terça-feira, 30 de setembro de 2014

Lectio Divina - 30/09/14

TERÇA-FEIRA -30/09/2014



PRIMEIRA LEITURA: Jó 3,1-3.11.16.12-15.17.20-23


Como parte de nossa realidade humana, é normal que alguma vez tenha aparecido um “por quê” dirigido fortemente a Deus, e que permanece em nossos lábios tantas vezes. Com Jó aconteceu igualmente, e o levou a mal dizer sua própria vida e a rebelar-se contra Deus por castigar um inocente. É um grito que não é só de Jó. É o grito de tantos irmãos como você e como eu que em diferentes momentos da vida temos manifestado um “ por quê” depois de experimentar um momento difícil na vida. O grito de Jesus na Cruz, na dor e na solidão: “Deus meu, por que me abandonaste?”. É o grito dos que tem sofrido e continuam sofrendo injustamente. A pergunta que continuamos fazendo quando vemos a desgraça das crianças ou dos inocentes, enquanto que, na aparência, os malvados saem livres e Deus parece abençoá-los. Por quê? Porém, os cristãos contam com uma realidade maravilhosa: a morte e ressurreição de Jesus. Esta é a causa de nossa felicidade pela qual é possível saber o segredo de cada “por quê”. Devemos abrir nosso coração ao Senhor e converter nossa dor e sofrimento em oração, paz, alegria e felicidade.



ORAÇÃO INICIAL 

Ó Deus, que mostrais vosso poder, sobretudo, no perdão e na misericórdia, derramai sempre em nós a vossa graça, para que, caminhando ao encontro das vossas promessas, alcancemos os bens que nos reservais. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.



REFLEXÃO

Lucas 9,51-56


O evangelho de hoje conta como Jesus decide ir para Jerusalém. Descreve também as primeiras dificuldades que ele encontra nesta caminhada. Traz o começo da longa e dura caminhada da periferia para a capital. Jesus deixa a Galiléia e segue para Jerusalém. Nem todos o compreendem. Muitos o abandonam, pois as exigências são grandes. Hoje acontece o mesmo. Na caminhada das nossas comunidades também há incompreensão e abandono.
“Jesus decide ir para Jerusalém”. Esta decisão vai marcar a longa e dura viagem de Jesus desde a Galiléia até Jerusalém, da periferia até a capital. Esta viagem ocupa mais de uma terça parte de todo o evangelho de Lucas (Lc 9,51 até 19,28). Sinal de que a caminhada até Jerusalém teve uma importância muito grande na vida de Jesus. A longa caminhada simboliza, ao mesmo tempo, a viagem que as comunidades estavam fazendo. Elas procuravam realizar a difícil passagem do mundo judeu para o mundo da cultura grega. Simbolizava também a tensão entre o Novo que continuava avançando e o Antigo que se fechava cada vez mais. E simboliza, ainda, a conversão que cada um de nós tem que fazer, procurando seguir Jesus. Durante a viagem, os discípulos e as discípulas tentam seguir Jesus, sem voltar atrás. Nem sempre o conseguem. Jesus dedica muito tempo à instrução dos que o seguem de perto. Um exemplo concreto desta instrução temos no evangelho de hoje. Logo no início da viagem, Jesus sai da Galiléia e leva seus discípulos para dentro do território dos samaritanos. Ele procura formá-los para que possam entender a abertura para o Novo, para o “outro”, o diferente.
Lucas 9,51: Jesus decide ir para Jerusalém. O texto grego diz literalmente: "Quando se completaram os dias da sua assunção (ou arrebatamento), Jesus firmou o seu rosto para ir a Jerusalém”. A expressão assunção ou arrebatamento evoca o profeta Elias que foi arrebatado ao céu (2 Rs 2,9-11). A expressão firmar o rosto evoca o Servo de Javé que dizia:“Faço meu rosto duro como pedra, certo de não ser enganado” (Is 50,7). Evoca ainda uma ordem que o profeta Ezequiel recebeu de Deus: "Fixa a teu rosto contra Jerusalém!" (Ez 21,7). Usando tais expressões, Lucas sugere que, com a caminhada em direção a Jerusalém, começa uma oposição mais declarada de Jesus contra o projeto da ideologia oficial do Templo de Jerusalém. A ideologia do Templo queria um Messias glorioso e nacionalista. Jesus quer ser o Messias-Servo. Durante a longa viagem, esta oposição vai crescer e, no fim, vai terminar no arrebatamento ou na assunção de Jesus. A assunção de Jesus é a sua morte na Cruz, seguida da ressurreição.
Lucas 9,52-53: Fracassa a missão na Samaria. Durante a viagem, o horizonte da missão se alarga. Logo no início, Jesus ultrapassa as fronteiras do território e da raça. Ele manda seus discípulos preparar a sua vinda numa aldeia da Samaria. Mas a missão junto dos samaritanos fracassou. Lucas diz que os samaritanos não receberam Jesus porque ele estava indo para Jerusalém. Porém, se os discípulos tivessem dito aos samaritanos: “Jesus está indo para Jerusalém para criticar o projeto do Templo e para exigir maior abertura”, Jesus teria sido aceito, pois os samaritanos eram da mesma opinião. O fracasso da missão deve-se, provavelmente, aos discípulos. Eles não entenderam por que Jesus “firmou a cara contra Jerusalém”. A propaganda oficial do Messias glorioso e nacionalista impedia-os de enxergar. Os discípulos não entenderam a abertura de Jesus, e a missão fracassou!
Lucas 9,54-55: Jesus recusa o pedido de vingança. Tiago e João não querem levar desaforo para casa. Não aceitam que alguém não concorde com a idéia deles. Querem imitar Elias e usar o fogo para se vingar (2 Rs 1,10). Jesus recusa a proposta. Não quer o fogo. Certas Bíblias acrescentam: "Vocês não sabem de que espírito são movidos!" Significa que a reação dos dois discípulos não era do Espírito de Deus. Quando Pedro sugeriu a Jesus para não seguir pelo caminho do Messias Servo, Jesus chamou Pedro de Satanás (Mc 8,33). Satanás é o mau espírito que quer mudar o rumo da missão de Jesus. Recado de Lucas para as comunidades: os que querem impedir a missão junto dos pagãos são movidos pelo mau espírito!
Durante os dez capítulos que descrevem a viagem até Jerusalém (Lc 9,51 a 19,28), Lucas, constantemente, lembra que Jesus está a caminho de Jerusalém (Lc 9,51.53.57; 10,1.38; 11,1; 13,22.33; 14,25; 17,11; 18,31; 18,37; 19,1.11.28). Raramente, porém, ele diz por onde Jesus passava. Só aqui no começo da viagem (Lc 9,51), no meio (Lc 17,11) e no fim (Lc 18,35; 19,1), você fica sabendo algo a respeito do lugar por onde Jesus estava passando. Isto vale para as comunidades de Lucas e para todos nós. O que é certo é que devemos caminhar. Não podemos parar. Nem sempre, porém, é claro e definido por onde passamos. O que é certo é o objetivo: Jerusalém.




