sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Lectio Divina - 08/08/14


SEXTA-FEIRA -08/08/2014




PRIMEIRA LEITURA: Naum 2,1.3; 3, 1-3.6-7


Ainda que Deus permita situações adversas, inclusive com no caso de Israel, seus próprios inimigos se convertem em um instrumento de Deus para instruir e corrigir seu povo, Deus sempre aponta e restringe sua maldade e espera inclusive deles uma conversão e o respeito aos princípios fundamentais do amor imposto pelo próprio Deus em seus corações. De modo que, uma aprendida a lição, o povo pode regressar para sua casa e reiniciar sua vida cotidiana no cumprimento da Lei. Mas, quando o povo ou o instrumento de Deus se corrompe e já não segue seus caminhos, o próprio Deus destruirá o “agressor” e o apagará da face da terra. Tudo isto nos ajuda a entender as palavras do Salmo que dizem: “Vi que o poderoso se exaltava e dizia: onde está o Deus que me pede contas? Porém, voltei a passar e já não estava, pois, tu os precipitas nas ruínas”. Irmãos, ninguém pode, como diz Paulo, enganar a Deus e pensar que é poderoso à margem Dele, pois “de Deus ninguém escapa”. Se alguém pensa que é poderoso, lembre sempre que esse poder foi lhe conferido pelo próprio Deus. Recordemos que quando Jesus estava sendo julgado, Ele mesmo lembrou a Pilatos que dizia ter poder para soltá-lo ou crucificá-lo, que este poder o havia recebido do céu. Quando o homem usa o poder que Deus lhe tem dado sobre os outros para explorá-los, para julgar-se superior e isento do domínio de Deus, cumprem-se infalivelmente as palavras do profeta Naum: “Será destruído e apagado do mapa para sempre”. Jamais esqueçamos que se algo somos, que se algo temos, muito mais, que algo podemos sobre alguns irmãos, este poder nos tem sido dado por Deus para o serviço de sua Glória.


ORAÇÃO INICIAL 

Deus eterno e todo-poderoso, a quem ousamos chamar de Pai, dai-nos cada vez mais um coração de filhos para alcançarmos um dia a herança que prometestes. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.



REFLEXÃO

Mateus 16,24-28

Contexto. Até o capítulo 18, Mateus mostrou como os discursos de Jesus marcaram as diferentes fases da constituição progressiva e formação da comunidade dos discípulos em torno de seu Mestre. Agora em 19,1, este pequeno grupo se afasta dos territórios da Galiléia e chega nos territórios da Judéia. O chamado de Jesus que envolve os seus discípulos avança até a escolha decisiva: a aceitação ou rejeição da pessoa de Jesus. Esta fase ocorre ao longo da estrada que leva a Jerusalém (capítulos 19-20), e, finalmente, com a chegada à cidade e junto ao Templo (capítulos 21-23). Todos os encontros que Jesus experimenta no decorrer desses capítulos ocorrem ao longo do percurso da Galiléia a Jerusalém.
Encontro com os fariseus. Passando pela Transjordânia (19,1), o primeiro encontro é com os fariseus e o tema de discussão de Jesus com ele se torna motivo de reflexão para o grupo dos discípulos. A pergunta dos fariseus é sobre o divórcio e, especialmente, coloca Jesus em dificuldade sobre o amor dentro do casamento, a realidade mais sólida e estável para toda a comunidade judaica. A intervenção dos fariseus quer acusar o ensinamento de Jesus. Trata-se de um verdadeiro processo: Mateus o considera como "colocar à prova", "um tentar". A pergunta é realmente crucial: “É permitido a um homem rejeitar sua mulher por um motivo qualquer?”(19,3). Ao leitor não escapa a tentativa equivocada dos fariseus de interpretar o texto de Dt 24,1 para colocar Jesus em dificuldade: “Se um homem toma uma mulher e se casa com ela, e esta depois não lhe agrada porque descobriu nela algo inconveniente, ele lhe escreverá uma certidão de divórcio e assim despedirá a mulher”. Este texto deu origem ao longo dos séculos a inúmeras discussões: a admitir o divórcio por qualquer motivo, exigir um mínimo de mau comportamento, um verdadeiro adultério.
É Deus que une. Jesus responde aos fariseus recorrendo a Gn 1,17; 2,24, trazendo o assunto à vontade primária de Deus criador. O amor, que une o homem e a mulher, vem de Deus e por essa origem, unifica e não pode separar. Se Jesus cita Gênesis 2,24: “Por isso, o homem deixará seu pai e sua mãe e se unirá à sua mulher; e os dois formarão uma só carne” (19,5), é porque ele quer enfatizar um princípio particular e absoluto: é a vontade criadora de Deus que une um homem e uma mulher. Quando um homem e uma mulher se unem em matrimônio, é Deus que os une; o termo "cônjuge" vem do verbo conjungir (ligar intimamente), conjugar (associar, ligar e unir), ou seja, que a conjunção dos dois parceiros sexuais é o efeito da palavra criadora de Deus. A resposta de Jesus aos fariseus atinge o seu cume: o casamento é indissolúvel na sua constituição original. Jesus continua desta vez tempo de Ml 2,13-16: repudiar a própria mulher é romper a aliança com Deus e segundo os profetas, esta aliança é vivida principalmente pelos esposos em sua união conjugal (Os 1-3; Is 1,21-26; Jr 2,2; 3,1.6-12; Ez 16; 23; Is 54,6-10; 60-62). A resposta de Jesus aparece em contradição com a lei de Moisés, que dá a possibilidade de conceder um certificado de divórcio. No motivar a sua resposta, Jesus lembra aos fariseus: se Moisés deu essa possibilidade é por causa da dureza dos vossos corações (v. 8), mais especificamente por causa da vossa desobediência à Palavra de Deus. A lei de Gn 1,26; 2,24 nunca foi modificada, mas Moisés foi forçado a adaptá-la a uma atitude de desobediência. O primeiro casamento não foi anulado pelo adultério. Ao homem de hoje e, especialmente, às comunidades eclesiais a palavra de Jesus diz claramente que não deve haver divórcio, e, no entanto, vemos que existem; na vida pastoral das pessoas divorciadas são acolhidas, às quais está sempre aberta à possibilidade de entrar no reino. A reação dos discípulos foi imediata: “Se tal é a condição do homem a respeito da mulher, é melhor não se casar!” (v.10). A resposta de Jesus continua a sustentar a indissolubilidade do matrimônio, impossível para a mentalidade humana, mas possível para Deus. O eunuco de que Jesus fala não é aquele que não pode gerar, mas aquele que, separado de sua esposa, continua a viver em continência, mantendo-se fiel ao primeiro vínculo conjugal: é eunuco em relação a todas as outras mulheres.


PARA REFLEXÃO PESSOAL

Em relação ao casamento sabemos acolher o ensinamento de Jesus com simplicidade, sem adaptá-lo às nossas próprias escolhas legítimas de conveniência? 
O Evangelho recorda-nos que o plano do Pai para o homem e a mulher é um maravilhoso projeto de amor. Você está ciente de que o amor tem uma lei imprescindível: implica o dom total e cheio da própria pessoa para o outro?



ORAÇÃO FINAL 

(SALMO 33,4-5)
Hoje serei muito mais paciente e terei mais amor por aqueles que estão próximos de mim e me molestam, pois terei atenção em como Deus os usa para acariciar-me com sua mão terna de pastor.





Nenhum comentário:

Postar um comentário