quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Lectio Divina - 21/11/12





QUARTA-FEIRA -21/11/2012

PRIMEIRA LEITURA: Apocalipses 4,1-11

• Dentro da rica simbologia que nos oferece este texto, centremos só nossa atenção na visão dos 24 anciãos. Nesta passagem vemos Deus no centro da Igreja, de todo o povo de Deus representado pelos 24 anciãos (12 patriarcas do Antigo Testamento e os 12 apóstolos do Novo Testamento), o qual é o ÚNICO que merece o poder, a honra e a glória. Os anciãos se despojam de suas coroas (símbolo do poder e da autoridade) e se prostram (símbolo de submissão e inferioridade total) diante Dele. Esta cena nos apresenta de maneira simbólica, não uma realidade que acontecerá no céu, mas sim, algo que deve ser realidade em nossa vida: “Diante de Deus, não existe poderes, nem governantes, nem privilégios; Ele é o ÚNICO Deus, e se alguma glória, honra ou louvor recebemos (coroa), é necessário colocá-la sempre aos pés do Senhor”. É, portanto uma chamado a humildade e a colocar diante Dele o que somos e tudo o que temos, a centralizar nossa atenção no ÚNICO Senhor de tudo quanto existe. Convido-te a que num momento de oração e adoração profunda coloque diante do Senhor “tua coroa”. Que deixe de ser este pequeno “reizinho” que procura ter poder e glória (em tua casa, em teu local de trabalho, em teu bairro ou em tua sociedade) e que reconheça o Pai o Filho e o Espírito Santo como o ÚNICO Deus de tua vida.




ORAÇÃO INICIAL

• Senhor, Deus nosso, concede-nos sempre viver alegres em teu serviço, porque servir-te, criador de todo bem, consiste a alegria plena e verdadeira. Por Nosso Senhor...



