quarta-feira, 25 de junho de 2014

Lectio Divina - 25/06/14


QUARTA-FEIRA -25/06/2014



PRIMEIRA LEITURA: 2Reis 22,8-13;23,1-3


A lei de Deus é, diante de tudo, um convite a felicidade, pelo qual, sua desobediência acarreta ao homem angustia e a dor. Na linguagem do Antigo Testamento, isto é expresso como uma irritação por parte de Deus, todavia, esta atitude divina deve ser compreendida mais no sentido do que o próprio pecado trás em si mesmo. Não é que Deus nos castigue por não obedecer seus mandatos, mas sim que, o fato de não obedecer-lhe faz que se perca a felicidade. Isto é o que chamamos as conseqüências do pecado, das quais, a mais trágica é perder a vida eterna. No entanto, pareceria que depois de tantos anos de humanidade e de instrução por parte de Deus havendo-o experimentado uma e outra vez, todavia, não aprendemos e não temos colocado em nosso coração as palavras do Gênesis na qual Deus adverte a nossos primeiros pais: “O dia que comer desta árvore morrerá”. Regressemos a Deus com um coração arrependido e com o firme propósito de viver conforme sua vontade, a qual está expressa na Sagrada Escritura.



ORAÇÃO INICIAL 

Concede-nos viver sempre Senhor, no amor e respeito a teu santo nome, porque jamais deixas de dirigir a quem estabelece no sólido fundamento de teu amor. Por Nosso Senhor...



REFLEXÃO
Mateus 7,15-20


Estamos chegando as recomendações finais do Sermão do Monte. Comparando o evangelho de Mateus com o de Marcos percebe-se uma grande diferença na maneira na qual os dois, apresentam o ensinamento de Jesus. Mateus insiste mais no conteúdo do ensinamento e o organiza em cinco grandes discursos, dos quais o Sermão do Monte é o primeiro. Marcos, por mais de quinze vezes, diz que Jesus “ensinava”, porém, raramente diz o que Ele ensinava. Apesar destas diferenças, os dois concordam em um ponto: Jesus ensinava muito. Ensinar era o que Jesus mais fazia. Era seu costume. Mateus se interessa pelo conteúdo. Marcos se interessava pelo conteúdo? Depende do que entendemos por conteúdo! Ensinar não é só questão de comunicar verdades para que as pessoas aprendam de memória. O conteúdo não está só nas palavras, mas também nos gestos e na maneira que Jesus tem de relacionar-se com as pessoas. O conteúdo nunca está desligado da pessoa que o comunica. A pessoa é a raiz do conteúdo. A bondade e o amor que transparecem nas palavras e nos gestos de Jesus é parte do conteúdo. É sua espessura. Conteúdo bom sem bondade é como leite derramado. Não converte e não existe conversão. 

As recomendações finais e o resultado do Sermão do Monte na consciência das pessoas ocupam o evangelho de hoje e de amanhã. 

Mateus 7,15-16ª: CUIDADO COM OS FALSOS PROFETAS. No tempo de Jesus, havia profetas de todo tipo, gente que anunciavam mensagens apocalípticas para envolver as pessoas nos diversos movimentos daquela época. Essênios, fariseus, zelotes e outros (cf. At 5,36-37). No tempo que Mateus escreve havia também profetas que anunciavam mensagens diferentes da mensagem proclamada pelas comunidades. As cartas de Paulo mencionam estes movimentos e tendências ((cf 1Cor 12,3; Gal 1,7-9; 2,11-14;6,12). Não deve ter sido fácil para as comunidades fazer o discernimento de espíritos. Daqui a importância das palavras de Jesus sobre os falsos profetas. A advertência de Jesus é muito forte: “Cuidado com os falsos profetas: eles vêm vestidos com peles de ovelha, porém, dentro são lobos ferozes”. Jesus usa esta mesma imagem quando envia os discípulos e as discípulas em missão: “Os envio como cordeiros no meio de lobos” (Mt 10,16 e Lc 10,3). A oposição entre lobo voraz e manso cordeiro é irreconciliável, a não ser que o lobo se converta e perca sua agressividade como sugere o profeta Isaias (Is 11,6;65,25). O que importa aqui em nosso texto é o dom do discernimento. Não é fácil discernir os espíritos. Às vezes, acontece que interesses pessoais ou de grupo levam as pessoas a proclamar como “falsos” aos profetas que anunciam a verdade que incomoda. Isto aconteceu com Jesus. Foi eliminado e condenado à morte como falso profeta pelas autoridades religiosas da época. De vez em quando, acontece o mesmo e continua ocorrendo em nossa igreja. 

