segunda-feira, 31 de março de 2014

Lectio Divina - 31/03/14

SEGUNDA-FEIRA -31/03/2014



PRIMEIRA LEITURA: Isaias 65,17-21


Esta semana, depois de haver trabalhado em nossa vida de conversão por três semanas, a liturgia nos convida a refletir sobre os frutos desta conversão. Inicia apresentando-nos esta passagem de Isaias a qual nos diz que o Senhor não se lembrará de nossa vida passada, isto é, de nossas infidelidades, de nossa falta de amor e compromisso, de haver ficado longe Dele. Deus nos oferece “um céu novo e uma terra nova”, isto é, um novo caminho vivido em seu amor e em sua paz. Para isto, é necessário que nós também nos perdoemos. É incrível a quantidade de pessoas que comparecem ao sacramento da reconciliação onde recebem o perdão de Deus e com isto é esquecido suas faltas, porém, apenas saem dali e continuam cheias de ressentimentos e sem paz. Isto acontece porque não perdoam a si mesmos, isto é duvidar do perdão, do amor e da misericórdia de Deus. Se bem que o pecado nos é doloroso e também nos aflige, também é verdade que o amor de Deus tudo cura e tudo perdoa. Reconheça em ti o amor e o perdão de Deus e desfrute já nesta terra da felicidade de Deus.


ORAÇÃO INICIAL 

Oh Deus, que renovas o mundo por meio dos sacramentos divinos: concede a tua Igreja a ajuda destes auxílios do céu sem que lhe faltem os necessários da terra. Por Nosso Senhor... 


REFLEXÃO

João 4,43-54


Jesus saiu da Galiléia e passou pela região da Judéia, até Jerusalém em ocasião da festa (Jo 4,45) e logo, pela Samaria, voltou a Galiléia (Jo 4, 3-4). Os judeus observantes eram proibidos de passar pela Samaria, e não tinham o costume de conversar com os samaritanos (Jo 4,9). Jesus não se importava com estas normas que impediam a amizade e o diálogo. Fica por vários dias na Samaria e muita gente se converte (Jo 4,40). Depois disto volta a Galiléia.

JOÃO 4,43-46: A VOLTA PARA A GALILÉIA. Sabendo que as pessoas da Galiléia o olhavam com certa reserva, Jesus quis voltar a sua terra. Provavelmente, João se refere a fria acolhida que Jesus recebeu em Nazaré da Galiléia. O próprio Jesus disse: “Um profeta não é acolhido em sua pátria” (Lc 4,24). Porém agora, diante da evidência dos sinais de Jesus em Jerusalém, os galileus mudaram de opinião e lhe deram uma boa acolhida. Jesus voltou à Cana, onde havia feito o primeiro “sinal” (Jo 2,11).

JOÃO 4,46-47: O PEDIDO DE UM FUNCIONÁRIO DO REI. Trata-se de um pagão. Pouco antes, na Samaria, Jesus havia conversado com uma samaritana, pessoa herege para os judeus, a quem Jesus revela sua condição de messias (Jo 4,26). E agora, na Galiléia, recebe um pagão, funcionário do Rei, o qual buscava ajuda para seu filho enfermo. Jesus não se fecha em sua raça, nem em sua religião. É ecumênico e acolhe a todos.

JOÃO 4,48: A RESPOSTA DE JESUS AO FUNCIONÁRIO. O funcionário queria que Jesus fosse com ele até sua casa para curar seu filho. Jesus contesta: “Se não vês os sinais e prodígios, não acreditas!”. Resposta dura e estranha. Por que é que Jesus contesta deste modo? Que erro cometeu o funcionário na hora de fazer o pedido? O que é que Jesus quer ensinar com esta resposta? Quer ensinar como deve ser a fé. O funcionário do rei acreditaria só se Jesus fosse com ele, a sua casa. Ele quer ver Jesus curar. No fundo, é a atitude normal de todos nós. Não nos damos conta de que nos falta fé.

JOÃO 4,49-50: O FUNCIONÁRIO VOLTA A PEDIR DE NOVO E JESUS REPETE A RESPOSTA. Apesar da resposta dura de Jesus, o homem não se rende e pede novamente. “Vá antes que meu filho morra”. Jesus continua firme em seu propósito. Não responde ao pedido e não vai com o homem até sua casa; repete a mesma resposta, porém, formulada de outra maneira: “Vai-te, que teu filho vive”. Tanto na primeira como segunda resposta, Jesus pede fé, muita fé. É possível que o funcionário tenha acreditado que seu filho já estivesse curado. E o verdadeiro milagre acontece! Sem ver nenhum sinal, sem ver nenhum prodígio, o homem crê na palavra de Jesus e volta para casa. Não deve ter sido fácil. Este é o verdadeiro milagre da fé: acreditar sem outra garantia que não seja a Palavra de Jesus. O ideal é acreditar na Palavra de Jesus, ainda que, sem ver (Cf. Jo 20,29).

JOÃO 4,51-53: O RESULTADO DA FÉ NA PALAVRA DE JESUS. Quando o homem foi para sua casa, os empregados foram a seu encontro para dizer-lhe que o filho estava curado. Ele pergunta a hora e descobre que aconteceu exatamente na hora em que Jesus havia dito: “Teu filho vive”. Foi assim que teve a confirmação de sua fé.

JOÃO 4,54: UM RESUMO DA PARTE DE JOÃO, O EVANGELISTA. João termina dizendo: “Assim foi o segundo sinal feito por Jesus”. João prefere falar de sinal e não de milagre. A palavra sinal evoca algo que eu vejo com meus olhos, porém, cujo sentido profundo me faz descobrir só pela fé. A fé é como os raios X: descobre o que os olhos não vêm.




PARA REFLEXÃO PESSOAL

Como você vive a tua fé? Confia na palavra de Jesus ou somente acredita nos milagres e nas experiências sensíveis?
Jesus acolhe os hereges e forasteiros. Eu, como me relaciono com as pessoas?




ORAÇÃO FINAL 

(SALMO 30)
Hoje farei uma ação concreta que agrade a Deus, ajudando um desconhecido ou um necessitado; falarei de Deus a alguém, irei a missa, me confessarei, demonstrarei claramente o amor a meus semelhantes.






sexta-feira, 28 de março de 2014

Lectio Divina - 28/03/14


SEXTA-FEIRA -28/03/2014


PRIMEIRA LEITURA: Oséias 14,2-10


Uma das coisas que mais impressiona nesta passagem é a ternura de Deus para com o pecador. Talvez, algo que também devamos mudar em nosso coração é nosso conceito de Deus e de seu infinito amor. Muitos de nós nos parecemos com o filho pródigo da parábola contada por Jesus o qual, enquanto caminhava de volta ao Pai também ia preparando sua “desculpa” ou sua defesa. O final da parábola nos mostra que não necessitamos de defesa nem desculpa com Deus, pois, Deus é um Pai terno e amoroso que nos ama INCONDICIONALMENTE. Ama-nos pelo que somos: SEUS FILHOS, e não pelo que tenhamos feito. Aproveitemos qualquer momento para receber o amor e o perdão incondicional de Deus, através do Sacramento da Reconciliação e deixe-te abraçar por Ele. 


ORAÇÃO INICIAL 

Infunde Senhor, tua graça em nossos corações para que saibamos dominar nosso egoísmo e imitar as inspirações que nos vêm do céu. Por Nosso Senhor... 


REFLEXÃO

Marcos 12,28b-34


No Evangelho de hoje, os escribas e os doutores querem saber de Jesus qual é o maior mandamento. Hoje também muita gente quer saber o que é mais importante na religião. Alguns dizem: ser batizados. Outros: a oração. Outros dizem: ir a missa ou participar no culto de domingo. Outros: amar o próximo e lutar por um mundo mais justo. Outros se preocupam só com as aparências e os cargos da igreja.

MARCOS 12,28: A PERGUNTA DO DOUTOR DA LEI. Pouco antes da pergunta do escriba, a discussão havia sido com os saduceus em torno da fé na ressurreição (Mc 12,23-27). O doutor, que havia assistido o debate, havia gostado da resposta de Jesus, e havia percebido Nele uma grande inteligência. Quis aproveitar a ocasião para fazer uma pergunta e receber um esclarecimento: “Qual é o maior de todos os mandamentos?”. Naquele tempo, os judeus tinham uma grande quantidade de normas para regulamentar a prática e a observância dos Dez Mandamentos da Lei de Deus. Alguns diziam: “Todas estas normas têm o mesmo valor, pois, todas vêm de Deus. Não nos compete introduzir distinções nas coisas de Deus”. Outros diziam: “Algumas leis são mais importantes que outras e, por isso, exigem mais!”. O doutor quer saber a opinião de Jesus.

MARCOS 12,29-31: A RESPOSTA DE JESUS. Jesus responde, citando uma passagem da Bíblia para dizer que o maior mandamento é: “Amar a Deus com todo coração, com toda a mente e com toda a força!” (Dt 6,4-5). No tempo de Jesus, os judeus piedosos recitavam esta frase três vezes ao dia: pela manhã, ao meio dia e pela noite. Era tão conhecida entre eles como o Pai Nosso é entre nós. E Jesus acrescenta, citando de novo a Bíblia: “O segundo é este: Amarás teu próximo como a ti mesmo (Lv 19,18). Não existe outro mandamento maior que estes dois”. Resposta breve e muito profunda! É o resumo de tudo o que Jesus ensinou sobre Deus e sobre a vida (Mt 7,12). 

