quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Lectio Divina - 07/08/14


QUINTA-FEIRA -07/08/2014


PRIMEIRA LEITURA: Jeremias 31,31-34


Não deve ter sido fácil para o povo de Israel, em sua reflexão depois do exílio, entender a que se referia o profeta quando disse “nova aliança, uma Aliança gravada no coração”, já que para eles a aliança já era definitiva, era essa relação especial que Deus havia estabelecido com seu povo e que estava contida nas tábuas da Lei dadas à Moisés no deserto. Todavia, para nós que temos tido a felicidade de conhecer Cristo, entendemos com clareza que esta Nova Aliança, não é outra coisa senão seu amor, fruto da habitação do Espírito Santo e que se expressa pelo amor que, como diz Paulo, se derramou em nossos corações, levando-nos a amá-lo, não a partir do exterior a base de ritos e prescrições, mas sim, pelo impulso interno que nos leva a chamar Deus de Pai e aos demais batizados, irmãos. É, em poucas palavras, a própria presença de Deus transformada em caridade em nossos corações. O maravilhoso é que esta Aliança não foi selada com sangue de touros ou cabritos, mas, com o próprio sangue de Cristo, o Filho de Deus. Esta nova Aliança que nos tem feito não só ser povo de Deus, mas filhos no Filho e, por isso, co-herdeiros com Ele da herança eterna, nos abriu as portas do Paraíso e nos deu poder para ser realmente felizes. Seguramente estas palavras de Jeremias que lemos hoje, devem ter ressoado como uma revelação nos ouvidos dos apóstolos, quando Jesus tomou o copo de vinho e disse: “Este é o copo de meu sangue, sangue da nova e eterna aliança”, pois, com elas se dava cabal cumprimento as palavras proféticas com as quais se inaugurava a nova e definitiva etapa da humanidade a qual, perdoada por este sangue, iniciava seu caminho para a páscoa eterna. Que ao escutar na Eucaristia estas mesmas palavras, nos sintamos comprometidos a respeitar a Aliança e a vivê-la, sabendo que nela encontramos a paz e o perdão de Deus.


ORAÇÃO INICIAL 

Vem Senhor, em ajuda de teus filhos, derrama tua bondade inesgotável sobre os que te suplicam, e renova e proteja a obra de tuas mãos em favor dos que te louvam como criador e como guia. Por Nosso Senhor...