Mateus 7,16b-20: A COMPARAÇÃO DA ÁRVORE E SEUS FRUTOS. Para ajudar no discernimento de espíritos, Jesus usa a comparação do fruto: “Pelos frutos o reconhecerão”. Um critério similar já havia sugerido no livro do Deuteronômio (Dt 18,21-22). E Jesus acrescenta: “Uma árvore boa não produz frutos ruins, nem uma árvore ruim produz frutos bons. Toda árvore que não dá bom fruto, é cortada e jogada ao fogo”. No evangelho de João, Jesus completa a comparação: “Se algum de meus ramos não produz fruto, é cortado, e podo todos os ramos que produz fruto para que dê mais. Esses ramos são jogados fora e secam como ramos mortos” (Jo 15,2.4.6).




PARA REFLEXÃO PESSOAL

Falsos profetas! Conhece algum caso em que uma pessoa boa e honrada que proclamava uma verdade incomoda foi condenada como falso profeta?
Ao julgar pelos frutos da árvore de tua vida pessoal, como te defines: falso ou verdadeiro?


ORAÇÃO FINAL 

(SALMO 119,123-124)
Hoje farei uma recontagem de todas as coisas que me fazem feliz, confirmarei como essa felicidade chega para cumprir algum mandato divino e darei graças a Deus por isso.




terça-feira, 24 de junho de 2014

Lectio Divina - 24/06/14

TERÇA-FEIRA -24/06/2014

PRIMEIRA LEITURA: Isaias 49,1-6


Novamente o Senhor nos lembra que é Ele precisamente quem vence nossas batalhas, que em vão nos esforçamos, e é o seu poder que nos dá a vitória. É Deus que nos escolheu e chamou para viver em sua plenitude, por isso o grande erro do homem é querer ser auto-suficiente, buscar independência de tudo e de todos, inclusive do próprio Deus. Precisamente com Deus somos mais que vencedores, Jesus morreu e ressuscitou para isto, para que Nele tenhamos a vitória sobre nossos pecados e debilidades. Aproveitemos esta semana para intensificar nossa relação com Deus. Conhecendo-o mais a cada dia não só de “ouvidos”, mas sim como uma experiência pessoal. Preparemo-nos constantemente, intensificando nossa oração e buscando que a vitória de Deus se manifeste em nossa caridade para com os demais.



ORAÇÃO INICIAL 

Oh Deus, que tem instruídos seus fiéis, iluminando seus corações com a luz do Espírito Santo, concede-nos obter pelo mesmo Espírito o prazer do bem e gozar sempre de seus consolos. Glória, adoração, amor, benção a Ti eterno divino Espírito, que nos trouxe a terra o Salvador de nossas almas. E glória e honra a seu adorável Coração que nos ama com infinito amor! Oh Espírito Santo, alma de minha alma, eu te adoro: ilumina-me, guia-me, fortifica-me, consola-me, ensinando-me o que devo fazer, dá-me tuas ordens! Prometo submeter-me ao que permitires que me aconteça: faz-me só conhecer tua vontade.


REFLEXÃO

Lucas 1,57-66.80


Esta passagem do evangelho é parte dos chamados relatos da infância de Jesus. De modo particular este texto continua a cena da visita de Maria “à casa de Zacarias” (Lc 1,40) depois da anunciação do anjo mensageiro da nova criação. A anunciação de fato começa gozosamente o cumprimento das promessas de Deus a seu povo (Lc 1,26-38). O gozo dos novos tempos, que tem ocupado Maria, agora inunda o coração de Izabel. Ela se alegra pelo anuncio trazido por Maria (Lc 1,41). Maria por sua parte, “proclama as grandezas do Senhor” (Lc 1,46) porque o Poderoso tem feito grandes coisas nela, como também tem feito grandes prodígios para seu povo necessitado de salvação.

A expressão “cumpriu-se o tempo” nos lembra que esta realidade não somente surpreende Izabel grávida, mas sim, revela também algo do projeto de Deus. Paulo, com efeito, diz que quando se cumpriu o tempo, Deus mandou seu Unigênito “nascido de mulher, nascido sob a lei para resgatar àqueles que estavam sob a lei, para que receber-mos a adoção de filhos de Deus” (Gl 4,4). No evangelho Jesus fala do cumprimento dos tempos, especialmente no evangelho de João. Dois destes momentos são as bodas de Cana (Jo 2,1-12) e a agonia na cruz, onde Jesus proclama que “tudo está consumado” (Jo 19,30). No cumprimento dos tempos Jesus inicia uma era de salvação. O nascimento de João Batista inicia este tempo de salvação. Ele, de fato, com a chegada do Messias se alegra e salta de contentamento no ventre de Isabel sua mãe (Lc 1,44). Mais tarde ele se definirá como o amigo do esposo (Jesus), que se alegra com a chegada das bodas com sua esposa, a Igreja (Jo 3,29). 

