sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Lectio Divina - 30/11/12



SEXTA-FEIRA -30/11/2012



PRIMEIRA LEITURA: Romanos 10,9-18

• A celebração de um apóstolo na igreja é sempre um convite para que cada um de nós lembre que sem nós o evangelho não chegará aos corações de todos os homens já que, como diz Paulo: “a fé nasce da pregação”. É por isso fundamental que todos e cada um de nós, vamos perdendo o medo de nos mostrarmos como cristãos diante dos demais, já que nossa maneira de viver é forma mais expressa de fazer presente Cristo. Nosso testemunho de vida é a primeira e a mais importante pregação. Quando São Francisco de Assis queria pregar, simplesmente passeava pelo povo com seus discípulos e isto era o bastante para gritar ao mundo o evangelho. Hoje também é necessário que cada um de nós, no trabalho, na escola, no bairro, nos portemos como seguidores de Jesus Cristo. Isto, com o tempo, fará que também nossa língua se solte e comece a falar mais de Jesus. Lembremos que o próprio Jesus dizia, que nossos lábios falam do que o coração está cheio. Demos mais espaço a Jesus em nossa vida e naturalmente Ele próprio se manifestará através de nós aos demais. 




ORAÇÃO INICIAL 

• Oh Pai, que chamaste André das redes do mundo para a pesca maravilhosa no anuncio do Evangelho; faze com que também nós possamos gostar mais da doçura de tua paternidade, especialmente em nos sentirmos amados como filhos teus. Por Nosso Senhor...



REFLEXÃO

Mateus 4,18-22

CAMINHAVA AS MARGENS DO MAR DA GALILÉIA. Jesus havia saído do deserto, depois de quarenta dias de grande solidão e de lua contra o diabo (Cf. Mt 4,1-11). Ele havia saído vitorioso; seguro do amor de seu Pai e veio à Galiléia; uma terra distante e desprezada; uma terra fronteiriça e de pagãos, só, portanto, consigo mesmo sua grande luz e sua salvação (Cf. Mt 4,12-16). E aqui, Ele começou a proclamar sua mensagem de alegria e de libertação: “O Reino dos Céus agora está próximo! (Cf. Mt 4,17).Não existe mais solidão, nem a agonia do deserto, não existe ausência porque o Senhor Jesus Cristo desceu sobre nossa terra; a Galiléia dos gentios: com certeza, Ele está próximo; Ele é “Deus Conosco”. Ele não está longe. Não ficou parado e escondido, porque Ele próprio “caminha”, passeia às margens do mar, ao longo das costas de nossas vidas pobres e de fato ainda mais além de nossos horizontes. A Galiléia, que significa “anel”: e cuja interpretação nos diz que Ele, Jesus, o Amor, vem desposar-se; unir-se para sempre com Ele. Agora, só nos resta acolhe-lo, enquanto caminha sobre as margens do mar. Ainda na distância, Ele, já nos vê, e isto já sabemos...
• O VERBO “VER”, se repete duas vezes, primeiramente ao referir-se a André e a seu irmão, depois a Tiago e a João; este “VER” trás consigo mesmo toda a força e a intensidade de um olhar proveniente do coração, do mais íntimo. E é desta maneira, como o Senhor nos vê: nos lê a profundidade; com uma detalhada atenção amorosa foliada passo a passo nas páginas de nossas vidas; conhece cada coisa de nós e tudo ama. 
• Não é nada raro que Mateus utilize muitas vezes um vocabulário familiar para narrar este episódio sobre a vocação e o encontro com o Senhor Jesus. Já que também, encontramos quatro vezes a palavra “irmão”, e duas vezes a palavra “pai”. Somos levados à casa, a nosso principio de vida, ali onde de igual forma nos redescobrimos que somos filhos e irmãos. Jesus entra dentro desta nossa realidade e o faz de uma maneira mais humana; mais nossa, mais cotidiana, entra na carne, no coração, em toda a vida e vem resgatar-nos para fazer-nos nascer de novo.
• “SEGUE-ME” e “VEM”: são suas palavras simples e claras; Ele nos pede para ficarmos no caminho; andar da mesma forma que Ele. É agradável sentir-se despertar por sua voz! A qual é mais forte e atingível, mais doce que a voz das águas do mundo, que às vezes tendem a ser ruidosas e confusas. Diferente de quando Ele fala, o faz ao coração, tudo se converte em uma grande paz e tudo volta à calma. E depois, nos mostra também a rota, nos assinala o caminho para fazer e a seguir e não deixa perder-nos: “Atrás de mim, diz o Senhor. Só basta receber o convite, só basta aceitar que seja Ele, para que saber mais, só devo segui-lo, pois, Ele nos mostrará o caminho”.
• “DEIXARAM AS REDES E O SEGUIRAM”. Os dois irmãos, os dois primeiros chamados, o de Pedro e o de André, chegam a ser para nós um exemplo claríssimo, corajoso e convincente no inicio deste caminho. Eles nos ensinam as coisas que se deve fazer os movimentos e a escolha. “Deixar” e “seguir” chegam a ser os verbos chaves e as palavras escritas no coração. São porque, talvez, frequentemente possa ocorrer e ter que considerar tais iniciativas no interior de nossas vidas; no secreto da alma, ali onde só nós podemos ver. Ali onde só o Senhor é testemunho de que inclusive para nós, se cumprem estas maravilhosas palavras do Evangelho, que são tão vivas e fortes, e que mudam a nossa vida.
• “EM SEGUIDA”. Por duas ocasiões, Mateus nos faz ver a prontidão dos discípulos na acolhida do convite do Senhor, que passa, igualmente em seu olhar e em sua voz dirigida para eles. Eles não colocam obstáculos; não duvidam, não tem medo, só confiam cegamente Nele, respondendo em seguida e dizendo sim, àquele Amor. Alem disso, Mateus faz passar diante de nossos olhos todos os elementos que vivificam aquela cena na margem do mar: como por exemplo, as redes, a barca, o pai... tudo ocorre no fundo, tudo passa a segundo plano e tudo é deixado de lado. Só permanece o Senhor, que vai adiante e, atrás Dele, aqueles quatro homens novos, que levam nosso nome e a história, que Deus escreveu para nós.




PARA REFLEXÃO PESSOAL

Tenho medo das águas que meu coração leva, como se meu mar fosse ameaçador, escuro, inimigo? Posso deixar o Senhor caminhar ao longo das margens comigo?
• Guardo silêncio neste momento? Permito realmente que Jesus passe e se aproxime de mim?
• Deixo que Ele fale, que me diga, talvez pela primeira vez: “Siga-me?. Ou prefiro continuar ouvindo só o rumor do mar e de suas ondas invasoras e devastadoras?




ORAÇÃO FINAL 

• (SALMO 119)
• Acrescentarei minha vida sacramental para assemelhar-me cada dia mais a Cristo.





quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Lectio Divina - 29/11/12





QUINTA-FEIRA -29/11/2012


PRIMEIRA LEITURA: Apocalipses 18,1-2.21-23;19,1-3.9

• Esta passagem, dedicada principalmente à Roma Imperial, manifesta a soberania de Deus sobre todo homem e toda nação. Nada e ninguém podem fazer frente e, ninguém que tenha tentado contra seu povo, ficará impune. Por isso, seu povo se alegra, porque como nos dias do Êxodo, é sua mão forte e seu braço estendido que realiza a libertação. É uma advertência para todos aqueles (pequenos e grandes) que querem usurpar o lugar soberano de Deus, constituindo-se em “pequenos deuses” que tiranizam e subjugam aos pequenos, aos de privilégios limitados (e às vezes do mais necessário). É um claro eco do Magnificat, no qual Maria afirma que Deus dispersa aos soberbos e derruba do trono os poderosos, dando o reino aos humildes. Estes são precisamente os convidados ao Banquete escatológico, isto é, a paz e o gozo messiânico. É um convite ao final de nosso ano litúrgico a restituir à Deus seu lugar como Deus de nossa vida, em nossa família, em nossa empresa, em nosso governo. É de novo um convite à conversão de coração a fim de participar de seu reino, de maneira imperfeita aqui na terra e definitivamente no céu.




ORAÇÃO INICIAL

• Mova Senhor, os corações de teus filhos, para que, correspondendo generosamente a tua graça, recebam com maior abundância a ajuda de tua bondade. Por Nosso Senhor...



REFLEXÃO

Lucas 21,20-28

•    Hoje o evangelho continua o Discurso Apocalíptico com mais sinais, o 7º e o 8º, que deviam acontecer antes da chegada do fim dos tempos, o melhor, antes da chegada do fim deste mundo para dar lugar ao novo mundo, ao “novo céu e a nova terra” (Is 65,17). O sétimo sinal é a destruição de Jerusalém e o oitavo é as mudanças na antiga criação.
• Luca 21,20-24: O SÉTIMO SINAL: a destruição de Jerusalém. Jerusalém era para eles a Cidade Eterna. E agora estava destruída! Como explicar este fato? Deus não leva em conta a mensagem? É difícil para nós imaginarmos o trauma e a crise de fé que a destruição de Jerusalém causou nas comunidades de tantos judeus e cristãos. Cabe aqui uma breve observação sobre a composição dos Evangelhos de Lucas e de Marcos. Lucas escreve no ano 85. Serve-se do evangelho de Marcos para compor sua narrativa sobre Jesus. Marcos escreve no ano 70, no mesmo ano em que Jerusalém estava sendo cercada e destruída pelos exércitos romanos. Por isto, Marcos escreveu dando uma citação ao leitor: “Quando vires a abominável desolação instalada onde não devia – que o leitor entenda – então, os que estão na Judéia fujam para os montes” (Mc 13,14). Quando Lucas menciona a destruição de Jerusalém, Jerusalém estava em ruínas já fazia quinze anos. Por isto, ele omite o parêntese de Marcos. Lucas disse: “Quando virem Jerusalém cercada por exércitos, saiba então, que se aproxima sua desolação. Então, os que estejam Judéia que fujam para os montes; os que estejam no meio da cidade que se afastem; e os que estejam nos campos que não entrem nela; porque estes são dias de vingança nos quais se cumprirá tudo quanto está escrito. Ai daquelas que estejam grávidas ou dando a luz naqueles dias! Haverá, com efeito, uma grande calamidade sobre a terra e cólera contra o povo. Jerusalém será pisoteada pelos gentios, até que o tempo dos gentios chegue a seu cumprimento”. Ao ouvir Jesus que anunciava a perseguição (6º sinal) e a destruição de Jerusalém (7º sinal), os leitores das comunidades perseguidas do tempo de Lucas concluíam: “Este é nosso hoje. Estamos no 6º sinal!”.
• Lucas 21,25-26: O OITAVO SINAL: mudanças no sol e na lua. Quando será o fim? No final depois de haver ouvido falar de todos estes sinais que já haviam acontecido, ficava em pé a pergunta: “O projeto de Deus avança muito e as etapas previstas por Jesus já se realizaram. Estamos agora na sexta ou na sétima etapa. Quantas etapas ou sinais faltam até que chegue o fim? Falta muito?”. A resposta vem agora no 8º sinal: “Haverá sinais no sol, na lua e nas estrelas, e na terra, angustia das pessoas, transtornadas pelo estrondo do mar e das ondas. Os homens ficarão sem alimentos pela terra e a ansiedade diante das coisas que se abaterão sobre o mundo, porque as forças dos céus se desequilibrarão”. O 8º sinal é diferente dos outros sinais. Os sinais no céu e na terra é uma mostra do que está chegando, ao mesmo tempo, o fim do velho mundo, da antiga criação e o começo da chegada do novo céu e da nova terra. Quando a casca do ovo começa a se romper é sinal de que o novo está aparecendo. É a chegada do Novo Mundo que está provocando a desintegração do mundo antigo. Conclusão: falta muito pouco! O Reino de Deus está chegando.
• Lucas 21,27-28: A CHEGADA DO REINO DE DEUS E A APARIÇÃO DO FILHO DO HOMEM. “E então verão vir o Filho do homem em uma nuvem com grande poder e glória. Quando começar a acontecer estas coisas, crie ânimo e levante a cabeça, porque se aproxima vossa libertação”. Neste anuncio, Jesus descreve a chegada do Reino com imagens tiradas da profecia de Daniel (Dn 7,1-14). Daniel disse que, depois das desgraças causadas pelos reinos deste mundo, virá o Reino de Deus. Os reinos deste mundo, todos eles, têm figura de animal: leão, urso, pantera, bestas selvagens (Dn 7,3-7). São reinos animais, desumanizam a vida, como acontece com o reino neoliberal até hoje! O Reino de Deus, pois, aparece como um aspecto do Filho do Homem, isto é, com um aspecto humano de gente (Dn 7,13). É um reino humano. Construir este reino que humaniza, é tarefa das pessoas das comunidades. É a nova história eu devemos realizar e que deve reunir as pessoas dos quatro lados do mundo. O título Filho do Homem é o nome que Jesus gostava de usar. Somente nos quatro evangelhos, este nome aparece mais de 80 (oitenta) vezes. Toda dor que suportamos desde agora, toda a luta a favor da vida, toda a perseguição por causa da justiça, toda dor de parto, é semente do Reino que vai chegar no 8º sinal.