MARCOS 12,32-33: A RESPOSTA DO DOUTOR DA LEI. O doutor concorda com Jesus e conclui: “Sim, amar a Deus e amar ao próximo é muito mais importante que todos os holocaustos e todos os sacrifícios”. Isto é, o mandamento do amor é mais importante que os mandamentos relacionados com o culto e os sacrifícios do Templo. Esta afirmação vem dos profetas do Antigo Testamento (Os 6,6; Sal 40,6-8; Sal 51,16-17). Hoje diríamos que a prática do amor é mais importante que as novenas, as promessas, as missas, as orações e as procissões. 

MARCOS 12,34: O RESUMO DO REINO. Jesus confirma a conclusão do doutor e diz: “Não estás longe do Reino de Deus!”. De fato, o Reino de Deus consiste em unir os dois amores: amor a Deus e amor ao próximo. Pois, se Deus é Pai/Mãe, nós todos somos irmãos e irmãs, e temos que mostrar na prática, vivendo em comunidade. “Destes dois mandamentos dependem toda lei e os profetas!” (Mt 22,40). Os discípulos e as discípulas têm que colocar na memória, na inteligência, no coração, nas mãos e nos pés esta lei maior, pois, não se chega a Deus a não ser através da entrega total ao próximo. 

Jesus havia dito ao doutor da Lei “Não estás longe do Reino!” (Mc 12,34). O doutor já estava próximo, porém, para poder entrar no Reino tinha que dar um passo mais. No AT o critério do amor ao próximo era: “Amar o próximo como a ti mesmo”. No Novo Testamento, Jesus amplia o sentido do amor: “Este é meu mandamento: amai-vos uns aos outros como eu vos amei!” (Jo 15,12-13). Agora o critério será: “Amar o próximo como Jesus nos amou!”. É o caminho seguro para chegar a uma convivência mais justa e mais fraterna.




PARA REFLEXÃO PESSOAL

Para você, o que é mais importante na religião?
Hoje nós, estamos mais próximos ou mais longe do Reino de Deus que o doutor que foi elogiado por Jesus? O que você acha?



ORAÇÃO FINAL 

(SALMO 86,8-10)
Hoje repassarei os mandamentos do Senhor e confrontarei minha vida com eles. Darei ênfase aos mandamentos que tenho cumprido ou passado por cima e me conscientizarei de como eles têm afetado minha pessoa e as que me rodeiam.








quinta-feira, 27 de março de 2014

Lectio Divina - 27/03/14

QUINTA-FEIRA -27/03/2014



PRIMEIRA LEITURA: Jeremias 7,23-28

A censura e lamentação de Deus não só foi para o povo de Israel, mas, para todos aqueles que ainda hoje continuam fechando seu coração a seu amor e a seus ensinamentos. Deus continua mostrando-nos seu amor e convidando-nos a viver em comum união com Ele, a tê-lo verdadeiramente como Deus, e não como um ídolo imóvel. Isto Ele faz e tem feito através dos sacerdotes, de nossos pais, de muitos de nossos amigos. Pensemos por um momento, qual tem sido nossa resposta a este amor ilimitado e infatigável de Deus por nós? Aproveite este tempo, para voltar ao Senhor, para responder com mais generosidade a seus mandamentos, e crescer no amor a teus irmãos, sendo assim mais Dele.



ORAÇÃO INICIAL 

Humildemente te pedimos, Senhor, que, a medida que se aproxima a festa de nossa salvação, vá crescendo em intensidade nossa entrega para celebrar dignamente o mistério pascal. Por Nosso Senhor... 



REFLEXÃO

Lucas 11,14-23

LUCAS 11,14-16: AS DIVERSAS REAÇÕES DIANTE DA EXPULSÃO DO DEMÔNIO. Jesus havia expulsado um demônio que era mudo. A expulsão provocou duas reações diferentes. Por um lado, a multidão que ficou admirada e maravilhada. A multidão aceita Jesus e acredita Nele. Por outro, os que não aceitam Jesus e não acreditam Nele. Alguns destes últimos diziam que Jesus expulsava aos demônios em nome de Belzebu, o príncipe dos demônios, e outros queriam Dele um sinal do céu. Marcos informa que se tratava de escribas vindos de Jerusalém (Mc 3,22), que não concordavam com a liberdade de Jesus. Queriam defender a Tradição contra as novidades de Jesus.

LUCAS 11,17-22: A RESPOSTA DE JESUS SE DIVIDE EM TRÊS PARTES: 1ª Parte: COMPARAÇÃO DO REINO DIVIDIDO (vv. 17-18) Jesus denuncia o absurdo da calúnia dos escribas. Dizer que Ele expulsa demônios com a ajuda do príncipe dos demônios é negar a evidência. É o mesmo que dizer que a água está seca, ou que o sol é escuridão. Os doutores de Jerusalém o caluniavam, porque não sabiam explicar os benefícios que Jesus realizava para as pessoas. Tinham medo de perder a liderança. Sentiam-se ameaçados em sua autoridade diante do povo. 2ª Parte: POR QUEM OS EXPULSAM VOSSOS FILHOS? (vv. 18-20) Jesus provoca aos acusadores e pergunta: “Se eu expulso em nome de Belzebu, em nome de quem os discípulos de vocês expulsam os demônios? Contestem e expliquem! Se eu expulso o demônio pelo dedo de Deus, é porque chegou o Reino de Deus!”. 3ª Parte: CHEGANDO O MAIS FORTE VENCE O FORTE (vv. 21-22) Jesus compara o demônio com um homem forte. Ninguém, a não ser que seja uma pessoa mais forte, poderá roubar a casa de um homem forte. Por isto consegue entrar na casa e agarrar o homem forte. Jesus agarra o homem forte e agora rouba a casa deste, isto é, libera as pessoas que estavam no poder do mal. O profeta Isaias havia usado a mesma comparação para descrever a vinda do messias (Is 49,24-25). Por isto Lucas diz que a expulsão do demônio é um sinal evidente de que o Reino de Deus havia chegado.

LUCAS 11,23: QUEM NÃO ESTÁ COMINGO, ESTÁ CONTRA MIM. Jesus termina sua resposta com esta frase: “O que não está comigo, está contra mim. E quem não ajunta comigo, dispersa”. Em outra ocasião, também a propósito de uma expulsão do demônio, os discípulos impediram um homem que usava o nome de Jesus para expulsar um demônio, já que não era de seu grupo. E Jesus respondeu: “Não o impeça. Porque o que não está contra vós está convosco!”(Lc 9,50). Parecem duas frases contraditórias, porém, não o são. A frase do evangelho de hoje foi dita contra os inimigos que têm preconceitos contra Jesus: “Quem não está comigo, está contra mim. E quem não ajunta comigo, dispersa!”. Preconceito e não aceitação faz com que o diálogo se torne impossível e rompem a união. A outra frase é pronunciada pelos discípulos que pensavam ter o monopólio de Jesus: “Quem não está contra vós, esta a vosso favor!”. Muita gente que não é cristã pratica o amor, a bondade, a justiça, muitas vezes até melhor que os cristãos. Não podemos excluí-los. São irmãos e obreiros na construção do Reino. Nós os cristãos não somos donos de Jesus. É o contrário, Jesus é o nosso dono! 


PARA REFLEXÃO PESSOAL

Quem não está comigo, está contra mim. E quem não se ajunta comigo, dispersa. Como ocorre isto na minha vida?
Não o impeçais. Quem não está contra vós está a vosso favor! Como isto acontece em nossa vida?



ORAÇÃO FINAL 

(SALMO 95,1-2)
Hoje Senhor, renuncio a caminhar segundo meu próprio modo de pensar, e renuncio a obstinação de meu coração, e em vez disto, Senhor, te peço que me dês teu coração. No dia de hoje terei um tempo a sós com Deus, para expressar-lhe tudo o que perdi por viver fora Dele e durante este tempo farei um compromisso de coração com Ele para ser-lhe fiel de hoje em diante.





quarta-feira, 26 de março de 2014

Lectio Divina - 26/03/14

QUARTA-FEIRA -26/03/2014


PRIMEIRA LEITURA: Deuteronômio 4,1.5-9


Se nos perguntássemos por que vivemos em um mundo tão corrupto, cheio de injustiça, infidelidade, violência, etc., talvez a resposta fosse: porque esquecemos de transmitir à nossos filhos a verdade e a fé. É triste que para muitos de nós, a única instrução que temos tido sobre a fé tem sido a catequese apressada para fazer a Primeira Comunhão. Em muitas de nossas casas nunca se fala de Deus, de seus mandamentos, dos valores e fundamentos do evangelho. O autor do Deuteronômio já advertia o povo de Israel: “Não esqueçam nem deixem que se separem de teu coração estes mandamentos… mas, transmita-os a teus filhos”. Quando o homem se afasta de Deus e de seus mandamentos, tudo se converte em relativismo. Deixemos em nossas casas um tempo para compartilhar a oração e a fé.