O filho não se chamará como seu pai Zacarias, mas sim, João. Zacarias nos lembra que Deus não esqueceu seu povo. Seu nome, com efeito, significa “Deus é Favorável”. Seu filho, agora não poderá ser chamado “Deus é Favorável”, porque as promessas de Deus estão se cumprindo. A missão profética de João deve indicar a misericórdia de Deus. Ele, portanto, se chamará João, ou seja, “Deus é misericórdia” Esta misericórdia se manifesta na visita a povo, exatamente “como havia prometido por boca de seus santos profetas daquele tempo” (Lc 1,67-70). O nome indica por isto a identidade e a missão daquele que ia nascer. Zacarias escreveu o nome de seu filho sobre uma tábua para que todos pudessem ver com assombro (Lc1,63). Esta tábua evocará outra inscrição, escrita por Pilatos para ser colocada na cruz de Jesus. Esta inscrição revelava a identidade e a missão do crucificado: “Jesus Nazareno rei dos Judeus” (Jo 19,19). Também este escrito provocou o assombro dos que estavam em Jerusalém.

Em tudo, João é o precursor de Cristo. Desde seu nascimento e infância ele aponta para Cristo. “Quem será este menino?”. Ele é “a voz que grita no deserto” (Jo 1,23), animando a todos para preparar os caminhos do Senhor. Ele não é o Messias (Jo 1,20), porém, o indica com sua pregação e, sobretudo, com seu estilo de vida ascética no deserto. Ele, entretanto, “crescia e se fortificava no espírito. Viveu em regiões desérticas até o dia de sua manifestação à Israel” (Lc 1,80).



PARA REFLEXÃO PESSOAL

O que te chamou mais a atenção nesta passagem e nesta reflexão?
João se identifica como amigo do esposo. Qual é, a teu ver, o significado que tem esta imagem?
A igreja sempre viu a missão de João Batista. Ele é aquele que prepara o caminho do Senhor. Isto tem alguma importância para nossa vida diária?




ORAÇÃO FINAL 

Adoremos juntos a misericórdia e a bondade de Deus repetindo em silencio: Glória ao Pai ao Filho e ao Espírito Santo. Como era no principio agora e sempre pelos séculos dos séculos. Amém. 





quinta-feira, 12 de junho de 2014

Lectio Divina - 12/06/14


QUINTA-FEIRA -12/06/2014




PRIMEIRA LEITURA: 1Reis 18,41-46


É muito provável que quem não conhece Deus pudesse dizer ao terminar de ler este texto: “Seguramente que o escritor exagera ou se trata de algum gênero literário, pois, como é possível que uma pessoa possa correr mais que um cavalo?”. Para nós os cristãos, que somos testemunhos do poder de Deus, não só na ressurreição de Jesus, mas sim, em todas as mostras que cotidianamente nos dá o Senhor de seu poder, o que temos ouvido só confirma que para nosso Deus não existe nada impossível. Diante disto, porque não confiar plenamente no Senhor? Jesus nos tem dito no evangelho: “Tudo o que pedirem em meu nome lhes será concedido e quando Jesus disse “tudo”, refere-se precisamente ao TODO”. Algumas pessoas dirão: “Eu tenho pedido e nada me foi concedido”. A quem diz isto, devemos dizer-lhes que não é porque Deus não pode fazer, mas sim, porque Deus, em sua infinita bondade e sabedoria, sabe que não é bom para eles ou pra os que vivem com eles, e decide não conceder, já que como bom Pai jamais nos daria algo que pudéssemos lastimar ou que afetasse nossa salvação. Por isso, não desconfie nem por um momento de nosso amoroso Deus, e espere Nele, pois, Ele tem poder para fazer qualquer coisa que seja de proveito para nós e para os nossos.


ORAÇÃO INICIAL 

Que teu povo, Senhor, como preparação para as festas de Páscoa se entregue às penitências quaresmais, e que nossa austeridade comunitária sirva para a renovação espiritual de teus fiéis. Por Nosso Senhor...


REFLEXÃO

Mateus 5,20-26


O texto do evangelho de hoje é parte de uma unidade maior de Mt 5,20 a Mt 5,48. Neste Mateus mostra como Jesus interpreta e explica a lei de Deus. Por cinco vezes repete a frase: “Haveis ouvido que se disse aos antepassados” (Mt 5,21.27.33.38.43). Um pouco antes havia dito: “Não pensem que vim acabar com a Lei e os Profetas. Não vim para acabar, mas sim, dar-lhes pleno cumprimento” (Mt 5,17). A atitude de Jesus diante da lei é, ao mesmo tempo, de ruptura e de continuidade. Rompe com as interpretações erradas, porém, mantém firme o objetivo que a lei quer alcançar: a prática de maior justiça é o Amor.