PARA REFLEXÃO PESSOAL

•    Perseguição das comunidades. Destruição de Jerusalém. Desespero. Diante dos acontecimentos que hoje fazem sofrer as pessoas me desespero? Qual é a fonte de minha esperança?
• Filho do Homem é o título que Jesus gostava de usar. Ele queria humanizar a vida. Quanto mais humano, mais divino, dizia o Papa Leão Magno. Em minha relação com os demais, sou humano?




ORAÇÃO FINAL

• (SALMO 100,5)
• Hoje, em cada coisa que faça, terei atenção especial se em tudo que faço está sustentado pela graça que Deus deposita em mim para o bem comum.





quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Lectio Divina - 28/11/12





QUARTA-FEIRA -28/11/2012


PRIMEIRA LEITURA: Apocalipses 15,1-4


• Esta passagem do Apocalipse é uma clara alusão à libertação do mar vermelho. Nesta, os vencedores do poder opressor, como foi o caso do faraó no Êxodo, cantam o cântico de vitória reconhecendo a onipotência e o amor de Deus para seu Povo. Representa a todos que, ajudados pela graça de Deus, tenham vencido o egoísmo, a soberba, a injustiça e tudo o que se refere a, e é em si, opressão para o homem. São os que não aceitaram o convite do demônio (a besta) a adorá-lo no dinheiro, no prazer e no poder, mas sim, que sendo fiéis, deram testemunho de seu amor ao Senhor. Este povo somos nós, os cristãos desta época, que igualmente aos primeiros cristãos temos que aferrar-nos na graça e nas promessas do Senhor e permanecer fiéis rejeitando as iniciativas do demônio, para assim ser com Cristo, o novo Moisés, vitoriosos e livres. Se chegar a sentir-se, como o povo de Israel, preso entre o mar e seus inimigos, quando pensar que não existem possibilidades para ser um bom cristão, lembre, que o Senhor é fiel a suas promessas, que sempre seu proceder é justo e reto, e que Ele construirá uma estrada onde não existe e, sobretudo, lembre que do outro lado te espera a liberdade e a alegria em seu amor.




ORAÇÃO INICIAL

• Mova Senhor, os corações de teus filhos, para que, correspondendo generosamente a tua graça, recebam com maior abundância a ajuda de tua bondade. Por Nosso Senhor...



REFLEXÃO

Lucas 21,12-19


•    No evangelho de hoje, que á continuação do discurso iniciado ontem, Jesus enumera um sinal a mais para ajudar as comunidades a situar-se nos fatos e a não perder a fé em Deus, nem na coragem para resistir contra os embates do império romano. Repetimos os cinco primeiros sinais: (01)-Os falsos messias (Lc 21,8); (02)-Guerras e revoluções (Lc 21,9); (03)-Nação contra nação, um reino contra outro reino (Lc 21,10); (04)-Terremotos em vários lugares (Lc 21,11); (05)-Fome, peste e sinais no céu (Lc 21,11). Até aqui o evangelho de ontem. Agora, no evangelho de hoje, existe um sinal a mais: (6)-A perseguição dos cristãos (Lc 21,12-19).
• Lucas 21,12: O SEXTO SINAL: a perseguição várias vezes, nos poucos anos que Jesus passou entre nós, avisou aos discípulos que iam ser perseguidos. Aqui, no último discurso, repete o mesmo e informa que é necessário ter em conta a perseguição na hora de discernir os sinais dos tempos: “Porém, antes de tudo isto irão prendê-los e os perseguirão, os entregarão nas sinagogas e cárceres e os levarão diante dos reis e governadores por meu nome, isto acontecerá para que dêem testemunho”. E destes acontecimentos, aparentemente tão negativos, Jesus havia dito: “Não temam; porque é necessário que aconteçam primeiro estas coisas, porém, o fim não é imediato” (Lc 21,9). E o evangelho de Marcos acrescenta que todos estes sinais são “apenas o começo das dores do parto!” (Mc 13,8). Entretanto, as dores do parto, ainda sendo muito fortes para a mãe, não são sinal de morte, mas sim de vida. Não são motivos de temor, mas de esperança! Esta maneira de ler os fatos dava muita tranqüilidade às comunidades perseguidas. Assim, lendo ou ouvindo estes sinais, profetizados por Jesus, nos anos trinta e três, os leitores de Lucas dos anos oitenta podiam concluir: “Todas estas coisas estão acontecendo segundo o plano previsto e anunciado por Jesus, portanto, a história não escapou das mãos de Deus. Deus está conosco!”.
• Lucas 21,13-15: A MISSÃO DOS CRISTÃOS NA ÉPOCA DA PERSEGUIÇÃO. A perseguição não é uma fatalidade, nem pode ser motivo de desalento ou de desespero, mas, deve ser considerada como uma oportunidade, oferecida por Deus para que as comunidades levem até o fim a missão de testemunhas com coragem a Boa Noticia de Deus. Jesus disse: “isto vos acontecerá para que deis testemunho. Proponde, pois, em vosso não preparar a defesa, porque eu os darei uma eloqüência e uma sabedoria a qual não poderão resistir nem contradizer todos os vossos adversários”. Por meio desta afirmação, Jesus anima os cristãos perseguidos que viviam angustiados. Esclarece que, ainda que perseguidos, eles tinham que cumprir uma missão, a saber: dar testemunho da Boa Noticia de Deus e assim, ser um sinal do Reino (At 1,8). O testemunho corajoso levaria a pessoa a repetir o que disseram os magos do Egito diante dos sinais e a coragem de Moisés e Araão: “Aqui está a mão de Deus!” |(Ex 8,15). Conclusão: se as comunidades não devem preocupar-se, se tudo está nas mãos de Deus, se tudo estava já previsto por Deus, se tudo não é como a dor do parto, então, não existe motivo para ficar preocupado.
• Lucas 21,16-17: PERSEGUIÇÃO DENTRO DA FAMÍLIA. “Sereis entregues pelos pais, irmãos, parentes e amigos, e matarão alguns de vocês”. A perseguição não vem de fora, de parte do império, mas vem de dentro, da própria família. Na própria família, uns aceitam a Boa Noticia, outros não. O anuncio da Boa Noticia produzia divisões na própria família. Havia pessoas que, baseando-se na Lei de Deus, chegavam a denunciar e a matar seus próprios familiares que se declaravam seguidores de Jesus (Dt 13,7-12).
• Lucas 21,18-19: A FONTE DE ESPERANÇA E DE RESISTÊNCIA. “Porém, não se perderá nenhum cabelo de vossa cabeça. Com vossa perseverança salvareis vossas almas”. Esta observação final de Jesus lembra a outra palavra que Jesus havia dito: “nenhum cabelo de vossa cabeça cairá!” (Lc 21,18). Esta comparação era um forte chamado à não perder a fé e a seguir firme na comunidade. Confirma o que Jesus havia feito em outras ocasiões: “Quem quer salvar sua vida, a perde, porém, aquele que perde sua vida por minha causa, a salvará”. (Lc 9,24).




PARA REFLEXÃO PESSOAL

•    Como costuma ler as etapas da história em tua vida e na vida de teu país?
• Olhando a história da humanidade dos últimos 50 anos, a esperança aumentou ou diminuiu em você?




ORAÇÃO FINAL

• (SALMO 98,2-3)
• Hoje meditarei nas vezes que Deus me tirou de uma situação que eu pensava ser muito complicada, e lhe pedirei que me mostre uma nova estrada onde ainda não a vejo.





terça-feira, 27 de novembro de 2012

Lectio Divina - 27/11/12





TERÇA-FEIRA -27/11/2012





PRIMEIRA LEITURA : Apocalipses 14,14-9

• Em todo seu contexto, o capítulo 14 nos fala de todos os problemas que terão (poderíamos dizer: que têm) que enfrentar os cristãos a fim de manterem-se fiéis até o final e receber a glória prometida. A profecia está articulada aos elementos comuns da agricultura judia: o trigo e a uva. As duas colheitas se referem ao mesmo: o povo santo de Deus, os que se têm mantido fiéis, e por isso estão já na lista para a colheita (sem dúvida, os 144.000 dos que vêm fazendo referência). Estes serão levados para o céu, figura da colheita do trigo, porém, antes disso, terão que ter dado testemunho com seu próprio sangue, figura da colheita do vinho (não esqueçamos que estamos no contexto de uma das mais sangrentas perseguições pelas quais passou a Igreja). Uma coisa é certa, não é fácil manter-se fiel no meio de um mundo, que, nos persegue com espadas, também o faz de formas mais sofisticadas, e muitas vezes, mais efetivas, pois, se esconde no que temos chamado de “risco da normalidade”. Seremos capazes de, no meio deste mundo, testificar nossa “pertença” a Cristo?