PARA REFLEXÃO PESSOAL

Quais os problemas que já apareceram em sua vida como consequência da decisão que você tomou de seguir Jesus?
O que aprendemos da pedagogia de Jesus com seus discípulos que queriam vingar-se dos samaritanos?




ORAÇÃO FINAL 

(SALMO 137,4-5)






segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Lectio Divina - 29/09/14


SEGUNDA-FEIRA -29/09/2014



PRIMEIRA LEITURA: Daniel 7,9-10.13-14


A liturgia nos sugere esta bela parte do AT na qual Daniel profetiza o que anos depois os apóstolos verão com seus próprios olhos. Quisera que centrássemos nossa reflexão não só no conteúdo da visão, que como sabemos é referente a Cristo, mas na maneira como Deus se revela a nosso coração quando oramos. É difícil aceitar que hoje em dia tenhamos tão poucos “místicos”, isto é, homens e mulheres de oração profunda, homens e mulheres que são capazes de entrar em uma relação intima e pessoal com Deus. Nosso mundo cheio de atividades e de ruídos nos tem afastado desta oração. Para muitos, orar significa rezar algumas orações enquanto se vai a toda pressa para o trabalho, enquanto se esta na fila de uma repartição pública; finalmente, dizer meio dormindo algumas jaculatórias antes de adormecer. Não esqueçamos que para orar, para poder chegar a ter uma relação íntima com Deus necessitamos de tempo. Necessitamos dedicar um tempo só para Deus. Um tempo em que, em companhia de nossa Bíblia, com os olhos fechados, possamos centrar nossa atenção em Deus. Não deixes que tuas atividades te atropelem... dê um tempo para você orar, dê um tempo para Deus.


ORAÇÃO INICIAL 

Oh Deus que manifestas especialmente teu poder com o perdão e a misericórdia; derrama incessantemente sobre nós tua graça, para que, desejando o que nos promete, consigamos os bens do céu. Por Nosso Senhor...