Mateus 5,20: A JUSTIÇA MAIOR QUE A JUSTIÇA DOS FARISEUS. Este primeiro versículo da a chave geral de tudo o que segue no conjunto de Mt 5,20-48. A palavra Justiça não aparece nem uma vez em Marcos, e sete vezes no Evangelho de Mateus (Mt 3,15; 5,6.10.20; 6,1.33; 21,32). Isto tem a ver com a situação das comunidades para as quais Mateus escreve. O ideal religioso dos judeus da época era “ser justo diante de Deus”. Os fariseus ensinavam: “A pessoa alcança a justiça diante de Deus quando chega a observar todas as normas da lei em todos seus detalhes!”. Este ensinamento engendrava uma opressão legalista e trazia muita angustia para as pessoas, pois, era muito difícil que alguém observasse todas as normas (cf. Rm 7,21-24). Por isto, Mateus recorre as palavras de Jesus sobre a justiça, mostrando que tem que superar a justiça dos fariseus (Mt 5,20). Para Jesus, a justiça não vem do que eu faço por Deus observando a lei, mas sim, do que Deus faz por mim, acolhendo-me como filho ou filha. O novo ideal que Jesus propõe é este: “Ser perfeito como o Pai do céu é perfeito” (Mt 5,48). Isto quer dizer: eu serei justo diante de Deus, quando procuro acolher e perdoar as pessoas como Deus me acolhe e me perdoa, apesar de meus defeitos e pecados.

Por meio de cinco exemplos bem concretos, Jesus mostrará como fazer para alcançar esta justiça maior que supera a justiça dos escribas e dos fariseus. Como veremos, o evangelho de hoje trás o primeiro exemplo relacionado com a nova interpretação do quinto mandamento: Não matarás! Jesus vai revelar o que Deus queria quando entregou este mandamento a Moisés.

Mateus 5,21-22: A LEI DIZ “NÃO MATARÁS!” (Ex 20,13). Para observar plenamente este quinto mandamento não basta evitar o assassinato. É preciso arrancar de dentro de si tudo aquilo que de uma maneira ou de outra pode levar ao assassinato, como por exemplo, raiva, ódio, desejo de vingança, exploração, insulto, etc.

Mateus 5,23-24: O CULTO PERFEITO QUE DEUS QUER. Para poder ser aceito por Deus e estar unido a Ele, é preciso estar reconciliado com o irmão, com a irmã. Antes da destruição do Templo, no ano 70, quando os judeus cristãos participavam nas romarias a Jerusalém para fazer suas oferendas ao altar e pagar suas promessas, eles se lembravam sempre desta frase de Jesus. Nos anos 80, no momento em que Mateus escreve, o Templo e o Altar já não existiam. Haviam sido destruídos pelos romanos. A comunidade e a celebração comunitária, passam a ser o Templo e o Altar de Deus. 

Mateus 5,25-26: RECONCILIAR. Um dos pontos em que o Evangelho de Mateus mais insiste é a reconciliação. Isto mostra que, nas comunidades daquela época, haviam muitas tensões entre grupos radicais com tendências diferentes e até opostas. Ninguém queria ceder diante do outro. Não havia diálogo. Mateus ilumina esta situação com palavras de Jesus sobre a reconciliação que pedem acolhida e compreensão. Pois, o único pecado que Deus não consegue perdoar é nossa falta de perdão para com os outros (Mt 6,14). Por isto, procure a reconciliação, antes que seja demasiado tarde.



PARA REFLEXÃO PESSOAL

Hoje são muitas as pessoas que gritam “Justiça”. Qual é o sentido que tem para mim a justiça evangélica?
Como me comporto diante dos que não me aceitam como sou? Como se tem comportado Jesus diante dos que não o aceitam? 



ORAÇÃO FINAL 

(SALMO 65,10)
Hoje farei algo que sei que devo fazer, porém, que sempre tenho evitado por considerar fora de meu alcance, pedirei ao Senhor e o farei.






quarta-feira, 11 de junho de 2014

Lectio Divina - 11/06/14


QUARTA-FEIRA -11/06/2014



PRIMEIRA LEITURA: Atos 11,21-26;13,1-3


Quando os profetas cristãos anunciaram que estava para acontecer uma grande fome, a Igreja de Antioquia enviou ajuda às Igrejas da Judéia, demonstrando gratidão pelos missionários que lhes foram enviados. Quando Barnabé e Saulo foram “enviados pelo Espírito Santo”, não quer dizer que isso estava de acordo com suas inspirações particulares. O Espírito operou por intermédio dos chefes da comunidade que jejuaram e rezaram pedindo orientação. Por meio de uma profecia, o Espírito escolheu Barnabé e Saulo. Então, os chefes os enviaram, o que subentende uma prestação de contas da missão perante esses chefes, o que se confirma com o relatório à Igreja de Antioquia por ocasião de seu regresso.



