é fundamental dar oportunidade a Deus de completar e aperfeiçoar o que nossas mãos vão fazendo. Não esqueçamos que contamos com um Deus que é o criador de todo universo e que par Ele NADA é impossível, pelo que as dificuldades em nossos projetos não terão maior complicação. Como o rei Ezequias, reconheçamos que só Deus tem poder e aprendamos a confiar em seu infinito amor e poder.



ORAÇÃO INICIAL

• Concede-nos viver sempre Senhor, no amor e respeito a teu santo nome, porque jamais deixas de dirigir a quem estabelece no sólido fundamento de teu amor. Por Nosso Senhor...




REFLEXÃO

Mateus 7,6.12-14

• DISCERNIMENTO E PRUDÊNCIA AO OFERECER COISAS DE VALOR. Em suas relações com os demais, Jesus coloca em guarda algumas atitudes perigosas. O primeiro é não julgar: trata-se de uma verdadeira proibição, “não julgueis”, ação que evita todo desprezo ou condena os outros. O último juízo é competência exclusiva de Deus; nossos parâmetros e critérios são relativos, estão condicionados por nossa subjetividade. Toda condenação dos demais se torna também condenação de si mesmo, porquanto, nos coloca sob o juízo de Deus e se auto-exclui do perdão. Se teu está limpo, isto é, se está livre de todo o juízo para o irmão, pode relacionar-se com ele de maneira verdadeira diante de Deus.
• Vejamos as palavras de Jesus que o texto nos oferece: “Não deis aos cachorros o que é santo, nem jogues vossas pérolas diante dos porcos, eles a pisotearam com suas patas, e depois, voltando-se, as despedaçarão”. A primeira vista, este “ditado” de Jesus parece estranho à sensibilidade do leitor atual. Pode apresentar-se como um verdadeiro enigma. Na verdade trata-se de uma maneira de dizer, de uma linguagem semítica que requer ser interpretada. No tempo de Jesus, como na cultura antiga, os cachorros não eram muito apreciados porque eram considerados semi-selvagens e das ruas. Vejamos agora o aspecto positivo e didático-sapiencial das palavras de Jesus: não profanar as coisas santas é, afinal de contas, um convite a usar a prudência e o discernimento. No AT as coisas santas são: a carne para o sacrifício (Lv 22,14;Es 29,33ss;Nm 18,8-19). Também a proibição de jogar as pérolas aos porcos é incompreensível. Para os hebreus, os porcos são animais impuros, como a quinta-essência da repugnância. Pelo contrário, as pérolas é o mais precioso que se pode haver. A advertência de Jesus se refere àquele que sacia aos cachorros de rua com a carne consagrada e destinada ao sacrifício. Tal comportamento é tido como mau e com freqüência imprudente, pois, normalmente aos cachorros não se dava de comer e, movidos por sua fome insaciável, podiam voltar e roubar seus “benfeitores”. Á nível metafórico, as pérolas indicariam os ensinamentos dos sábios e as interpretações da “torah”. No evangelho de Mateus, a pérola é imagem do reino de Deus (Mt 13.45ss). A interpretação que faz o evangelista ao colocar esta advertência de Jesus, é principalmente teológica. Seguramente a interpretação que nos parecerá mais de acordo com o texto a leitura das palavras de Jesus é: uma advertência aos missionários cristãos de não pregar o evangelho a qualquer um.
• O CAMINHO A SEGUIR. No final do discurso Mateus coloca, entre outras questões, uma exortação conclusiva de Jesus, que convida a fazer uma escolha decisiva para entrar no reino dos céus: a porta estreita (7,13-14). A palavra de Jesus não é só algo que precisamos compreender e interpretar, mas, sobretudo, tem que tomar parte da vida. Para entrar no reino dos céus é necessário seguir um caminho e entrar na plenitude da vida atravessando uma “porta”. O tema do “caminho” é muito apreciado no AT. O caminho representado nas duas portas conduz a metas diversas. Uma significação coerente das advertências de Jesus seria que a porta ampla se une ao caminho amplo que conduz a perdição, isto é, recorrer a um caminho amplo sempre é agradável, porém, isto não se diz em nosso texto. Parece que Mateus concorda como conceito judeu de “caminho”: seguindo Dt 30,19 e Jr 21,8, encontram-se dois caminhos que se contrapõem, o da morte e o da vida. Saber escolher entre dois modos diversos de vida é decisivo para entrar no reino dos céus. O que escolhe a via estreita, da vida, deve saber que está plena de aflições; ao dizer estreita indica que no sofrimento se encontra a prova da fé.




PARA REFLEXÃO PESSOAL

• Como a palavra de Jesus tem causado impacto em teu coração? Você ouve as palavras para viver sob o olhar do Pai e para mudar pessoalmente e em tuas relações com os irmãos?
• A palavra de Jesus, o melhor, o próprio Jesus é a porta que introduz na vida filial e fraterna. Você se deixa guiar e atrair pela via estreita e exigente do evangelho? Continua na via ampla e fácil, que consiste em faze os próprios desejos, e que passa por alto às necessidades dos demais?




ORAÇÃO FINAL

• (SALMO 48,10-11)
• Hoje refletirei alguns momentos diante de tomar minhas grandes decisões, para deixar que o Espírito Santo me guie agir para a glória de Deus.




segunda-feira, 25 de junho de 2012

Lectio Divina - 25/06/12


SEGUNDA-FEIRA -25/06/2012




PRIMEIRA LEITURA: 2Reis 17,5-8;13-15;18

• Às vezes poderia dar a impressão de que Deus é tão, mas, tão bom, que não cumprirá o quanto nos foi advertido pelo próprio Cristo, quando referindo-se ao fim do mundo, dizia: “Afastem-se de mim malditos e vão para o fogo eterno, pois, tive fome e não me deste de comer, tive sede e não me deste de beber, era peregrino e não me hospedaste, enfermo ou encarcerado e não vieste visitar-me”. Deus, por meio de Cristo nos tem oferecido a vida eterna, a felicidade sem limite e seu amor, pedindo-nos mudança, que o amemos por sobre todas as coisas e que vivamos de acordo com o Evangelho. Não nos aferremos em uma vida afastada de Deus, uma vida vivida no pecado, a qual ignora os mais pobres e necessitados, uma vida a margem do Evangelho. As tribos de Israel puderam constatar que Deus, em sua santidade, é justo e não aceita a mediocridade: não podemos considerar-nos cristãos e vivermos a margem do Evangelho. Tomemos as medidas necessárias para que nossa vida cada dia seja mais de acordo com a Palavra de Deus.



ORAÇÃO INICIAL 

• Concede-nos viver sempre Senhor, no amor e respeito a teu santo nome, porque jamais deixas de dirigir a quem estabelece no sólido fundamento de teu amor. Por Nosso Senhor...