ORAÇÃO INICIAL 

Cheios do sentido cristão da Quaresma e alimentados com tua Palavra, te pedimos, Senhor, que te sirvamos fielmente com nossas penitências e perseveremos unidos na caminhada. Por Nosso Senhor... 


REFLEXÃO

Mateus 5,17-19

O evangelho de hoje ensina como observar a lei de Deus de maneira que sua prática mostre em que consiste o pleno cumprimento da lei. Mateus escreve para ajudar as comunidades de judeus convertidos a superara as criticas dos irmãos de raça que os acusam dizendo: “Vocês são infiéis a lei de Moisés”. O próprio Jesus havia sido acusado de infidelidade a lei de Deus. Mateus trás a resposta esclarecedora de Jesus aos que o acusavam. Assim nos dá uma luz para ajudar as comunidades a resolver seus problemas.

Usando imagens da vida cotidiana, com palavras simples e diretas, Jesus havia dito que a missão da comunidade, sua razão de ser, é ser sal e luz. Havia dado alguns conselhos a respeito da cada uma das imagens. A continuação vem dos três breves versículos do Evangelho de hoje.

MATEUS 5,17-18: NEM UMA VÍRGULA DA LEI DEIXARÁ DE SER VÁLIDA. Havia várias tendências nas comunidades dos primeiros cristãos. Uns pensavam que não era necessário observar as leis do Antigo Testamento, pois, é a fé em Jesus que salva e não a observância da Lei (Rm 3,21-26). Outros aceitavam Jesus como Messias, porém, não aceitavam a liberdade do Espírito com que algumas comunidades viviam a presença de Jesus ressuscitado. Pensavam que eles, sendo judeus, deviam continuar observando as leis do AT (At 15,1-5). Havia, além disso, cristãos que viviam tão plenamente na liberdade de Espírito, que haviam deixado de olhar a vida de Jesus de Nazaré ou o AT e que diziam: “Anátema seja Jesus!” (1Cor 12,3). Diante destas tensões, Mateus procura um equilíbrio além dos extremos. A comunidade tem de ser um espaço, onde este equilíbrio possa ser alcançado e vivido. A resposta dada por Jesus aos que o criticavam continua bem atual para as comunidades: “Não vim para abolir a lei, mas, para dar-lhe pleno cumprimento!”. As comunidades não podiam estar contra a Lei, nem podiam fechar-se na observância da lei. Como Jesus, devia dar um passo e mostrar, na prática, qual é o objetivo que a lei quer alcançar na vida de cada pessoa, a saber, na prática perfeita do amor. 

MATEUS 5,17-18: NEM UMA VÍRGULA DA LEI DEIXARÁ DE EXISTIR. E aos que queriam desfazer-se de toda lei, Mateus lembra outra palavra de Jesus: “Portanto, os que transgredirem um desses mandamentos menores e, assim ensinarem aos homens, será o mais pequeno no Reino dos Céus; ao contrário, os que observarem os mandamentos e o ensinarem, esse será grande no Reino dos Céus”. A grande inquietude do Evangelho de Mateus é mostrar que o AT, Jesus de Nazaré e a vida no Espírito Santo, não podem separar-se. Os três são partes do mesmo e único projeto de Deus e nos comunicam a certeza central da fé: o Deus de Abraão e Sara está presente no meio das comunidades pela fé em Jesus de Nazaré que nos manda seu Espírito.



PARA REFLEXÃO PESSOAL

Como vejo e vivo a lei de Deus: como horizonte de liberdade crescente ou como imposição que delimita minha liberdade?
O que é que podemos fazer hoje para os irmãos e as irmãs que consideram toda esta discussão como superada e desatualizada? O que é que podemos aprender deles?


ORAÇÃO FINAL 

(SALMO 147,12-13)
Neste dia buscarei a oportunidade e compartilharei de uma maneira agradável algo bom do que a Palavra de Deus me deixa no dia a dia. 






terça-feira, 25 de março de 2014

Lectio Divina - 25/03/14


TERÇA-FEIRA -25/03/2014

PRIMEIRA LEITURA 

Isaias 7,10-14


Esta profecia messiânica surge no contexto no qual, o povo de Israel, temeroso diante da proximidade de uma invasão, se sente tentado a recorrer à Assíria para que o salve. É aqui que Deus lhes lembra que seu único salvador é Ele e que, como prova de sua presença e seu poder, lhes dará um sinal para que já não duvidem e confiem plenamente Nele. Este sinal virá a converter-se precisamente na chegada do Messias, que é Deus - Conosco. O povo, talvez, não imaginou a profundidade destas palavras, as quais ficaram ainda longe de iluminar a realidade que Deus tinha pensado para a salvação do povo, pois, a Encarnação do Verbo realizou o cumprimento da profecia, o envio do Espírito Santo, produto deste projeto salvífico, fez com que Deus seja agora Deus Conosco. Conscientize-se, pois, de que Deus está em ti, e que a partir de seu coração procura iluminar e salvar toda humanidade, particularmente àqueles que convivem cotidianamente contigo. 


ORAÇÃO INICIAL 

Pai misericordioso envia também a mim, neste tempo de oração e de escuta de tua Palavra, teu anjo santo, para que eu possa receber o anuncio da salvação e, abrindo o coração, possa oferecer meu Amor. Envia sobre mim, te rogo, teu Espírito Santo, como sombra que me cubra, como força que me encha. Agora, Oh Pai, eu não quero dizer-te outra coisa: “Eis me aqui por Ti. Faze de mim o que quiseres!”. Amém.



REFLEXÃO: Lucas 1,26-38


A passagem da Anunciação nos conduz do templo, espaço sagrado por excelência, a casa, a intimidade do encontro pessoal de Deu com sua criatura, nos conduz para dentro de nós mesmos, ao profundo de nosso ser e de nossa história, ali onde Deus pode chegar e tocar-nos. O anuncio do nascimento de João Batista havia aberto o seio estéril de Isabel, desfazendo a absoluta impotência do homem e transformando-a em capacidade de trabalhar junto com Deus. O anuncio do nascimento de Jesus, pelo contrário, chama à porta do seio frutífero da “Cheia de Graça” e espera resposta: é Deus que espera nosso sim, para poder trabalhar tudo.

Os primeiros versículos nos colocam no tempo e no espaço sagrado do acontecimento que meditamos e que revivem em nós: estamos no sexto mês da concepção de João Batista e estamos em Nazaré, cidade da Galiléia, território dos exilados e impuros… Aqui Deus desceu para conversar com uma virgem, para falar a nosso coração. É nos apresentado os personagens deste acontecimento maravilhoso: Gabriel, o enviado de Deus, uma jovem mulher de nome Maria e seu esposo José, da casa real de Davi. Nós também somos acolhidos nesta presença, somos chamados a entrar neste mistério.

São as primeiríssimas frases do diálogo de Deus com sua criatura. Poucas palavras, apenas um suspiro, porém, palavras onipotentes, que turbam o coração, que colocam profundamente em discussão à vida, os planos, as esperanças humanas. O anjo anuncia a alegria, a graça e a presença de Deus, Maria fica perturbada e pergunta de onde pode vir a ela tudo isto. De onde vem tal alegria? Como uma graça tão grande que pode mudar inclusive seu ser?

Estes são os versículos centrais da passagem: e a exposição do anuncio, a manifestação do dom de Deus, de sua onipotência na vida do homem. Gabriel, é forte, fala de Jesus: o rei eterno, o Salvador, o Deus feito menino, o Onipotente humilde. Fala de Maria, de seu seio, de sua vida que foi eleita para dar entrada e acolhida a Deus neste mundo e em qualquer outra vida. Deus começa, aqui, a fazer-se vizinho, a chamar. Está em pé, espera, junto à porta do coração de Maria, porém, também aqui, em nossa casa, junto a nosso coração…

Maria diante da proposta de Deus deixa-se conduzir por uma completa disposição; revela seu coração, seus desejos. Sabe que para Deus o impossível é realizável, não tem a mínima dúvida, não endurece seu coração nem sua mente, não faz cálculos, que somente dispor-se plenamente, abrir-se, deixar-se alcançar por aquele toque humanamente impossível, porém, já escrito, já realizado em Deus. Coloca diante Dele, com um gesto de puríssima pobreza, sua virgindade, seu não conhecer homem; é uma entrega plena, absoluta, transbordante de fé e abandono. É a sua totalidade.

Deus, humildemente responde, a onipotência se inclina sobre a fragilidade desta mulher, que somos cada um de nós. O diálogo continua e a aliança cresce e se reforça. Deus revela como, fala do Espírito Santo, de sua sombra fecundande, que não viola, não rompe, mas a conserva intacta. Fala da experiência humana de Isabel, revela outro impossível convertido em possível; quase uma garantia, uma segurança. E depois, a última palavra, diante da qual é necessário escolher: dizer SIM ou NÃO; acreditar ou duvidar, entregar-se ou endurecer-se, abrir a porta ou fechá-la. “Nada é impossível para Deus”.

O ultimo versículo parece encerrar o infinito. Maria diz seu “Eis aqui” se abre, se oferece a Deus e se realiza no encontro, na união para sempre. Deus entra no homem e o homem se converte no lugar de Deus: são as Bodas mais sublimes que jamais se realizou nesta terra. No entanto, o evangelho termina com uma palavra quase triste, dura: Maria fica só, o anjo se vai. Fica, todavia, o SIM pronunciado por Maria a Deus e sua Presença; fica a verdadeira vida.