ORAÇÃO INICIAL

• Mova Senhor, os corações de teus filhos, para que, correspondendo generosamente a tua graça, recebam com maior abundância a ajuda de tua bondade. Por Nosso Senhor...



REFLEXÃO

Lucas 21,5-11

•    Neste evangelho começa o último discurso de Jesus, chamado Discurso Apocalíptico. É um longo discurso, que será o assunto dos evangelhos dos próximos dias até o final desta última semana do ano litúrgico. Para nós o Século XXI, a linguagem apocalíptica é estranha e confusa. Porém, para as pessoas pobres e perseguidas das comunidades cristãs daquele tempo era a maneira que todos entendiam e cujo objetivo principal era animar a fé e a esperança dos pobres e oprimidos. A linguagem apocalíptica é fruto do testemunho de fé destes pobres que, apesar das perseguições e apesar do viam, continuavam acreditando que Deus estava com eles e que continuava sendo o Senhor da história.
• Lucas 21,5-7: INTRODUÇÃO AO DISCURSO APOCALÍPTICO. Nos dias anteriores ao Discurso Apocalíptico, Jesus havia rompido com o Templo (Lc 19,45-48), com os sacerdotes e com os anciãos (Lc 20,1-26), com os saduceus (Lc 20,27-40), com os escribas que exploravam as viúvas (Lc 20,41-47) e no final vemos no evangelho de ontem que faz elogios à viúva que deu em esmola tudo aquilo que possuía (Lc 21,1-4). Agora, no evangelho de hoje, ao ouvir como “algumas pessoas falavam do Templo, de como estava adornado de belas pedras e oferendas votivas”, Jesus responde anunciando a destruição total do Templo: “Disto que estão vendo, chegarão dias em que não ficará pedra sobre pedra que não seja destruída”. Ao ouvir este comentário de Jesus, os discípulos perguntam: “Mestre, quando acontecerá isto?. E qual será o sinal de que todas estas coisas estão para ocorrer?”. Eles querem mais informações. O Discurso Apocalíptico que segue é a resposta de Jesus a esta pergunta dos discípulos sobre quando e como será a destruição do Templo. O evangelho de Marcos informa o seguinte sobre o contexto em que Jesus pronunciou este discurso. Disse que Jesus havia saído da cidade e estava sentado no Monte das Oliveiras (Mc 13,2-4). Ali, do alto do Monte, tinha uma vista majestosa do Templo. Marcos nos diz que, eram apenas quatro os discípulos que foram ouvir o último discurso. O começo de sua pregação, três anos antes, ali na Galiléia, as multidões iam atrás de Jesus para ouvir suas palavras. Agora, no último discurso, existem apenas quatro ouvintes: Pedro, Tiago, João e André (Mc 13,3). Eficiência e bom resultado nem sempre se medem pela quantidade!
• Lucas 21,8: OBJETIVO DO DISCURSO: “Olhem, não vos deixeis enganar!”. Os discípulos haviam perguntado: “Mestre, quando acontecerá isso? Qual será o sinal de que todas essas coisas estão para ocorrer?”. Jesus começa sua resposta com uma advertência: “Olhem, não se deixem enganar. Porque virão muitos usurpando meu nome e dizendo: Eu Sou e tempo está próximo. Não lhes dêem ouvidos”. Na época de mudanças e de confusão sempre aparecem pessoas que querem tirar proveito da situação enganando aos demais. Isto acontece hoje e estava ocorrendo nos anos 80, época em que Lucas escreve seu evangelho. Diante dos desastres e guerras daqueles anos, diante da destruição do ano 70 e diante da destruição, da perseguição dos cristãos pelo império romano, muitos pensavam que o fim dos tempos estivesse chegando. E até havia gente que dizia: “Deus já não controla os fatos! Estamos perdidos!”. Por isso, a preocupação principal dos discursos apocalípticos é sempre a mesma: ajudar as comunidades a discernir melhor os sinais dos tempos para não deixar-se enganar pelas conversas das pessoas sobre o fim do mundo: “Olhem, não vos deixeis enganar!”. Logo vem o discurso que oferece sinais para ajudá-los no discernimento e, assim, aumentar neles a esperança.
• Lucas 21,9-11: SINAIS PARA AJUDAR A LER OS FATOS. Depois desta breve introdução, começa o discurso propriamente dito: “Quando ouvires falar de guerras e revoluções, não vos aterrorize; porque é necessário que aconteçam primeiro estas coisas, porém, o fim não é imediato”. Então lhes disse: “Se erguerá não contra nação e reino contra reino. Haverá grandes terremotos, pestes e fome em diversos lugares, haverá coisas espantosas e grandes sinais do céu”. Para entender bem estas palavras, é bom lembrar o seguinte. Jesus vivia e falava no ano 33. Os leitores de Lucas viviam e ouviam estas coisas no ano 85. Agora, nos anos cinqüenta, entre o ano 33 e o ano 85, a maioria das coisas mencionadas por Jesus já haviam acontecido e todos as conheciam. Por exemplo, em várias partes do mundo havia guerras, apareciam falsos messias, surgiam enfermidades e pestes, na Ásia Menor, os terremotos eram freqüentes. Num estilo bem apocalíptico, o discurso enumera todos estes acontecimentos, um depois do outro, como sinais ou como etapas do projeto de Deus no andamento da história do Povo de Deus, desde a época de Jesus até o fim dos tempos:
• 1º Sinal: os falsos messias (Lc 21,8);
• 2º Sinal: guerras e revoluções (Lc 21,9);
• 3º Sinal: nação contra outra nação, um reino contra outro reino (Lc 21,10);
• 4º Sinal: terremotos em vários lugares (Lc 21,11);
• 5º Sinal: fome, pestes e sinais no céu (Lc 21,11);
• Estes são os sinais do evangelho de hoje. O evangelho de amanhã trás um sinal a mais: a perseguição das comunidades cristãs (Lc 21,12). O evangelho de depois de amanhã, trás dois sinais a mais: a destruição de Jerusalém e o início da desintegração da criação. Assim, por meio destes sinais do Discurso Apocalíptico, as comunidades dos anos oitenta, época na qual Lucas escreve seu evangelho, podiam calcular a que altura se encontrava a execução do plano de Deus, e descobrir que a história não havia escapado das mãos de Deus. Tudo era conforme o que Jesus havia previsto e anunciado no Discurso Apocalíptico.




PARA REFLEXÃO PESSOAL

•    O que você sentiu durante a leitura deste evangelho hoje?
• Sentimento de medo ou de paz?
• Você acredita que o fim do mundo está próximo? O que responder aos que dizem que o fim do mundo está próximo?
• O que é que hoje anima as pessoas para resistir e ter esperança?





ORAÇÃO FINAL

• (SALMO 96,13)
• Hoje avaliarei todas as ocasiões em que por agradar aos demais me acomodei nas tendências do mundo que contradiz a vontade de meu Deus, e pedirei perdão e me esforçarei para não deixar-me levar de novo.




segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Lectio Divina - 26/11/12





SEGUNDA-FEIRA -26/11/2012

PRIMEIRA LEITURA: Apocalipses 14,1-3.4-5

• Esta passagem geralmente é usada pelos Testemunhos de Jeová para atemorizar os cristãos fazendo-os acreditar que se convertendo à sua religião tomarão parte destes 144.000 “redimidos”, já que do contrário, perecerão no inferno, ou não entrarão no céu, não viverão na terra, a qual depois da hecatombe final será transformada em um “paraíso”. Como já havíamos dito, o Apocalipses é um livro simbólico que se vale dos números para comunicar sua mensagem. O número 144.000 aparece 3 vezes citado por João (7,4;14,1.3) e é um número simbólico formado pela multiplicação de 12 x 12 x 1000. O primeiro número indica o povo do AT; o segundo o povo do NT; e o terceiro número 1000 indica totalidade (cf.Sl 90,4; 2Pe 3,8). De maneira que os salvos, isto é, quem canta o cântico do Cordeiro é o povo de Deus, tanto do NT como do AT. Esta visão se refere ao povo de Deus em sua totalidade, como se pode apreciar no Ap 7,9-10 onde a MULTIDÃO INCONTÁVEL, louvava o Cordeiro. De tudo isto, uma coisa é certa: Jesus, o Cordeiro de Deus, morreu por nós e nos tem preparado um lugar onde Ele está (cf. Jo 14,2-3), entretanto, poderia dizer que, nossa vida é inatacável, como nos propõe a leitura de hoje?




ORAÇÃO INICIAL

•    Mova Senhor, os corações de teus filhos, para que, correspondendo generosamente a tua graça, recebam com maior abundância a ajuda de tua bondade. Por Nosso Senhor...