REFLEXÃO

Mateus 7,1-5

• No evangelho de hoje continuamos a meditação sobre o Sermão do Monte que se encontra nos capítulos 5 e 6 de Mateus. Durante a 10ª e 11ª Semana do Tempo Comum veremos o capítulo 7. Nestes três capítulos 5, 6 e 7 apresenta-se uma idéia de como era a catequese nas comunidades dos judeus convertidos na segunda metade do século primeiro na Galiléia e na Síria. Mateus juntou e organizou as palavras de Jesus para ensinar como devia ser a nova maneira de viver a Lei de Deus.
• Depois de haver explicado como restabelecer a justiça e como restaurar a ordem da criação, Jesus ensina como deve ser a vida em comunidade. No final, existem algumas recomendações e conselhos. Aqui segue um esquema de todo o Sermão do Monte.
• MATEUS 5,1-12: AS BEM AVENTURANÇAS: solene abertura da nova Lei.
• MATEUS 5,13-16: A NOVA PRESENÇA NO MUNDO: Sal da terra e Luz do mundo.
• MATEUS 5,17-19: A NOVA PRÁTICA DA JUSTIÇA: relação com a antiga Lei.
• MATEUS 5,20-48: A NOVA PRÁTICA DA JUSTIÇA: observando a nova Lei.
• MATEUS 6,1-4 : A NOVA PRÁTICA DAS OBRAS DE PIEDADE: esmola.
• MATEUS 6,5,15: : A NOVA PRÁTICA DAS OBRAS DE PIEDADE: a oração.
• MATEUS 6,16-18: A NOVA PRÁTICA DAS OBRAS DE PIEDADE: o jejum.
• MATEUS 6,19-21: A NOVA RELAÇÃO COM OS BENS MATERIAIS: não acumular.
• MATEUS 6,22-23: A NOVA RELAÇÃO COM OS BENS MATERIAIS: visão correta.
• MATEUS 6,24 : A NOVA RELAÇÃO COM OS BENS MATERIAIS: Deus e o dinheiro.
• MATEUS 6,25-34: A NOVA RELAÇÃO COM OS BENS MATERIAIS: confiar na providência.
• MATEUS 7,1-5 : NOVA CONVIVÊNCIA COMUNITÁRIA: não julgar.
• MATEUS 7,6 : NOVA CONVIVÊNCIA COMUNITÁRIA: não desprezar a comunidade.
• MATEUS 7,7-11 : NOVA CONVIVÊNCIA COMUNITÁRIA: a confiança em Deus, engendra o compartilhar.
• MATEUS 7,12: NOVA CONVIVÊNCIA COMUNITÁRIA: a Regra de Ouro. 
• MATEUS 7,13-14: RECOMENDAÇÕES FINAIS: escolher o caminho reto.
• MATEUS 7,15-20: RECOMENDAÇÕES FINAIS: o profeta é reconhecido pelos frutos.
• MATEUS 7,21-23: RECOMENDAÇÕES FINAIS: não só falar, mas também praticar.
• MATEUS 7,24-27: RECOMENDAÇÕES FINAIS: construir a casa na rocha.
• A vivência comunitária do evangelho é a pedra de toque. É onde se define a seriedade do compromisso. A nova proposta da vida em comunidade aborda diversos aspectos: não ver o cisco que está no olho do irmão, não atirar pérolas aos porcos, não ter medo de pedir coisas a Deus. Estes conselhos vão culminar na Regra de Ouro: fazer para o outro o que gostaria que os outros fizessem para você. O evangelho de hoje apresenta a primeira parte.
• Mateus 7,1-2: NÃO JULGAR, E NÃO SEREIS JULGADOS. A primeira condição para uma boa convivência comunitária é não julgar o irmão e a irmã, ou seja, eliminar os preconceitos que impedem a convivência transparente. O que é que significa isto concretamente? O evangelho de João dá um exemplo de como Jesus vivia em comunidade com seus discípulos. Jesus disse: “Já não os chamareis servos, porque um servo não sabe o que faz seu patrão. Os chamarei de amigos, porque lhes é dado a conhecer tudo o que aprendi de meu Pai” (Jo 15,15). Jesus é um livro aberto para seus companheiros. Esta transparência nasce de sua total confiança nos irmãos e nas irmãs e tem sua raiz em sua intimidade com o Pai que dá força para abrir-se totalmente aos demais. Quem convive assim com os irmãos e irmãs, aceita o outro como é, sem idéias preconcebidas, sem impor condições prévias, sem julgar o outro. Aceitação mútua sem fingimentos e em total transparência! Este é o ideal da nova vida comunitária, nascida da Boa Nova que Jesus nos trás de que Deus é PAI/MÃE e que, portanto, todos somos irmãos e irmãs uns dos outros. É um ideal tão difícil e tão bonito e atraente como aquele outro: “Sede perfeito como o Pai celestial é perfeito”.
• Mateus 7,3-5: VER O CISCO E NÃO PERCEBER A VIGA. Em seguida Jesus dá um exemplo: “Como é que vê o cisco que existe no olho de teu irmão, e não reparas a viga que existe em teu olho?”. “Ou vai dizer a teu irmão: Deixa que te tire o cisco do olho, tendo uma viga em teu olho?”. “Hipócrita, tire primeiro a viga de teu olho, e então poderá tirar o cisco do olho de teu irmão”. Ao ouvir esta frase, devemos pensar nos fariseus que desprezavam as pessoas tendo-as como ignorantes e se consideravam melhores que os demais (cf. Jo 7,49;9,34). Na realidade, a frase de Jesus serve para todos. Por exemplo, hoje, muitos de nós que somos católicos pensamos que somos melhores que os demais cristãos. Pensamos que os demais são menos fiéis ao evangelho que nós. Vemos o cisco no olho do outro, sem ver a viga em nossos olhos. Esta viga é a causa pela qual, hoje, muita gente tem dificuldade em acreditar na Boa Nova de Jesus.



PARA REFLEXÃO PESSOAL

• Não julgar o outro e eliminar os preconceitos: qual é a experiência pessoal que tenho sobres este ponto?
• Cisco e viga: qual é viga em mim que dificulta minha participação na vida em família e em comunidade?



ORAÇÃO FINAL 

• (SALMO 119,165-166)
• Hoje me conduzirei com respeito pelos demais e farei um ato de solidariedade com alguém que necessite.





sexta-feira, 22 de junho de 2012

Lectio Divina - 22/06/12






SEXTA-FEIRA -22/06/2012

PRIMEIRA LEITURA: 2Reis 11,1-4;9-18;20

• A história de Israel, como nos mostra o texto de hoje, foi um história na qual muitas vezes predominou o pecado, levando o povo a situações de infidelidade; todavia, Yahvé, o Deus da aliança, sempre foi fiel tem regressado, mediante os homens e as mulheres fiéis, à renovação da aliança e a amizade com Ele. Isto revela o poder que a iniqüidade pode ter sobre as instituições da Igreja e sobre a própria igreja. Todavia, se no AT Deus manteve sua palavra e conduziu o povo para a plenitude dos tempos inaugurado por Cristo, quanto mais não fará por sua Igreja quando o próprio Jesus prometeu a Pedro que “os poderes do mal não prevaleceriam sobre ela”. E Deus tem sido fiel e cumprido suas promessas de maneira que, apesar de todos os tempos difíceis e inclusive pecaminosos da Igreja, hoje, depois do Concílio Vaticano II, vemos uma tremenda renovação da Igreja. Os poderes do mal a ameaçam continuamente, porém, nada podem contra ela. Isto nos deve animar e manter em pé quando vemos situações que não convêm e correspondem à santidade de nossos pastores, de nossos leigos, em fim, da própria Igreja, pois, apesar disto e de todos nós, Deus permanecerá sempre sendo fiel e levará a um bom porto a sua amada Esposa, a Igreja. Se vires coisas que não são boas em nossa Igreja, lembre que é formada por homens débeis, porém, está sempre sustentada pela graça do Espírito Santo. Ore por tua Igreja e mantenha firma tua fé na promessa do Senhor: “Eu estarei com vocês até o final dos tempos”.



ORAÇÃO INICIAL

• Oh Deus força dos que em ti esperam, ouça nossas súplicas, pois, o homem é frágil e sem ti nada pode, concede-nos a ajuda de tua graça para guardar teus mandamentos e agradar-te com nossas ações e desejos. Por Nosso Senhor...