PARA REFLEXÃO PESSOAL

O anuncio de Deus, seu anjo, entra em minha vida, fala diante de mim. Estou preparado para recebê-lo, para deixar-lhe espaço, para ouvi-lo com atenção? 

Em seguida recebo um anuncio desconcertante: Deus me fala de alegria, de graça, de presença. Precisamente as coisas que eu estou buscando há muito tempo, sempre. Quem me poderá fazer verdadeiramente feliz? Quero fiar-me de sua felicidade, de sua presença?

Basta um pouco, apenas um movimento do coração, do ser; Ele já se dá conta. Já me enche de Luz e Amor. Me diz: “Tem encontrado graça em meus olhos”. Eu agrado a Deus? Ele me encontra amável? É assim? Por que não acreditamos antes? Por que não o temos ouvido?

O Senhor Jesus quer vir a este mundo também através de mim; quer aproximar-se de meus irmãos através dos caminhos de minha vida, de meu ser. Poderei fechar-lhe a entrada? Poderei rejeitá-lo, deixá-lo longe? Poderei apagá-lo de minha história de minha vida?



ORAÇÃO FINAL 

(SALMO 138)
Hoje estarei atendo para descobrir Jesus nas pessoas que me rodeiam e cada vez que consiga descobri-lo lhe demonstrarei tacitamente o muito que lhe amo.








segunda-feira, 24 de março de 2014

Lectio Divina - 24/03/14

SEGUNDA-FEIRA -24/03/2014


PRIMEIRA LEITURA: 2Reis 5,1-15


Nesta passagem, é claro o que significa ter fé e o apoio da comunidade. Fé é obedecer, ainda que o que nos é pedido pareça uma bobagem, algo fora de sentido. Naamã pensou que era uma bobagem o que Eliseu lhe pedia e já havia decidido continuar enfermo. Todavia, seus servos (que poderíamos identificar como a comunidade), o convenceram de que fizesse o que lhe era pedido. Resultado: ficou curado. Em certas ocasiões nos encontramo-nos com irmãos para os quais a vontade de Deus nesse momento é difícil de aceitar, decisões que parecem ilógicas. É então quando a fé alcança seu valor máximo, e é quando nós poderemos ser os instrumentos para ajudar a quem duvida à continuar adiante e assim levá-lo a fazer a vontade de Deus. Lembre que a vida do Evangelho está cheia de proposições que nos pareciam ilógicas (para viver precisamos morrer, por exemplo), porém, é na obediência destas proposições que encontramos a felicidade. Deixe-te ser conduzido por Deus.


ORAÇÃO INICIAL 

Senhor purifique e proteja a tua igreja com misericórdia continua, pois, sem a tua ajuda não pode manter-se incólume, que tua proteção a dirija e a sustente sempre. Por Nosso Senhor... 


REFLEXÃO

Lucas 4,24-30

O Evangelho de hoje (Lc 4,24-30) é parte de um conjunto mais amplo (Lc 4,1432). Jesus apresentou seu programa na sinagoga de Nazaré por meio de um texto de Isaias que falava de pobres, de presos, de cegos e de oprimidos (Is 61,1-2) e refletia a situação das pessoas da Galiléia no tempo de Jesus. Em nome de Deus, Jesus se posiciona e define sua missão: anunciar a Boa Nova aos pobres, proclamar a libertação dos cativos e devolver a visão aos cegos, restituir a liberdade aos oprimidos. Terminada a leitura, atualiza o texto e diz: “Hoje se cumpriu esta escritura que acabais de ouvir!”(Lc 4,21)…Todos os presentes ficam admirados (Lc 4,16-22). Porém, logo acontece uma reação de descrédito. As pessoas na sinagoga ficam escandalizadas e não querem mais saber de Jesus. Diziam: “Este não é acaso o filho de José?” (Lc 4,22). Por que é que ficam escandalizados? Qual é o motivo daquela reação tão inesperada?

Jesus cita o texto de Isaias só até onde diz: “proclamar um ano de graça de parte do Senhor”, e corta o final da frase que dizia: “e proclamar um dia de vingança de nosso Deus” (Is 61,2). As pessoas de Nazaré ficam assombradas porque Jesus omite a frase sobre a vingança. Eles queriam que a Boa Nova da libertação dos oprimidos fosse uma ação de vingança por parte de Deus contra os opressores. Neste caso, a vinda do Reino seria apenas uma simples troca e não mudança ou conversão do sistema. Jesus não aceita este modo de pensar. Sua experiência de Deus como Pai ajuda a entender melhor o sentido das profecias. Descarta a vingança. As pessoas de Nazaré não aceitam a proposta e começam a diminuir a autoridade de Jesus: “Este não é o filho de José?”.

LUCAS 4,24: NENHUM PROFETA É BEM RECEBIDO EM SUA PÁTRIA. As pessoas de Nazaré sentiram raiva de Jesus porque não havia feito nenhum milagre em Nazaré, como havia feito em Cafarnaum. Jesus responde: “Nenhum profeta é bem recebido em sua pátria!”. No fundo, eles não aceitavam a nova imagem de Deus que Jesus lhes comunicava através desta nova interpretação mais livre de Isaias. A mensagem do Deus de Jesus superava os limites da raça dos judeus para acolher aos excluídos e a toda a humanidade.

LUCAS 4,25-27: DUAS HISTÓRIAS DO ANTIGO TESTAMENTO. Para ajudar a comunidade a superar o escândalo e entender o universalismo de Deus, Jesus usa duas histórias bem conhecidas no AT: uma de Elias e outra de Eliseu. Por meio destas histórias criticava o endurecimento do povo de Nazaré. Elias foi enviado à viúva estrangeira de Sarepta (1Rs 17,7-16). Eliseu foi enviado para atender o estrangeiro da Síria (2Rs 5,14).

LUCAS 4,28-30: QUERIAM MATÁ-LO, PORÉM, ELE PASSOU NO MEIO DELES E FOI EMBORA. O chamado de Jesus não acalma as pessoas. Ao contrario! Ele usou destas duas passagens da Bíblia e produziu mais raiva. A comunidade de Nazaré chega ao ponto de querer matar Jesus. E assim, no momento em que apresenta seu projeto de acolher aos excluídos, o próprio Jesus foi excluído! Porém, Ele manteve a calma. A raiva dos outros não consegue desviar-lhe de seu caminho. Lucas nos mostra, assim, o quanto é difícil superar a mentalidade de privilégio e o endurecimento. Mostrava, além disso, que a polêmica abertura para os pagãos vinha de Jesus. Jesus teve as mesmas dificuldades que as comunidades estavam tendo no tempo de Lucas.



PARA REFLEXÃO PESSOAL

O programa de Jesus está sendo meu programa ou nosso programa? Minha atitude é a de Jesus ou a do povo de Nazaré?
Quem é que são os excluídos que deveríamos acolher melhor em nossa comunidade?



ORAÇÃO FINAL 

(SALMO 84,3)
Hoje estarei muito atento para descobrir a voz de Deus em meus semelhantes, e enquanto a descubra obedecerei sem pretextos.






sexta-feira, 21 de março de 2014

Lectio Divina - 21/03/14

SEXTA-FEIRA -21/03/2014

PRIMEIRA LEITURA: Gênesis 37,3-4.12-13.7-28


Nos primeiros capítulos de Gênesis, vemos até onde é capaz de chegar o homem quando se deixa levar pela inveja. A história de José não é diferente da de Caim e muitas histórias que se continuam escrevendo hoje em dia, nas quais, a inveja e o interesse desmedido, continuam levando muitos à VENDER seus irmãos por pouco dinheiro. A inveja e o afã de riqueza e de poder continuam sendo uma das principais causas de injustiça em muitos ambientes de nossa sociedade econômica. Pode ser que nós não sejamos diretamente os causadores destas injustiças, todavia, como no caso dos irmãos de José, nosso silêncio avaliza e coopera para que a injustiça se realize. Aproveite esta Quaresma para crescer no amor aos irmãos e assim ser um instrumento de Deus para que a justiça seja uma realidade em teu meio.


ORAÇÃO INICIAL 

Por meio de nossas privações quaresmais, purifica-nos Senhor todo poderoso, a fim de que possamos chegar com um espírito novo às próximas festas da Páscoa. Por Nosso Senhor Jesus Cristo...


REFLEXÃO

Mateus 21,33-43.45-46


O texto do evangelho de hoje é parte de um conjunto mais amplo que engloba Mateus 21,23-46. Os chefes dos sacerdotes e dos anciãos haviam perguntado a Jesus com que autoridade fazia as coisas (Mt 21,23). Eles se consideravam os donos de tudo e pensavam que ninguém podia dizer nada sem sua permissão. A resposta de Jesus consta de três partes: 1)-Ele mesmo expõe uma pergunta e quer saber deles se João Batista era do céu ou da terra (Mt 21,24-27). 2)-Conta a parábola dos dois filhos (Mt 21,28-32). 3)-Conta a parábola da vinha (Mt 21,33-46) que é o evangelho de hoje.

