quinta-feira, 20 de março de 2014

Lectio Divina - 20/03/14

QUINTA-FEIRA -20/03/2014


PRIMEIRA LEITURA: Jeremias 17,5-10


Talvez a causa de que muitos irmãos vivam em uma constante perturbação, cheios de medos e angustias, é o querer construir sua vida e realizar seus projetos com suas próprias forças. Parece que, depois de tantos anos e de tantas tentativas falidas, não nos temos dado conta de nossa fraqueza para realizá-las. Se quisermos que nossa vida seja uma vida plena, cheia de paz, de alegria, e, sobretudo, de esperança, é necessário que deixemos mais espaço a Deus para trabalhar nela. Hoje, mais que nunca, o homem tem que deixar que seja Deus quem construa sua vida e quem dê impulso a seus projetos, pois, só Deus é poderoso e capaz de fazer o que para nós não é possível. Colocar nossa confiança em Deus implica soltar-se, deixar que Deus vá tomando o controle de nossa vida. “Coloque todo teu esforço - dizia um santo – como se tudo dependesse de ti, porém confie totalmente em Deus como se tudo dependesse Dele”. Este é o segredo para que nossa vida transcorra na paz de Deus.


ORAÇÃO INICIAL 

Senhor, tu que amas a inocência e a devolves a quem a tenha pedido, atrai para ti nossos corações e abrase-os no fogo de teu Espírito, para que permaneçamos firmes na fé e eficazes no trabalhar bem. Por Nosso Senhor... 



REFLEXÃO

Lucas 16,19-31


Cada vez que Jesus tem uma coisa importante para comunicar, ele cria uma história e conta uma parábola. Assim, através da reflexão sobre uma realidade visível, leva aos ouvintes a descobrir os chamados invisíveis de Deus, presentes na vida. Uma parábola é feita para pensar e refletir. Por isto, é importante prestar atenção a seus mínimos detalhes. Na parábola do evangelho de hoje, aparecem três pessoas: o pobre Lázaro, o rico sem nome e o Pai Abraão. Dentro da parábola, Abraão representa o pensamento de Deus. O rico sem nome representa a ideologia dominante da época. Lázaro representa o grito silencioso dos pobres do tempo de Jesus e de todos os tempos.

Lucas 16,19-21: A SITUAÇÃO DO RICO E DO POBRE. Os dois extremos da sociedade. Por um lado, a riqueza agressiva. Por outro, o pobre sem recursos, sem direitos, coberto de úlceras, impuro, sem ninguém que o acolha, a não ser os cachorros que lambem suas feridas. O que separa os dois é a porta fechada da casa do rico. De parte do rico não existe acolhida nem piedade para os problemas do pobre que está a sua porta. Porém o pobre tem nome e o rico não tem. Isto é, o pobre tem seu nome inscrito no livro da vida, o rico não. O pobre se chama Lázaro. Significa Deus ajuda. Através do pobre Deus ajuda o rico e o rico poderá ter seu nome no livro da vida. Porém, o rico não aceita ser ajudado pelo pobre, pois, permanece com sua porta fechada. Este início da parábola que descreve a situação é um espelho fiel do que estava ocorrendo no tempo de Jesus e no tempo de Lucas. É o espelho do que acontece hoje no mundo!

Lucas 16,22: A MUDANÇA QUE REVELA A VERDADE ESCONDIDA. O pobre morreu e foi levado pelos anjos para os seio de Abraão. Morre também o rico e é enterrado. Na parábola, o pobre morre antes do rico. Isto é um aviso para os ricos. Até que o pobre está a porta, existe salvação para os ricos. Mas, depois que o pobre morre, morre também o único instrumento de salvação para os ricos. Agora, o pobre está seio de Abraão. O seio de Abraão é a fonte de vida, de onde nasceu o povo de Deus. Lázaro, o pobre, é parte do povo de Abraão, do qual era excluído quando estava diante da porta do rico. O rico que pensa ser filho de Abraão não vai estar no seio de Abraão. Aqui termina a introdução da parábola. Agora começa a revelação de seu sentido, através da conversa entre o rio e o pai Abraão.