REFLEXÃO

João 1,47-51


O evangelho de hoje nos apresenta o diálogo entre Jesus e Natanael, no qual aparece a frase: “Em verdade, em verdade vos digo; vereis o céu se abrir e os anjos de Deus subir e descer sobre o Filho do Homem”. Esta frase ajuda a clarear algo a respeito dos arcanjos.
João 1,47-49: A CONVERSA ENTRE JESUS E NATANAEL. Foi Felipe que levou Natanael até Jesus (Jo 1,45-46). Natanael havia exclamado: “Pode sair algo bom de Nazaré?”. Natanael era de Cana, que ficava próximo de Nazaré. Jesus ao ver Natanael disse: “Ai tens um israelita de verdade, em quem não existe engano!”. E afirma que já o conhecia quando estava debaixo da figueira. Como é que Natanael podia ser um “israelita autêntico” se não aceitava Jesus como messias? Natanael “estava debaixo da figueira”. A figueira era o símbolo de Israel (cf. Mi 4,4; Zc 3,10;1Re 5,5). “Estar debaixo da figueira” era o mesmo que ser fiel ao projeto do Deus de Israel. Israelita autêntico é aquele que sabe desfazer-se de suas próprias idéias quando percebe que estas não concordam com o projeto de Deus. O israelita que não está disposto a fazer esta conversão não é nem autêntico nem honesto. Esperava um messias de acordo com os ensinamentos oficiais da época, segundo o qual o Messias viria de Belém da Judéia. O Messias não podia vir de Nazaré, da Galiléia (Jo 7,41-42.52). Por isto, Natanael resistia em aceitar Jesus como Messias. Porém, o encontro com Jesus lhe ajudou a perceber que o projeto de Deus nem sempre é como a pessoa o imagina ou deseja que fosse. Natanael reconhece seu engano, muda de idéia, aceita Jesus como Messias e confessa: “Mestre, tu és o filho de Deus, tu és o rei de Israel!”. 
A DIVERSIDADE DO CHAMADO. Os evangelhos de Marcos, Mateus e Lucas apresentam o chamado dos primeiros discípulos de forma muito mais resumida: Jesus passa pela praia, chama Pedro e André. Logo depois, chama Tiago e João (Mc 1,16-20). O evangelho de João tem outra maneira de descrever o início da primeira comunidade que se formou ao redor de Jesus. Trás algumas histórias bem concretas. O que chama a atenção é a variedade dos chamados e dos encontros das pessoas entre si e com Jesus. Deste modo, João ensina como devemos fazer para iniciar uma comunidade. É através dos contatos e convites pessoais, até hoje! Alguns Jesus chama diretamente (Jo 1,43). A outros, indiretamente (Jo 1,41-42). Um dia, chamou dois discípulos de João Batista (Jo 1,39). No dia seguinte, chamou Felipe que, por sua vez, chamou Natanael (Jo 1,45). Nenhum chamado se repete, porque cada pessoa é diferente. As pessoas nunca esquecem os chamados e os encontros importantes que marcam sua vida. Lembra até o dia e a hora (Jo 1,39).
João 1,50-51: OS ANJOS DE DEUS SUBINDO E DESCENDO SOBRE O FILHO DO HOMEM. A confissão de Natanael está começando. Quem é fiel, verá o céu aberto e os anjos subindo e descendo sobre o Filho do Homem. Experimentará que Jesus é a nova aliança entre Deus e nós, seres humanos. É a realização do sonho de Jacó (Gn 28,10-22).
OS ANJOS SUBINDO E DESCENDO. Os três anjos: Gabriel, Rafael e Miguel. Gabriel explicava ao profeta Daniel o significado das visões (Dn 8,16;9,21). Foi esse mesmo anjo Gabriel que levou a mensagem de Deus a Isabel (Lc 1,19) e a Maria, a mãe de Jesus (Lc 1,26). Seu nome significa “Deus é forte”. Rafael aparece no livro de Tobias. Acompanhou Tobias, filho de Tobit e de Ana, na viagem e o protegeu de todos os perigos. Ajudou Tobias livrar Sara de um mau espírito e a curar Tobit, da cegueira. Seu nome significa “Deus cura”. Miguel ajudou o profeta Daniel em suas lutas e dificuldades (Dn 10,13.21;12,1). A carta de Judas diz que Miguel disputou com o diabo o corpo de Moisés (Jd 1,9). Foi Miguel quem venceu Satanás, derrubando do céu e arrojando-o ao inferno (Ap 12,7). Seu nome significa “Quem como Deus!”. A palavra anjo significa “mensageiro”. Trás uma mensagem de Deus. Na Bíblia, a natureza inteira pode se mensageira de Deus, revelando o amor de Deus por nós (Sl 104,4). O anjo pode ser o próprio Deus, enquanto volta seu rosto para nós e nos revela sua presença amorosa.





PARA REFLEXÃO PESSOAL

Você já teve um encontro que marcou tua vida? Como descobriu o chamado de Deus ali?
Alguma vez se interessou como Felipe, em chamar outra pessoa para que participasse da comunidade?




ORAÇÃO FINAL 

(SALMO 138,1-2)
Hoje iniciarei um caminho de oração e a cada dia incrementarei o tempo de oração, até que um dia possa chegar a dizer: Senhor, que bom é estar aqui!






sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Lectio Divina - 26/09/14


SEXTA-FEIRA -26/09/2014



PRIMEIRA LEITURA: Eclesiastes 3,1-11


O Coélet tem expressado: “Existe um tempo para cada coisa”. Desafortunadamente, muitos de nós não aprendemos ainda isto e por isso mal gastamos o tempo ou o ocupamos de maneira equivocada. São tantos os que não desfrutam de uma bela tarde simplesmente contemplando como se põe o sol, ou de um passeio com a família, de uma conversa com os amigos, inclusive de ir acompanhando os filhos em seu crescimento, em seus problemas e alegrias, em seus triunfos e fracassos. Atualmente o homem só tem tempo para trabalhar, para ganhar dinheiro, passa a vida procurando ter mais e, quando se dá conta, é tão pobre que a única coisa que tem é dinheiro. Esta passagem, aplicada a nossos dias, pode ouvir-se assim. Existe tempo para trabalhar e tempo para descansar, tempo para estar com a família, tempo para estar com os amigos, tempo para estar com os pais e com os filhos, tempo para desfrutar o que Deus nos dá cada dia. Aproveitemos hoje nosso tempo, pois, não sabemos se amanhã poderemos gozar deste tempo e da oportunidade que Deus nos brindou hoje.