REFLEXÃO

Lucas 19,11-28

•    Hoje o evangelho nos trás a parábola dos Talentos, na qual Jesus nos fala dos dons que as pessoas recebem de Deus. Toda pessoa tem alguma qualidade, recebe algum dom ou sabe alguma coisa que pode ensinar aos outros. Ninguém é só aluno, ninguém é só professor. Aprendemos uns com os outros.
• Lucas 19,11: A CHAVE PARA ENTENDER A HISTÓRIA DA PARÁBOLA. Para introduzir a parábola Lucas diz o que segue: “Enquanto as pessoas ouviam estas coisas, acrescentou uma parábola, porque estava próximo de Jerusalém e eles acreditavam que o Reino de Deus apareceria de um momento para outro”. Nesta informação inicial, Lucas destaca três motivações que levam Jesus a contar a parábola: (a)- A acolhida que tem que dar aos exluídos, pois, dizendo “enquanto as pessoas ouviam estas coisas”, se refere ao episódio de Zaqueu, o excluído que foi acolhido por Jesus. (b)- A proximidade da paixão, da morte e da ressurreição, pois, dizia que Jesus estava próximo de Jerusalém onde iria morrer em breve. (c)- A chegada iminente do Reino de Deus, pois, as pessoas que acompanhavam Jesus pensavam que o Reino de Deus chegaria logo.
• Lucas 19,12-14: O INÍCIO DA PARÁBOLA. “Disse, pois: Um homem nobre foi para um país distante, para receber um cargo real e voltar. Chamou dez servos, lhes deu dez minas e lhes disse: Comercializem até que eu volte. Porém, seus servos o odiavam e enviaram atrás dele uma embaixada para dizer-lhe: Não queremos que reine sobre nós. Alguns estudiosos pensam que nesta parábola Jesus se refere a Herodes, quem setenta anos antes (40 AC), havia ido a Roma com a finalidade de receber o título e o poder de Rei da Palestina. As pessoas não gostavam de Herodes e não queriam que fosse rei, pois, a experiência que haviam tido com ele como comandante para reprimir as rebeliões na Galiléia contra Roma foi uma experiência trágica e dolorosa. Por isso diziam: Não queremos que esse reine sobre nós”. A este mesmo Herodes se aplicaria a frase final da parábola: E a esses inimigos meus, que não queriam que eu reinasse sobre eles, traga-os aqui e mate-os diante de mim. De fato, Herodes matou muita gente.
• Lucas 19,15-19: PRESTAÇÃO DE CONTAS DOS PRIMEIROS EMPREGADOS QUE RECEBERAM A MOEDAS DE PRATA. A história nos diz que Herodes recebeu o título de rei e voltou a Palestina para assumir o poder. Na parábola, o rei chama os empregados que havia dado cem moedas de prata, para saber quanto haviam ganhado. Apresentou-se o primeiro e disse: Senhor, tua mina produziu dez minas. Respondeu-lhe: Muito bem, servo bom! Já que foste fiel no insignificante, toma o governo de dez cidades. Veio o segundo e disse: Tua mina, Senhor, produziu cinco minas. Respondeu-lhe: tome o comando de cinco cidades. Segundo a história, tanto Herodes Magno como seu filho Herodes Antipas, ambos sabiam tratar com o dinheiro e promover as pessoas que os ajudavam. Na parábola, o rei dá dez cidades ao empregado que multiplicou por dez as cem moedas que havia recebido, e cinco cidades ao empregado que as multiplicou por cinco.
• Lucas 19,20-23: PRESTAÇÃO DE CONTAS DO EMPREGADO QUE NÃO GANHOU NADA. O terceiro empregado chegou e disse: Senhor, aqui tem tua mina, que guardei em um lenço; pois, tinha medo de ti, que és um homem severo, que tomas o que não dá e recolhe o que não semeaste. Esta frase aflora uma idéia equivocada de Deus que é criticada por Jesus. O empregado vê Deus como um dono severo. Diante de um Deus assim, o ser humano sente medo e se esconde atrás da observância exata e mesquinha da lei. Pensa que, ao agir assim, não será castigado pela severidade do legislador. Na realidade, uma pessoa assim não acredita em Deus, mas sim, acredita somente em si mesma, em sua própria observância da lei. Ela se fecha em si mesma, se distancia de Deus e não consegue ocupar-se e preocupar-se com os outros. Torna-se incapaz de crescer como pessoa livre. Esta imagem falsa de Deus confina o ser humano, mata a comunidade, acaba com a alegria e empobrece a vida. O rei responde: Por tua própria boca te julgo, servo mau, sabias que sou um homem severo, que tomo o que não dei e recolho o que não semeie, pois, por que não colocaste meu dinheiro em um banco? E assim, ao voltar eu, o haveria recuperado com os juros. O empregado não foi coerente com a imagem que tinha de Deus. Se, imaginava um Deus severo, teria que colocar, pelo menos, o dinheiro no banco. Assim é condenado, não por Deus, mas pela idéia errada que tinha de Deus, que o torna temeroso e imaturo. Uma das coisas que mais influi na vida das pessoas é a idéia que não fazemos de Deus. Entre os judeus da linha dos fariseus, alguns imaginavam Deus como um Juiz severo que os tratava de acordo com o mérito conquistado pelas observâncias. Isto produzia medo e impedia as pessoas de poder crescer. Sobretudo, impedia que as pessoas pudessem abrir um espaço dentro de si para acolher a nova experiência de Deus que Jesus comunicava.
• Lucas 19,24-27: CONCLUSÃO PARA TODOS. E disse aos presentes: Toma-lhe a mina e dá-la ao que tem as dez minas. Disseram-lhe: Senhor, já tem dez minas. – Digo-vos que a todo aquele que tem, se lhe dará; porém, ao que não têm, ainda o que tem lhe será tirado. O Senhor manda tirar a cem moedas e dá-las àquele que já tinha mil, porque “a todo aquele que tem, lhe será dado, porém, àquele que não tem, ainda o que tem lhe será tirado”. Nesta frase final está a chave que aclara a parábola. No simbolismo da parábola, as moedas de prata do rei são os bens do Reino de Deus, isto é, todo aquilo que faz crescer as pessoas e revela a presença de Deus: amor, serviço, repartir. Aquele que se fecha em si mesmo com medo de perder o pouco que tem, este vai perder o pouco que já tem. A pessoa, pois, que não pensa em si, mas sim, que se entrega aos outros, esta vai crescer e receber a sua vez, de forma inesperada, tudo o que entregou e muito mais: “cem vezes mais, com perseguições (Mc 10,30)”. “Perde a vida quem quer salva-la, ganha sua vida quem tem o valor de perdê-la” (Lc 9,24;17,33; Mt 10,39; 16,25; Mc 8,35). O terceiro empregado tem medo e não faz nada. Não quer perder nada e, por isto, não ganha nada. Perde até o pouco que tem. O Reino é risco. Aquele que não quer correr riscos perde o Reino!
• Lucas 19,28: VOLTANDO A TRIPLA CHAVE INICIAL. Ao final, Lucas conclui o assunto com esta informação: “E dito isso continuou adiante, subindo para Jerusalém”. Esta informação final evoca a tripla chave dada no começo: acolhida aos excluídos, proximidade da paixão, morte e ressurreição de Jesus em Jerusalém e a idéia da iminente chegada do Reino. Aos que pensavam que o Reino de Deus estava para chegar, a parábola manda mudar o rumo. O Reino de Deus chega, sim, porém, através da morte e da ressurreição de Jesus que acontece em breve em Jerusalém. E o motivo da morte foi sua acolhida, a acolhida que Jesus dava aos excluídos como Zaqueu e tantos outros. Molestava os grandes e eles o eliminaram condenando-o a morte e a uma morte de cruz.




PARA REFLEXÃO PESSOAL

•    Em nossa comunidade, tentamos conhecer e valorizar os dons de cada pessoa? Às vezes os dons de uns geram inveja e competitividade em outro. Como reagimos?
• Nossa comunidade é um espaço onde as pessoas podem expandir seus dons?






ORAÇÃO FINAL

• (SALMO 150,1-2)
• Hoje manterei uma atitude de humildade e se algo receber um agradecimento direi com segurança “que seja para a Glória de Deus”.




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