REFLEXÃO

Mateus 6,19-23

• Hoje continuamos nossa reflexão sobre o Sermão do Monte. Antes de ontem e ontem refletimos sobre a prática das três obras de piedade: esmola, oração e jejum. O evangelho de hoje e de amanhã apresenta quatro recomendações sobre a relação com os bens materiais, explicitando assim como viver a pobreza da bem-aventurança: (a)-não acumular (Mt 6,19-21); (b)-ter a visão correta dos bens materiais (Mt6,22-23); (c)-não servir a dois senhores (Mt 6,24); (d)-abandonar a providência divina (Mt 6,25-34). O evangelho de hoje apresenta as duas primeiras recomendações: não acumular bens e não olhar o mundo com maus olhos.
• Mateus 6,19-21: NÃO ACUMULAR TESOUROS NA TERRA. Se, por exemplo, hoje na televisão é dada a noticia de que no próximo mês faltarão açúcar e café, todos nós vamos comprar o máximo de açúcar e café que nos é possível. Acumulamos, porque não confiamos. Nos quarenta anos de deserto, o povo foi colocado à prova para ver se era capaz de observar a lei de Deus (Ex 16,4). A prova consistia nisto: ver se eram capazes de recolher só o necessário de maná para um único dia e não acumular para o dia seguinte. Jesus disse: “Não amontoeis tesouros na terra, onde existe traça e ferrugem que corroem, e ladrões que socavam e roubam. Melhor é amontoá-los no céu, onde não existe traça nem ferrugem que corroem, nem ladrões que socavem e roubem”. O que é que significa acumular tesouros no céu? Trata-se de saber onde colocar os fundamentos de minha existência. Se os coloco nos bens materiais da terra, sempre corro o perigo de perder o que acumulei. Se eu coloco o fundamento em Deus, ninguém vai poder destruí-lo e terei a liberdade interior de compartilhar com os demais os bens que possuo. Para que isto seja possível e viável, é importante que se acredite numa convivência comunitária que favoreça o compartilhar e a ajuda mútua, e na qual a maior riqueza ou tesouro não é a riqueza material, mas, a riqueza e o tesouro da convivência fraterna nascida da certeza trazida por Jesus de que Deus é Pai/Mãe de todos. “Onde está teu tesouro (riqueza), ali está teu coração!”.
• Mateus 6,22-23: A LÂMPADA DO CORPO É O OLHO. Para entender o que Jesus pede é necessário ter os olhos novos. Jesus é exigente e pede muitas coisas: não acumular (6,19-21), não servir a Deus e ao dinheiro ao mesmo tempo (6,24), não preocupar-se com o que bebemos e comemos (6,25-34). Estas recomendações exigentes tratam daquela parte da vida humana, onde as pessoas têm mais angustias e preocupações. É também a parte do Sermão do Monte que é mais difícil de entender e praticar. Por isto Jesus disse: “Se teu olho está mau,...”. Alguns traduzem olho “mal” e o olho “são”. Outros traduzem olho “mesquinho” e olho “generoso”. É a mesma coisa. Na realidade, a pior enfermidade que se pode imaginar é uma pessoa fechada em si mesma e em seus bens, e a confiança que tem só em seus bens. É a enfermidade da mesquinhez! Quem olha ávida com este olhar viverá na tristeza e na escuridão. O remédio para curar esta enfermidade é a conversão, a mudança de mentalidade e de ideologia. Colocando o fundamento da vida em Deus, o olhar se torna generoso e a vida se torna luminosa, pois, faz nascer o compartilhar e a fraternidade.
• JESUS QUER UMA MUDANÇA RADICAL. Quer a observância da lei do ano sabático, onde se diz que na comunidade dos que acreditam, não pode haver pobres (Dt 15,4). A convivência humana deve organizar-se de tal maneira que já não é necessário preocupar-se com a comida, com a bebida, com a roupa e com a casa, com a saúde e com a educação (Mt 6,25-34). Porém, isto é possível só se todos buscarmos primeiro o Reino de Deus e sua justiça (Mt 6,33). O Reino de Deus é permitir que Deus reine: é imitar Jesus (Mt 5,48). A imitação de Deus leva a compartilhar com justiça os bens e leva o amor criativo, que engendra a verdadeira fraternidade. A Providência Divina tem que ser mediada pela organização fraterna. Só assim é possível desfazer-nos de todas as preocupações para o amanhã (Mt 6,34)




PARA REFLEXÃO PESSOAL

• Jesus disse: “Onde está tua riqueza, ali estará teu coração”. Onde está minha riqueza: no dinheiro ou na fraternidade?
• Qual é a luz que tenho em meus olhos para olhar a vida, os acontecimentos?




ORAÇÃO FINAL

• (SALMO 132,13-14)
• Hoje, estarei atento às necessidades de meus irmãos para remediá-las com meu tempo, meus bens ou minha solidariedade.





quinta-feira, 21 de junho de 2012

Lectio Divina - 21/06/12





QUINTA-FEIRA -21/06/2012

PRIMEIRA LEITURA: Eclesiástico 48,1-15

• O livro do Eclesiástico nos apresenta uma estupenda elegia para o grande profeta Elias e nos narra força com que Deus agiu tanto nele como em seu sucessor Eliseu. Entretanto, o que se diz de Elias e Eliseu pode-se aplicar à cada um de nós, pois, pela força de nosso batismo somos os profetas de Jesus. Na elegia, se elogia àqueles que teriam o privilégio de ver seu regresso, coisa que como sabemos ocorreu com João Batista. Isto nos fala de que o que se recebe é uma força e uma sabedoria que, como o Batista, o faz falar e agir como fizeram Elias e Eliseu; como um verdadeiro profeta que não tem medo de nada nem de ninguém em sua missão. É necessário que o povo de Deus exerça com mais poder este dom que temos recebido e não tenhamos medo de falar de Cristo, mas sim, de ser como estes homens de Deus.



ORAÇÃO INICIAL

• Oh Deus força dos que em ti esperam, ouça nossas súplicas, pois, o homem é frágil e sem ti nada pode, concede-nos a ajuda de tua graça para guardar teus mandamentos e agradar-te com nossas ações e desejos. Por Nosso Senhor...



REFLEXÃO

Mateus 6,7-15

• O evangelho de hoje nos apresenta a oração do Pai Nosso, o Salmo que Jesus nos deixou. Existem duas redações do Pai Nosso: a de Lucas (Lc 11,1-4) e a de Mateus (Mt 6,7-13). A redação de Lucas é mais breve. Lucas escreve para as comunidades que vinham do paganismo. Procura ajudar as pessoas que estão iniciando o caminho da oração. No evangelho de Mateus, o Pai Nosso está naquela parte do Sermão do Monte, onde Jesus orienta aos discípulos e as discípulas na prática das três obras de piedade: esmola (Mt 6,1-4), oração (Mt 6,5-15) e jejum (Mt 6,16-18). O Pai Nosso é parte de uma catequese para judeus convertidos. Eles já estavam acostumados a rezar, porém, tinham certos vícios que Mateus procura corrigir. No Pai Nosso Jesus resume todo seu ensinamento em sete preces dirigidas ao Pai. Nestes sete pedidos, retoma as promessas do Antigo Testamento e manda pedir ao Pai que Lhe ajude a realizá-las. Os três primeiros falam de nossa relação com Deus. Os outros quatro têm a ver com nossa relação com os demais.
• Mateus 6,7-8: A INTRODUÇÃO AO PAI NOSSO. Jesus critica as pessoas para quem a oração era uma repetição de fórmulas mágicas, de palavras fortes, dirigidas a Deus para obrigá-lo a responder a seus pedidos e necessidades. Quem reza deve procurar em primeiro lugar o Reino, muito mais que os interesses pessoais. A acolhida da oração por parte de Deus não depende da repetição das palavras, mas sim, da bondade de Deus que é Amor e Misericórdia. Ele quer nosso bem e conhece nossas necessidades, antes que recitemos nossas orações.
• Mateus 6,9ª: AS PRIMEIRAS PALAVRAS: “Pai Nosso, que estás no céu!”. Abba, Pai, é o nome que Jesus usa para dirigir-se a Deus. Expressa a intimidade que tinha com Deus e manifesta a nova relação com Deus que deve caracterizar ávida da pessoa nas comunidades cristãs (Gl 4,6;Rm 8,15). Mateus acrescenta ao nome do Pai o adjetivo “nosso” e a expressão “estás no Céu”. A oração verdadeira é uma relação que nos une ao Pai, aos irmãos e a s irmãs e a natureza. A familiaridade com Deus não é intimista, mas sim, expressa a consciência de pertencer à grande família humana, da qual participam todas as pessoas, de todas as raças e credos: Pai Nosso. Rezar ao Pai e entrar na intimidade com Ele, é também colocar-se em sintonia com os gritos de todos os irmãos e irmãs. É buscar o Reino de Deus em primeiro lugar. A experiência de Deus como Pai é o fundamento da fraternidade universal.
• Mateus 6,9b-10: AS TRÊS PETIÇÕES PELA CAUSA DE DEUS: o Nome, o Reino, a Vontade. Na primeira parte do Pai Nosso, pedimos para que se restaure nossa relação com Deus. Para restaurar a relação com Deus, Jesus pede (a)-a santificação do Nome revelado no Êxodo na ocasião da libertação do Egito; (b)-pede a vinda do Reino, esperado pelas pessoas depois do fracasso da monarquia; (c)-pede o cumprimento da Vontade de Deus, revelada na Lei que estava no centro da Aliança. O Nome, o Reino, a Lei: são três eixos tirados do Antigo Testamento que expressam como deve ser a nova relação com Deus. As três petições mostram que é preciso viver na intimidade com o Pai, fazendo com que seu Nome seja conhecido e amado, que seu Reino de amor e de comunhão se torne realidade, e que se faça sua Vontade assim na terra como no céu. No céu, o sol e a estrelas obedecem a lei de Deus e acreditam na ordem do universo. A observância da lei Deus “assim na terra como no céu” tem que ser a fonte e o espelho de harmonia e de bem estar em toda a criação. Esta relação renovada com Deus, se torna visível na relação renovada entre nós que, por sua vez, é objeto de quatro pedidos mais: o pão de cada dia, o perdão das dívidas, o não cair em tentação e a libertação do Mal.
• Mateus 6,11-13: OS QUATRO PEDIDOS PELA CAUSA DOS IRMÃOS: Pão, Perdão, Vitória, Liberdade. Na segunda parte do Pai Nosso, pedimos que seja restaurada e renovada a relação entre as pessoas. Os quatro pedidos mostram como devem ser transformadas as estruturas da comunidade e da sociedade para que todos os filhos e filhas de Deus vivam com igual dignidade. Pão de cada dia: O pedido do “Pão de cada dia” (Mt 6,11) lembra o maná de cada dia no deserto (Ex 16,1-36). O maná era uma “prova” para ver se a gente era capaz de caminhar segundo a Lei do Senhor (Ex 16,4), isto é, se era capaz de acumular comida só para um dia como sinal de fé que a providência divina passa pela organização fraterna. Jesus convida a realizar um novo êxodo, uma nova convivência fraterna que garanta o pão para todos. O pedido de “perdão das dívidas” (6,12) lembra o ano sabático que obrigava aos credores o perdão das dívidas aos irmãos (Dt 15,1-2). O objetivo do ano sabático e do ano jubilar (Lv 25,1-22) era de desfazer as desigualdades e começar de novo. Como rezar hoje: “Perdoa nossas ofensas assim como nós perdoamos a nossos devedores?”. Os países ricos, todos eles cristãos, se enriquecem graças à divida externa dos paises pobres. Não cair em Tentação: o pedido “não cair em tentação” (6,13) lembra os erros cometidos no deserto, onde o povo caiu em tentação (Ex 18,1-7; Nm 20,1-13; Dt 9,7-29). É para imitar Jesus que foi tentado e venceu (Mt 4,1-17). No deserto, a tentação levava a pessoa a seguir pelos caminhos, a voltar atrás, a não assumir o caminho da libertação e a reclamar de Moisés que o conduzia a liberdade. Libertação do Mal: o mal é o Maligno, Satanás, que procura desviar e que, de muitas maneiras, procura levar as pessoas a não seguir o rumo do Reino, indicado por Jesus. Tentou Jesus para abandonar o Projeto do Pai e que fosse o Messias conforme as idéias dos fariseus, dos escribas e de outros grupos. O Maligno afasta Deus e é motivo de escândalo. Entra em Pedro (Mt 16,23) e tenta Jesus no deserto. Jesus o vence (Mt 4,1-11).