Mateus 21,33-40: A parábola da vinha. Jesus começa assim: “Ouçam outra parábola. Era um proprietário que plantou uma vinha, a rodeou com cerca, cavou nela um lagar e edificou uma torre”. A parábola é um bonito resumo da história de Israel, tirada do profeta (Is 5,1-7). Jesus se dirige aos chefes dos sacerdotes, aos anciãos e aos fariseus e dá uma resposta a pergunta que eles haviam feito sobre a origem de sua autoridade. Por meio desta parábola, Jesus esclarece várias coisas sobre a origem de sua autoridade: é o filho, o herdeiro. Denuncia o abuso da autoridade dos vinhadores, isto é, dos sacerdotes e anciãos que não cuidam do povo de Deus. Defende a autoridade dos profetas, enviados por Deus, porém, massacrados pelos sacerdotes e anciãos. Desmascara as autoridades que manipulam a religião e matam o filho, porque não querem perder a fonte de renda que conseguiram acumular para si, ao longo dos séculos.

Mateus 21,41: A sentença dada por eles mesmos. No final da parábola, Jesus pergunta: “Quando vier, pois, o dono da vinha, o que farão com aqueles lavradores?”. Eles não se deram conta de que a parábola estava falando deles mesmos. Por isto, pela resposta dada, decretaram sua própria condenação: “Respondem-lhe: a esses miseráveis lhes será dada uma morte miserável e arrendará a vinha a outros lavradores, que lhe paguem os frutos à seu tempo”. Várias vezes, Jesus usa esse mesmo método. Leva a pessoa para que diga a verdade sobre si mesma sem que esta se dê conta de que está condenando a si mesma. Por exemplo, no caso do fariseu que condena a mulher considerando-a uma pecadora (Lc 7,42-43) e no caso da parábola dos filhos (Mt 21,28-32)

Mateus 21,42-46: A sentença dada por eles mesmos é confirmada por seu próprio comportamento. Por meio do esclarecimento de Jesus, os sacerdotes, os anciãos e os fariseus entenderam que a parábola falava deles mesmos, porém, não se converteram. Pelo contrário! Mantiveram seu projeto de matar Jesus. Rejeitaram a “pedra fundamental”. Mas não tiveram coragem de fazê-lo abertamente, porque temiam as pessoas.

Os vários grupos de poder no tempo de Jesus. No evangelho de hoje aparecem alguns dos grupos que, naquele tempo, exerciam o poder sobre o povo: sacerdotes, anciãos e fariseus. Segue aqui uma breve informação sobre o poder de cada um desses grupos e outros:

SACERDOTES: Eram os encarregados do culto no Templo. As pessoas levavam o dízimo e os outros impostos e ofertas para pagar suas promessas. O sumo sacerdote ocupava um lugar muito importante na vida da nação, sobretudo, depois do exílio. Era escolhido ou nomeado entre as três ou quatro famílias aristocráticas, que detinham mais poder e mais riqueza.

ANCIÃOS OU CHEFES DO POVO: Eram líderes locais nas diversas aldeias e cidades. Sua origem vinha dos chefes das tribos antigas. 

SADUCEUS: Eram a elite laica aristocrática da sociedade. Muitos deles eram ricos comerciantes ou latifundiários. Do ponto de vista religioso eram conservadores. Não aceitavam as mudanças defendidas pelos fariseus, como por exemplo, a fé na ressurreição e na existência dos anjos.

FARISEUS: Fariseu significa “separado”. Eles lutavam para que, através da observância da lei de pureza, as pessoas chegassem a serem puras separadas e santas como exigia a Lei a Tradição! Por causa do testemunho exemplar de sua vida dentro das normas da época, eles tinham uma liderança moral muito grande nas aldeias da Galiléia.

ESCRIBAS OU DOUTORES DA LEI: Eram encarregados do ensinamento. Dedicavam sua vida ao estudo da Lei de Deus e ensinavam as pessoas como fazer para observar em tudo a Lei de Deus. Nem todos os escribas eram da mesma linha. Alguns estavam unidos aos fariseus, outros aos saduceus.


PARA REFLEXÃO PESSOAL

Você alguma vez se sentiu controlado/a, indevidamente, em casa, no trabalho, na Igreja? Qual tem sido tua reação? Como a de Jesus?
Se Jesus hoje voltasse e contasse a mesma parábola, como eu reagiria?


ORAÇÃO FINAL 

(SALMO 103,11-12)
Hoje observarei as situações de injustiça social e, além de orar por cada uma, meditarei em quais delas eu poderia contribuir em algo, ainda que, parecesse pouco, porém, no fim, algo.








quinta-feira, 20 de março de 2014

Lectio Divina - 20/03/14

QUINTA-FEIRA -20/03/2014


PRIMEIRA LEITURA: Jeremias 17,5-10


Talvez a causa de que muitos irmãos vivam em uma constante perturbação, cheios de medos e angustias, é o querer construir sua vida e realizar seus projetos com suas próprias forças. Parece que, depois de tantos anos e de tantas tentativas falidas, não nos temos dado conta de nossa fraqueza para realizá-las. Se quisermos que nossa vida seja uma vida plena, cheia de paz, de alegria, e, sobretudo, de esperança, é necessário que deixemos mais espaço a Deus para trabalhar nela. Hoje, mais que nunca, o homem tem que deixar que seja Deus quem construa sua vida e quem dê impulso a seus projetos, pois, só Deus é poderoso e capaz de fazer o que para nós não é possível. Colocar nossa confiança em Deus implica soltar-se, deixar que Deus vá tomando o controle de nossa vida. “Coloque todo teu esforço - dizia um santo – como se tudo dependesse de ti, porém confie totalmente em Deus como se tudo dependesse Dele”. Este é o segredo para que nossa vida transcorra na paz de Deus.


ORAÇÃO INICIAL 

Senhor, tu que amas a inocência e a devolves a quem a tenha pedido, atrai para ti nossos corações e abrase-os no fogo de teu Espírito, para que permaneçamos firmes na fé e eficazes no trabalhar bem. Por Nosso Senhor... 



REFLEXÃO

Lucas 16,19-31


Cada vez que Jesus tem uma coisa importante para comunicar, ele cria uma história e conta uma parábola. Assim, através da reflexão sobre uma realidade visível, leva aos ouvintes a descobrir os chamados invisíveis de Deus, presentes na vida. Uma parábola é feita para pensar e refletir. Por isto, é importante prestar atenção a seus mínimos detalhes. Na parábola do evangelho de hoje, aparecem três pessoas: o pobre Lázaro, o rico sem nome e o Pai Abraão. Dentro da parábola, Abraão representa o pensamento de Deus. O rico sem nome representa a ideologia dominante da época. Lázaro representa o grito silencioso dos pobres do tempo de Jesus e de todos os tempos.

Lucas 16,19-21: A SITUAÇÃO DO RICO E DO POBRE. Os dois extremos da sociedade. Por um lado, a riqueza agressiva. Por outro, o pobre sem recursos, sem direitos, coberto de úlceras, impuro, sem ninguém que o acolha, a não ser os cachorros que lambem suas feridas. O que separa os dois é a porta fechada da casa do rico. De parte do rico não existe acolhida nem piedade para os problemas do pobre que está a sua porta. Porém o pobre tem nome e o rico não tem. Isto é, o pobre tem seu nome inscrito no livro da vida, o rico não. O pobre se chama Lázaro. Significa Deus ajuda. Através do pobre Deus ajuda o rico e o rico poderá ter seu nome no livro da vida. Porém, o rico não aceita ser ajudado pelo pobre, pois, permanece com sua porta fechada. Este início da parábola que descreve a situação é um espelho fiel do que estava ocorrendo no tempo de Jesus e no tempo de Lucas. É o espelho do que acontece hoje no mundo!

Lucas 16,22: A MUDANÇA QUE REVELA A VERDADE ESCONDIDA. O pobre morreu e foi levado pelos anjos para os seio de Abraão. Morre também o rico e é enterrado. Na parábola, o pobre morre antes do rico. Isto é um aviso para os ricos. Até que o pobre está a porta, existe salvação para os ricos. Mas, depois que o pobre morre, morre também o único instrumento de salvação para os ricos. Agora, o pobre está seio de Abraão. O seio de Abraão é a fonte de vida, de onde nasceu o povo de Deus. Lázaro, o pobre, é parte do povo de Abraão, do qual era excluído quando estava diante da porta do rico. O rico que pensa ser filho de Abraão não vai estar no seio de Abraão. Aqui termina a introdução da parábola. Agora começa a revelação de seu sentido, através da conversa entre o rio e o pai Abraão.

Lucas 16,23-26: A PRIMEIRA CONVERSA. Na parábola, Jesus abre uma janela sobre o outro lado da vida, o lado de Deus. Não se trata do céu. Trata-se do lado verdadeiro da vida que só a fé abre e que o rico sem fé não percebe. E só sob a luz da morte a ideologia do império se desintegra na cabeça do rico e aparece para ele o que é o valor real na vida. Ao lado de Deus, sem propaganda, sem a propaganda enganadora, os papéis mudam. O rico vê Lázaro no seio de Abraão, e pede que seja aliviado de seus sofrimentos. O rico descobre que Lázaro é seu único possível benfeitor! Porém, agora é demasiado tarde! O rico sem nome é devoto, já que reconhece Abraão e o chama de Pai. Abraão responde e lhe chama de filho. Esta palavra de Abraão, na realidade, está sendo dirigida a todos os ricos vivos. Enquanto vivos, eles têm ainda a possibilidade de tornarem-se filhos, filhas de Abraão, se souberem abrir a porta à Lázaro, o pobre, o único que em nome de Deus pode ajudá-los. A salvação para o rico não é que Lázaro lhe traga uma gota para refrescar sua língua, mas sim, que ele, o rico, abra a porta fechada ao pobre e assim tape o grande abismo. 