ORAÇÃO INICIAL 

Oh Deus, que colocaste a plenitude da lei no amor a ti e ao próximo; concede-nos cumprir teus mandamentos para chegar assim a vida eterna. Por Nosso Senhor...



REFLEXÃO

Lucas 9,18-22


O evangelho de hoje retorna ao mesmo assunto do evangelho de ontem: a opinião das pessoas sobre Jesus. Ontem, era a partir de Herodes. Hoje o próprio Jesus é quem pergunta o que é que diz a opinião pública, e os apóstolos respondem dando a mesma opinião que ontem. Em seguida vem o primeiro anuncio da paixão, da morte e da ressurreição de Jesus.
Lucas 9,18: A PERGUNTA DE JESUS DEPOIS DA ORAÇÃO. “Estando uma vez orando a sós, em companhia dos discípulos, lhes perguntou: “O que é que as pessoas dizem que eu sou”?. No evangelho de Lucas, em várias oportunidades importantes e decisivas Jesus aparece rezando: no batismo, quando assume sua missão (Lc 3,21); nos 40 dias no deserto, quando vence as tentações do diabo com a luz da Palavra de Deus (Lc 4,1-13); pela noite, antes de escolher os doze apóstolos (Lc 6,12); na transfiguração, quando com Moisés e Elias conversa sobre a paixão em Jerusalém (Lc 9,29); no horto, quando enfrenta a agonia (Lc 22,39-46); na cruz, quando pede perdão pelo soldado (Lc 23,34) e entrega o espírito a Deus (Lc 23,46).
Lucas 9,20: A PERGUNTA DE JESUS AOS DISCÍPULOS. Depois de ouvir as opiniões dos demais, Jesus pergunta: “E vós o que dizeis que eu sou?”. Pedro respondeu: “O Messias de Deus!”. Pedro reconhece que Jesus é aquele que as pessoas estão esperando e que vem realizar as promessas. Lucas omite a reação de Pedro tentando dissuadir Jesus a que seguisse o caminho da cruz e omite também a dura critica de Jesus a Pedro (Mc 8,32-33; Mt 16,22-23).
Lucas 9,21: A PROIBIÇÃO DE REVELAR QUE JESUS É O MESSIAS DE DEUS. “Porém lhes mandou energicamente que não dissessem nada disto a ninguém”. Proibiu-lhes que revelassem as pessoas que Jesus era o Messias de Deus. Por que Jesus os proibiu? É que naquele tempo, como já vimos, todos esperavam a vinda do Messias, porém, cada um a sua maneira: uns como rei, outros como sacerdote, outros como doutor, guerreiro, juiz ou profeta! Ninguém parecia estar esperando o messias servo, anunciado por Isaias (is 42,1-9). Quem insiste em manter a idéia de Pedro, isto é, do Messias glorioso sem a cruz, não vai entender nada e nunca chegará a tomar a atitude de um verdadeiro discípulo. Continuará cego, como Pedro, trocando as pessoas por árvores (cf. Mc 8,24). Pois, sem a cruz é impossível entender quem é Jesus e o que significa seguir Jesus. Por isto, Jesus insiste de novo na Cruz e faz o segundo anuncio de sua paixão, morte e ressurreição.
Lucas 9,22: O SEGUNDO ANUNCIO DA PAIXÃO. E Jesus acrescentou: “O Filho do homem deve sofrer muito e ser reprovado pelos anciãos, os sumos sacerdotes e os escribas, ser morto e ressuscitar ao terceiro dia”. A compreensão plena do seguimento de Jesus, não se obtém pela instrução teórica, mas sim, pelo compromisso prático, caminhando com Ele pelo caminho do serviço, desde a Galiléia até Jerusalém. O caminho do seguimento é o caminho da entrega, do abandono, do serviço, da disponibilidade, da aceitação do conflito, sabendo que haverá ressurreição. A cruz não é um acidente de caminho, mas sim, que é parte do caminho. Pois, em um mundo organizado a partir do egoísmo, o amor e o serviço só podem existir crucificados! Quem faz de sua vida um serviço aos demais, incomoda aos que vivem agarrados aos privilégios, e sofre.





PARA REFLEXÃO PESSOAL

Nós acreditamos em Jesus. Porém, alguns entendem Jesus de uma maneira e outros de outra. Hoje qual é o Jesus mais comum na maneira de pensar das pessoas?
A propaganda como interfere em meu modo de ver Jesus? O que é que nos impede hoje de reconhecer e assumir o projeto de Jesus?