PARA REFLEXÃO PESSOAL

• Jesus disse “perdoa nossas dívidas”, porém, hoje rezamos “perdoa nossas ofensas”. O que é mais fácil: perdoar as ofensas ou perdoar as dívidas?
• Como você costuma orar o Pai Nosso: mecanicamente ou colocando toda tua vida e teu compromisso nele?




ORAÇÃO FINAL

• (SALMO 97,5-6)
• Hoje estarei atento a Deus que me fala por meio daqueles que me rodeiam e poder assim cumprir sua vontade.





quarta-feira, 20 de junho de 2012

Lectio Divina - 20/06/12






QUARTA-FEIRA -20/06/2012

PRIMEIRA LEITURA: 2Reis 2,1.6-14

• Esse relato da sucessão dos profetas, envolto em uma série de elementos misteriosos, nos mostra a essência do autêntico profetismo de Israel do qual valeria destacar alguns elementos já que estes ainda estão presentes nos autênticos profetas modernos. O primeiro que destacamos é que os profetas ainda que escolhidos por Deus, deverão ser “confirmados” pelo profeta que já deu provas contundentes de ser um AUTÊNTICO profeta. Este sinal é visto representado no “manto de Elias”, o qual agora é transferido à Eliseu como sinal visível desta escolha de Deus e que da mesma forma que Deus havia estado com Elias agora estará com Eliseu. Um segundo sinal, e talvez, o mais importante, é o fato de que Deus confirma com sinais prodigiosos o profetismo daquele a quem escolhe. Elias, como sinal final de seu profetismo golpeia o Jordão e suas águas se abriram; Eliseu faz o mesmo e Deus o confirma diante dos outros profetas, como o sucessor de Elias, como o profeta ungido com poder. Por isso diz a Escritura que o verdadeiro profeta só é acreditado quando se cumpre o que tenha profetizado. Não se deixem, pois, enganar com todos estes falsos profetas modernos que pretendem governar nossa vida e dirigir nosso caminho. Busquemos aos que são chamados e acreditados por Deus.



ORAÇÃO INICIAL

• Oh Deus força dos que em ti esperam, ouça nossas súplicas, pois, o homem é frágil e sem ti nada pode, concede-nos a ajuda de tua graça para guardar teus mandamentos e agradar-te com nossas ações e desejos. Por Nosso Senhor...



REFLEXÃO

Mateus 6,1-6.16-18

• O evangelho de hoje da continuidade a meditação sobre o Sermão do Monte. Nos dias anteriores refletimos sobre a mensagem do capítulo 5 do evangelho de Mateus. No evangelho de hoje e dos dias seguintes vamos meditar a mensagem do capítulo 6 do mesmo evangelho. A seqüência dos capítulos 5 e 6 pode ajudar em sua compreensão.
• Mateus 6,1: NÃO PRATICAR O BEM PARA SER VISTO PELOS OUTROS. Jesus critica os que praticam as boas obras só para ser vistos pelos homens (Mt 6,1). Jesus pede apoio a segurança interior naquilo que fazemos por Deus. Nos conselhos que Ele dá transparece um novo tipo de relação com Deus: “E teu Pai que vê em segredo te recompensará” (Mt 6,4). “Antes que peçam, o Pai sabe o que necessitam” (Mt 6,8). “Se perdoam as ofensas dos homens, também o Pai celestial os perdoará” (Mt 6,14). É um novo caminho de acesso que aqui se abre no coração de Deus Pai. Jesus não permite que a prática da justiça e da piedade se use como meio de auto promoção diante de Deus e da comunidade (Mt 6,2.5.16).
• Mateus 6,2-4: COMO PRATICAR A ESMOLA. Dar esmola é uma maneira de realizar o compartilhar tão recomendado pelos primeiros cristãos (At 2,44-45;4,32-35). A pessoa que pratica a esmola e o compartilhar para promover-se a si mesmo diante dos demais merece a sua exclusão da comunidade, como foi o caso de Ananias e Safira (At 5,1-11). Hoje, tanto na sociedade como na Igreja, existem pessoas que fazem grande publicidade do bem que fazem aos demais. Jesus pede o contrário: fazer o bem de forma tal que a mão esquerda não saiba o que faz a mão direita. É o total desapego e a entrega total na gratuidade do amor que crê em Deus Pai e o imita em tudo o que faz.
• Mateus 6,5-6: COMO PRATICAR A ORAÇÃO. A oração coloca a pessoa em relação direta com Deus. Alguns fariseus transformaram a oração em uma ocasião para aparecer e exibir-se diante dos demais. Naquele tempo, quando tocava a trombeta nos três momentos de oração: manhã, meio dia e a tarde, eles deviam parar no lugar onde estavam para fazer suas orações. Havia gente que procurava estar nas esquinas em lugares públicos, para que todos pudessem ver como rezavam. Uma atitude assim, perverte nossa relação com Deus. É falsa e sem sentido. Por isto, Jesus diz que é melhor fechar-se em um quarto e rezar em segredo, preservando a autenticidade da relação. Deus te vê também no secreto e Ele te ouve sempre. Trata-se da oração pessoal, não da oração comunitária.
• Mateus 6,16-18: COMO PRATICAR O JEJUM. Naquele tempo a prática do jejum era acompanhada de alguns gestos exteriores bem visíveis: não lavar o rosto nem se pentear, usar roupa de cor escura. Era sinal visível de jejum. Jesus critica esta maneira de agir e manda fazer o contrário, para que ninguém consiga perceber que está jejuando: lave-se, use perfume, penteie-se. E assim o Pai que vê em segredo o recompensará.



PARA REFLEXÃO PESSOAL

• Quando reza, como vive tua relação com Deus?
• Como vive tua relação com os demais na família e na comunidade?




ORAÇÃO FINAL

• (SALMO 31,20)
• Hoje vou orar de maneira específica para consagrar meus lábios e que minha boca seja utilizada por Deus para anunciar sua boa notícia, ao mesmo tempo, cuidarei que dela não saia palavra danosa, mas sim, que ela seja útil para edificar.




terça-feira, 19 de junho de 2012

Lectio Divina - 19/06/12



TERÇA-FEIRA -19/06/2012

PRIMEIRA LEITURA: 1Reis 21,17-29

• Quantas vezes pensamos que podemos pecar e que nosso pecado não terá conseqüências? A verdade, como nos faz ver esta passagem da Escritura, todo pecado tem conseqüências no presente e estas podem estender-se até o futuro. O pecado segue a lei universal estabelecida por Deus que diz: “O que se semeia, isso é o que se colhe”. É por isso, que se alguém semeia trigo será impossível que no final se colha feijão. O que se semeia é o que nasce. Neste sentido Paulo dizia: “O que semeia na carne colherá morte e destruição; o que semeia no Espírito colherá vida e eternidade”. É por isso que antes de pecar devemos ter presente que a Deus ninguém engana e, que todos nossos pecados estão sempre diante de seus olhos e que estes pecados cedo ou tarde terminarão destruindo nossa vida. Acab seguiu os maus conselhos de sua esposa e se deixou perverter, deixou que suas paixões e seu egoísmo o dominassem. No final só encontrou morte e destruição e o pior é que as conseqüências deste pecado se estenderam até as gerações futuras. Por isso, não te deixes enganar e quando te der conta de que um pensamento ou ação te afasta de Deus, rejeite-o, como se fosse o pior dos venenos, lembre-se do que disse Jesus: “Mais vale entrar manco no Reino dos céus que com tuas duas mãos ser jogado no lugar de castigo”.