REFLEXÃO

Lucas 21,1-4

• No evangelho de hoje, Jesus elogia uma viúva pobre que sabe compartilhar melhor que os ricos. Muitos pobres de hoje fazem o mesmo. As pessoas dizem: “O pobre não deixa o pobre morrer de fome”. Mas, às vezes, nem isto é possível! Dona Cícera que vivia no interior da Paraíba, foi viver na cidade e dizia: No campo, a gente era pobre, porém, sempre havia uma coisinha para dividir com o pobre que chamava à porta. Agora que estou aqui, na cidade, quando vejo um pobre que chama à porta, me escondo de vergonha porque não tenho nada em cada para dar-lhe! De um lado: gente rica que tem tudo, mas que não quer compartilhar. Por outro lado: gente pobre que não tem quase nada, mas, que quer compartilhar o pouco que tem.
• No começo da Igreja, as primeiras comunidades cristãs, eram de gente pobre (1Cor 1,26). Pouco a pouco foram entrando também pessoas mais ricas, que trouxeram consigo vários problemas. As tensões sociais, que marcavam o império romano, começam a marcar também a vida das comunidades. Isto se manifestava, por exemplo, quando se reuniam para celebrar a ceia (1Cor 11,20-22), ou, quando tinham reuniões (Tg 2,1-4). Por isto, o ensinamento do gesto da viúva era muito atual, tanto para eles, como é para nós hoje.
• Lucas 21,1-2: A ESMOLA DA VIÚVA. Jesus estava diante da arca do Templo e observava como as pessoas iam deixando sua esmola. Os pobres deixavam poucos centavos, os ricos, moedas de grande valor. Os cofres do Tempo recebiam muito dinheiro. Todos deixavam algo para a manutenção do culto, para o sustento do clero e a conservação do edifício. Parte deste dinheiro era usado para ajudar aos pobres, pois, naquele tempo não havia securidade social. Os pobres viviam da caridade pública. As pessoas mais necessitadas eram os órfãos e as viúvas. Dependiam em tudo da caridade dos demais, mas, mesmo assim, tratavam de compartilhar com os outros o pouco que possuíam. Assim, uma viúva bem pobre, coloca sua esmola na arca do Templo. Nada mais que dois centavos!
• Lucas 21,3-4: O COMENTÁRIO DE JESUS. O que é que vale mais: os poucos centavos da viúva ou as muitas moedas dos ricos? Para a maioria, as medas dos ricos eram muito mais úteis para fazer a caridade que os poucos centavos da viúva. Os discípulos, por exemplo, pensavam que o problema das pessoas podiam se resolver só com muito dinheiro. Quando da multiplicação dos pães, eles haviam sugerido comprar pão para dar de comer as pessoas (Lc 9,13; Mc 6,37). Felipe chegou a dizer: “Duzentos denários de pão não bastam para que cada um receba um pedacinho!” (Jo 6,7). De fato, para aquele que pensa dessa maneira, os dois centavos da viúva não servem para nada. Mas, Jesus disse: “Em verdade vos digo que essa viúva pobre deixou mais que todos”. Jesus tem critérios diferentes. Ao chamar a atenção dos discípulos para o gesto da viúva, ensina à eles e à nós onde devemos procurar ver a manifestação da vontade de Deus, a saber, nos pobres e no compartilhar. E um critério muito importante é o seguinte: “Porque todos estes tem deixado como donativo o que lhes sobra, a viúva deixou tudo o que tinha para sobreviver”.
• ESMOLA, PARTILHA, RIQUEZA. A prática de dar esmolas era muito importante para os judeus. Era considerada uma “boa obra”, pois a lei do Antigo Testamento dizia: “Nunca deixará de haver pobres na terra; por isto, te dou este mandamento: abrirás tua mão a teu irmão, ao necessitado e ao pobre de sua terra” (Dt 15,11). As esmolas, colocadas na arca do Templo, seja para o culto, seja para os necessitados, os órfãos ou as viúvas, eram consideradas como uma ação agradável a Deus (Eclo 35,2; conf. Eclo 17,17;29,12;40,24). Dar esmolas era uma maneira de reconhecer que todos os bens e dons pertencem a Deus e que nós não somos apenas administradores desses dons. Porém, a tendência a acumulação continua muito forte. Cada vez mais renasce de novo no coração humano. A conversão sempre é necessária. Por isso Jesus disse ao jovem rico: “Vai, vende tudo o que tens e dá aos pobres” (Mc 10,21). A mesma exigência repete-se nos outros evangelhos: “Vende vossos bens e dá-los em esmola: fazei bolsas que não se gastam, um tesouro inesgotável nos céus, onde nem o ladrão chega nem a traça pode roer” (Lc 12,33-34; Mt 6,9-20). A prática do compartilhar e da solidariedade é uma das características que o Espírito de Jesus quer realizar nas comunidades. O resultado da efusão do Espírito no dia de Pentecostes foi este: “Não havia entre eles indigentes, pois, todos que eram donos de fazendas ou casas as vendiam e levavam o dinheiro e o depositavam aos pés dos apóstolos” (At 4,34-35, 2,44-45). Estas esmolas colocadas aos pés dos apóstolos não se acumulavam, mas sim, eram repartidas a cada um conforme suas necessidades (At 4,35;2,45). A entrada dos ricos nas comunidades cristãs possibilitou, por um lado, uma expansão do cristianismo, ao oferecer melhores condições para as viagens missionárias. Por outro lado, a tendência a acumulação bloqueava o movimento da solidariedade e do compartilhar. Tiago ajudava as pessoas a tomarem consciência do caminho equivocado: “E vós ricos, chorarão aos gritos pelas desventuras que estão para vos sobrevir. A vossa riqueza apodreceu e as vossas vestes estão carcomidas pelas traças. O vosso ouro e a vossa prata estão enferrujados e a sua ferrugem testemunhará contra vós e devorara as vossas carnes” (Tg 5,1-3). Para aprender o caminho do Reino, todos devemos ser alunos daquela pobre viúva, que compartilhou com os demais até o necessário para viver (Lc 21,4).




PARA REFLEXÃO PESSOAL

•    Quais são as dificuldades e as alegrias que tem encontrado em tua vida para praticar a solidariedade e compartilhar com os outros?
• Como é que os dois centavos da viúva podem valer mais que as muitas moedas dos ricos? Qual é a mensagem deste texto para nós, hoje?





ORAÇÃO FINAL

• (SALMO 100,3)
• Hoje vou revisar que as tantas vezes que deixei a língua solta na boca e deixo que minta, e em que aspectos de minha vida Deus pode reprovar-me algo. Pedirei perdão e emendarei minha conduta.




sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Lectio Divina - 23/11/12





SEXTA-FEIRA -23/11/2012

PRIMEIRA LEITURA: Apocalipses 10,8-11

• Através destas imagens, o Senhor nos fala sobre a dualidade do Evangelho: por um lado é doce, porém, por outro é amargo. É que quando somos objeto do Evangelho, o resultado é belo. Todas as palavras que nos dizem na evangelização enchem de alegria e de doçura o coração. Todavia, quando nós nos convertemos nos sujeitos do Evangelho, isto é, quando é necessário vive-lo, quando é preciso DIGERI-LO e praticá-lo na vida cotidiana, já não é tão doce, mas, chega inclusive a amargar. Mas ainda quando somos sujeitos do Evangelho, este nos impulsiona a denunciar tudo o que é contrário ao amor, à justiça e a verdade. Esta é a razão pela qual na Igreja temos muitos OUVINTES do Evangelho e poucos TESTEMUNHOS, muitos vão a missa no domingo, porém, o resto da semana vivem a margem do que ouviram no domingo. Se realmente queremos ser autênticos cristãos, devemos aceitar esta dualidade de amargura e doçura. Não é fácil ser verdadeiro testemunho de Jesus, isto amargará nossas entranhas, no entanto, a doçura que contém as promessas de Cristo e a presença do Espírito Santo, fará com que nossa vida alcance o amadurecimento cristão e humano.




ORAÇÃO INICIAL

• Senhor, Deus nosso, concede-nos sempre viver alegres em teu serviço, porque servir-te, criador de todo bem, consiste a alegria plena e verdadeira. Por Nosso Senhor...



REFLEXÃO

Lucas 19,45-48

•    O CONTEXTO. Continua a descrição da subida de Jesus a Jerusalém (17,11-19,28). Lucas agora apresenta Jesus realizando sua ação no contexto do templo. Depois da entrada do enviado do Senhor a Jerusalém passando pela porta do oriente (19,45), o templo é o primeiro lugar em que Jesus leva à cabo sua ação: as controvérsias que se narram têm lugar neste local e a ele fazem referência. A subida de Jesus ao templo não é só uma ação pessoal, mas sim, afeta também a “multidão dos discípulos” (v.37) em sua relação com Deus (vv.31-34). Lucas narra antes de tudo um primeiro episódio no qual apresenta os preparativos da entrada de Jesus no templo (vv.29-36) e sua realização (vv.37-40); depois continua uma cena na qual Jesus se apresenta chorando sobre a cidade (vv.41-44), enquanto que, na cena seguinte encontramos a narração de nossa passagem de hoje: sua presença no templo e a expulsão dos vendedores (vv.45-48).
• O GESTO DE JESUS. Não tem um valor político, mas sim um significado profético. Parecera ao leitor que a meta da grande viagem de Jesus é seu ingresso no templo. É evidente a referência à profecia de Malaquias e seu cumprimento com a entrada de Jesus no templo: “E em seguida virá a seu Templo o Senhor a quem vós buscais…” (3,1). Jesus une ao gesto de expulsar os vendedores do templo com a referência da Escritura: Antes de tudo (Is 56,7): “Minha casa será casa de oração”. O templo é o lugar no qual Jesus se dirige ao Pai. A atividade comercial e especulativa converteu o templo em uma cova de ladrões e o privou de sua única e exclusiva missão: o encontro com a presença de Deus. A segunda referência da Escritura é tirada de Jr 7,11: “Este templo, onde o meu Nome é invocado, será porventura um covil de ladrões a vossos olhos?”. A imagem de cova de ladrões serve a Jesus para condenar o tráfico material no sentido amplo e não só os tráficos desonestos que de maneira velada e ilegal se cometiam no templo. Jesus exige uma mudança de rumo: purificar o templo de todas aquelas negatividades humanas e conduzi-lo a sua função original: render verdadeiro serviço a Deus. Expulsando estes impostores do comércio se cumpre a profecia de Zacarias: “E não haverá mais comerciantes na Casa de Yahvé naquele dia” (Zc 14,21). Ao pronunciar-se assim sobre o templo, Jesus não se refere a uma restauração da pureza do culto, como era a intenção dos zelotas. A intenção de Jesus vai mais além da pureza do culto, é mais radical, é intransigente: o templo não é uma obra realizada pelo esforço humano; a presença de Deus não está ligada à seu aspecto material, o autêntico serviço a Deus, Jesus realiza em seu ensinamento. Como motivo desta pregação “os sumos sacerdotes, os escribas e os notáveis do povo procuravam matá-lo” (v.47). Nos limites temporais do espaço do templo, Jesus leva a cabo um ensinamento altamente significativo, e mais, é justamente neste lugar tão fundamental para os judeus onde seu ensinamento alcança o vértice, e será a partir daqui que partirá a palavra dos apóstolos (At 5,12.20.25.42). A difusão da Palavra da graça da qual Jesus é o único portador se abre como um arco que tem seu inicio quando com doze anos discute entre os Doutores da Lei no templo: continua seu ensinamento enquanto atravessa a Galiléia e durante o caminho para Jerusalém: e se completa com a entrada no templo onde toma posse da casa de Deus. Neste lugar se acham os fundamentos para a futura missão da Igreja: a difusão da palavra de Deus. Os principais do povo não pretendem suprimir Jesus por haver destruído os negócios econômicos do templo, mas sim, porque seus motivos alcançam toda sua anterior atividade docente e se fazem patentes diante do discurso contra o templo. Jesus reivindica algo que desencadeia a reação dos sumos sacerdotes e dos escribas. Em contraste com esta atitude hostil aparece a atitude do povo “que ouvia as palavras de seus lábios”. Jesus é visto como o messias que, com sua Palavra de graças, reúne ao seu redor o povo de Deus.




PARA REFLEXÃO PESSOAL

•    Tua oração ao Senhor consiste em uma simples relação de pai e filho com força para se comunicar com Deus, ou melhor, está recoberta de costumes e práticas com a pretensão de conseguir sua benevolência?
• Ao ouvir a palavra de Jesus, você se ente acolhido por seu ensinamento como a multidão que o estava ouvindo? Isto é, presta a devida atenção a escuta do Evangelho para unir-se a Cristo?