ORAÇÃO FINAL 

(SALMO 144,1-2)
Hoje separarei um momento do dia e passarei na tranqüilidade refletindo tantas coisas belas que tenho perdido na vida pelas tarefas e pela pressa. 





quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Lectio Divina - 25/09/14

QUINTA-FEIRA -25/09/2014



PRIMEIRA LEITURA: Eclesiastes 1,2-11


Esta passagem do livro de Eclesiastes também chamado de “Coélet” nos apresenta a superficialidade de todas as coisas. O sábio, por mais que queira encontrar as respostas dos grandes mistérios que preocupam o homem, como: de onde viemos? Para onde vamos? Qual é o sentido de nossa vida? Só encontra um cabal sentido em Cristo, já que ele próprio disse: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida”. Quando nossa vida se desorienta quando se perde o rumo, nossa única bússola para reencontrar o caminho e para reencontrar-nos é Deus. Diante Dele, tudo o mais é superficialidade, vaidade, não tem sentido; as coisas que hoje são amanhã não serão, a única coisa que permanece é Deus. Coloque tua confiança Nele, se olhar só para baixo descobrirá um mundo que passa, dê um tempo no meio de teu agitado dia para olhar também para cima, para o que não passa, dê um tempo em tua vida para também pensar em Deus.



ORAÇÃO INICIAL

Oh Deus, que colocaste a plenitude da lei no amor a ti e ao próximo; concede-nos cumprir teus mandamentos para chegar assim a vida eterna. Por Nosso Senhor...




REFLEXÃO

Lucas 9,7-9


No evangelho de hoje nos é apresentada a reação de Herodes diante da pregação de Jesus. Herodes não sabe como situar Jesus. Havia matado João Batista e agora quer ver Jesus de perto. No horizonte despontam ameaças.
Lucas 9,7-8: QUEM É JESUS? O texto começa com um balanço das opiniões das pessoas e de Herodes sobre Jesus. Alguns associam Jesus com João Batista e Elias. Outros o identificam como Profeta, isto é, como alguém que fala em nome de Deus, que tem coragem de denunciar as injustiças dos poderosos e que sabe animar a esperança dos pequenos. É o profeta anunciado no Antigo Testamento como um novo Moisés (Dt 18,15). São as mesmas opiniões que o próprio Jesus recolhe dos discípulos ao perguntar-lhe: “O que dizem os demais que eu sou?” (Lc 9,18). As pessoas procuravam compreender Jesus a partir do que eles mesmos conheciam, pensavam e esperavam. Procuravam moldura-lo dentro dos critérios familiares do Antigo Testamento, com suas profecias e esperança, e da Tradição dos Antigos, com suas leis. Porém, eram critérios insuficientes. Jesus não cabia ali dentro, era maior!
Lucas 9,9: HERODES QUER VER JESUS. “Então Herodes disse: João, eu decapitei. Quem é, pois, este de quem ouço tais coisas?”. E procurava vê-lo. Herodes, homem supersticioso e sem escrúpulos, reconhece ser o assassino de João Batista. Agora quer ver Jesus. Lucas sugere assim que existem ameaças que começam a despontar no horizonte. Herodes não teve medo de matar João Batista. Não terá, tampouco, na hora de matar Jesus. Quando lhe disseram que Herodes procurava prendê-lo, mandou dizer-lhe: “Ide dizer a esta raposa: Eu expulso demônios e curo hoje e amanhã, e no terceiro dia sou consumado” (Lc 13,32). Herodes não tem poder sobre Jesus. Na hora da paixão, Pilatos manda Jesus para Herodes a fim de que investigue sobre Ele, Jesus não lhe dá nenhuma resposta (Lc 23,9). Herodes não merecia resposta.
DE PAI PARA FILHO. Muitas vezes se confundem os três Herodes que viveram naquela época, pois, os três aparecem no Novo Testamento com o mesmo nome: (a)-Herodes, chamado o “Grande”, governou a Palestina de 37 a 4 antes de Cristo. Aparece no nascimento de Jesus (Mt 2,1). Matou os meninos em Belém (Mt 2,16). (b)-Herodes, chamado “Antipas”, governou a Galiléia de 04 a 39 depois de Cristo. Aparece na morte de Jesus (Lc 23,7). Matou João Batista (Mc 6,14-29). (c)-Herodes, chamado “Agripa”, governou toda a Palestina de 41 a 44 depois de Cristo. Aparece nos Atos dos Apóstolos (At 12,1-20). Matou o apóstolo Tiago (At 12,2). Quando Jesus tinha mais ou menos quatro anos, o rei Herodes morreu. Aquele que matou os meninos em Belém. Seu território foi dividido entre os filhos. Arquelao, um de seus filhos, recebeu o governo da Judéia. Era menos exigente que o pai, porém, mais violento. Somente em sua posse foram massacrados quase 3.000 pessoas, na praça e do Templo! O evangelho de Mateus informa que Maria e José, quando souberam que Arquelao havia assumido o governo da Judéia, ficaram com medo de voltar para lá e foram morar em Nazaré, na Galiléia (Mt 2,22), governada por outro filho de Herodes, chamado Herodes Antipas (Lc 3,1). Este Antipas ficou no poder por mais de 40 anos. Durante os trinta e três que Jesus viveu nunca houve mudança no governo da Galiléia. Herodes o Grande, o pai de Herodes Antipas, havia construído a cidade de Cesaréia Marítima, inaugurada no ano 15 antes de Cristo. Era o ovo porto de deságüe dos produtos da região. Devia competir com o grande porto de Tiro no Norte, e assim ajudar para o fomento do comércio na Samaria e na Galiléia. Por isto, desde os tempos de Herodes o Grande, a produção agrícola na Galiléia começava a orientar-se não mais a partir das necessidades das famílias, como era antes, mas sim, a partir das exigências de mercado. Este processo de mudança na economia continuou durante todo o governo de Herodes Antipas, mais quarenta anos, e encontrou nele um organizador eficiente. Todos estes governantes estavam sob ordens. Quem mandava na Palestina desde 63 antes de Cristo, era Roma, o Império.