ORAÇÃO INICIAL

• Oh Deus força dos que em ti esperam, ouça nossas súplicas, pois, o homem é frágil e sem ti nada pode, concede-nos a ajuda de tua graça para guardar teus mandamentos e agradar-te com nossas ações e desejos. Por Nosso Senhor...



REFLEXÃO

Mateus 5,43-48

• No evangelho de hoje chegamos no topo da Montanha das Bem-aventuranças, onde Jesus proclamou a Lei do Reino de Deus, cujo ideal se resume nesta frase lapidária: “Sede perfeitos como vosso Pai do céu é perfeito” (Mt 5,48). Jesus estava corrigindo a Lei de Deus! Cinco vezes seguida havia afirmado: “Foi-lhes dito, mas Eu vos digo! (Mt 5,21.27,31.33.38). É um sinal de muita coragem de sua parte corrigir, publicamente, diante de toda as pessoas reunidas, o tesouro mais sagrado das pessoas, a raiz de sua identidade, que era a Lei de Deus. Jesus quer comunicar um novo modo de olhar para entender e praticar a Lei de Deus. O segredo para poder ter este novo olhar é a afirmação: Sede perfeitos, como vosso Pai celestial é perfeito”. Nunca ninguém poderá chegar a dizer: “Hoje fui perfeito como o Pai celestial é perfeito!”. Estaremos sempre por baixo diante da medida que Jesus nos tem colocado. Por que é que Ele nos colocou diante de um ideal que para nós os mortais é impossível alcançar?
• Mateus 5,43-45: OUVISTES QUE LHES FOI DITO: AMARÁS TEU PRÓXIMO E ODIARÁS TEU INIMIGO. Nesta frase Jesus explicita a mentalidade com a qual os escribas explicavam a lei; mentalidade que nascia das divisões entre judeus e não judeus, entre próximo e não próximo, entre santo e pecador, entre puro e impuro, etc. Jesus manda terminar com esta pretensão nascida de divisões interessadas. Manda superar as divisões. “Pois Eu vos digo: Amai vossos inimigos e rogai pelos que os perseguem, para que sejais filhos de vosso Pai celestial, que faz nascer o sol sobre maus e bons, e chover sobre justos e injustos. Porque se amais aos que os amam, que recompensa vai ter?”. Aqui encontramos a fonte, onde brota a novidade do Reino. Esta fonte é o próprio Deus, reconhecido como Pai, que faz nascer o sol sobre maus e bons. Jesus manda que imitemos a este Deus: “Sede perfeitos como vosso Pai celestial é perfeito” (5,48). É imitando este Deus que criaremos uma sociedade justa, radicalmente nova:
• Mateus 5,46-48: SER PERFEITO COMO O PAI CELESTIAL É PERFEITO. Tudo se resume em imitar a Deus: “Porque se amais aos que os amam, que recompensa vai ter? Não fazem isso também os publicanos? E se não cumprimentais mais que vossos irmãos, o que fazeis de particular? Não fazem isto também os gentis? Vós, pois, sede perfeitos como é perfeito vosso Pai celestial” (Mt 5,43-48). O amor é o principio e o fim de tudo. Não existe maior amor que o dar a vida pelos irmãos (Jo 15,13). Jesus imitou o Pai e revelou seu amor. Cada gesto, cada palavra de Jesus, desde o nascimento até a hora da morte na cruz, era uma expressão deste amor criador que não depende do presente que recebe, nem discrimina o outro por motivo de raça, sexo, religião ou classe social, mas, nasce de um querer ao outro, gratuitamente. Foi um crescendo continuo desde o nascimento até a morte na Cruz.
• A MANIFESTAÇÃO PLENA DO AMOR CRIADOR EM JESUS. Foi quando na Cruz ofereceu o perdão ao soldado que o torturava e o matava. O soldado, empregado do império, tomou o pulso de Jesus e o apoiou sobre o braço da cruz, em seguida colocou um cravo e começou a dar golpes. Várias marteladas. O sangue corria. O corpo de Jesus se contorcia pela dor. O soldado, mercenário ignorante, alheio ao que estava fazendo e ao que estava ocorrendo a seu redor, continuava dando golpes como se fosse um prego na parede da casa para colocar um quadro. Neste momento Jesus dirige ao Pai esta oração: “Pai, perdoa! Não sabem o que fazem!” (Lc 23,34). Por mais que os homens quisessem a falta de humanidade não conseguiram apagar em Jesus a humanidade. Eles o prenderam, o insultaram, cuspiram no rosto, deram-lhe tapas, fizeram-lhe dele um rei palhaço com a coroa de espinhos na cabeça, flagelaram-lhe, torturaram-lhe, fizeram-lhe andar pelas ruas como um criminoso, teve que ouvir os insultos das autoridades religiosas, no calvário o deixaram totalmente nu à vista de todos e de todas.
• Porém o veneno da falta de humanidade não conseguiu alcançar a fonte da humanidade, que brotava de dentro de Jesus. A água que brotava de dentro era mais forte que o veneno que vinha de fora, querendo de novo contaminá-lo todo. Olhando aquele soldado ignorante e bruto, Jesus teve pena dele e rezou por ele e por todos: “Pai, perdoa!”. E até consegue uma desculpa: “São ignorantes. Não sabem o que estão fazendo!”. Diante do Pai, Jesus se fez solidário dos que o torturavam e o maltratavam. Era como o irmão que vai com seus irmãos assassinos diante do juiz e ele, vitima de seus próprios irmãos, diz ao juiz: “São meus irmãos, sabe. São ignorantes. Porém, melhorarão!”. Era como se Jesus estivesse com medo que a mínima raiva contra o soldado pudesse apagar Nele o pequeno resto de humanidade que ainda tinha dentro. Este gesto incrível de humanidade e de fé na possibilidade de recuperação daquele soldado foi a maior revelação de amor de Deus. Jesus pode morrer: “Está tudo consumado!”. E inclinando a cabeça, entrega o espírito (Jo 19,30). Realizou a profecia do Servo Sofredor (Is 53).



PARA REFLEXÃO PESSOAL

• Qual é a motivação mais profunda do esforço que fazes para observar a Lei de Deus: merecer a salvação ou agradecer a bondade imensa de Deus que te criou, que te mantém vivo e te salva?
• Como entende esta frase: “ser perfeito como o Pai celestial é perfeito?”.

ORAÇÃO FINAL

• (SALMO 51,3-4)
• Hoje procurarei a raiz daquilo que está causando coisas negativas em minha vida e as intercambiarei por alguma ação espiritual que frutifique em uma vida espiritual mais comprometida.






segunda-feira, 18 de junho de 2012

Lectio Divina - 18/06/12






SEGUNDA-FEIRA -18/06/2012

PRIMEIRA LEITURA: 1Reis 21,1-16

• Esta passagem nos deixa ver o quão terrível é o homem quando se deixa guiar por suas paixões. Vemos neste episódio, que realmente nos irrita, diante da prepotência e corrupção que nela se apresenta a maldade escondida no homem e que emerge com toda sua força quando este se afasta de Deus. No relato de hoje podemos ver, com grande tristeza, refletida em muitas de nossas estruturas sociais, desde as familiares até as dos governos nos quais não está presente a graça e o amor de Deus. Vemos como estes tipos de incidentes se verificam diariamente no despojo de terras, de fazendas, de pessoas, etc., simplesmente por ambição, despojos nos quais se trama com grande cautela todo o plano, o embuste, a armadilha. E os mesmos sentimentos que emergem neste relato bíblico, com freqüência nos invadem quando sabemos deste tipo de injustiças, de atropelos, de maldade em nossa sociedade. Podemos, diante disto, ficarmos com este mal sentimento e engendrar ódio e rancor contra aqueles que tem agido tão vilmente, com isso demonstraremos não ser melhores que eles, ou bem, podemos orar por eles para que Deus toque seu coração, podemos colocar-nos a serviço para que o Evangelho possa penetrar em todas as estruturas e em todos os corações, e isto nos revelará realmente como filhos de Deus, herdeiros do Reino.