Lucas 16,27-29: A SEGUNDA CONVERSA. O rico insiste: “Pai, te suplico: mande Lázaro para casa de meu pai. Tenho cinco irmãos!”. O rico não quer que seus irmãos cheguem ao mesmo lugar de tormento. Lázaro, o pobre, é o único verdadeiro intermediário entre Deus e os ricos. É o único, porque só aos pobres os ricos podem devolver aquilo que têm e, assim, restabelecer a justiça prejudicada. O rico está preocupado com os irmãos. Nunca esteve preocupado com os pobres. A resposta de Abraão é clara: “Têm a Moisés e os Profetas: que os ouçam!”. Têm a Bíblia! O rico tinha a Bíblia, a conhecia de memória. Porém, nunca se deu conta de que a Bíblia tinha algo a ver com os pobres. O segredo para que o rico possa entender a Bíblia é o pobre sentado a sua porta.

Lucas 16,30-31: A TERCEIRA CONVERSA. “Não pai, se alguém entre os mortos lhes avisa de algo, eles vão se arrepender”. O rico reconhece que está equivocado, pois, fala de arrependimento, coisa que durante a vida não sentiu nunca. Ele quer um milagre, uma ressurreição! Mas, este tipo de ressurreição não existe. A única ressurreição é a de Jesus. Jesus ressuscitado vem até nós na pessoa do pobre, dos que não tem direitos, dos sem terra, dos famintos, dos sem teto, dos que não tem saúde. Em sua resposta final, Abraão é breve e contundente: “Se não ouvem a Moisés e aos profetas, tampouco, se convencerão ainda que um morto ressuscite”. Fim da conversa. Final da parábola.

O segredo para entender o sentido da Bíblia é o pobre Lázaro, sentado à porta. Deus vem a nós na pessoa do pobre, sentado a nossa porta, para ajudar-nos a tapar o abismo insondável que os ricos criaram. Lázaro também é Jesus, o Messias pobre e servo, que não foi aceito, mas, cuja morte mudou radicalmente todas as coisas. É a luz da morte o pobre que muda tudo. O lugar do tormento é a situação da pessoa sem Deus. Por mais que o rico pense ter religião e a fé, não há como ele possa estar com Deus, pois, não abriu a porta ao pobre, como fez Zaqeu (Lc 19,1-10).



PARA REFLEXÃO PESSOAL

Qual é o tratamento que damos aos pobres? Existe um nome para nós? Nas atitudes que tomo na vida, sou visto como Lázaro ou como o rico?
Entrando em contato conosco, os pobres percebem algo diferente? Percebem uma Boa Notícia? Para que lado se inclina meu coração: para o milagre ou para a Palavra de Deus?



ORAÇÃO FINAL 

(SALMO 1,1-2)
Hoje procurarei a coisa que mais me preocupa e que me agonia e a entregarei ao Senhor, confiando que Ele a resolverá, e se Ele deseja usar-me nessa situação, estarei disponível, porém, com a firme convicção de que a mão de Deus está ocupando-se de minha causa.



quarta-feira, 19 de março de 2014

Lectio Divina - 19/03/14

QUARTA-FEIRA -19/03/2014


PRIMEIRA LEITURA: 2Samuel l7,4-5.12-14.16

Esta passagem se refere sem sombra de dúvidas a Jesus, que será o descendente esperado do povo e aquele que reinará para sempre. Para a realização desta profecia Deus escolheu José de Nazaré, descendente da casa davídica para que fosse quem desse a “linhagem” (hoje diríamos, o apelido) da família de Davi. Sabemos que José não é o pai de Jesus, pois, foi gerado do Espírito Santo, no entanto, cumpriu tudo como o pai de Jesus: deu-lhe seu nome, o educou, ensinou-lhe a Lei e a viver de acordo com a Aliança e finalmente lhe ensinou seu próprio ofício de carpinteiro. Tudo isto nos fala de algo que às vezes vai se perdendo em nossos lares isto é: “ter tempo para os filhos”. É tal a atividade do homem moderno (cabeça da família), que muitas vezes deixa toda a carga da educação para a esposa, no entanto, a presença e a educação paterna são FUNDAMENTAIS para o desenvolvimento equilibrado dos filhos. Jesus, como homem, se desenvolveu graças a proximidade de José e sua preocupação por sua educação, oxalá, todos os que têm sido chamados a ser pais saibam imitá-lo tirando um tempo para compartilhar com seus filhos. 



ORAÇÃO INICIAL 

Espírito que paira sobre as águas, acalme em nós nossas desarmonias, os fluxos inquietos, o rumor das palavras, os turbilhões de vaidade e faz aparecer no silêncio a Palavra que nos acalma. Por Nosso Senhor...


REFLEXÃO

Mateus 1,16-24

A passagem do evangelho hoje é tirada do primeiro capítulo de Mateus que é parte da seção referente a concepção, nascimento e infância de Jesus. O centro de todo o relato é a pessoa de Jesus à qual se somam todos os sucessos e as pessoas mencionadas na narração. Deve-se ter presente que o Evangelho revela uma teologia da história de Jesus, por isso, ao aproximarmos da Palavra de Deus devemos recorrer a mensagem escondida sob os zelos da história sem nos perder, como sabiamente nos avisa Paulo, “nas questões difíceis”, guardemo-nos “das genealogias, e das questões e das discussões em torno da lei, porque são coisas inúteis e vãs”. 

Efetivamente, este texto se conecta à genealogia de Jesus, que Mateus escreve com o intento de sublinhar a sucessão da dinastia de Jesus, o salvador de seu povo (Mt 1,21). A Jesus são outorgados todos os direitos hereditários da estirpe davídica, de “José, filho de Davi” (Mt 1,20;Lc 2,4-5) seu pai legal. Para o mundo bíblico e hebraico a paternidade legal era o bastante para conferir todos os direitos da estirpe em questão (cf. a lei da adoção –Dt 25,5ss). Por isto, depois do começo da genealogia, Jesus se designa como “Cristo filho de Davi” (Mt 1,1), isto é, o ungido do Senhor, filho Davi, com o qual se cumprirão todas as promessas de Deus a Davi seu servo (2Sam 7:1-16; 2Cr 7:18; 2 Cr 21:7; S 89:30). Por isto Mateus acrescenta ao relato da genealogia e da concepção de Jesus a profecia de Isaias: “Tudo isto aconteceu para que se cumprisse o que havia sido dito pelo Senhor por meio do profeta: Eis que a virgem conceberá e dará a luz um filho que será chamado Emanuel, que significa Deus conosco” (Mt 1,21-23, Is 7,14).

Detendo-nos, na realidade espiritual da adoção, podemos referir-nos ao fato de que o povo eleito possui “a glória, as alianças, a legislação, o culto, as promessas” porque “eles são Israelitas e possuem a adoção de filhos” (Rm 9,4). Mas, nós também o novo povo de Deus em Cristo, recebemos a adoção de filhos porque “quando chegou a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei, para resgatar àqueles que estavam sob a lei, para que recebêssemos a adoção de filhos” (Mt 1,21), porque Ele é o “Deus conosco” (Mt 1,23) que nos fez filhos adotivos de Deus.

Jesus nasce de “Maria desposada com José” que “achou-se grávida por obra do Espírito Santo” (Mt 1,18b). Mateus não nos conta o relato da anunciação como o faz Lucas, porém estrutura a narração a partir do ponto de vista da experiência de José o homem justo. A Bíblia nos revela que Deus ama seus justos. Pensamos em Noé “homem justo e íntegro entre seus contemporâneos” (Gn 6,9). O em Joás que “fez o que era reto aos olhos do Senhor” (2Re 12,3). 

Uma idéia constante na Bíblia é o “sonho” como lugar privilegiado onde Deus dá a conhecer seus projetos e planos, e, algumas vezes revela o futuro. Bem conhecido são os sonhos de Jacó em Betel (Gn 28,10ss) e os de Josué seu filho, como também os do copeiro e do padeiro prisioneiros no Egito com ele, (Gn 37,5ss;40,5ss) e os sonhos do Faraó que revelaram os futuros anos de prosperidade e escassez (Gn 41,1ss).

À José aparece “em sonhos um anjo do Senhor” (Mt 1,20) para revelar-lhe o plano de Deus. Nos evangelhos da infância aparece muito o anjo do Senhor como mensageiro celestial (Mt 1:20.24; 2:13.19; Lc 1:11; 2:9) e também em outras ocasiões esta figura aparece para tranqüilizar, revelar o projeto de Deus, curar, libertar da escravidão (cf.: Mt 28:2; Jn 5:4; Act 5:19; 8:26; 12: 7.23). Muitas são as referências ao anjo do Senhor também no Antigo Testamento, onde originariamente representava o próprio Senhor que cuida e protege seu povo sempre o acompanhando de perto (cf.: Gn 16:7–16; 22:12; 24:7; Éx 3:2; Tb 5:4). 