ORAÇÃO INICIAL 

Oh Deus, fonte de todo o bem, ouça sem cessar nossas súplicas, e conceda-nos, inspirados por ti, pensar no que é reto e cumprir com sua ajuda. Por Nosso Senhor...



REFLEXÃO

Mateus 10,7-13


Hoje é dia de São Barnabé. O evangelho fala das instruções de Jesus aos discípulos sobre como anunciar a Boa Nova do Reino as “ovelhas perdidas de Israel”. Eles devem: (a)-cuidar dos enfermos, ressuscitar os mortos, purificar os leprosos, expulsar os demônios; (b)-anunciar gratuitamente aquilo que gratuitamente receberam; (c)-não levar nem ouro , nem sandálias, nem bastão, nem alforje, nem sapatos, nem duas túnicas; (d)-procurar uma casa onde possam ser hospedados até terminar a missão; (e)-ser portadores da paz.

No tempo de Jesus havia diversos movimentos que, como Jesus, buscava uma nova maneira de viver e conviver, por exemplo, João Batista, os fariseus, os essênios e outros. Muitos deles formavam comunidades de discípulos (Jo 1,35: Lc 11,1; At 19,3) e tinham seus missionários (Mt 23,15). Porém, havia uma grande diferença! Por exemplo, os fariseus, quando iam para uma missão, iam prevenidos. Pensavam que não podiam confiar na comida das pessoas que nem sempre era ritualmente “pura”. Por isso eles levavam alforje e dinheiro para poder cuidar de sua própria comida. Assim, as observâncias da Lei de pureza, no lugar de ajudar a superar as divisões, enfraqueciam ainda mais a vivência dos valores comunitários. A proposta de Jesus é diferente. Seu método ultrapassa nos conselhos que dá aos apóstolos quando os envia em missão. Por meio das instruções, procura renovar e reorganizar as comunidades da Galiléa para que seja novamente uma expressão da Aliança, uma mostra do Reino de Deus.

Mateus 10,7: O ANUNCIO DA PROXIMIDADE DO REINO. Jesus envia seus discípulos para anunciar a Boa Nova. Eles devem dizer: “O Reino dos céus está próximo!”. O que é que significa esta proximidade? Não significa a proximidade no tempo no sentido que basta esperar um pouco e em breve o Reino aparecerá. “O Reino está próximo” significa que já está a nosso alcance, já “está no meio de nós” (Lc 17,21). É preciso adquirir um novo olhar para poder perceber sua presença ou proximidade. A vinda do Reino não é fruto de nossa observância, como queriam os fariseus, mas sim, se faz presente, gratuitamente, nas ações que Jesus recomenda aos apóstolos: cuidar dos enfermos, ressuscitar os mortos, purificar os leprosos, expulsar os demônios.

Mateus 10,8: CURAR, RESSUSCITAR, PURIFICAR, EXPULSAR. Enfermos, mortos, leprosos, possuídos eram os excluídos da convivência, e eram excluídos em nome de Deus. Não podiam participar na vida comunitária. Jesus manda que estas pessoas excluídas sejam acolhidas, incluídas. E nestes gestos de acolhida e inclusão, o Reino se faz presente. Pois, nestes gestos de gratidão humana transparece o amor gratuito de Deus que reconstruiu a convivência humana e que rejeita as relações inter-pessoais. 

Mateus 10,9-10: NÃO LEVAR NADA. Ao contrário dos outros missionários, os apóstolos não podem levar nada: “Não levais ouro, nem prata, nem cobre em vossas cintas, nem alforje pelo caminho, nem duas túnicas, nem sandálias, nem bastão, porque o trabalhador merece seu sustento”. A única coisa que podem levar é a Paz (Mt 10,13). Isto significa que devem confiar na hospitalidade e no compartilhar das pessoas. Pois, o discípulo que vai sem levar nada apenas a paz, mostra que confia nas pessoas. Acredita que vai ser recebido, e as pessoas se sentem provocadas, valorizadas, respeitadas e confirmadas. O trabalhador tem direito a seu alimento. Por meio da prática, o discípulo critica as leis da exclusão e resgata os valores do compartilhar e da convivência comunitária.

Mateus 10,11-13: CONVIVER E INTEGRAR-SE NA COMUNIDADE. Ao chegar a algum lugar os discípulos devem escolher uma casa de paz e ali devem permanecer até o fim. Não devem andar de casa em casa, mas, conviver de forma estável. Devem fazer-se membro da comunidade e trabalhar pela paz, isto é, pela reconstrução das relações humanas que favorecem a paz. Por meio desta prática, resgatam uma antiga tradição do povo, criticam a cultura de acumulação que marcava a política do Império Romano e anunciam um novo modelo de convivência. 