ORAÇÃO INICIAL

•    Oh Deus força dos que em ti esperam, ouça nossas súplicas, pois, o homem é frágil e sem ti nada pode, concede-nos a ajuda de tua graça para guardar teus mandamentos e agradar-te com nossas ações e desejos. Por Nosso Senhor...



REFLEXÃO

Mateus 5,38-42

• O evangelho de hoje forma parte de uma pequena unidade literária que vai deste Mt 5,17 até Mt 5,48, na qual se descreve como passar da antiga justiça dos fariseus para a nova justiça do Reino de Deus. Descreve como subir a Montanha das Bem-aventuranças, de onde Jesus anunciou a nova Lei do Amor. O grande desejo dos fariseus era alcançar a justiça, ser justo diante de Deus. Este também é desejo de todos nós. Justo é aquele ou aquela que consegue viver ali onde Deus quer que o faça. Os fariseus se esforçavam para alcançar a justiça através da observância estrita da Lei. Pensavam que era pelo esforço que poderiam chegar até o lugar onde Deus os queria. Jesus toma postura diante desta prática e anuncia que a nova justiça tem que superar a justiça dos fariseus (Mt 5,20). No evangelho de hoje estamos quase chegando ao topo da montanha. Falta pouco. Lá em cima está descrito com a frase: “Sede perfeito como vosso Pai celestial é perfeito” (Mt 5,48), que meditaremos no evangelho de amanhã. Vejamos de perto este último degrau que nos falta chegar ao topo da montanha, da qual São João da Cruz diz: “Aqui reinam o silêncio e o amor”.
• Mateus 5,38: OLHO POR OLHO, DENTE POR DENTE. Jesus cita um texto da Lei antiga dizendo: “Haveis ouvido o que se disse: Olho por olho, dente por dente!”. Ele abrevia o texto dizendo: “Vida por vida, olho por olho, dente por dente, pé por pé, queimadura por queimadura, ferida por ferida, golpe por golpe” (Ex 21,23-25). Como nos casos anteriores, aqui também Jesus faz uma releitura inteiramente nova. O principio: “olho por olho, dente por dente”, estava na raiz da interpretação que os escribas faziam da lei. Este princípio deve ser mudado, pois, perverte e prejudica a relação entre as pessoas e com Deus.
• Mateus 5,39ª: NÃO DEVOLVER MAL COM MAL. Jesus afirma exatamente o contrário: “Porém, eu os digo: não se vingar de quem lhes faz o mal”. Diante de uma violência recebida, nossa reação natural é pagar ao outro com a mesma moeda. A vingança pede: “olho por olho, dente por dente”. Jesus pede para retribuir o mal não com o mal, mas sim, com o bem. Pois, se não soubermos superar a violência recebida, a espiral da violência o invadirá todo e não haverá saída. Lamec dizia: “Prestem atenção em minhas palavras. Eu matei um homem pela ferida que me fez e a um rapaz por um golpe que recebi. Se Caim tem que ser vingado sete vezes, Lamec tem que sê-lo setenta e sete vezes” (Gn 4,24). Foi por causa desta vingança extrema que tudo terminou na confusão da Torre de Babel (Gn 11,1-9). Fiel no ensinamento de Jesus, Paulo escreve na carta aos Romanos: “antes, ao que te esbofetear na face direita oferece-lhe também a outra, a quem quiser brigar contigo para tirar-te a túnica, deixa-lhe também o manto; e ao que te obrigar a andar uma milha vá com ele duas. Não devolvam a ninguém mal pelo mal, procurem ganhar o apreço de todos os homens. Não te deixes vencer pelo mal, pois, o mal se vence com a força do bem” (Rm 12,17.21). Para poder ter esta atitude, é necessário ter muita fé na possibilidade que o ser humano tem de recuperar-se. Como fazer isto na prática? Jesus nos oferece 03 exemplos concretos.
• Mateus 5,39b-42: OS QUATRO EXEMPLOS PARA SUPERAR A ESPIRAL DA VIOLÊNCIA. Jesus disse: (a)- ao que te esbofetear na face direita oferece-lhe também a outra; (b)-o que quiser brigar contigo para tirar-te a túnica, deixa-lhe também o manto; (c)-e qo que te obrigar a andar uma milha, vá com ele duas; (d)-a que te pedir dê, e ao que desejar que lhe empreste algo, não lhe volte as costas (Mt 5,40-42). Como entender estas quatro afirmações? O próprio Jesus nos ofereceu uma ajuda de como devemos entendê-las. Quando o soldado lhe deu uma bofetada no rosto, Ele não ofereceu o outro lado. Ao contrário, reagiu com energia: “Se tenho falado mal, mostre-me em que, porém, se tenho falado bem, por que é que me bates?” (Jo 18,23). Jesus não ensina a passividade. Paulo pensa que, retribuindo o mal com o bem, “fazendo isto, amontoarás brasas sobre sua cabeça” (Rm 12,20). Esta fé na possibilidade de recuperação do ser humano só é possível a partir de uma raiz que nasce da total gratidão do amor criador que Deus mostrou para conosco na vida e nas atitudes de Jesus.



PARA REFLEXÃO PESSOAL

• Você já sentiu alguma vez uma raiva tão grande para querer aplicar a vingança “olho por olhos, dente por dente”? Como fazer para superar isto?
• Será que a convivência comunitária hoje na igreja favorece o ter em nós o amor criador que Jesus sugere no evangelho de hoje?



ORAÇÃO FINAL

•    (SALMO 5,2-3)
• Hoje terei atenção às noticias do dia e orarei especificamente por estas situações nas quais se está sofrendo pela falta de Deus.






sexta-feira, 15 de junho de 2012

Lectio Divina - 15/06/12






SEXTA-FEIRA -15/06/2012

PRIMEIRA LEITURA: Oséas 11,1.3-4.8-9

• Só quem teve um filho nos braços, poderá entender as palavras do profeta referidas a YHVH. Deus havia chamado Israel e o havia convertido em seu Filho, em seu herdeiro. Mas, Israel tinha-se voltado para ele, havia desprezado este amor, havia esquecido todas as mostras de carinho e de ternura de seu Pai Deus, e se prostituiu com os Baals, separando-se de Deus. Com esta leitura, vêm a nossa mente as cenas da paixão de Cristo e o texto do apóstolo João que em seu evangelho nos diz: “Tanto amou Deus ao mundo que entregou seu próprio Filho para que todos os que acreditam Nele não morram, mas que tenham vida eterna”. O problema da humanidade é esquecer com facilidade as demonstrações de amor: de nossos pais, de nossos amigos, do próprio Deus, e com isso vamo-nos tornando, como o povo de Israel, insensíveis. Não temos presente que o que se separa do amor se encaminha irremissivelmente à escuridão e ao egoísmo. Como esquecer-te, Senhor? Como esquecer teu imenso sacrifício na cruz; teu imenso amor por todos nós? O profeta Isaias, quando o povo estava no deserto, lhe dirá: “Poderá uma mãe esquecer do filho de suas entranhas? Pois, ainda que alguém assim o fizer, Eu não te esquecerei jamais!”. Se nosso amor por Jesus tem diminuído, lembremos hoje das palavras do Apocalipse: “Olha onde tem caído e retorne ao primeiro amor?”.



ORAÇÃO INICIAL

• Concede-nos Senhor Jesus, o poder ter uma postura de atenta escuta a tua Palavra. Ajuda-nos a não ter pressa, a não ter a mente imersa na superficialidade e na distração. Por Nosso Senhor...