PARA REFLEXÃO PESSOAL

O que mais lhe chamou a atenção nesta passagem evangélica? 
A leitura oferece bastante espaço para alguns termos: adoção, anjo, sonho, justo. Que sentimentos e pensamentos suscitam em teu coração?
Que importância pode ter para você o caminho de maturidade espiritual?
Qual é a mensagem central desta passagem evangélica?


ORAÇÃO FINAL 

(SALMO 92)
Hoje dedicarei um tempo do dia à convivência, bem estar e educação familiar.




terça-feira, 18 de março de 2014

Lectio Divina 18/03/14

TERÇA-FEIRA -18/03/2014

PRIMEIRA LEITURA: Isaías 1,10.16-20


O convite que Deus nos faz hoje por meio do profeta é muito claro: “aprendam a fazer o bem”. É importante notar que Deus nos conhece e sabe que o ser humano cresce e se desenvolve seguindo processos, e que é muito difícil que as coisas mudem da noite para o dia. Por isso, hoje nos convida a entrar na escola do amor para “aprender a fazer o bem”. É que nesta escola, o mestre e diretor é o Espírito Santo. Assistir a suas aulas é ir dando espaço em nossa vida por meio da oração e dos sacramentos. Aqueles que participam desta escola notarão como dia após dia, o pecado vai desaparecendo de sua vida e a caridade vai se fazendo cada vez mais manifesta e operante. Deus não nos pede mudanças que estão fora de nossas possibilidades, porém, nos pede disposição e cooperação à sua graça; sejamos dóceis e assim evitaremos que o mal nos domine.


ORAÇÃO INICIAL 

Oh Deus, que tens preparado bens inefáveis para os que te amam, infunde teu amor em nossos corações, para que, amando-te em tudo e sobre todas as coisas, consigamos alcançar tuas promessas, que superam todo desejo. Por Nosso Senhor...


REFLEXÃO

Mateus 23,1-12


O evangelho de hoje é parte da longa critica de Jesus contra os escribas e os fariseus. Lucas e Marcos têm apenas uns fragmentos desta crítica contra as lideranças religiosas da época. Só o evangelho de Mateus nos informa sobre o discurso, por inteiro. Este texto tão severo deixa entrever o enorme que era a polêmica das comunidades de Mateus com as comunidades dos judeus daquela época na Galiléia e na Síria.

Ao ler estes textos fortemente contrários aos fariseus devemos ter muito cuidado para não sermos injustos com o povo judeu. Nós os cristãos, durante séculos, tivemos atitudes anti-judaicas e, por isso mesmo, anti-cristãs. O que importa ao meditar estes textos é descobrir seu objetivo: Jesus condena a incoerência e a falta de sinceridade na relação com Deus e com o próximo. Está falando contra a hipocrisia tanto deles como nossa hoje.

Mateus 23,1-3: O erro básico: dizem e não fazem. Jesus se dirige à multidão e aos discípulos e critica os escribas e fariseus. O motivo do ataque é a incoerência entre palavra e prática. Falam e não praticam. Jesus reconhece a autoridade e o conhecimento dos escribas. “Estão sentados na cátedra de Moisés. Por isto, fazei e observai tudo que o digam. Porém, não imiteis sua conduta, porque dizem e não fazem!”.

Mateus 23,4-7: O erro básico se manifesta de muitas maneiras. O erro básico é a incoerência: “Dizem e não fazem”. Jesus enumera vários pontos que revelam uma incoerência. Alguns escribas e fariseus impõem leis pesadas às pessoas. Conheciam bem as leis, porém, não as praticavam, nem usam seu conhecimento para avaliar a carga sobre os ombros das pessoas. Faziam tudo para serem vistos e elogiados, usavam túnicas especiais para a oração, gostavam de ocupar lugares importantes e serem saudados em praça pública. Queriam ser chamados de “Mestres!”. Representavam um tipo de comunidade que mantinha, legitimava e alimentava as diferenças de classes e de posição social. Legitimava os privilégios dos grandes e a posição inferior dos pequenos. Agora, se existe uma coisa que Jesus não gosta são as aparências que enganam.

Mateus 23,8-12: Como combater o erro básico. Como dever ser uma comunidade cristã? Todas as funções comunitárias devem ser assumidas como um serviço: “O maior entre vós será vosso servidor!”. A ninguém se deve chamar de Mestre (Rabino), nem Pai, nem Guia. Pois, a comunidade de Jesus deve manter, legitimar, alimentar não as diferenças, mas sim a fraternidade. Esta é a lei básica: “Vocês são irmãos e irmãs!”. A fraternidade nasce da experiência de que Deus é Pai, e que faz de todos nós irmãos e irmãs. “Pois, o que se exaltar será humilhado, e o que se humilhar será exaltado!”

O grupo dos Fariseus. O grupo dos fariseus nasceu no século II antes de Cristo com a proposta de uma observância mais perfeita da Lei de Deus, sobretudo, das prescrições sobre a pureza. Eles eram mais abertos que os saduceus às novidades. Por exemplo aceitavam a fé na ressurreição e a fé nos anjos, coisa que os saduceus não aceitavam. A vida dos fariseus era um testemunho exemplar: rezavam e estudavam a lei durante oito horas ao dia; trabalhavam oito horas para poder sobreviver, descansavam e se divertiam outras oito horas. Por isso, eram considerados grandes líderes entre as pessoas. Deste modo, ao longo dos séculos, ajudaram as pessoas a conservar sua identidade e a não se perder.

A mentalidade chamada farisaica. Com o tempo, todavia, os fariseus se agarraram ao poder e deixaram de ouvir os chamados das pessoas, nem deixaram as pessoas falarem. A palavra “fariseu” significa “separado”. Sua observância era tão estrita e rigorosa que se distanciavam do convívio com as pessoas. Por isso, eram chamados “separados”. Daí nasce a expressão “mentalidade farisaica”. Eram pessoas que pensavam poder conquistar a justiça através de uma observância escrita e rigorosa da Lei de Deus. Geralmente, são pessoas medrosas, que não têm a coragem de assumir o risco da liberdade e da responsabilidade. Escondem-se atrás da lei e das autoridades. Quando estas pessoas alcançam uma função de comando, se tornam duras e insensíveis para esconder sua imperfeição.

Rabino, Guia, Mestre, Pai. São os quatro títulos que Jesus não permite que as pessoas usem. E, todavia, hoje na Igreja, os sacerdotes são chamados de “Pai” (padre). Muitos estudam nas universidades da Igreja e obtêm o título de “Doutor” (mestre). Muita gente faz direção espiritual e se aconselha com as pessoas que são chamadas “Diretor Espiritual” (guia). O que importa é que se tenha em conta o motivo que levou Jesus a proibir o uso destes títulos. Se, são usados para que uma pessoa se afirme em uma posição de autoridade e de poder, são mal utilizados e esta pessoa merece a crítica de Jesus. Se, são usados para alimentar a fraternidade e o serviço e para se aprofundar neles, não são criticados por Jesus. 





PARA REFLEXÃO PESSOAL

Quais são as motivações que tenho para viver e trabalhar na comunidade?
Como a comunidade me ajuda a corrigir e melhorar minhas motivações?



ORAÇÃO FINAL 

(SALMO 85,9)
Hoje serei mais sensível ao que existe ao meu redor, sobretudo, ao que vive oprimido; a viúva, o órfão e as situações onde faz falta que brilhe a justiça de Deus. E, além disso, colocarei meu melhor empenho em fazer o bem de uma maneira real e concreta.





segunda-feira, 17 de março de 2014

Lectio Divina - 17/03/14

SEGUNDA-FEIRA -17/03/2014

PRIMEIRA LEITURA: Daniel 9,4-10

Talvez, um dos grandes problemas com qual o qual a conversão enfrenta é o reconhecer, a partir do mais profundo de nosso coração, que somos pecadores. É que não é fácil reconhecer que somos fracos e, por isso, geralmente procuramos DESCULPAR nossas culpas e isto faz que seja difícil sair de nosso pecado ou superar nossas debilidades. Nesta passagem que nos apresenta a Sagrada Escritura, vemos com que humildade e simplicidade o profeta reconhece, não só o pecado pessoal, mas sim o coletivo. Ele sabe que o desterro que padecem é o fruto de seu pecado, porém, ao mesmo tempo sabe que seu Deus é um Deus de misericórdia. Não continuemos mascarando ou justificando nosso pecado e nossa debilidade, sejamos honestos conosco mesmo e declaremos diante de Deus e de seu ministro nossa debilidade. Deus é amor, e por esse amor esse amor nos perdoará, porém, mais ainda, esta ação é a que nos permitirá superar nosso pecado e viver continuamente na graça e no amor de Deus.


ORAÇÃO INICIAL 

Senhor Pai Santo, que para nosso bem espiritual nos mandaste dominar nosso corpo mediante a austeridade, ajuda-nos a libertar-nos da sedução do pecado e a entregar-nos ao cumprimento filial de tua santa lei. Por Nosso Senhor...


