quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Lectio Divina - 09/01/14


QUINTA-FEIRA -09/01/2014


PRIMEIRA LEITURA: 1João 4,19-5,4

Muita gente tem a idéia de que o cristianismo é uma doutrina da “negação”, da restrição e isto os desanima a participar ativamente dela. No entanto, isto é falso, ao contrário, é a religião do amor, do “sim” total, da abertura à liberdade. Os mandamentos como nos diz hoje João, “não são pesados” porque neles descobrimos não uma medida restritiva, mas sim, uma proteção para nossa felicidade. Cada um dos mandamentos assegura nossa felicidade e a paz na alma. Entretanto, para o mundano, para o que, sem importar as conseqüências, deseja fazer sempre o que lhe aprouver, ou que suas paixões lhe inspiram, ai então encontrará no cristianismo uma religião que o restringe, que não lhe permite fazer o que suas paixões queriam. É necessário entrar no mistério de Deus e a partir daí compreender que cada um dos mandamentos da Lei expressa o amor de um Pai que ama seu filho e procura por todas as formas protege-lo contra o maior destruidor que nele existe: suas paixões. Quem inicia uma vida em Cristo, pouco a pouco, o Espírito Santo lhe irá dando a liberdade que lhe fará ver o pecado como realmente é, uma armadilha mortal para nossa vida na terra e na futura, a partir daí descobrirá o amor que Deus tem tido ao prevenir-nos, sobretudo, naquilo que nos prejudica. Realmente para o homem novo, nascido do Espírito, a lei não é pesada, é uma bela ferramenta que nos ajuda a discernir as áreas de perigo para afastar-nos delas.


ORAÇÃO INICIAL 

Senhor, luz radiante de todas as nações, concede aos povos da terra gozar de uma paz estável, e ilumina nossos corações com aquela luz esplêndida que conduziu nossos pais no conhecimento de teu Filho. Que vive e reina. Amém! 



REFLEXÃO

Marcos 6,45-52

Depois da multiplicação dos pães, Jesus obriga aos discípulos a subir na barca. Por quê? Marcos não explica. O Evangelho de João nos diz o seguinte. Segundo o que esperava as pessoas daquele tempo, o Messias iria repetir o gesto de Moisés que havia alimentado o povo no deserto. Por isto, diante da multiplicação dos pães, as pessoas concluem que Jesus devia ser o Messias esperado, anunciado por Moisés (cf. Dt 18,15-18) e quis fazer Dele um rei (cf. Jo 6,14-15). Esta manifestação das pessoas era uma tentação tanto para Jesus como para os discípulos. Por isto, Jesus os obriga a embarcar. Queria evitar que se contaminassem com a ideologia dominante, pois a “levedura de Herodes e dos fariseus” era muito forte (Mc 8,15). O próprio Jesus enfrenta a tentação por meio da oração. 

Marcos descreve com arte os acontecimentos. Por um lado, Jesus sobe ao monte para rezar. Por outro lado, os discípulos descem para o mar e entram na barca. Parece um quando simbólico que prefigura o futuro: é como se Jesus já subisse ao céu, deixando os discípulos sós no meio das contradições da vida, na frágil barca da comunidade. Já era noite. Eles estavam em alto mar, todos junto na pequena barca, querendo avançar remando, porém, o vento era contrário. Estavam cansados. Já estava amanhecendo, isto é, de madrugada: entre as 3 e as 6 horas. No tempo de Marcos, as comunidades eram como os discípulos. Noite! Vento ao contrário! Não conseguem nada, apesar de todo esforço que fazem! Porém, Jesus estava presente e foi até elas, mas elas, as comunidades, como os discípulos de Emaús não o reconheceram (Lc 24,16).

No tempo de Marcos, por volta dos anos 70, a pequena barca das comunidades enfrentava um tempo contrário tanto de alguns judeus convertidos que queriam reduzir o mistério de Jesus a profecias e figuras do Antigo Testamento, como de alguns pagãos convertidos que pensavam que fosse possível certa aliança da fé em Jesus com o império. Marcos procura ajudar aos cristãos para que respeitassem o mistério de Jesus, para que não reduzissem Jesus a seus próprios desejos e idéias. 

Jesus chega caminhando sobre as águas do mar da vida. Eles gritam porque tem medo, porque pensam que se trata de um fantasma. Como na história dos discípulos de Emaús, Jesus faz como que quer seguir adiante (Lc 24,28). Porém, o grito dos discípulos faz com que mude de rumo, aproxima-se e diz: “Coragem, não tenham medo! Sou Eu!”. Aqui, de novo, quem conhece a história do Antigo Testamento, lembra alguns fatos muito importantes: (1)-Lembra que a pessoa, protegida por Deus atravessou sem medo o Mar Vermelho. (2)-Lembra como Deus, ao clamor de Moisés, declarou várias vezes seu nome dizendo: “Sou Eu!” (cf. Ex 3,15). (3)-Lembra, além disso, o livro de Isaias que apresenta a volta do exílio como um novo êxodo, no qual Deus aparece repetindo numerosas vezes: “Sou Eu!” (cf. Is 42,8; 43,5.11-13; 44,6.25; 45,5-7). Esta maneira de evocar o Antigo Testamento, de usar a Bíblia, ajudava às comunidades a perceber melhor a presença de Deus em Jesus e nos fatos da vida. Não tenham medo!.

Jesus sobe na barca e o vento acalma. Porém, o espanto dos discípulos, ao invés de terminar, aumenta. O evangelista Marcos faz um comentário crítico e diz: “Pois eles não haviam entendido a multiplicação dos pães: seu coração endurecido ficava totalmente fechado” (6,52). A afirmação coração fechado evoca o coração endurecido do faraó (Ex 7,3.13.22) e do povo no deserto (Sl 95,8) que não queria ouvir Moisés e pensava somente em voltar para o Egito (Nm 20,2-10), onde havia pão e carne para saciar-se (Ex 16,3).



PARA REFLEXÃO PESSOAL

Noite, mar agitado, vento contrário! Sentiu-se alguma vez assim? O que fez para vencer o medo?
Você se assustou alguma vez ao não reconhecer Jesus presente e atuante em tua vida?



ORAÇÃO FINAL 

(SALMO 72,13-14)
Hoje repassarei os mandamentos e passarei algum tempo com as pessoas que convivo diariamente, especialmente com aquelas que normalmente se convertem.





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