REFLEXÃO

João 19,31-37

• A passagem do evangelho começa com a menção da Páscoa dos “judeus” e com uma pergunta de Pilatos. Tal episódio tem para o evangelista uma importância extraordinária. O coração da passagem evangélica é a ferida do costado da qual mana sangue e água. Deve-se ter em conta na narração o acúmulo de símbolos: o sangue, que é figura da morte, símbolo do amor infinito; a água, da qual vem a vida, símbolo do amor demonstrado e comunicado. No contexto da Páscoa tais símbolos indicam o sangue do Cordeiro que vence a morte e a água, a fonte que purifica. A carga simbólica da narração quer evidenciar que este amor (sangue) salva dando a vida definitiva (água-Espírito). Quanto o evangelista viu, é o fundamento da fé. A narração está assim articulada. Diante de tudo a obrigação do descanso festivo do dia depois da páscoa provoca a pergunta feita por Pilatos de que os corpos devem ser retirados (19,31), continua a cena que se desenrola na cruz, na qual um soldado atravessa o costado de Jesus (19,32-34); finalmente o testemunho do evangelista, baseado na Lei e nos profetas (19,35-37).
• Os dirigentes judeus, na força da pureza legal pedida pela Páscoa já próxima e preocupados porque a execução da morte de Jesus podia profanar o dia de sábado ou a própria festa da Páscoa, “pediram a Pilatos para que quebrasse as pernas e o matasse”. Eles nem sequer suspeitavam que sua Páscoa havia sido substituída pela de Jesus. É significativa a menção dos corpos. Não só, o de Jesus, mas também dos que estavam crucificados com Ele. Como expressando a solidariedade de Jesus para os que estavam crucificados com Ele e para todo homem. O corpo de Jesus na cruz que o faz solidário com todos os homens, é para o evangelista o santuário de Deus (2,21). Os corpos dos crucificados não podiam permanecer na cruz no dia de sábado, estava em jogo a preparação da festa mais solene da tradição hebraica. Porém, da mesma maneira a festa ficará privada de seu conteúdo tradicional e, substituído pela morte e ressurreição de Jesus. “Os judeus” vão a Pilatos com pedidos concretos: que se quebrassem as pernas dos corpos dos crucificados para acelerar sua morte e acabar com o estorvo que eles representam neste momento especial. Nenhum destes pedidos se cumpre enquanto se refere à Cristo: os soldados não lhe quebram as pernas, nem sequer o tiram da cruz.
• De fato, os soldados quebram as pernas dos que estão com Jesus, porém, chegando a Jesus, como viram “que já estava morto, não lhe quebraram as pernas”. É muito significativo que os soldados quebrem as pernas dos que estão crucificados com Jesus. Eles que estão vivos, agora que Jesus está morto, também podem morrer. É como dizer, que Jesus precedendo-lhes com sua morte lhes havia aberto o caminho para o Pai, e eles o podem seguir. Quando afirma que não lhe quebraram as pernas, o evangelista parece dizer: Ninguém pode tirar a vida de Jesus, Ele a dá por sua própria iniciativa (10,17s;19,30). “Um dos soldados, com uma lança, lhe atravessou o costado e no mesmo instante saiu sangue e água”. O leitor fica surpreso pelo gesto do soldado, porque se já estava morto, que necessidade tinha de transpassá-lo? Evidentemente a hostilidade continua depois da morte: ao transpassá-lo com a ponta da lança quer destruí-lo para sempre. Este gesto de ódio permite à Jesus dar amor que produz vida. O fato é de uma importância excepcional e possui uma grande riqueza de significado. O sangue que sai do costado aberto de Jesus simboliza sua morte, que Ele aceita para salvar a humanidade, é expressão de sua glória, de seu amor até o extremo (1,14;13,1); é a entrega do pastor que se dá pelas ovelhas (10,11) é o amor do amigo que dá a vida por seus amigos (15,13). Esta extrema prova de amor, que não se rende diante do suplício da morte na cruz, é objeto de contemplação para nós neste dia da solenidade do Sagrado Coração de Jesus. De seu costado aberto flui o amor, que ao mesmo tempo é inseparavelmente seu e do Pai. Também a água evidencia seu amor demonstrado e seu amor comunicado. A alusão aos símbolos da água e do vinho nas bodas de Cana é claro. Chegou a hora na qual Jesus oferece o vinho de seu amor. Agora começam as bodas definitivas. A lei do amor extremo e sincero (1,17) que Ele manifesta na cruz, reavaliado por seu mandamento “como eu os tenho amado, assim amai também vós uns aos outros” (13,34), vem infuso no coração dos que acreditam com o Espírito. O projeto divino do amor se completa em Jesus no brotar do sangue e da água (19,28-30); agora se espera que se realize nos homens. Nisto o homem será ajudado pelo Espírito que emerge do costado atravessado de Jesus que, transformando-o em um homem novo, lhe dará a capacidade de amar e de chegar a ser filho de Deus (1,12).
• Diante do espetáculo de Jesus com o costado atravessado, o evangelista, dá uma grande prova e um solene testemunho, para que todos aqueles que o escutam possam chegar a crer. Esta manifestação definitiva e suprema será o fundamento da fé dos futuros discípulos. Temos que notar que só neste episódio, o evangelista se dirige à seus leitores com o “vós”: “para que também vês chegueis a crer”. O costado atravessado de Jesus sobre a cruz é o grande sinal para o qual convergem todos os personagens mencionados ao longo do evangelho, porém, sobretudo, os leitores de hoje, aos quais é concedido compreender o pleno significado da existência de Jesus. A Narração do costado aberto é, para o evangelista, o segredo interpretativo de sua entrega pela salvação da humanidade. E ainda que se tal sinal pudesse parecer como um paradoxo para o leitor de hoje, no plano de Deus se converte em manifestação de sua força salvífica. Deus não podia escolher outro sinal para manifestar-se como amor que salva? Por que escolheu um homem condenado a morte e morte em uma cruz? Esta imagem de Deus, Jesus a realiza neste sinal: Deus se manifesta somente no amor generoso capaz de dar a vida.



PARA REFLEXÃO PESSOAL

• Em tua oração pessoal, que importância tem a contemplação do Coração atravessado de Jesus?
• Já pensou alguma vez que onde se dá a máxima rejeição a Deus e à morte de Cristo, começa também o momento da graça, da misericórdia, do dom do Espírito, da vida de fé?



ORAÇÃO FINAL

•    (ISAIAS 12,2)
• Hoje terei com os que me rodeiam mais mostras de amor que as que habitualmente tenho, procurando que elas sejam instrumentos de Deus para manifestar-lhes seu amor de Pai.




quinta-feira, 14 de junho de 2012

Lectio Divina - 14/06/12






QUINTA-FEIRA -14/06/2012

PRIMEIRA LEITURA: 1Reis 18,41-46

• É muito provável que quem não conhece Deus pudesse dizer ao terminar de ler este texto: “Seguramente que o escritor exagera ou se trata de algum gênero literário, pois, como é possível que uma pessoa possa correr mais que um cavalo?”. Para nós os cristãos, que somos testemunhos do poder de Deus, não só na ressurreição de Jesus, mas sim, em todas as mostras que cotidianamente nos dá o Senhor de seu poder, o que temos ouvido só confirma que para nosso Deus não existe nada impossível. Diante disto, porque não confiar plenamente no Senhor? Jesus nos tem dito no evangelho: “Tudo o que pedirem em meu nome lhes será concedido e quando Jesus disse “tudo”, refere-se precisamente ao TODO”. Algumas pessoas dirão: “Eu tenho pedido e nada me foi concedido”. A quem diz isto, devemos dizer-lhes que não é porque Deus não pode fazer, mas sim, porque Deus, em sua infinita bondade e sabedoria, sabe que não é bom para eles ou pra os que vivem com eles, e decide não conceder, já que como bom Pai jamais nos daria algo que pudéssemos lastimar ou que afetasse nossa salvação. Por isso, não desconfie nem por um momento de nosso amoroso Deus, e espere Nele, pois, Ele tem poder para fazer qualquer coisa que seja de proveito para nós e para os nossos.



ORAÇÃO INICIAL

• Que teu povo, Senhor, como preparação para as festas de Páscoa se entregue às penitências quaresmais, e que nossa austeridade comunitária sirva para a renovação espiritual de teus fiéis. Por Nosso Senhor...