Lucas 16,23-26: A PRIMEIRA CONVERSA. Na parábola, Jesus abre uma janela sobre o outro lado da vida, o lado de Deus. Não se trata do céu. Trata-se do lado verdadeiro da vida que só a fé abre e que o rico sem fé não percebe. E só sob a luz da morte a ideologia do império se desintegra na cabeça do rico e aparece para ele o que é o valor real na vida. Ao lado de Deus, sem propaganda, sem a propaganda enganadora, os papéis mudam. O rico vê Lázaro no seio de Abraão, e pede que seja aliviado de seus sofrimentos. O rico descobre que Lázaro é seu único possível benfeitor! Porém, agora é demasiado tarde! O rico sem nome é devoto, já que reconhece Abraão e o chama de Pai. Abraão responde e lhe chama de filho. Esta palavra de Abraão, na realidade, está sendo dirigida a todos os ricos vivos. Enquanto vivos, eles têm ainda a possibilidade de tornarem-se filhos, filhas de Abraão, se souberem abrir a porta à Lázaro, o pobre, o único que em nome de Deus pode ajudá-los. A salvação para o rico não é que Lázaro lhe traga uma gota para refrescar sua língua, mas sim, que ele, o rico, abra a porta fechada ao pobre e assim tape o grande abismo. 

Lucas 16,27-29: A SEGUNDA CONVERSA. O rico insiste: “Pai, te suplico: mande Lázaro para casa de meu pai. Tenho cinco irmãos!”. O rico não quer que seus irmãos cheguem ao mesmo lugar de tormento. Lázaro, o pobre, é o único verdadeiro intermediário entre Deus e os ricos. É o único, porque só aos pobres os ricos podem devolver aquilo que têm e, assim, restabelecer a justiça prejudicada. O rico está preocupado com os irmãos. Nunca esteve preocupado com os pobres. A resposta de Abraão é clara: “Têm a Moisés e os Profetas: que os ouçam!”. Têm a Bíblia! O rico tinha a Bíblia, a conhecia de memória. Porém, nunca se deu conta de que a Bíblia tinha algo a ver com os pobres. O segredo para que o rico possa entender a Bíblia é o pobre sentado a sua porta.

Lucas 16,30-31: A TERCEIRA CONVERSA. “Não pai, se alguém entre os mortos lhes avisa de algo, eles vão se arrepender”. O rico reconhece que está equivocado, pois, fala de arrependimento, coisa que durante a vida não sentiu nunca. Ele quer um milagre, uma ressurreição! Mas, este tipo de ressurreição não existe. A única ressurreição é a de Jesus. Jesus ressuscitado vem até nós na pessoa do pobre, dos que não tem direitos, dos sem terra, dos famintos, dos sem teto, dos que não tem saúde. Em sua resposta final, Abraão é breve e contundente: “Se não ouvem a Moisés e aos profetas, tampouco, se convencerão ainda que um morto ressuscite”. Fim da conversa. Final da parábola.

O segredo para entender o sentido da Bíblia é o pobre Lázaro, sentado à porta. Deus vem a nós na pessoa do pobre, sentado a nossa porta, para ajudar-nos a tapar o abismo insondável que os ricos criaram. Lázaro também é Jesus, o Messias pobre e servo, que não foi aceito, mas, cuja morte mudou radicalmente todas as coisas. É a luz da morte o pobre que muda tudo. O lugar do tormento é a situação da pessoa sem Deus. Por mais que o rico pense ter religião e a fé, não há como ele possa estar com Deus, pois, não abriu a porta ao pobre, como fez Zaqeu (Lc 19,1-10).



PARA REFLEXÃO PESSOAL

Qual é o tratamento que damos aos pobres? Existe um nome para nós? Nas atitudes que tomo na vida, sou visto como Lázaro ou como o rico?
Entrando em contato conosco, os pobres percebem algo diferente? Percebem uma Boa Notícia? Para que lado se inclina meu coração: para o milagre ou para a Palavra de Deus?



ORAÇÃO FINAL 

(SALMO 1,1-2)
Hoje procurarei a coisa que mais me preocupa e que me agonia e a entregarei ao Senhor, confiando que Ele a resolverá, e se Ele deseja usar-me nessa situação, estarei disponível, porém, com a firme convicção de que a mão de Deus está ocupando-se de minha causa.



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