terça-feira, 27 de novembro de 2012

Lectio Divina - 27/11/12





TERÇA-FEIRA -27/11/2012





PRIMEIRA LEITURA : Apocalipses 14,14-9

• Em todo seu contexto, o capítulo 14 nos fala de todos os problemas que terão (poderíamos dizer: que têm) que enfrentar os cristãos a fim de manterem-se fiéis até o final e receber a glória prometida. A profecia está articulada aos elementos comuns da agricultura judia: o trigo e a uva. As duas colheitas se referem ao mesmo: o povo santo de Deus, os que se têm mantido fiéis, e por isso estão já na lista para a colheita (sem dúvida, os 144.000 dos que vêm fazendo referência). Estes serão levados para o céu, figura da colheita do trigo, porém, antes disso, terão que ter dado testemunho com seu próprio sangue, figura da colheita do vinho (não esqueçamos que estamos no contexto de uma das mais sangrentas perseguições pelas quais passou a Igreja). Uma coisa é certa, não é fácil manter-se fiel no meio de um mundo, que, nos persegue com espadas, também o faz de formas mais sofisticadas, e muitas vezes, mais efetivas, pois, se esconde no que temos chamado de “risco da normalidade”. Seremos capazes de, no meio deste mundo, testificar nossa “pertença” a Cristo?




ORAÇÃO INICIAL

• Mova Senhor, os corações de teus filhos, para que, correspondendo generosamente a tua graça, recebam com maior abundância a ajuda de tua bondade. Por Nosso Senhor...