RESUMINDO: as ações recomendadas por Jesus para o anuncio do Reino são estas: acolher os excluídos, confiar na hospitalidade, provocar a partilha em comum, conviver de modo estável e de forma pacífica. Se isto acontece, então, podem e devem gritar aos quatro ventos: “O Reino já chegou!”. Anunciar o Reino não é em primeiro lugar ensinar verdades e doutrinas, catecismo ou direito canônico, mas, levar as pessoas a uma nova maneira de viver e conviver, a uma nova maneira de agir e de pensar a partir da Boa Nova, trazida por Jesus: que Deus é Pai/Mãe e que, portanto, todos somos irmãos e irmãs.



PARA REFLEXÃO PESSOAL

Por que é que todas estas atitudes recomendadas por Jesus são sinal da chegada do Reino de Deus?
Como realizar hoje o que Jesus pede: “não levar alforje”, “não andar de casa em casa”?


ORAÇÃO FINAL 

(SALMO 98,1)
Permita que o amor de Deus encha hoje tua vida. Abra-lhe teu coração.





terça-feira, 10 de junho de 2014

Lectio Divina - 10/06/14

TERÇA-FEIRA -10/06/2014




PRIMEIRA LEITURA: 1Reis 17,7-16


Se dissermos que a obediência é difícil de viver, pois, age diretamente sobre nosso “eu” mais profundo, ao ter que renunciar a si mesmo, a seus projetos e atividades, obediência a Deus por meio de seus profetas pode resultar, todavia, ainda mais difícil. É comum ouvir que a pessoa de declara como cristã, porém, é triste ver que usa vida não procura acomodar-se às exigências do Evangelho. E isto é porque os que assim agem, não estão dispostos a obedecerem de maneira total. Acreditam em Jesus, porém, parece, por suas atitudes, que não acreditam em Jesus. Nesta passagem, Deus fala por meio do profeta Elias, e pede a viúva que confie e que faça EXATAMENTE o que o Senhor lhe pede; se ela acreditar, não faltará a comida nessa casa. Aprendamos confiar plenamente em Jesus, tenhamos fé autêntica Nele e acreditemos em sua Palavra. Nem sempre será fácil, porém, nisso veremos, como viu a viúva, a benção e a provisão que Deus tem para aqueles que confiam plenamente Nele.


ORAÇÃO INICIAL 

Oh Deus, fonte de todo o bem, ouça sem cessar nossas súplicas, e conceda-nos, inspirados por ti, pensar no que é reto e cumprir com sua ajuda. Por Nosso Senhor... 


REFLEXÃO

Mateus 5,13-16

Ao meditar as oito bem-aventuranças, passamos pelo portal de entrada do Sermão do Monte. No evangelho de hoje recebemos uma importante instrução sobre a missão da comunidade. Tem que ser sal da terra e luz do mundo. O sal não existe para si, mas sim, para dar sabor à comida. A luz não existe para si, mas sim, para iluminar o caminho. A comunidade não existe para si, mas sim, para servir ao povo. Na época em que Mateus escreveu seu evangelho, esta missão estava sendo difícil para as comunidades dos judeus convertidos. Apesar de viver na observância fiel da lei de Moisés, estavam sendo expulsos das sinagogas, cortados de seu passado judeu. Frente a isto, entre os pagãos convertidos alguns diziam: “Com a vinda de Jesus, a lei de Moisés está superada”. Tudo isto causava tensões e incertezas. A abertura de uns parecia criticar a observância de outros, e vice-versa. Este conflito gerou uma crise que levou cada qual a fechar-se em sua própria posição. Alguns queriam avançar, outros queriam colocar a lâmpada debaixo da mesa. Muitos se perguntavam: “A final, qual é nossa missão?”. Lembrando e atualizando as palavras de Jesus, o Evangelho de Mateus procura ajudá-los:

Mateus 5,13-16: SAL DA TERRA. Usando imagens da vida diária, com palavras simples e diretas, Jesus ensina qual é a missão e a razão de ser uma comunidade cristã: ser sal. Naquele tempo, com o calor que fazia as pessoas e os animais necessitavam consumir muito sal. As pessoas iam consumindo sal que o abastecedor deixava em grandes blocos na praça pública. No final o que sobrava ficava espalhado como pó na terra, e perdia o gosto. “Já não servia para mais nada, era jogado fora e pisoteado pelos homens”. Jesus evoca este costume para clarear aos discípulos e discípulas a missão que devem realizar. 

Mateus 5,14-16: LUZ DO MUNDO. A comparação é obvia. Ninguém acende uma lâmpada para colocá-la debaixo da cama. Uma cidade situada em cima de um monte não consegue ficar escondida. A comunidade deve ser luz, deve iluminar. Não deve temer que apareça o bem que faz. Não o faz para que o vejam, porém, o que faz é possível que se veja. O sal não existe para si. A luz não existe para si. E assim tem que ser a comunidade: não pode ficar fechada em si mesma. “Brilhe assim vossa luz diante dos homens, para que vejam vossas obras e glorifiquem vosso Pai que está nos céus”.