PARA REFLEXÃO PESSOAL

Tenho que me perguntar sempre: quem é Jesus para mim?
Herodes quer ver Jesus. Era curiosidade mórbida ou supersticiosa. Outros querem ver Jesus, porque querem encontrar um sentido na vida. Qual é a motivação que tenho que me impulsiona à ver e encontrar Jesus?




ORAÇÃO FINAL

(SALMO 90,14-15)
Hoje revisarei que coisas em meu dia são verdadeiramente vãos e sem sentido e as mudarei por coisas de verdadeiro valor.





quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Lectio Divina - 24/09/14


QUARTA-FEIRA -24/09/2014



PRIMEIRA LEITURA: Provérbios 30,5-9


Nesta passagem da Escritura podemos ver o que significa realmente ter sabedoria para com Deus. O autor pede só duas coisas: que Deus o mantenha no caminho da verdade, e que o proveja com o justo para a vida. Estes dois pedidos estão entrelaçados, pois só com a verdade de Deus é que podemos saber o que realmente é justo para a nossa vida. Sem esta sabedoria de Deus, que nos ilumina quanto à verdade, tudo acontece com relatividade, e assim quem tem 100 pensará que tem pouco e desejará 1000, e quem tem 1000 desejará 10000, e assim sucessivamente; e por outro lado pode acontecer que ainda 100 seja causa para perder-se. Só Deus sabe o que nós VERDADEIRAMENTE necessitamos e podemos administrar. Com isto não se prega um conformismo estéril, mas sim uma aceitação amorosa da vontade de Deus, que vai dirigindo os caminhos de nossa própria história, de um Deus Amoroso que age sempre como pai, que sabe o que pode ser danoso para seus filhos, de um pai que não é curto ao dar, pois sempre dá de maneira superabundante. 



ORAÇÃO INICIAL 

Oh Deus, que colocaste a plenitude da lei no amor a ti e ao próximo; concede-nos cumprir teus mandamentos para chegar assim a vida eterna. Por Nosso Senhor...