REFLEXÃO

Mateus 16,13-23

Estamos na parte narrativa entre o Sermão das Parábolas e o Sermão da Comunidade. Nestas partes narrativas que enlaçam entre si os cinco Sermões, Mateus costuma seguir a seqüência do Evangelho de Marcos. De vez em quando, cita outras informações, conhecidas também por Lucas. E aqui e ali, trás textos que só aparecem no evangelho de Mateus, como no caso da conversa entre Jesus e Pedro, do evangelho de hoje. Este texto recebe interpretações diversas e até opostas nas diversas igrejas cristãs.
Naquele tempo, as comunidades cultivavam um laço afetivo muito forte com os líderes que haviam dado origem à comunidade. Por exemplo, as comunidades de Antioquia na Síria, cultivavam sua relação com a pessoa de Pedro. As da Grécia, coma pessoa de Paulo. Algumas comunidades da Ásia, com a pessoa do Discípulo Amado e outras com a pessoa de João, no Apocalipse. Uma identificação com estes líderes de sua origem ajudava às comunidades a cultivar melhor sua identidade e espiritualidade. Porém, podia ser também motivo de disputa, como no caso da comunidade de Corinto (1Cor 1,11-12).
Mateus 16,13-16: AS OPINIÕES DAS PESSOAS E DOS DISCÍPULOS A RESPEITO DE JESUS. Jesus faz perguntas para saber o que as pessoas pensam a seu respeito, o Filho do Homem. As respostas são variadas. João Batista, Elias, Jeremias, algum profeta. Quando Jesus pergunta a opinião dos discípulos, Pedro se torna porta voz e diz: “Tu és o Cristo, o Filhos de Deus vivo!”. A resposta não é nova. Anteriormente, os discípulos haviam dito o mesmo (Mt 14,33). No evangelho de João, Marta fez a mesma profissão de fé (Jo 11,27). Significava que em Jesus se realizam as profecias do Antigo Testamento.
Mateus 16,17: A RESPOSTA DE JESUS A PEDRO: “BEM AVENTURADO ÉS SIMÃO!”. Jesus proclama Pedro “Bem-aventurado!”, porque recebeu uma revelação do Pai. Aqui também a resposta de Jesus não é nova. Anteriormente, Jesus havia louvado o Pai porque havia revelado o Filho aos pequenos e não aos sábios (Mt 11,25-27) e havia feito a mesma proclamação de alegria aos discípulos por estar vendo e ouvindo coisas novas que, antes deles, ninguém conhecia nem havia ouvido falar (Mt 13,16).
Mateus 16,18-20: AS ATRIBUIÇÕES DE PEDRO: SER PEDRA E TER AS CHAVES DO REINO. (a)-Ser Pedra: Pedro deve ser “pedra”, isto é, deve ser fundamento firme para a igreja para que possa resistir contra as portas do inferno. Com estas palavras de Jesus à Pedro, Mateus anima as comunidades perseguidas da Síria e da Palestina a que vejam em Pedro o líder destacado de sua origem. Apesar de ser fraca e perseguida, a comunidade tem um fundamento firme, pela palavra de Jesus. A função de ser pedra como fundamento da fé lembra a palavra de Deus ao povo no exílio: “Ouvi-me, vós, que estais à procura da justiça vós, que buscais a Iahweh. Olhai para a rocha da qual fostes talhados, para a cova de que fostes extraídos. Olhai para Abraão, vosso pai, e para Sara, aquela que vos deu à luz. Ele estava só quando o chamei, mas eu o abençoei e o multipliquei” (Is 51,1-2). Indica que em Pedro existe um novo começo do povo de Deus. (b)-As chaves do Reino: Pedro recebe as chaves do Reino. O mesmo poder de ligar e desligar é dado às comunidades (Mt 18,18) e aos outros discípulos (Jo 20,23). Um dos pontos em que o evangelho de Mateus mais insiste é a reconciliação e o perdão. É uma das tarefas mais importantes dos coordenadores e coordenadoras das comunidades. Imitando Pedro, devem atar e desatar, isto é, fazer com que haja reconciliação, aceitação mútua, construção de fraternidade, até setenta vezes sete (Mt 18,22).
Mateus 16,21-22: JESUS, COMPLETA O QUE FALTA NA RESPOSTA DE PEDRO, E ESTE REAGE. Jesus começa a dizer: “que Ele devia ir à Jerusalém e sofrer muito de parte dos anciãos, dos sumos sacerdotes e dos escribas, ser morto e ressuscitar no terceiro dia”. Ao dizer que “devia” ir e que “devia” morrer, e que era “necessário” sofrer, indicava que o sofrimento estava previsto nas profecias. O caminho do Messias não era só de triunfo e de glória, mas também de sofrimento e de cruz! Se Pedro aceita Jesus como Messias e Filho de Deus, deveria aceitá-lo também como Messias Servo que vai morrer. Porém, Pedro não aceita a correção de Jesus e procura dissuadi-lo. Pedro, afastando-o, se pôs a repreendê-lo dizendo: “Longe de ti Senhor! De modo algum te acontecerá isso!”. 
Mateus 16, 23: A RESPOSTA DE JESUS A PEDRO: PEDRA DE TROPEÇO. A resposta de Jesus é surpreendente. Pedro queria orientar Jesus tomando a dianteira. Jesus reage: “Afasta-te de mim, Satanás! Escândalo é pra mim, porque teus pensamentos não são de Deus, mas sim, dos homens!”. Pedro tem que seguir, e não o contrário. É Jesus quem dá a direção. Satanás é aquele que desvia a pessoa do caminho traçado por Deus. De novo aparece a expressão “pedra”, porém, agora no sentido oposto. Pedro, agora não é a pedra de apoio, agora é a pedra de tropeço. Assim eram as comunidades da época de Mateus, marcadas pela ambigüidade. Assim somos todos nós e assim é, segundo as palavras de João Paulo II, o próprio papado, marcado pela mesma ambigüidade de Pedro: “PEDRA DE APOIO NA FÉ E PEDRA DE TROPEÇO NA FÉ”.


PARA REFLEXÃO PESSOAL

Quais são em nossa comunidade as opiniões que existem sobre Jesus? Estas diferenças na maneira de viver e expressar a fé enriquece a comunidade ou a prejudica em sua caminhada?
Que tipo de “pedra” é nossa comunidade? Qual é a missão resultante disto para nós? 


ORAÇÃO FINAL 

(SALMO 51,12-13)
Hoje manterei uma atitude alegre e respeitosa para com os que me rodeiam, pensando no maravilhoso amor, alegre e doce de Deus.






Nenhum comentário:

Postar um comentário