REFLEXÃO

Mateus 5,20-26

• O texto do evangelho de hoje é parte de uma unidade maior de Mt 5,20 a Mt 5,48. Neste Mateus mostra como Jesus interpreta e explica a lei de Deus. Por cinco vezes repete a frase: “Haveis ouvido que se disse aos antepassados” (Mt 5,21.27.33.38.43). Um pouco antes havia dito: “Não pensem que vim acabar com a Lei e os Profetas. Não vim para acabar, mas sim, dar-lhes pleno cumprimento” (Mt 5,17). A atitude de Jesus diante da lei é, ao mesmo tempo, de ruptura e de continuidade. Rompe com as interpretações erradas, porém, mantém firme o objetivo que a lei quer alcançar: a prática de maior justiça é o Amor.
• Mateus 5,20: A JUSTIÇA MAIOR QUE A JUSTIÇA DOS FARISEUS. Este primeiro versículo da a chave geral de tudo o que segue no conjunto de Mt 5,20-48. A palavra Justiça não aparece nem uma vez em Marcos, e sete vezes no Evangelho de Mateus (Mt 3,15; 5,6.10.20; 6,1.33; 21,32). Isto tem a ver com a situação das comunidades para as quais Mateus escreve. O ideal religioso dos judeus da época era “ser justo diante de Deus”. Os fariseus ensinavam: “A pessoa alcança a justiça diante de Deus quando chega a observar todas as normas da lei em todos seus detalhes!”. Este ensinamento engendrava uma opressão legalista e trazia muita angustia para as pessoas, pois, era muito difícil que alguém observasse todas as normas (cf. Rm 7,21-24). Por isto, Mateus recorre as palavras de Jesus sobre a justiça, mostrando que tem que superar a justiça dos fariseus (Mt 5,20). Para Jesus, a justiça não vem do que eu faço por Deus observando a lei, mas sim, do que Deus faz por mim, acolhendo-me como filho ou filha. O novo ideal que Jesus propõe é este: “Ser perfeito como o Pai do céu é perfeito” (Mt 5,48). Isto quer dizer: eu serei justo diante de Deus, quando procuro acolher e perdoar as pessoas como Deus me acolhe e me perdoa, apesar de meus defeitos e pecados.
• Por meio de cinco exemplos bem concretos, Jesus mostrará como fazer para alcançar esta justiça maior que supera a justiça dos escribas e dos fariseus. Como veremos, o evangelho de hoje trás o primeiro exemplo relacionado com a nova interpretação do quinto mandamento: Não matarás! Jesus vai revelar o que Deus queria quando entregou este mandamento a Moisés.
• Mateus 5,21-22: A LEI DIZ “NÃO MATARÁS!” (Ex 20,13). Para observar plenamente este quinto mandamento não basta evitar o assassinato. É preciso arrancar de dentro de si tudo aquilo que de uma maneira ou de outra pode levar ao assassinato, como por exemplo, raiva, ódio, desejo de vingança, exploração, insulto, etc.
• Mateus 5,23-24: O CULTO PERFEITO QUE DEUS QUER. Para poder ser aceito por Deus e estar unido a Ele, é preciso estar reconciliado com o irmão, com a irmã. Antes da destruição do Templo, no ano 70, quando os judeus cristãos participavam nas romarias a Jerusalém para fazer suas oferendas ao altar e pagar suas promessas, eles se lembravam sempre desta frase de Jesus. Nos anos 80, no momento em que Mateus escreve, o Templo e o Altar já não existiam. Haviam sido destruídos pelos romanos. A comunidade e a celebração comunitária, passam a ser o Templo e o Altar de Deus.
• Mateus 5,25-26: RECONCILIAR. Um dos pontos em que o Evangelho de Mateus mais insiste é a reconciliação. Isto mostra que, nas comunidades daquela época, haviam muitas tensões entre grupos radicais com tendências diferentes e até opostas. Ninguém queria ceder diante do outro. Não havia diálogo. Mateus ilumina esta situação com palavras de Jesus sobre a reconciliação que pedem acolhida e compreensão. Pois, o único pecado que Deus não consegue perdoar é nossa falta de perdão para com os outros (Mt 6,14). Por isto, procure a reconciliação, antes que seja demasiado tarde.



PARA REFLEXÃO PESSOAL

• Hoje são muitas as pessoas que gritam “Justiça”. Qual é o sentido que tem para mim a justiça evangélica?
• Como me comporto diante dos que não me aceitam como sou? Como se tem comportado Jesus diante dos que não o aceitam?



ORAÇÃO FINAL

•    (SALMO 130,1-2)
• Hoje farei algo que sei que devo fazer, porém, que sempre tenho evitado por considerar fora de meu alcance, pedirei ao Senhor e o farei.





quarta-feira, 13 de junho de 2012

Lectio Divina - 13/06/12





QUARTA-FEIRA -13/06/2012

PRIMEIRA LEITURA: 1Reis 18,20-39

• Parece que a pergunta de Elias ao Povo de Deus é tão válida hoje como o foi anteriormente: “Até quando vão ficar indecisos? Se o Senhor é o verdadeiro Deus, sigam-no, e se é Baal, sigam a Baal”. Hoje nos encontramos com um povo cristão que tem ido atrás de novos “Baals”, deuses que pretendem despojar o verdadeiro Deus de seu Reino. Deuses que são servidos pelos falsos profetas de nosso tempo, que como naquele tempo a única coisa que procuravam era afastar o povo do verdadeiro Deus, levando-os com isso a destruição. Estes profetas estão em nossas universidades ensinando que Deus não existe, que viemos de uma geração espontânea, que as regras morais cada um as pode colocar e modificar a seu modo, etc. Os temos na televisão convidando aos jovens à viver o sexo desenfreado, a não ver além do consumismo e a satisfação de todos seus desejos e paixões, a negação à mortificação e a vida de oração e de amor aos demais. Estes profetas são os que fazem de nossa sociedade uma verdadeira selva na qual sobrevive, não só o mais forte, mas sim, o melhor armado. É, pois, necessário que cada um de nós faça sua própria decisão. Jesus nos tem mostrado que Ele é o verdadeiro e único Deus, não duvidemos mais e sigamo-Lo de todo coração.



ORAÇÃO INICIAL

• Oh Deus, fonte de todo o bem, ouça sem cessar nossas súplicas, e conceda-nos, inspirados por ti, pensar no que é reto e cumprir com sua ajuda. Por Nosso Senhor...



REFLEXÃO

Mateus 5,17-19

• O evangelho de hoje ensina como observar a lei de Deus de maneira que sua prática mostre em que consiste o pleno cumprimento da lei. Mateus escreve para ajudar as comunidades de judeus convertidos a superar as críticas dos irmãos de raça que os acusavam dizendo: “Vocês são infiéis a Lei de Moisés”. O próprio Jesus havia sido acusado de infidelidade a lei de Deus. Mateus trás a resposta esclarecedora de Jesus aos que o acusavam. Assim nos dá uma luz para ajudar as comunidades a resolver seu problema.
• Usando imagens da vida diária, com palavras simples e diretas, Jesus havia dito que a missão da comunidade, sua razão de ser, é ser sal e luz. Havia dado alguns conselhos a respeito de cada uma das imagens. A continuação vem nos três breves versículos do Evangelho de hoje.
• Mateus 5,17-18: NEM UMA VÍRGULA DA LEI DEIXARÁ DE SER VIGENTE. Havia várias tendências nas comunidades dos primeiros cristãos. Umas pensavam que não era necessário observar as leis do Antigo Testamento, pois, é a fé em Jesus que nos salva e não a observância da Lei (Rm 3,21-26). Outros aceitavam Jesus como Messias, porém, não aceitavam a liberdade do Espírito com que algumas comunidades viviam a presença de Jesus ressuscitado. Eles pensavam que sendo judeus, deviam continuar observando as leis do AT (At 15,1.5). Havia, além disso, cristãos que viviam tão plenamente na liberdade do Espírito, que havia deixado de olhar a vida de Jesus de Nazaré e o AT e chegavam a dizer: “Anatema Jesus!” (1Cor 12,3). Diante das tensões, Mateus procura um equilíbrio além dos extremos. A comunidade tem que ser um espaço, onde este equilíbrio pode ser alcançado e vivido. A resposta dada por Jesus aos que o criticam continua bem atual para as comunidades: “não vim abolir a lei, mas sim, dar-lhe pleno cumprimento!”. As comunidades não podiam estar contra a Lei, nem podiam encerrar-se na observância da lei. Igualmente Jesus, deviam dar um passo e mostrar na prática, qual é o objetivo que a lei quer alcançar na vida das pessoas, a saber, na prática perfeita do amor.
• Mateus 5,19: NEM UMA VÍRGULA DA LEI DEIXARÁ DE SER VIGENTE. E aos que queriam desfazer-se de toda a lei, Mateus lembra outra palavra de Jesus: “Portanto, o que transgredir um destes pequenos mandamentos e assim ensinar aos homens, será o menor no Reino dos Céus, ao contrário, os que observarem e os ensinarem, esse será grande no Reino dos Céus”. A grande inquietude do Evangelho de Mateus é mostrar que o AT, Jesus de Nazaré e a vida no Espírito Santo, não podem separar-se. Os três formam parte do mesmo e único projeto de Deus e nos comunicam a certeza central da fé: o Deus de Abraão e Sara está presente no meio das comunidades pela fé no Jesus de Nazaré que nos manda seu Espírito.



PARA REFLEXÃO PESSOAL

• Como vejo e vivo lei de Deus: como horizonte de liberdade crescente ou como imposição que delimita minha liberdade?
• O que é que podemos fazer hoje para os irmãos e as irmãs que consideram toda esta discussão como superada e desatualizada? O que é que podemos aprender deles?



ORAÇÃO FINAL

• (SALMO 147,12-13)
• Hoje procurarei que coisa está tomando de mim maior atenção do que o normal e, verei se não é um “Baal” a quem lhe presto mais atenção do que Deus.