REFLEXÃO

Lucas 9,1-6


O evangelho de hoje traz a descrição da missão que os Doze receberam de Jesus. Mais adiante, Lucas fala da missão dos setenta e dois discípulos (Lc 10,1-12). Os dois se completam e revelam a missão da igreja.
Lucas 9,1-2. Envio dos doze para a missão. “Jesus convocou os Doze, e lhes deu poder e autoridade sobre os demônios e para curar as doenças. E os enviou a pregar o Reino de Deus e a curar”. Chamando os doze, Jesus intensificou o anúncio da Boa Nova. O objetivo da missão é simples e claro: eles recebem poder e autoridade para expulsar os demônios, para curar as doenças e para anunciar o Reino de Deus. Assim como o povo ficava admirado diante da autoridade de Jesus sobre os espíritos impuros e diante da sua maneira de anunciar a Boa Nova (Lc 4,32.36), o mesmo deverá acontecer com a pregação dos doze apóstolos.
Lucas 9,3-5. As instruções para a Missão. Jesus os enviou com as seguintes recomendações: não podem levar nada “nem bastão, nem sacola, nem pão, nem dinheiro, nem duas túnicas”. Não podem andar de casa em casa mas “em qualquer casa onde entrarem, fiquem aí, até se retirarem do lugar” Caso não forem recebidos, “sacudam a poeira dos pés, como protesto contra eles". Como veremos, estas recomendações estranhas para nós tem um significado muito importante.
Lucas 9,6. A execução da missão. E eles foram. É o começo de uma nova etapa. Agora já não é só Jesus, mas é todo o grupo que vai anunciar a Boa Nova de Deus ao povo. Se a pregação de Jesus já dava conflito, quanto mais agora, com a pregação de todo o grupo.
Os quarto pontos básicos da missão. No tempo de Jesus havia vários outros movimentos de renovação: essênios, fariseus, zelotes. Também eles procuravam uma nova maneira de conviver em comunidade e tinham os seus missionários (cf. Mt 23,15). Mas estes, quando iam em missão, iam prevenidos. Levavam sacola e dinheiro para cuidar da sua própria comida. Pois não confiavam na comida do povo que nem sempre era ritualmente “pura”. Ao contrário dos outros missionários, os discípulos e as discípulas de Jesus receberam recomendações diferentes que nos ajudam a entender os pontos fundamentais da missão de anunciar a Boa Nova:
1) Devem ir sem nada (Lc 9,3; 10,4). Isto significa que Jesus os obriga a confiar na hospitalidade. Pois quem vai sem nada, vai porque confia no povo e acredita que vai ser recebido. Com esta atitude eles criticam as leis de exclusão, ensinadas pela religião oficial, e mostravam, pela nova prática, que tinham outros critérios de comunidade.
2) Devem ficar hospedados na primeira casa até se retirar do lugar (Lc 9,4; 10,7). Isto é, devem conviver de maneira estável e não andar de casa em casa. Devem trabalhar como todo mundo e viver do que recebem em troca, “pois o operário merece o seu salário” (Lc 10,7). Com outras palavras, eles devem participar da vida e do trabalho do povo, e o povo os acolherá na sua comunidade e partilhará com eles casa e comida. Isto significa que devemconfiar na partilha. Isto também explica a severidade da crítica contra os que recusavam a mensagem: sacudir a poeira dos pés, como protesto contra eles (Lc 10,10-12), pois não recusam algo novo, mas sim o seu próprio passado.
3) Devem tratar dos doentes e expulsar os demônios (Lc 9,1; 10,9; Mt 10,8). Isto é, devem exercer a função de “defensor” (goêl) e acolher para dentro do clã, dentro da comunidade, os excluídos. Com esta atitude criticam a situação de desintegração da vida comunitária do clã e apontam saídas concretas. A expulsão de demônios é sinal de que chegou o Reino de Deus (Lc 11,20).
4) Devem comer o que o povo lhes dava (Lc 10,8). Não podem viver separados com sua própria comida mas devem aceitar a comunhão de mesa. Isto significa que, no contato com o povo, não devem ter medo de perder a pureza tal como era ensinada na época. Com esta atitude criticam as leis da pureza em vigor e mostram, pela nova prática, que possuem outro acesso à pureza, isto é, à intimidade com Deus.
Estes eram os quatro pontos básicos da vida comunitária que deviam marcar a atitude dos missionários ou das missionárias que anunciavam a Boa Nova de Deus em nome de Jesus: hospitalidade, partilha, comunhão de mesa, e acolhida aos excluídos (defensor, goêl). Caso estas quatro exigências fossem preenchidas, eles podiam e deviam gritar aos quatro ventos: “O Reino chegou!” (cf. Lc 10,1-12; 9,1-6; Mc 6,7-13; Mt 10,6-16). Pois o Reino de Deus que Jesus nos revelou não é uma doutrina, nem um catecismo, nem uma lei. O Reino de Deus acontece e se faz presente quando as pessoas, motivadas pela sua fé em Jesus, decidem conviver em comunidade para, assim, testemunhar e revelar a todos que Deus é Pai e Mãe e que, portanto, nós, seres humanos, somos irmãos e irmãs uns dos outros. Jesus queria que a comunidade local fosse novamente uma expressão da Aliança, do Reino, do amor de Deus como Pai, que faz de todos irmãos e irmãs. 



PARA REFLEXÃO PESSOAL

A participação na comunidade tem ajudado você a acolher e a confiar mais nas pessoas, sobretudo nos mais simples e pobres?
Qual o ponto da missão dos apóstolos que tem maior importância para nós hoje? Por que?



ORAÇÃO FINAL 

(SALMO 118)
Hoje farei revisão de minha economia e procurarei quitar algo de todo supérfluo nos quais invisto minhas economias.





terça-feira, 23 de setembro de 2014

Lectio Divina - 23/09/14


TERÇA-FEIRA -23/09/2014



PRIMEIRA LEITURA: Provérbios 21,1-6.10-13



Desde iniciamos a leitura de alguns textos do livro dos Provérbios, livro que é parte da literatura sapiencial do povo de Israel. É a sabedoria de um povo que encontra em seu caminhar, junto com a ação poderosa de Deus, a sabedoria que nasce da experiência humana; do cair e levantar-se. Este livro, portanto, nos apresenta uma infinidade de conselhos que, como já vimos, resume em grande medida a experiência do povo através dos séculos, na qual, bem humana, está assentada sobre a fidelidade a Deus. São sentenças que falam por si só. Se as meditamos com detalhamento veremos quanta sabedoria e verdades existem nelas. 


ORAÇÃO INICIAL 

Oh Deus, que colocaste a plenitude da lei no amor a ti e ao próximo; concede-nos cumprir teus mandamentos para chegar assim a vida eterna. Por Nosso Senhor...