Mateus 5,17-19: NEM UMA VÍRGULA DA LEI CAIRÁ. Entre os judeus convertidos havia duas tendências. Uns pensavam que não era necessário observar as leis do AT, porque é pela fé em Jesus que somos salvos e não pela observância da Lei (Rm 3,21-26). Outros pensavam que eles, sendo judeus, deviam continuar a observar as leis do AT (At 15,1-2). Em cada uma das duas tendências havia grupos mais radicais. Diante deste conflito, Mateus procura chegar a um equilíbrio entre o dois extremos. A comunidade deve ser o espaço onde este equilíbrio pode ser alcançado e vivido. A resposta dada por Jesus aos que o criticavam continua sendo bem atual: “Não vim para abolir a Lei, mas sim, para dar-lhe cumprimento!”. As comunidades não podem ir contra a Lei, nem podem fechar-se na observância da lei. Igualmente Jesus, devem dar um passo e mostrar, na prática, que o objetivo que lei quer alcançar na vida é a prática perfeita do amor.

AS DIVERSAS TENDÊNCIAS NAS PRIMEIRAS COMUNIDADES CRISTÃS. O plano de salvação tem três etapas unidas entre si pela terra da vida: (a)-O Antigo Testamento: a caminhada do povo hebreu, orientada pela lei de Deus. (b)-A vida de Jesus de Nazaré: renova a lei de Deus a partir de sua experiência de Deus como Pai/Mãe. (c)-A vida das comunidades: através do Espírito de Jesus, procuram viver a vida como Jesus a viveu. A unidade destas três etapas engendra a certeza de fé de que Deus está no meio de nós. Os intentos de quebrar ou enfraquecer a unidade deste plano de salvação engendram vários grupos e tendências nas comunidades: (01)-Os fariseus não reconheciam Jesus como Messias e aceitavam só o AT. Dentro das comunidades havia pessoas simpatizantes com a linha dos fariseus (At 15,5). (02)-Alguns judeus convertidos aceitavam Jesus como Messias, porém, não aceitavam a liberdade do Espírito com que as comunidades viviam na presença de Jesus ressuscitado (At 15,1). (03)-Outros, tanto judeus como pagãos convertidos, pensavam que com Jesus havia chegado o fim do AT. Daqui em diante, só Jesus e a vida no Espírito. (04)-Havia também cristãos que viviam tão plenamente a vida na liberdade do Espírito que não olhavam mais a vida de Jesus de Nazaré nem o Antigo Testamento (1Cor 12,3). (05)-Agora, a grande preocupação do Evangelho de Mateus é mostrar que o AT, Jesus de Nazaré e a vida no Espírito não podem separar-se. As três formam parte do mesmo e único projeto de Deus e nos comunicam a certeza da fé: o Deus de Abraão e Sara está presente no meio das comunidades pela fé em Jesus de Nazaré. 




PARA REFLEXÃO PESSOAL

Para você, em tua experiência de vida, para que serve o sal? Tua comunidade, está sendo sal? De que maneira tua comunidade está sendo luz?
As pessoas do bairro, como vêm a tua comunidade? Tua comunidade tem atração? É sinal? De que? Para quem?


ORAÇÃO FINAL 

(SALMO 4,2-3)
Hoje procurarei uma área de minha vida na qual ainda não confio de tudo em Deus e em um momento de oração lhe direi que quero que Ele tome as rédeas dela e que me diga o que devo fazer e então o farei.





segunda-feira, 2 de junho de 2014

Lectio Divina - 02/06/14


SEGUNDA-FEIRA -02/06/2014



PRIMEIRA LEITURA: Atos 19,1-8


A grande novidade do Novo Testamento é o “dom do Espírito Santo”, isto é, a “habitação” de Deus em nós. A partir de Pentecostes, a ação de Deus no homem não é a partir de fora, mas sim, de dentro. Entretanto, dado que sua presença é espiritual, só a podemos reconhecer por sua ação. Esta é talvez a razão pela qual na Igreja primitiva um dos “sinais sensíveis” que indicavam a presença do Espírito Santo no coração dos que acreditava é o que se chama “dom de Línguas”, começar a falar em línguas desconhecidas. Esta manifestação, a encontraremos ao longo do livro dos Atos e está sempre associada com o batismo e com a oração. No meio deste mundo incrédulo que hoje vivemos, esta manifestação é de novo um dom claro em muitos cristãos, associado hoje em dia ao batismo, que se recebe de pequeno, com a “aceitação pessoal da salvação em Cristo” e o compromisso de viver conforme o Evangelho. Por isso, em muitas reuniões de oração, como na primeira comunidade, se “ouve orar aos cristãos em línguas que só os anjos conhecem”. Como todos os dons na Igreja, este também deve ser discernido para não enganar-nos na vida espiritual. Deixe que o Espírito te manifeste sua presença viva em ti.