ORAÇÃO FINAL

• (SALMO 119,72.103)
• Hoje buscarei três coisas da vida cristã que em verdade me pareçam como um trago amargo, pela exigência que me representam, e pedirei a Deus a graça de viver cada uma delas.




quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Lectio Divina - 22/11/12





QUINTA-FEIRA -22/11/2012

PRIMEIRA LEITURA: Apocalipses 5,1-10

• Esta passagem nos propõe dois elementos de reflexão. Por um lado nos mostra por meio de elementos simbólicos (prostrar-se diante Dele e oferecer-lhe incenso) como a Igreja desde suas origens tem reconhecido Jesus como Verdadeiro Deus igual ao Pai. Por outro, revela a relação que existe entre Jesus, o Cordeiro de Deus, e os homens: ele é nosso DONO, pois, Ele nos comprou com seu sangue, mais ainda, agora somos parte de um povo de sacerdotes, destinados a servir a Deus e a reger a terra. Um dos problemas de nossos cristãos hoje (como seguramente o era nos tempos dos apóstolos) é o fato da falta de identidade. Nós não temos dado conta de “quem é Jesus” e de “quem somos nós”. Parece que não temos dado conta, que somos propriedade de Deus e que toda nossa vida tem como único propósito o servir a Deus e deixar a terra em ordem, construir nela o Reino dos Céus (Justiça, Paz e Alegria no Espírito Santo). Pense por um momento, como diria Santo Agostinho: “Cristão, quem és?” Se realmente é propriedade de Jesus, deixa que Ele governe sua vida, dai-lhe glória como Deus e construa o Reino no meio de tua comunidade.




ORAÇÃO INICIAL

• Senhor, Deus nosso, concede-nos sempre viver alegres em teu serviço, porque servir-te, criador de todo bem, consiste a alegria plena e verdadeira. Por Nosso Senhor...



REFLEXÃO

Lucas 19,41-44

•    O evangelho de hoje nos diz que Jesus, ao chegar próximo de Jerusalém, vendo a cidade, começa a chorar e a pronunciar palavras que faziam vislumbrar um futuro muito sombrio para a cidade, capital de seu povo.
• Lucas 19,41-44: JESUS CHORA SOBRE JERULASÉM. Ao aproximar-se e ver a cidade, chorou por ela, dizendo: Se, tu também soubesse neste dia a mensagem de paz! Porém, agora ficará oculto a teus olhos! Jesus chora, pois, ama sua pátria, seu povo, a capital de sua terra, o Templo. Chora porque sabe que tudo vai ser destruído pela culpa do próprio povo, que não sabe perceber nem valorizar o chamado de Deus dentro dos fatos. As pessoas não percebem o caminho que poderia levar a Paz, Shalon. Porém, agora isto está oculto à teus olhos. Esta afirmação evoca a critica de Isaias à pessoa que adorava os ídolos: “Aquele que se apascenta de cinzas, o seu coração ludibriado o desencaminha; ele não consegue salvar sua vida nem é capaz de dizer: Aquilo que tenho na minha mão não será apenas uma mentira?” (Is 44,20). A mentira estava em seus olhos e por isto se tornaram incapazes de perceber a verdade. Como diz São Paulo: Eles se rebelam na verdade e obedecem a injustiça (Rm 2,8). A verdade torna-se presa da injustiça. Em outra ocasião, Jesus lamenta que Jerusalém não saiba perceber nem acolher a visita de Deus: Jerusalém, Jerusalém, a que mata os profetas e apedreja os que lhe são enviados! Quanta vez quis reunir teus filhos, como uma galinha reúne sua ninhada sob as asas, e não quisestes! Pois bem, vossa casa ficará abandonada (Lc 13,34-35).
• Lucas 19,43-44: ANUNCIO DA DESTRUIÇÃO DE JERUSALÉM. Porque virão dias sobre ti que teus inimigos te rodearão de estacas, te cercarão e te oprimirão de todas as partes, te lançarão contra o solo a ti e teus filhos que estejam dentro de ti e não deixarão em ti pedra sobre pedra… Jesus descreve o futuro que vai acontecer a Jerusalém. Usa as imagens de guerra que eram comuns naquele tempo, quando um exército atacava uma cidade: trincheiras, cerco fechado ao redor, matança das pessoas e destruição total das muralhas e das casas. Assim, Jerusalém foi destruída por Nabucodonosor. Assim, as legiões romanas costumavam fazer com as cidades rebeldes e assim se fará novamente quarenta anos depois, com a cidade de Jerusalém. De fato, no ano 70, Jerusalém foi cercada e invadida pelos exércitos romanos. Tudo foi destruído. Diante deste acontecimento histórico, o gesto de Jesus se converte em uma advertência muito séria a todos os que pervertem o sentido da Boa Nova de Deus. Eles têm que ouvir a advertência final: “Porque não conheceram o tempo de tua visita”. Nesta advertência, todo o trabalho de Jesus está definido como uma “visita” de Deus.




PARA REFLEXÃO PESSOAL

•    Às vezes você chora vendo a situação do mundo? Olhando a situação do mundo, Jesus choraria? A previsão é sombria. A partir do ponto de vista da ecologia, já passamos do limite. A previsão é trágica.
• O trabalho de Jesus é visto como uma visita de Deus. Tem recebido em tua vida alguma visita de Deus?





ORAÇÃO FINAL

• (SALMO 149,1-2)
• Hoje meditarei nas coisas que me amarram e não posso erradicar de minha vida. E direi: “Pelo sangue de Jesus me declaro livre de minhas ataduras e adquirido por Ele, me declaro pertença de Jesus perpetuamente”.





quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Lectio Divina - 21/11/12





QUARTA-FEIRA -21/11/2012

PRIMEIRA LEITURA: Apocalipses 4,1-11

• Dentro da rica simbologia que nos oferece este texto, centremos só nossa atenção na visão dos 24 anciãos. Nesta passagem vemos Deus no centro da Igreja, de todo o povo de Deus representado pelos 24 anciãos (12 patriarcas do Antigo Testamento e os 12 apóstolos do Novo Testamento), o qual é o ÚNICO que merece o poder, a honra e a glória. Os anciãos se despojam de suas coroas (símbolo do poder e da autoridade) e se prostram (símbolo de submissão e inferioridade total) diante Dele. Esta cena nos apresenta de maneira simbólica, não uma realidade que acontecerá no céu, mas sim, algo que deve ser realidade em nossa vida: “Diante de Deus, não existe poderes, nem governantes, nem privilégios; Ele é o ÚNICO Deus, e se alguma glória, honra ou louvor recebemos (coroa), é necessário colocá-la sempre aos pés do Senhor”. É, portanto uma chamado a humildade e a colocar diante Dele o que somos e tudo o que temos, a centralizar nossa atenção no ÚNICO Senhor de tudo quanto existe. Convido-te a que num momento de oração e adoração profunda coloque diante do Senhor “tua coroa”. Que deixe de ser este pequeno “reizinho” que procura ter poder e glória (em tua casa, em teu local de trabalho, em teu bairro ou em tua sociedade) e que reconheça o Pai o Filho e o Espírito Santo como o ÚNICO Deus de tua vida.




ORAÇÃO INICIAL

• Senhor, Deus nosso, concede-nos sempre viver alegres em teu serviço, porque servir-te, criador de todo bem, consiste a alegria plena e verdadeira. Por Nosso Senhor...



REFLEXÃO

Lucas 19,11-28

•    Hoje o evangelho nos trás a parábola dos Talentos, na qual Jesus nos fala dos dons que as pessoas recebem de Deus. Toda pessoa tem alguma qualidade, recebe algum dom ou sabe alguma coisa que pode ensinar aos outros. Ninguém é só aluno, ninguém é só professor. Aprendemos uns com os outros.
• Lucas 19,11: A CHAVE PARA ENTENDER A HISTÓRIA DA PARÁBOLA. Para introduzir a parábola Lucas diz o que segue: “Enquanto as pessoas ouviam estas coisas, acrescentou uma parábola, porque estava próximo de Jerusalém e eles acreditavam que o Reino de Deus apareceria de um momento para outro”. Nesta informação inicial, Lucas destaca três motivações que levam Jesus a contar a parábola: (a)- A acolhida que tem que dar aos exluídos, pois, dizendo “enquanto as pessoas ouviam estas coisas”, se refere ao episódio de Zaqueu, o excluído que foi acolhido por Jesus. (b)- A proximidade da paixão, da morte e da ressurreição, pois, dizia que Jesus estava próximo de Jerusalém onde iria morrer em breve. (c)- A chegada iminente do Reino de Deus, pois, as pessoas que acompanhavam Jesus pensavam que o Reino de Deus chegaria logo.
• Lucas 19,12-14: O INÍCIO DA PARÁBOLA. “Disse, pois: Um homem nobre foi para um país distante, para receber um cargo real e voltar. Chamou dez servos, lhes deu dez minas e lhes disse: Comercializem até que eu volte. Porém, seus servos o odiavam e enviaram atrás dele uma embaixada para dizer-lhe: Não queremos que reine sobre nós. Alguns estudiosos pensam que nesta parábola Jesus se refere a Herodes, quem setenta anos antes (40 AC), havia ido a Roma com a finalidade de receber o título e o poder de Rei da Palestina. As pessoas não gostavam de Herodes e não queriam que fosse rei, pois, a experiência que haviam tido com ele como comandante para reprimir as rebeliões na Galiléia contra Roma foi uma experiência trágica e dolorosa. Por isso diziam: Não queremos que esse reine sobre nós”. A este mesmo Herodes se aplicaria a frase final da parábola: E a esses inimigos meus, que não queriam que eu reinasse sobre eles, traga-os aqui e mate-os diante de mim. De fato, Herodes matou muita gente.
• Lucas 19,15-19: PRESTAÇÃO DE CONTAS DOS PRIMEIROS EMPREGADOS QUE RECEBERAM A MOEDAS DE PRATA. A história nos diz que Herodes recebeu o título de rei e voltou a Palestina para assumir o poder. Na parábola, o rei chama os empregados que havia dado cem moedas de prata, para saber quanto haviam ganhado. Apresentou-se o primeiro e disse: Senhor, tua mina produziu dez minas. Respondeu-lhe: Muito bem, servo bom! Já que foste fiel no insignificante, toma o governo de dez cidades. Veio o segundo e disse: Tua mina, Senhor, produziu cinco minas. Respondeu-lhe: tome o comando de cinco cidades. Segundo a história, tanto Herodes Magno como seu filho Herodes Antipas, ambos sabiam tratar com o dinheiro e promover as pessoas que os ajudavam. Na parábola, o rei dá dez cidades ao empregado que multiplicou por dez as cem moedas que havia recebido, e cinco cidades ao empregado que as multiplicou por cinco.
• Lucas 19,20-23: PRESTAÇÃO DE CONTAS DO EMPREGADO QUE NÃO GANHOU NADA. O terceiro empregado chegou e disse: Senhor, aqui tem tua mina, que guardei em um lenço; pois, tinha medo de ti, que és um homem severo, que tomas o que não dá e recolhe o que não semeaste. Esta frase aflora uma idéia equivocada de Deus que é criticada por Jesus. O empregado vê Deus como um dono severo. Diante de um Deus assim, o ser humano sente medo e se esconde atrás da observância exata e mesquinha da lei. Pensa que, ao agir assim, não será castigado pela severidade do legislador. Na realidade, uma pessoa assim não acredita em Deus, mas sim, acredita somente em si mesma, em sua própria observância da lei. Ela se fecha em si mesma, se distancia de Deus e não consegue ocupar-se e preocupar-se com os outros. Torna-se incapaz de crescer como pessoa livre. Esta imagem falsa de Deus confina o ser humano, mata a comunidade, acaba com a alegria e empobrece a vida. O rei responde: Por tua própria boca te julgo, servo mau, sabias que sou um homem severo, que tomo o que não dei e recolho o que não semeie, pois, por que não colocaste meu dinheiro em um banco? E assim, ao voltar eu, o haveria recuperado com os juros. O empregado não foi coerente com a imagem que tinha de Deus. Se, imaginava um Deus severo, teria que colocar, pelo menos, o dinheiro no banco. Assim é condenado, não por Deus, mas pela idéia errada que tinha de Deus, que o torna temeroso e imaturo. Uma das coisas que mais influi na vida das pessoas é a idéia que não fazemos de Deus. Entre os judeus da linha dos fariseus, alguns imaginavam Deus como um Juiz severo que os tratava de acordo com o mérito conquistado pelas observâncias. Isto produzia medo e impedia as pessoas de poder crescer. Sobretudo, impedia que as pessoas pudessem abrir um espaço dentro de si para acolher a nova experiência de Deus que Jesus comunicava.
• Lucas 19,24-27: CONCLUSÃO PARA TODOS. E disse aos presentes: Toma-lhe a mina e dá-la ao que tem as dez minas. Disseram-lhe: Senhor, já tem dez minas. – Digo-vos que a todo aquele que tem, se lhe dará; porém, ao que não têm, ainda o que tem lhe será tirado. O Senhor manda tirar a cem moedas e dá-las àquele que já tinha mil, porque “a todo aquele que tem, lhe será dado, porém, àquele que não tem, ainda o que tem lhe será tirado”. Nesta frase final está a chave que aclara a parábola. No simbolismo da parábola, as moedas de prata do rei são os bens do Reino de Deus, isto é, todo aquilo que faz crescer as pessoas e revela a presença de Deus: amor, serviço, repartir. Aquele que se fecha em si mesmo com medo de perder o pouco que tem, este vai perder o pouco que já tem. A pessoa, pois, que não pensa em si, mas sim, que se entrega aos outros, esta vai crescer e receber a sua vez, de forma inesperada, tudo o que entregou e muito mais: “cem vezes mais, com perseguições (Mc 10,30)”. “Perde a vida quem quer salva-la, ganha sua vida quem tem o valor de perdê-la” (Lc 9,24;17,33; Mt 10,39; 16,25; Mc 8,35). O terceiro empregado tem medo e não faz nada. Não quer perder nada e, por isto, não ganha nada. Perde até o pouco que tem. O Reino é risco. Aquele que não quer correr riscos perde o Reino!
• Lucas 19,28: VOLTANDO A TRIPLA CHAVE INICIAL. Ao final, Lucas conclui o assunto com esta informação: “E dito isso continuou adiante, subindo para Jerusalém”. Esta informação final evoca a tripla chave dada no começo: acolhida aos excluídos, proximidade da paixão, morte e ressurreição de Jesus em Jerusalém e a idéia da iminente chegada do Reino. Aos que pensavam que o Reino de Deus estava para chegar, a parábola manda mudar o rumo. O Reino de Deus chega, sim, porém, através da morte e da ressurreição de Jesus que acontece em breve em Jerusalém. E o motivo da morte foi sua acolhida, a acolhida que Jesus dava aos excluídos como Zaqueu e tantos outros. Molestava os grandes e eles o eliminaram condenando-o a morte e a uma morte de cruz.