REFLEXÃO

Lucas 6,36-38

Os três breves versículos do evangelho de hoje constituem a parte final de um breve discurso de Jesus. Na primeira parte deste discurso, ele se dirige aos discípulos e aos ricos proclamando para os discípulos quatro bem-aventuranças e, para os ricos quatro maldições. Na segunda parte, dirige-se a todos os que não ouvem, a saber, aquela multidão imensa de pobres e enfermos, vinda de todos os lados. As palavras que diz a esta multidão e a todos nós são exigentes e difíceis: amar aos inimigos (Lc 6,27), não maldizer (Lc 6,28), oferecer a outra face aos que te golpeiam a rosto e não reclamar quando alguém toma o que é nosso (Lc 6,29). Como entender estes conselhos exigentes? As explicações são dadas por três versículos do evangelho de hoje, de onde tiramos o centro da Boa Nova que Jesus veio nos trazer.

Lucas 6,36: Ser misericordioso como vosso Pai é misericórdia. As bem-aventuranças para os discípulos e as maldições contra os ricos não podem ser interpretadas como uma ocasião para que os pobres se vinguem dos ricos. Jesus manda ter uma atitude contrária. E diz: “Amai vossos inimigos!” (Lc 6,27). A mudança ou a conversão que Jesus quer realizar em nós não consistem em algo superficial somente para inverter o sistema, pois, assim nada mudaria. Ele quer mudar o sistema. A Novidade que Jesus quer construir vem de nova experiência que tem de Deus como Pai/Mãe cheio de ternura que acolhe a todos, bons e maus, que faz brilhar o sol sobre maus e bons e faz chover sobre justos e injustos (Mt 5,45). O amor verdadeiro não depende do que eu recebo do outro. O amor dever querer o bem do outro independentemente do que ele ou ela fazem por mim. Pois, assim é o amor de Deus por nós. Ele é misericordioso não somente para com os bons, mas sim para com todos, até “com os ingratos e com os maus” (Lc 6,35). Os discípulos e as discípulas de Jesus devem irradiar este amor misericordioso.

Lucas 6,37-38: Não julgai e não sereis julgados. Estas palavras finais repetem de forma mais clara o que ele havia dito anteriormente: “Assim, pois, tratai aos demais como quereis que eles lhe tratem” (Lc 6,31, conf. Mt 7,12). Se não desejas ser julgado, não julgues! Se não desejas ser condenado, não condenes! Se queres ser perdoado, perdoe! Não fique esperando até que o outro tome a iniciativa, tome você a iniciativa e comece já! E verás que tudo isto ocorre.



PARA REFLEXÃO PESSOAL

A Quaresma é tempo de conversão. Qual é a conversão que o evangelho de hoje me pede?
Tem procurado ser misericordioso como o Pai do céu é misericordioso?


ORAÇÃO FINAL 

(SALMO 79,9)
Hoje farei um exame de consciência, colocando maior ênfase nas áreas de minha vida que mais me custa render à Deus; as apresentarei em oração deixando de racionalizar, declarando o que delas é pecado e pedindo perdão de coração.





sexta-feira, 14 de março de 2014

Lectio Divina - 14/013/14

SEXTA-FEIRA -14/03/2014


PRIMEIRA LEITURA: Ezequiel 18,21-28


Se algum defeito pudéssemos encontrar em Deus este seria SUA FALTA DE MEMÓRIA PARA NOSSOS PECADOS. Deus como nos diz hoje o profeta, não procura castigar-nos ou enviar-nos para a morte eterna, mas sim, ao contrário: continuamente, e desde a criação do homem, tem procurado por todos os modos que o homem o ame, o escute, o obedeça e tenha com ele a felicidade neste mundo e na vida eterna. A prova máxima deste projeto de Deus é haver-nos enviado seu próprio Filho para que por Ele tivéssemos esta vida profunda e cheia de paz. Mais ainda, conhece nossa debilidade e, como diz o salmo 103, sabe de que barro fomos feitos, por isso não nos trata como merecemos. Quando nós vamos ao sacramento da Reconciliação com um profundo arrependimento, Deus nos perdoa e jamais se lembra de nossas faltas. A Quaresma é um tempo propício para reconciliar-nos, não só com Deus e com os irmãos, mas sim, inclusive com nós mesmos; é tempo de perdoar nossos erros, de aceitar-nos como somos e propor-nos novas metas. Tenha coragem, Deus quer que tenhas vida e que tenhas em abundância.



ORAÇÃO INICIAL 

Que teu povo, Senhor, como preparação para as festas de Páscoa se entregue às penitências quaresmais, e que nossa austeridade comunitária sirva para a renovação espiritual de teus fiéis. Por Nosso Senhor...



REFLEXÃO

Mateus 5,20-26 


O texto do evangelho de hoje é parte de uma unidade maior de Mt 5,20 a Mt 5,48. Neste Mateus mostra como Jesus interpreta e explica a lei de Deus. Por cinco vezes repete a frase: “Haveis ouvido que se disse aos antepassados” (Mt 5,21.27.33.38.43). Um pouco antes havia dito: “Não pensem que vim acabar com a Lei e os Profetas. Não vim para acabar, mas sim, dar-lhes pleno cumprimento” (Mt 5,17). A atitude de Jesus diante da lei é, ao mesmo tempo, de ruptura e de continuidade. Rompe com as interpretações erradas, porém, mantém firme o objetivo que a lei quer alcançar: a prática de maior justiça é o Amor.

Mateus 5,20: A JUSTIÇA MAIOR QUE A JUSTIÇA DOS FARISEUS. Este primeiro versículo da a chave geral de tudo o que segue no conjunto de Mt 5,20-48. A palavra Justiça não aparece nem uma vez em Marcos, e sete vezes no Evangelho de Mateus (Mt 3,15; 5,6.10.20; 6,1.33; 21,32). Isto tem a ver com a situação das comunidades para as quais Mateus escreve. O ideal religioso dos judeus da época era “ser justo diante de Deus”. Os fariseus ensinavam: “A pessoa alcança a justiça diante de Deus quando chega a observar todas as normas da lei em todos seus detalhes!”. Este ensinamento engendrava uma opressão legalista e trazia muita angustia para as pessoas, pois, era muito difícil que alguém observasse todas as normas (cf. Rm 7,21-24). Por isto, Mateus recorre as palavras de Jesus sobre a justiça, mostrando que tem que superar a justiça dos fariseus (Mt 5,20). Para Jesus, a justiça não vem do que eu faço por Deus observando a lei, mas sim, do que Deus faz por mim, acolhendo-me como filho ou filha. O novo ideal que Jesus propõe é este: “Ser perfeito como o Pai do céu é perfeito” (Mt 5,48). Isto quer dizer: eu serei justo diante de Deus, quando procuro acolher e perdoar as pessoas como Deus me acolhe e me perdoa, apesar de meus defeitos e pecados.

Por meio de cinco exemplos bem concretos, Jesus mostrará como fazer para alcançar esta justiça maior que supera a justiça dos escribas e dos fariseus. Como veremos, o evangelho de hoje trás o primeiro exemplo relacionado com a nova interpretação do quinto mandamento: Não matarás! Jesus vai revelar o que Deus queria quando entregou este mandamento a Moisés.

Mateus 5,21-22: A LEI DIZ “NÃO MATARÁS!” (Ex 20,13). Para observar plenamente este quinto mandamento não basta evitar o assassinato. É preciso arrancar de dentro de si tudo aquilo que de uma maneira ou de outra pode levar ao assassinato, como por exemplo, raiva, ódio, desejo de vingança, exploração, insulto, etc.

Mateus 5,23-24: O CULTO PERFEITO QUE DEUS QUER. Para poder ser aceito por Deus e estar unido a Ele, é preciso estar reconciliado com o irmão, com a irmã. Antes da destruição do Templo, no ano 70, quando os judeus cristãos participavam nas romarias a Jerusalém para fazer suas oferendas ao altar e pagar suas promessas, eles se lembravam sempre desta frase de Jesus. Nos anos 80, no momento em que Mateus escreve, o Templo e o Altar já não existiam. Haviam sido destruídos pelos romanos. A comunidade e a celebração comunitária, passam a ser o Templo e o Altar de Deus. 

Mateus 5,25-26: RECONCILIAR. Um dos pontos em que o Evangelho de Mateus mais insiste é a reconciliação. Isto mostra que, nas comunidades daquela época, haviam muitas tensões entre grupos radicais com tendências diferentes e até opostas. Ninguém queria ceder diante do outro. Não havia diálogo. Mateus ilumina esta situação com palavras de Jesus sobre a reconciliação que pedem acolhida e compreensão. Pois, o único pecado que Deus não consegue perdoar é nossa falta de perdão para com os outros (Mt 6,14). Por isto, procure a reconciliação, antes que seja demasiado tarde.




PARA REFLEXÃO PESSOAL

Hoje são muitas as pessoas que gritam “Justiça”. Qual é o sentido que tem para mim a justiça evangélica?
Como me comporto diante dos que não me aceitam como sou? Como se tem comportado Jesus diante dos que não o aceitam?



ORAÇÃO FINAL 

(SALMO 130,1-2)
Hoje repetirei constantemente: “SENHOR DÁ-ME TUA VIDA”.