ORAÇÃO INICIAL 

Derrama Senhor, sobre nós a força do Espírito Santo, para que possamos cumprir fielmente tua vontade e darmos testemunho de ti com nossas obras. Por Nosso Senhor...



REFLEXÃO

João 16,29-33


O contexto do evangelho de hoje continua sendo o ambiente da Última Ceia, ambiente de convivência e de despedida, de tristeza e de expectativa, na qual se reflete a situação das comunidades da Ásia Menor dos finais do primeiro século. Para poder entender bem os evangelhos, não podemos nunca esquecer que não relatam as palavras de Jesus como se fossem gravadas em um CD para transmiti-las literalmente. Os evangelhos são escritos pastorais que procuram encarnar e atualizar as palavras de Jesus nas novas situações em que se encontravam as comunidades na segunda metade do primeiro século na Galiléia (Mateus), na Grécia (Lucas), na Itália (Marcos) e na Ásia Menor (João). No Evangelho de João, as palavras e as perguntas dos discípulos não são só dos discípulos, mas sim, nelas afloram também as perguntas e os problemas das comunidades. São espelhos, nos quais as comunidades, tanto as daqueles tempos como as de hoje, se reconhecem com suas tristezas e angústias, com suas alegrias e esperanças. Encontram luz e força nas respostas de Jesus.

João 16,29-30: AGORA ESTÁ FALANDO CLARAMENTE. Jesus havia dito aos discípulos: pois o próprio Pai os quer, porque me quereis a mim e acreditais que sai de Deus. Sai do Pai e vim ao mundo. Agora deixo outra vez o mundo e vou ao Pai (Jo 16,27-28). Ao ouvir esta afirmação de Jesus, os discípulos respondem: Agora sim falas claro, e não diz nenhuma parábola. Agora sabemos que sabes tudo e não necessitas que ninguém te pergunte. Por isto, acreditamos que saíste de Deus. Os discípulos pensavam que entendiam tudo. Sim, realmente, eles captaram uma luz verdadeira para clarear seus problemas. Porém, Deus não cabe em nossos esquemas. Supera tudo, desarma nossos esquemas e nos traz surpresas inesperadas que, às vezes, são muito dolorosas. 

João 16,31-32: VÃO ME DEIXAR SÓ, PORÉM, EU NÃO ESTOU SÓ. O PAI ESTÁ COMINGO. Jesus pergunta: “Agora acreditam?”. Ele conhece seus discípulos. Sabe que falta muito para a compreensão total do mistério de Deus e da Boa Nova de Deus. Sabe que, apesar da boa vontade e apesar da luz que acabaram de receber naquele momento, eles tinham que enfrentar a surpresa inesperada e dolorosa da Paixão e da Morte de Jesus. A pequena luz que captaram não bastava para vencer a escuridão da crise: Olhem que é chegada a hora (e já chegou) em que vos dispersareis cada um para um lado e me deixarei só. Mas, Eu não estou só, porque o Pai está comigo. Esta é a fonte da certeza de Jesus e, através de Jesus, esta é e será a fonte da certeza de todos nós: O Pai está comigo. Quando Moisés foi enviado para a missão para libertar o povo da opressão do Egito, recebeu esta certeza: “Vai, Eu estou contigo” (Ex 3,12). A certeza da presença libertadora de Deus está expressa no nome que Deus assumiu na hora de iniciar o Êxodo e libertar seu povo: JHWH, Deus conosco. Este é meu nome para sempre (Ex 3,15). Nome que está presente mais de seis mil vezes só no Antigo Testamento.

João 16,33: CORAGEM, EU VENCI O MUNDO!. E agora vem a última frase de Jesus que antecipa a vitória e que será fonte de paz e de resistência tanto para os discípulos daquele tempo como para todos nós, até hoje: Tenho dito estas coisas para que tenhais paz em mim. No mundo tereis tribulação. Porém, coragem: Eu venci o mundo! “Com seu sacrifício por amor, Jesus vence o mundo e a Satanás. Seus discípulos são chamados para participar na luta e na vitória. Sentir a coragem que Ele infunde já é ganhar a batalha”.




PARA REFLEXÃO PESSOAL

Uma pequena luz ajudou aos discípulos à dar um passo, porém, não iluminou todo o caminho. Você já teve uma experiência assim em tua vida?
Coragem! Eu venci o mundo! Esta frase de Jesus te ajudou alguma vez em tua vida?



ORAÇÃO FINAL 

(SALMO 16,1-2,5)
Quando estiver orando, pessoalmente ou em comunidade, peça ao Senhor que vá dispondo seu coração para receber os dons que Ele quer manifestar através de você e coloque-os à serviço da Igreja.