PARA REFLEXÃO PESSOAL

•    Em nossa comunidade, tentamos conhecer e valorizar os dons de cada pessoa? Às vezes os dons de uns geram inveja e competitividade em outro. Como reagimos?
• Nossa comunidade é um espaço onde as pessoas podem expandir seus dons?






ORAÇÃO FINAL

• (SALMO 150,1-2)
• Hoje manterei uma atitude de humildade e se algo receber um agradecimento direi com segurança “que seja para a Glória de Deus”.




terça-feira, 20 de novembro de 2012

Lectio Divina - 20/11/12





TERÇA-FEIRA -20/11/2012

PRIMEIRA LEITURA: Apocalipses 3,1-6.14-22

• Nesta passagem a comunidade de Sardes representa os cristãos que só dão a aparência de serem bons cristãos. Talvez, vão a missa e inclusive comungam, porém, seu coração está longe de Deus. Sua casa está adornada com imagens; na lapela ou no pescoço trazem uma cruz, porém, tudo permanece na superficialidade, pois, sua vida e seu testemunho deixam muito a desejar da vida cristã; “parecem vivos, porém, na realidade estão mortos”. Por sua parte, a Igreja de Laodicéia representa os que não tem feito uma opção “total” por Cristo e pelo Evangelho. Quando lhes convêm se dizem cristãos, mas quando não, então passam despercebidos. São no geral cristãos sem compromisso aos quais lhes dá no mesmo ir ou não ir a missa, comungar ou não, confessar-se ou viver no pecado; não sentem que nenhum destes elementos lhes façam falta na vida, são cristãos tíbios, por isso, Deus não sabe como tratá-los, pois se fossem pagãos, seriam sujeitos à evangelização, se fossem fervorosos aumentaria seu fervor e os encheria de graças, porém, como são tíbios, lhes causam asco. Você e eu fomos batizados e chamados a viver a comunhão com Deus, fomos chamados à fidelidade, a qual, não é fácil, pois, o pecado e nossa debilidade nos dominam. Todavia, hoje Jesus toca nossa porta de novo para estabelecer uma relação de amor e cooperação. Sejamos corajosos e deixemo-lo entrar e mudar nossa vida.




ORAÇÃO INICIAL

• Senhor, Deus nosso, concede-nos sempre viver alegres em teu serviço, porque servir-te, criador de todo bem, consiste a alegria plena e verdadeira. Por Nosso Senhor...



REFLEXÃO

Lucas 19,1-10

•    No evangelho de hoje, estamos chegando ao final da longa caminhada que começou no capítulo 9 (Lc 9,51). Durante essa caminhada, não se sabia bem por onde ia Jesus. A única coisa que se sabia era que ia para Jerusalém. Agora, no final, a geografia fica clara e definida. Jesus vai a Jericó, a cidade das palmeiras, no vale do Jordão. Última parada dos peregrinos, antes de subir para Jerusalém. Ali em Jericó terminou a longa caminhada do êxodo 40 anos pelo deserto. O êxodo de Jesus também está terminando. Ao entrar em Jericó, Jesus encontra um cego que queria vê-lo (Lc 18,35-43). Agora, ao sair da cidade, encontra Zaqueu, um publicano, que também quer vê-lo. Um cego e um publicano. Os dois eram excluídos. Os dois molestavam as pessoas: o cego com seus gritos, o publicano com seus impostos. Os dois são acolhidos por Jesus, cada qual à sua maneira.
• Lucas 19,1-2: A SITUAÇÃO. Jesus entra em Jericó e atravessa a cidade. “Havia um homem chamado Zaqueu, muito rico, chefe dos publicanos”. Publicano era a pessoa que cobrava o imposto público sobre a circulação de mercadorias. Zaqueu era o chefe dos publicanos da cidade. Sujeito rico e muito ligado ao sistema de dominação dos romanos. Os judeus mais religiosos argumentavam assim: “O rei de nosso povo é Deus. Por isto, a dominação romana sobre nós é contra Deus. Quem colabora com os romanos peca contra Deus!”. Assim, os soldados que serviam no exército romano e os cobradores de impostos, como Zaqueu, eram excluídos e considerados como pecadores e impuros.
• Lucas 19,3-4: A ATITUDE DE ZAQUEU. Zaqueu quer ver Jesus. Sendo pequeno, corre adiante, sobe em uma árvore, e espera para ver Jesus passar. Tem enorme vontade de ver Jesus! Anteriormente, na parábola do pobre Lázaro e do homem rico, sem nome, (Lc 16,19-31), Jesus mostrava a dificuldade para que um rico se converta e abra a porta de separação para acolher o pobre Lázaro. Aqui aparece o caso de um rico que não se fecha em sua riqueza. Zaqueu quer algo mais. Quando um adulto, pessoa de peso na cidade, sobe em uma árvore é porque não está de acordo com a opinião dos demais. Algo mais importante o move por dentro. Está querendo abrir a porta ao pobre Lázaro.
• Lucas 19,5-7: A ATITUDE DE JESUS, REAÇÃO DO POVO E DE ZAQUEU. Ao chegar próximo e vendo Zaqueu sobre uma árvore, Jesus não pergunta nem exige nada. Apenas responde ao desejo do homem e diz: “Zaqueu, desce! Porque convêm que hoje eu fique em tua casa”. Zaqueu desce e recebe Jesus em sua casa, com muita alegria. Todos murmuravam: “Foi hospedar-se na casa de um homem pecador!”. Lucas diz que todos murmuravam! Isto significa que Jesus estava ficando só em sua atitude de acolher aos excluídos, sobretudo, aos colaboradores do sistema. Porém, Jesus não se importava com as críticas. Vai a casa de Zaqueu e o defende contra as críticas. Em vez de pecador, chama-lhe de “filho de Abraão” (Lc 19,9).
• Lucas 19,8: DECISÃO DE ZAQUEU. “Darei, Senhor, a metade de meus bens aos pobres; e se em algo defraudei alguém, lhe devolverei quatro vezes mais”. Esta é a conversão em Zaqueu pela acolhida por parte de Jesus. Devolver quatro vezes o que a lei mandava em alguns casos (Ex 21,37;22-3). Dar a metade dos bens aos pobres era uma novidade que produzia o contato com Jesus. Era o compartilhar que tinha lugar de fato.
• Lucas 19,9-10: A PALAVRA FINAL DE JESUS. “Hoje chegou a salvação a esta casa, porque também este é filho de Abraão”. A interpretação da Lei pela Tradição antiga excluía os publicanos da raça de Abraão. Jesus diz que veio buscar e salvar o que estava perdido. O Reino é para todos. Ninguém podia ser excluído. A opção de Jesus é clara, seu chamado também: não é possível ser amigo de Jesus e continuar apoiando o sistema que marginaliza e exclui tanta gente. Ao denunciar as divisões injustas, Jesus abre espaço para uma nova convivência, regida pelos novos valores da verdade, da justiça e do amor.
• FILHO DE ABRAÃO: “Hoje chegou a salvação nesta casa, porque também este é filho de Abraão!”. Através da descendência de Abraão, todas as nações da terra serão benditas (Gn 12,3;22-18). Para as comunidades de Lucas, formadas pelos cristãos de origem judaica como os de origem pagã, a afirmação de Jesus chamando Zaqueu “filho de Abraão” era muito importante. Nela encontravam a confirmação de que, em Jesus, Deus estava cumprindo as promessas feitas a Abraão, dirigidas a todas as nações, tanto os judeus como os gentios. Estes também são filhos de Abraão e herdeiros das promessas. Jesus acolhe aos que não eram acolhidos. Oferece um “lugar” aos que não têm. Recebe como irmão e irmã as pessoas que a religião e o governo excluíam e etiquetavam como:
-imorais: prostitutas e pecadores (Mt 21,31-32; Mc 2,15; Lc 7,37-50; Jo 8,2-11),
-hereges: pagãos e samaritanos (Lc 7,2-10; 17,16; Mc 7,24-30; Jn 4,7-42),
-impuros: leprosos e possuídos (Mt 8,2-4; Lc 17,12-14; Mc 1,25-26),
-marginalizados: mulheres, crianças e enfermos (Mc 1,32; Mt 8,16;19,13-15; Lc 8,2-3),
-lutadores: publicanos e soldados (Lc 18,9-14;19,1-10),
-pobres: pessoas da terra e os pobres sem posses (Mt 5,3; Lc 6,20; Mt 11,25-26).