REFLEXÃO

Lucas 21,5-11

•    Neste evangelho começa o último discurso de Jesus, chamado Discurso Apocalíptico. É um longo discurso, que será o assunto dos evangelhos dos próximos dias até o final desta última semana do ano litúrgico. Para nós o Século XXI, a linguagem apocalíptica é estranha e confusa. Porém, para as pessoas pobres e perseguidas das comunidades cristãs daquele tempo era a maneira que todos entendiam e cujo objetivo principal era animar a fé e a esperança dos pobres e oprimidos. A linguagem apocalíptica é fruto do testemunho de fé destes pobres que, apesar das perseguições e apesar do viam, continuavam acreditando que Deus estava com eles e que continuava sendo o Senhor da história.
• Lucas 21,5-7: INTRODUÇÃO AO DISCURSO APOCALÍPTICO. Nos dias anteriores ao Discurso Apocalíptico, Jesus havia rompido com o Templo (Lc 19,45-48), com os sacerdotes e com os anciãos (Lc 20,1-26), com os saduceus (Lc 20,27-40), com os escribas que exploravam as viúvas (Lc 20,41-47) e no final vemos no evangelho de ontem que faz elogios à viúva que deu em esmola tudo aquilo que possuía (Lc 21,1-4). Agora, no evangelho de hoje, ao ouvir como “algumas pessoas falavam do Templo, de como estava adornado de belas pedras e oferendas votivas”, Jesus responde anunciando a destruição total do Templo: “Disto que estão vendo, chegarão dias em que não ficará pedra sobre pedra que não seja destruída”. Ao ouvir este comentário de Jesus, os discípulos perguntam: “Mestre, quando acontecerá isto?. E qual será o sinal de que todas estas coisas estão para ocorrer?”. Eles querem mais informações. O Discurso Apocalíptico que segue é a resposta de Jesus a esta pergunta dos discípulos sobre quando e como será a destruição do Templo. O evangelho de Marcos informa o seguinte sobre o contexto em que Jesus pronunciou este discurso. Disse que Jesus havia saído da cidade e estava sentado no Monte das Oliveiras (Mc 13,2-4). Ali, do alto do Monte, tinha uma vista majestosa do Templo. Marcos nos diz que, eram apenas quatro os discípulos que foram ouvir o último discurso. O começo de sua pregação, três anos antes, ali na Galiléia, as multidões iam atrás de Jesus para ouvir suas palavras. Agora, no último discurso, existem apenas quatro ouvintes: Pedro, Tiago, João e André (Mc 13,3). Eficiência e bom resultado nem sempre se medem pela quantidade!
• Lucas 21,8: OBJETIVO DO DISCURSO: “Olhem, não vos deixeis enganar!”. Os discípulos haviam perguntado: “Mestre, quando acontecerá isso? Qual será o sinal de que todas essas coisas estão para ocorrer?”. Jesus começa sua resposta com uma advertência: “Olhem, não se deixem enganar. Porque virão muitos usurpando meu nome e dizendo: Eu Sou e tempo está próximo. Não lhes dêem ouvidos”. Na época de mudanças e de confusão sempre aparecem pessoas que querem tirar proveito da situação enganando aos demais. Isto acontece hoje e estava ocorrendo nos anos 80, época em que Lucas escreve seu evangelho. Diante dos desastres e guerras daqueles anos, diante da destruição do ano 70 e diante da destruição, da perseguição dos cristãos pelo império romano, muitos pensavam que o fim dos tempos estivesse chegando. E até havia gente que dizia: “Deus já não controla os fatos! Estamos perdidos!”. Por isso, a preocupação principal dos discursos apocalípticos é sempre a mesma: ajudar as comunidades a discernir melhor os sinais dos tempos para não deixar-se enganar pelas conversas das pessoas sobre o fim do mundo: “Olhem, não vos deixeis enganar!”. Logo vem o discurso que oferece sinais para ajudá-los no discernimento e, assim, aumentar neles a esperança.
• Lucas 21,9-11: SINAIS PARA AJUDAR A LER OS FATOS. Depois desta breve introdução, começa o discurso propriamente dito: “Quando ouvires falar de guerras e revoluções, não vos aterrorize; porque é necessário que aconteçam primeiro estas coisas, porém, o fim não é imediato”. Então lhes disse: “Se erguerá não contra nação e reino contra reino. Haverá grandes terremotos, pestes e fome em diversos lugares, haverá coisas espantosas e grandes sinais do céu”. Para entender bem estas palavras, é bom lembrar o seguinte. Jesus vivia e falava no ano 33. Os leitores de Lucas viviam e ouviam estas coisas no ano 85. Agora, nos anos cinqüenta, entre o ano 33 e o ano 85, a maioria das coisas mencionadas por Jesus já haviam acontecido e todos as conheciam. Por exemplo, em várias partes do mundo havia guerras, apareciam falsos messias, surgiam enfermidades e pestes, na Ásia Menor, os terremotos eram freqüentes. Num estilo bem apocalíptico, o discurso enumera todos estes acontecimentos, um depois do outro, como sinais ou como etapas do projeto de Deus no andamento da história do Povo de Deus, desde a época de Jesus até o fim dos tempos:
• 1º Sinal: os falsos messias (Lc 21,8);
• 2º Sinal: guerras e revoluções (Lc 21,9);
• 3º Sinal: nação contra outra nação, um reino contra outro reino (Lc 21,10);
• 4º Sinal: terremotos em vários lugares (Lc 21,11);
• 5º Sinal: fome, pestes e sinais no céu (Lc 21,11);
• Estes são os sinais do evangelho de hoje. O evangelho de amanhã trás um sinal a mais: a perseguição das comunidades cristãs (Lc 21,12). O evangelho de depois de amanhã, trás dois sinais a mais: a destruição de Jerusalém e o início da desintegração da criação. Assim, por meio destes sinais do Discurso Apocalíptico, as comunidades dos anos oitenta, época na qual Lucas escreve seu evangelho, podiam calcular a que altura se encontrava a execução do plano de Deus, e descobrir que a história não havia escapado das mãos de Deus. Tudo era conforme o que Jesus havia previsto e anunciado no Discurso Apocalíptico.




PARA REFLEXÃO PESSOAL

•    O que você sentiu durante a leitura deste evangelho hoje?
• Sentimento de medo ou de paz?
• Você acredita que o fim do mundo está próximo? O que responder aos que dizem que o fim do mundo está próximo?
• O que é que hoje anima as pessoas para resistir e ter esperança?





ORAÇÃO FINAL

• (SALMO 96,13)
• Hoje avaliarei todas as ocasiões em que por agradar aos demais me acomodei nas tendências do mundo que contradiz a vontade de meu Deus, e pedirei perdão e me esforçarei para não deixar-me levar de novo.




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