quinta-feira, 28 de março de 2013

Lectio Divina - 28/03/13



QUINTA-FEIRA -28/03/2013

PRIMEIRA LEITURA: Ex 12,1-8.11-14

• Esta composição litúrgica fornece detalhes de uma festa já antiga entre os pastores seminômades do antigo Oriente Próximo. Era uma oferenda desses pastores pela prosperidade de seus rebanhos, quando a tribo partia em busca de novas pastagens. Isto acontecia na primavera e, na verdade, em uma ocasião bastante decisiva na vida do rebanho. Era a época em que nasciam as crias das ovelhas e das cabras. As indicações da antiguidade de festa são as seguintes: nenhum sacerdote, nenhum santuário, nenhum altar. Outros detalhes se encaixam neste ambiente pastoril. O animal é assado, não cozido, pois existem pouquíssimos utensílios de cozinha. Talvez por isso explique por que os ossos não são quebrados. A hora é o anoitecer da primeira lua cheia da primavera, o que coincide com a volta dos pastores ao acampamento na noite mais clara do mês. Os pães sem fermento são os pães comuns consumidos por esses pastores, e as ervas amargas são as plantas do deserto usadas por eles como condimentos. As vestes e os trajes combinam com esse ambiente: “o cinto à cintura as sandálias aos pés e o bastão na mão...”. O rito de sangue tem propósito apotropaico, isto é, passar o sangue nos umbrais e na verga da porta das casas tem o propósito de afastar todo o perigo para os membros da tribo, em especial para os que estavam prestes a nascer. 




ORAÇÃO INICIAL 

• Renova meu coração, purifica meus lábios, para que fale contigo como tu queres, para que fale com os demais como tu queres, para que fale comigo mesmo, com meu mundo interior, como tu queres.




REFLEXÃO

João 13,1-15

Jesus se encontra em um jantar com os seus. Tem plena consciência da missão que o Pai lhe confiou: Dele depende a salvação da humanidade. Com tal conhecimento quer mostrar “aos seus”, mediante a lavagem dos pés, como se cumpre a obra salvífica do Pai e indicar com tal gesto a entrega de sua vida para a salvação do homem. É vontade de Jesus que o homem se salve e um forte desejo o guia para dar sua vida e entregar-se. É consciente de que “o Pai havia colocado tudo em suas mãos”; tal expressão deixa entrever que o Pai deixa para Jesus completa liberdade de ação.
• Jesus, além disso, sabe que sua origem e a meta de seu itinerário é Deus, sabe que sua morte na cruz, expressão máxima de seu amor, é o último momento de seu caminho salvador. Sua morte é um “êxodo”: o ápice de sua vitória sobre a morte; no dar a vida, Jesus nos revela a presença de Deus como vida plena e ausente de morte. Com esta consciência de sua identidade e de sua completa liberdade Jesus se dispõe a cumprir o grande e humilde gesto do “lava pés”. Tal gesto de amor se descreve com um conjunto de verbos (oito) que convertem a cena complicada e cheia de significados. O evangelista apresentando a última ação de Jesus sobre os seus, usa esta figura retórica de muitos verbos sem repeti-los para que tal gesto permaneça impresso no coração e na mente de seus discípulos e de qualquer leitor e para que se retenha um mandamento que não deve esquecer-se. O gesto cumprido por Jesus tenta mostrar que o verdadeiro amor se traduz em ação tangível de serviço. 
• Jesus se despoja de suas vestes se cinge de um avental de serviço. O despojar-se de suas vestes é uma expressão que tem a função de expressar o significado do dom da vida. Qual é o ensinamento que Jesus quer transmitir à seus discípulos com este gesto? Mostra-lhes que o amor se expressa no serviço, no dar a vida pelos demais como Ele tem feito.
• No tempo de Jesus, “lavar os pés” era um gesto que expressava hospitalidade e acolhida com os hóspedes. Normalmente era feito por um escravo com os hóspedes ou por uma mulher ou filhas a seu pai. Além disso, era costume que o rito do “lava pés” fosse sempre antes de sentar-se à mesa e não durante a refeição. Esta forma de trabalhar de Jesus tenta sublinhar a singularidade de seu gesto.
• E assim Jesus se põe a lavar os pés de seus discípulos. O reiterado uso do avental com o qual Jesus se cingiu mostra que a atitude de serviço é um atributo permanente da pessoa de Jesus. De fato, quando acaba a lavagem dos pés, Jesus não tira o avental. Este particular tenta mostrar que o serviço-amor não termina com a morte. Os pormenores de tantos detalhes mostram a intenção do evangelista em querer colocar de relevo a importância e a singularidade do gesto de Jesus. Lavando os pés de seus discípulos Jesus tenta mostrar-lhes seu amor, que é um todo com o do Pai. É realmente impressionante esta imagem que Jesus nos revela de Deus: não é um soberano que reside só no céu, mas sim, que se apresenta como servo da humanidade. Deste serviço divino brota para a comunidade dos que acreditam aquela liberdade que nasce do amor e que torna todos seus membros “senhores” (livres) em servidores. É como dizer que só a liberdade cria o verdadeiro amor. De agora em diante o serviço que os crentes darão ao homem terá como finalidade o de instaurar relações entre os homens na qual a igualdade e a liberdade sejam uma conseqüência da prática do serviço recíproco. 
• Jesus com seu gesto tenta demonstrar que qualquer indício de domínio ou prepotência sobre o homem não está de acordo com o modo de Deus trabalhar, quem, faz o contrário, serve ao homem para atrair-lo para si. Além disso, não tem sentido as pretensões de superioridade de um homem sobre o outro, porque a comunidade fundada por Jesus não tem forma piramidal, mas sim, horizontal, na qual cada um está a serviço do outro, seguindo o exemplo de Deus e de Jesus. Em síntese, o gesto que Jesus cumpre expressa os seguintes valores: o amor para os irmãos exige uma mudança na acolhida fraterna, na hospitalidade, ou seja, serviço permanente. 
• Ao terminar o “lava pés”, Jesus tenta dar a sua ação uma validade permanente para sua comunidade e ao mesmo tempo deixar nela um memorial ou mandamento que deverá regulamentar para sempre as relações fraternas. Jesus é o Senhor, não na linha do domínio, mas sim, quando comunica o amor do Pai (seu Espírito) que nos faz filhos de Deus e aptos para imitar Jesus, que livremente dá seu amor aos seus. Esta atitude interior de Jesus quis comunicar aos seus, um amor que não exclui ninguém, nem sequer Judas que o vai trair. Portanto, se os discípulos o chamam Senhor, devem imitá-lo, se o consideram Mestre devem ouvi-lo.



PARA REFLEXÃO PESSOAL

Levantou-se da mesa: como você vive a Eucaristia? De modo sedentário ou se deixa levar pela ação de fogo do amor que recebe? 
• Corre o perigo de que a Eucaristia da qual participa se perca no narcisismo contemplativo, sem levar o compromisso de solidariedade e desejos de compartilhar?
• Teu compromisso pela justiça, pelos pobres, vem do costume de encontrar-se com Jesus na Eucaristia, da familiaridade com Ele? 
• Você sabe reconhecer o rosto de Cristo quando pede ser servido e amado nos pobres?





ORAÇÃO FINAL 

(SALMO 116)






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