PARA REFLEXÃO PESSOAL

•    Nossa comunidade, como acolhe as pessoas desprezadas e marginalizadas? Somos capazes de perceber os problemas das pessoas e de prestar-lhes atenção, como fez Jesus?
• Como percebemos que a salvação entra hoje em nossa casa e em nossa comunidade? A ternura acolhedora de Jesus produz uma mudança total na vida de Zaqueu. A ternura acolhedora de nossa comunidade está provocando alguma mudança no bairro? Qual?





ORAÇÃO FINAL

• (SALMO 119,10-11)
• Hoje verei que atitudes em minha vida são frágeis, isto é, quais delas não estão entregues totalmente a Jesus Cristo e renovadas em seu amor.





segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Lectio Divina - 19/11/12





SEGUNDA-FEIRA -19/11/2012

PRIMEIRA LEITURA: Apocalipses 1,1-4;2,1-5

• O livro inicia, depois de uma breve apresentação, com sete cartas dirigidas, ao que parece às sete comunidades que estariam a cargo do apóstolo João. Cada uma destas comunidades “tipifica” uma série de valores e anti-valores presentes no cristianismo de todos os tempos. A carta dirigida à comunidade de Éfeso nos apresenta o caso de muito cristãos que abraçam com força a vida cristã por meio de um retiro, de uma palestra, etc., são ativos e capazes de incorporar-se nos movimentos, ainda a custa de fadiga e sacrifício. Mas, pouco a pouco, o mundo os torna a envolver, e o amor ao Senhor se converte em rotina e inclusive em ativismo. Jesus, mais que trabalhadores, deseja amantes. É importante trabalhar pelo Reino e sofrer por ele, porém, como diria Paulo: “Se não tenho amor, de nada me serve”. Hoje Jesus nos diz a cada um de nós: Lembra, quando me amavas, quanto desejavas servir-me e sofrer por mim, por meu amor. Não te deixes envolver pelo mundo, e volte a teu primeiro amor.




ORAÇÃO INICIAL

• Senhor, Nosso Deus, concede-nos viver sempre alegres em teu serviço, porque em servir-te, criador do bem, consiste o gozo pleno e verdadeiro. Por Nosso Senhor...



REFLEXÃO

Lucas 18,35-43

• O evangelho de hoje descreve a chegada de Jesus a Jericó. É a última parada antes da subida para Jerusalém, onde se realiza o “êxodo” de Jesus segundo havia anunciado em sua Transfiguração (Lc 9,31) e ao longo da caminhada até Jerusalém.
• Lucas 18,35-37: O CEGO SENTADO JUNTO AO CAMINHO. “Quando se aproximava de Jericó, estava um cego sentado junto ao caminho pedindo esmola; ao ouvir que passava gente, perguntou o que era aquilo. Informaram-lhe que Jesus passava”. No evangelho de Marcos, o cego chama-se Bartimeu (Mc 10,46). Por ser cego, não podia participar da procissão que acompanhava Jesus. Naquele tempo, havia muitos cegos na Palestina, pois o sol forte golpeando contra a terra pedregosa embranquecida fazia muito dano aos olhos sem proteção.
• Lucas 18,38-39: O GRITO DO CEGO E A REAÇÃO DAS PESSOAS. “Então o cego gritou: Jesus, filho de Davi, tem piedade de mim!”. E invoca Jesus usando o título de “Filho de Davi”. O catecismo daquela época ensinava que o messias seria da descendência de Davi, “filho de Davi”, messias glorioso. Jesus não gostava deste título. Citando o salmo messiânico, Ele chegou a perguntar: “Como é que o messias pode ser filho de Davi se até o próprio Davi o chama de – meu Senhor?”(Lc 20,41-44). O grito do cego incomodava as pessoas que acompanhavam Jesus. Por isto, “os que iam à frente o repreendiam para que se calasse”. Eles procuravam abafar o grito, porém, ele gritava muito mais forte: “Filho de Davi, tem compaixão de mim!”. Hoje também, o grito dos pobres incomoda a sociedade estabelecida: migrantes, enfermos de AIDS, mendigos, refugiados, tantos!
• Lucas 18,40-41: A REAÇÃO DE JESUS DIANTE DO GRITO DO CEGO. E Jesus o que faz? “Jesus se deteve e mandou que o trouxessem”. Os que queriam abafar o grito do pobre, agora, a pedido de Jesus, se vêm obrigados a ajudar o pobre para que chegue até Jesus. O evangelho de Marcos acrescenta que o cego deixou tudo e foi até Jesus. Não tinha muito. Apenas um manto. Mas, era o que tinha para cobrir seu corpo. Era sua segurança, sua terra firme! Hoje também Jesus ouve o grito dos pobres que às vezes nós não queremos ouvir. Quando se aproximou, lhe perguntou: “O que quer que eu te faça?”. Não basta gritar. É preciso saber por que se grita! Ele disse: “Senhor que eu veja!”.
• Lucas 18,42-43: “RECOBRE TUA VISTA”. Jesus disse: “Recobre tua vista tua fé te salvou. E no mesmo instante recobrou a visão e o seguia glorificando a Deus. E todo o povo, ao vê-lo, louvou a Deus”. O cego havia invocado Jesus com idéias não totalmente corretas, pois, o título de “Filho de Davi” não era muito exato. Porém, ele tem mais fé em Jesus que em suas idéias sobre Jesus. “Acertou na mosca”. Não expressa exigências como Pedro (Mc 8,32-33). Sabe entregar sua vida aceitando Jesus sem impor condições. A cura é o fruto de sua fé em Jesus. Curado, segue Jesus e sobe com ele à Jerusalém. Deste modo, se torna discípulo, modelo para todos nós que queremos “seguir Jesus pelo caminho” até Jerusalém: acreditar mais em Jesus que em nossas idéias sobre Jesus. Nesta decisão de caminhar com Jesus está a fonte de coragem e a semente da vitória sobre a cruz. Pois, a cruz não é uma fatalidade, nem uma exigência de Deus. É a conseqüência do compromisso de Jesus, em obediência ao Pai, de servir aos irmãos e não aceitar privilégios.
• A fé é uma força que transforma as pessoas. A Boa Nova do Reino estava escondida entre as pessoas, escondida como o fogo sob as cinzas das observâncias sem vida. Jesus sopra sobre as cinzas e o fogo se acende, o Jesus sopra sobre as cinzas e o fogo se acende, o Reino aparece e a pessoa se alegra. A condição é sempre a mesma: acreditar em Jesus. A cura do cego aclara um aspecto muito importante de nossa fé. Apesar de invocar Jesus com idéias não de todo corretas, o cego teve fé e foi curado. Converteu-se, deixou tudo e seguiu Jesus pelo caminho do Calvário. A compreensão total do seguimento de Jesus não se obtêm pela instrução teórica, mas sim, pelo compromisso prático, caminhando com Ele pelo caminho do serviço, desde a Galiléia até Jerusalém. Aquele que insiste em manter a idéia de Pedro, isto é, do Messias glorioso e a cruz, não vai entender nada de Jesus e não chegará nunca a tomar a atitude do verdadeiro discípulo. Aquele que sabe acreditar em Jesus e se entrega, que aceita ser o último (Lc 22,26), beber o cálice e carregar a sua cruz (Mt 20,22;Mc 10,38), este, como o cego, ainda tendo as idéias não inteiramente justas, “seguirá Jesus pelo caminho” (Lc 18,43). Nesta certeza de caminhar com Jesus está a fonte da audácia e a semente da vitória sobre a cruz.




PARA REFLEXÃO PESSOAL

•    Como vejo e sinto o grito dos pobres: migrantes, negros, enfermos de AIDS, mendigos, refugiados, tantos?
• Como é minha fé: fixo-me mais nas idéias sobre Jesus ou em Jesus?



ORAÇÃO FINAL

•    (SALMO 1,1-2)
• Hoje lembrarei e contarei a alguém o primeiro momento em que me senti enamorado de Deus, ao lembrar esse momento, também me fixarei em que esta me faltando agora para que esse amor esteja mais vivo.






sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Lectio Divina - 16/11/12





SEXTA-FEIRA -16/11/2012

PRIMEIRA LEITURA: 2João 4-9

• No meio de um mundo de confusão, é fácil ir aceitando doutrinas estranhas as quais, mescladas com a verdade do Evangelho, podem debilitar a fé ou construir uma fé muito a nossa medida e comodidade. As primeiras comunidades, como as nossas, sofreram deste ataque por parte dos inimigos do Evangelho. Por isso devemos estar atentos ao que nos vão propondo como “novidade”, sobretudo, na área moral, pois, falsas concepções sobre o amor e a justiça nos podem levar a desordem sexual e ética. Lembremos que a mensagem do Evangelho é sempre a mesma e não admite emendas nem diluições. É certo que sua aplicação pode variar de cultura a cultura e de tempo em tempo, deve estar cimentada no amor e na cruz tal como nos propôs Jesus. Por isso, é importante beber sempre da fonte limpa do Magistério da Igreja quem, através de seus pastores, evita que caímos na armadilha de um Evangelho cômodo e privado de compromisso. Lembremos que se algo se espera de um discípulo é que seja fiel. Assim, pois, mantenhamo-nos fiéis a Jesus e a sua Igreja ainda que isto nos custe a vida.




ORAÇÃO INICIAL

• Deus onipotente e misericordioso livra-nos de todo mal, para que, melhor disposto nosso corpo e nosso espírito, possamos livremente cumprir tua vontade. Por Nosso Senhor...



REFLEXÃO

Lucas 17,26-37

•    Hoje o evangelho continua a reflexão sobre a chegada do fim dos tempos e trás palavras de Jesus sobre como preparar a chegada do Reino. Era um assunto cadenciado, que naquele tempo, causava muita discussão. Quem determina a hora da chegada do fim é Deus. Porém, o tempo de Deus (kairós) não se mede pelo tempo de nosso relógio (cronos). Para Deus, um dia pode ser igual a mil anos, e mil anos igual a um dia (Sl 90,4;2Pd 3,8). O tempo de Deus corre de forma invisível dentro de nosso tempo, porém, é independente de nós e de nosso tempo. Nós não podemos interferir no tempo, porém, devemos estar preparados para o momento em que a hora de Deus se fizer presente em nosso tempo. Pode ser hoje, pode ser daqui a mil anos. O que dá segurança, não é saber a hora do fim do mundo, mas sim, a certeza da presença da Palavra de Jesus presente na vida. O mundo passará, porém, sua palavra não passará jamais (Cf. Is 40,7-8).
• Lucas 17,26-29: COMO NOS DIAS DE NOÉ E DE LOT. A vida corre normalmente: comer, beber, casar-se, comprar, vender, plantar, construir. A rotina pode envolver-nos de tal forma que não conseguimos pensar em outra coisa, em nada mais. E o consumismo do sistema neoliberal contribui para aumentar em muitos de nós esta total desatenção à dimensão mais profunda da vida. Deixamos entrar a traça na viga da fé que sustenta o telhado de nossa vida. Quando a tormenta derruba a casa, muitos culpam o carpinteiro: “Mau serviço!”. Na realidade, a causa da queda foi nossa longa desatenção. A alusão à destruição de Sodoma como figura do que vai acontecer no final dos tempos, é uma alusão à destruição de Jerusalém por parte dos romanos no ano 70 d.C. (cf. Mc 13,14).
• Lucas 17,30-32: ASSIM SERÁ NOS DIAS DO FILHO DO HOMEM. “Assim acontecerá no Dia em que o Filho do homem se manifestar”. Para nós é difícil imaginar o sofrimento e o trauma que a destruição de Jerusalém causou nas comunidades, tanto dos judeus como dos cristãos. Para ajudá-las a entender e a enfrentar o sofrimento, Jesus usa comparações tiradas da vida: “Aquele Dia, o que estiver no terraço e tenha seus utensílios em casa, não desça para pegá-los; e, da mesma maneira, o que estiver no campo, não volte atrás”. A destruição virá com tal rapidez que não vale a pena descer para casa para pegar algo de dentro (Mc 13,15-16). “Lembrai-vos da mulher de Lot!” (Cf. Gn 19,26), isto é, não olheis para trás, não percais tempo, tomai a decisão e ide adiante: é questão de vida ou de morte.
• Lucas 17,33: PERDER A VIDA PARA GANHAR A VIDA. “Quem tenta guardar sua vida, a perderá; e quem a perder, a conservará”. Só se sente realizada a pessoa que é capaz de dar-se inteiramente aos demais. Perde a vida a que a conserva só para si. Este conselho de Jesus é a confirmação da mais profunda experiência humana: a fonte da vida está na entrega da vida. Dando, se recebe. “Em verdade vos digo: se o grão de trigo que cai na terra não morre, fica só. Porém, se morre, dá muito fruto” (Jo 12,24). O importante é a motivação que acrescenta o evangelho de Marcos: “Por mim e pelo Evangelho” (Mc 8,35). Ao dizer que ninguém é capaz de conservar sua vida com seu próprio esforço, Jesus evoca o salmo onde se diz que ninguém é capaz de pagar o preço do resgate da vida: “Ninguém pode resgatar o homem da morte, ninguém pode dar a Deus seu resgate; pois, muito elevado é o preço do resgate da vida, e terá de renunciar para continuar vivendo indefinidamente sem ver a sepultura” (Sl 49,8-10).
• Lucas 17,34-36: VIGILÂNCIA. “Eu vos digo: naquela noite estarão dois em um mesmo leito: um será tomado e o outro deixado; haverá duas mulheres moendo juntas: uma será tomada e a outra deixada”. Evoca a parábola das dez virgens. Cinco eram prudentes e cinco néscias (Mt 25,1-11). O que importa é estar preparado/a. As palavras: “Uma tomarão e a outra deixarão” lembra as palavras de Paulo aos Tessalonicenses (1Ts 4,13-17), quando disse que na vinda do Filho seremos arrebatados ao céu junto com Jesus. Estas palavras, “deixados para trás”, proporcionam o título de uma terrível e perigosa novela de extrema direita fundamentalista dos Estados Unidos: Left behind!”. Esta novela não tem nada a ver com o sentido real das palavras de Jesus.
• Lucas 17,37: ONDE E QUANDO?. “Os discípulos perguntaram: Senhor, onde ocorrerá isto?”. Jesus respondeu: “Onde está o corpo, ali também se reuniram os abutres”. Resposta enigmática. Alguns pensam que Jesus evoca a profecia de Ezequiel, tirada do Apocalipse, na qual o profeta se refere à batalha vitoriosa final contra os poderes do mal. As aves de rapina os abutres serão convidados à comer a carne dos cadáveres (Ez 39,4.17-20;Ap 19.17-18). Outros pensam que se trata do vale de Josafá, onde terá lugar o juízo final segundo a profecia de Joel (Jl 4,2.12). Outros pensam que se trata simplesmente de um provérbio popular que significava mais ou menos o que diz o nosso provérbio: “Sempre o rio soa, quando leva água!”.




PARA REFLEXÃO PESSOAL

•    Sou do tempo de Noé ou de Lot?
• Novela de extrema direita: Como me coloco diante desta manipulação política da fé em Jesus?





ORAÇÃO FINAL

• (SALMO 119,1-2)
• Hoje memorizarei uma frase que tenha lido do Evangelho, anotarei, colocarei em minha carteira, na fila de meus correios, e verei a maneira de colocar todo meu empenho em vivê-la sempre em plenitude como norte em minha vida.





quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Lectio Divina - 15/11/12





QUINTA-FEIRA -15/11/2012



PRIMEIRA LEITURA: Filêmon 7,20

• Este pequeno fragmento da carta de Paulo a Filêmon nos mostra o que verdadeiramente significa a amizade e a solidariedade com o irmão. Jesus, em uma das parábolas mais belas nos ilustra o que significa meu “próximo”, nos narra como “o bom samaritano” não só se preocupou com o ferido quando o encontrou, mas, o que disse ao dono da hospedaria: tem estas moedas e se gastar mais eu te darei no meu regresso. Paulo compreendeu bem que o amor cristão, de maneira particular pelos amigos, tem que chegar a comprometer até nossos próprios bens. Sabe que a amizade em Cristo pode chegar a ser inclusive maior que os laços de sangue e por isso oferece, ele próprio, pagar qualquer divida que o escravo deixasse na casa de seu patrão. Ser amigo significa ser solidário quando o amigo se encontra em desvantagem ou em dificuldade. Ser cristão é ser verdadeiramente amigo, no estilo de Jesus, até as últimas conseqüências. É estar disposto a comprometer inclusive a vida pelo amado. Se quiser saber o que tão profundamente calou o Evangelho em tua vida pergunta-te: “Até onde estaria disposto a comprometer teus recursos pelo bem de um amigo em dificuldade?”.




ORAÇÃO INICIAL

• Deus onipotente e misericordioso livra-nos de todo mal, para que, melhor disposto nosso corpo e nosso espírito, possamos livremente cumprir tua vontade. Por Nosso Senhor...



REFLEXÃO

Lucas 17,20-25

•    O evangelho de hoje nos trás uma discussão entre Jesus e os fariseus sobre o momento da vinda do Reino. Os evangelhos de hoje e dos próximos dias falam da chegada do fim dos tempos.
• Lucas 17,20-25: O REINO NO MEIO DE NÓS. “Havendo-lhe perguntado os fariseus quando chegaria o Reino de Deus, lhes respondeu: A vinda do reino de Deus não se produzirá aparatosamente nem se dirá: Está aqui, ou, está ali, porque, olhai o Reino de Deus já está entre vós”. Os fariseus pensavam que o Reino podia chegar somente se a pessoa chegasse a perfeita observância da Lei de Deus. Para eles, a vinda do Reino seria a recompensa de Deus ao bom comportamento das pessoas, e o messias chegaria de forma solene como um rei, recebido por seu povo. Jesus disse o contrário. A chegada do Reino não pode ser observada como se observa a chegada dos reis da terra. Para Jesus, o Reino de Deus tinha chegado! Já está no meio de nós, independentemente de nosso esforço ou de nosso mérito. Jesus tem outro modo de ver as coisas. Tem outra maneira de olhar e ler a vida. Prefere o samaritano que vive na gratuidade do que os nove que pensam que merecem o bem que recebem de Deus (Lc 17,17-19).
• Lucas 17,22-24: SINAIS PARA RECONHECER A VINDA DO FILHO DO HOMEM. “Dias virão em que desejareis ver um só dos dias do Filho do Homem, e não o vereis. E dirão: Está, aqui, está ali. Não vá, nem corra atrás. Porque, como relâmpago fulgurante que brilha de um extremo a outro do céu, assim será o Filho do Homem em seu Dia”. Nesta afirmação de Jesus existem elementos que vem da visão apocalíptica da história, muito comum nos séculos antes e depois de Jesus. A visão apocalíptica da história tem a seguinte característica. Na época de grande perseguição e de opressão, os pobres têm a impressão de que Deus perdeu o controle da história. Eles se sentem perdidos, sem horizonte e sem esperança de libertação. Nestes momentos de aparente ausência de Deus, a profecia assume a forma de apocalipse. Os apocalípticos procuram iluminar a situação desesperadora com a luz da fé para ajudar as pessoas a não perder a esperança e para que continue com coragem a caminhada. Para mostrar que Deus não perdeu o controle da história, eles descrevem as várias etapas da realização do projeto de Deus através da história. Iniciado em um determinado momento significativo no passado, este projeto de Deus avança, etapa por etapa, através da situação atual vivida pelos pobres, até a vitória final no final da história. Deste modo, os apocalípticos situam o momento presente como uma etapa já prevista dentro do conjunto mais amplo do projeto de Deus. Em geral, a última etapa antes da chegada do final se apresenta como um momento de sofrimento e de crise, do qual muitos querem aproveitar para iludir as pessoas dizendo: “Está aqui, ou, está ali. Não vá, nem corra atrás. Porque, como relâmpago fulgurante que brilha de um extremo a outro do céu, assim será o Filho do Homem em seu Dia”. Com o olhar da fé que Jesus manifesta, os pobres vão poder perceber que o reino está já no meio deles (Lc 17,21), como um relâmpago, sem sombra de dúvida. A vinda do Reino trás consigo sua própria evidência e não depende dos prognósticos dos demais.
• Lucas 17,25: PELA CRUZ ATÉ A GLÓRIA. “Porém, antes terá que padecer muito e ser reprovado por esta geração”. Sempre a mesma advertência: a Cruz, escândalo para os judeus e loucura para os gregos, porém, para nós é expressão da sabedoria e do poder de Deus (1Cor 1,18-23). O caminho para a Glória passa pela cruz. A vida de Jesus é nosso “cânon”, é a norma canônica para todos nós.




PARA REFLEXÃO PESSOAL

•    Jesus disse: “O reino está no meio de vós!”. Tem descoberto algum sinal da presença do Reino em tua vida, na vida das pessoas na vida de tua comunidade?
• A cruz na vida. O sofrimento. Como vê o sofrimento e o que faz com ele?




ORAÇÃO FINAL

• (SALMO 146,6-7)
• Hoje chamarei alguns de meus amigos, especialmente àqueles que estejam em alguma dificuldade e verei se posso ajudar de algum modo. Alem disso, procurarei a maneira de ter uma lembrança da amizade para com Deus.