REFLEXÃO

Lucas 8,19-21


O evangelho de hoje nos fala do episódio em que os pais de Jesus, inclusive sua mãe, quiseram conversar com ele, porém, Jesus não lhes dá atenção. Jesus teve problemas com a família. Às vezes, a família ajuda a viver melhor e a participar na comunidade. Outras vezes, dificulta essa convivência. Assim foi para Jesus, e assim é para nós.
Lucas 8,19-20: A FAMÍLIA PROCURA JESUS. Os parentes chegam à casa onde estava Jesus. Provavelmente havia vindo de Nazaré. Dali a Cafarnaum existe uma distância de 40 quilômetros. Sua mãe estava com eles. Não entram, pois, havia muita gente, porém, lhe mandam um recado: “Tua mãe e teus irmãos estão ai fora, e querem ver-te”. Segundo o evangelho de Marcos, os parentes não querem ver Jesus. Eles querem levá-lo para casa (Mc 3,32). Pensavam que Jesus havia ficado louco (Mc 3,21). Provavelmente, tinham medo, pois, segundo nos informa a história, a vigilância por parte dos romanos com relação a todos os que de uma forma ou de outra tinham certa liderança popular, era enorme (cf. At 5,36-39). Em Nazaré, na serra, estaria mais seguro que na cidade de Cafarnaum.
Lucas 8,21: A REPOSTA DE JESUS. A reação de Jesus é firme: “Minha mãe e meus irmãos são os que ouvem a Palavra de Deus, e a colocam em prática”. Em Marcos, a reação de Jesus é mais concreta. Marcos diz: “Então Jesus olhou para as pessoas que estavam sentadas a seu redor e disse: Aqui estão minha mãe e meus irmãos. Aquele que faz a vontade de Deus, este é meu irmão, minha irmã e minha mãe” (Mc 3,34-35). Jesus amplia a família! Não permite que a família o afaste da missão: nem a família, (Jo 7,3-6), nem Pedro (Mc 8,33), nem os discípulos (Mc 1,36-38), nem Herodes (Lc 13,32), nem ninguém (Jo 10,18).
É a palavra que cria a nova família ao redor de Jesus: “Minha mãe e meus irmãos são aqueles que ouvem a Palavra de Deus, e a colocam em prática”. Um bom comentário deste episódio é o que disse o evangelho de João no prólogo: “Estava no mundo, e o mundo foi feito por ela, e o mundo não a conheceu. Veio aos seus, e os seus não a receberam. Porém, a todos os que a receberam lhes deu poder de fazer-se filhos de Deus, aos que acreditam em seu nome, os quais não nasceram do sangue, nem do desejo da carne, nem do desejo do homem, mas sim, nasceram de Deus. E a Palavra se fez carne, e fez sua Morada entre nós, e temos contemplado sua glória, glória que recebe do Pai como Unigênito, cheio de graça e de verdade” (Jo 1,10-14). A família e os parentes, não entenderam Jesus (Jo 7,3-5; Mc 3,21), não fazem parte da nova família. Fazem parte da nova comunidade só aqueles e aquelas que recebem a Palavra, isto é, que acreditam em Jesus. Estes nascem de Deus e formam a Família de Deus.
A SITUAÇÃO DA FAMÍLIA NO TEMPO DE JESUS. No tempo de Jesus, tanto a conjuntura política, social e econômica como a ideologia religiosa, tudo conspirava para o enfraquecimento dos valores centrais do clã, da comunidade. A preocupação com os problemas da própria família impedia que as pessoas se unissem na comunidade. Agora, para que o Reino de Deus pudesse manifestar-se, de novo, na convivência comunitária das pessoas, as pessoas tinham que superar os limites estreitos da pequena família e abrir-se à grande família, à Comunidade. Jesus deu o exemplo. Quando sua família procurou apoderar-se dele, reagiu e ampliou a família (Mc 3,33-35). Criou comunidade.
OS IRMÃOS E AS IRMÃS DE JESUS. A expressão “irmãos e irmãs de Jesus” é causa de muita polêmica entre católicos e protestantes. Baseando-se neste e em outros textos, os protestantes dizem que Jesus tinha mais irmãos e que Maria tinha mais filhos. Os católicos dizem que Maria não teve mais filhos. O que pensar disto? Em primeiro lugar, as posições, tanto dos católicos como dos protestantes, ambas têm argumentos tirados da Bíblia e da Tradição de suas respectivas igrejas. Por isto, não convém polemizar nem discutir esta questão com argumentos só da cabeça. Pois, trata-se de convicções profundas, que têm a ver com a fé e com os sentimentos de ambos. O argumento só da cabeça não consegue desfazer uma convicção do coração. Apenas irrita e afasta! Ainda quando não concordo com a opinião do outro, tenho que respeita-la sempre. Em segundo lugar, em vez de discutir ao redor de textos, nós todos, católicos e protestantes, deveríamos unir-nos para lutar em defesa da vida, criada por Deus, vida tão desfigurada pela pobreza, pela injustiça, pela falta de fé. Deveríamos lembrar alguma outra frase de Jesus: “Vim para que todos tenham vida, e a tenham em abundância” (Jo 10,10). “Que todos sejam um, para que o mundo acredite que Tu, Pai, me enviaste” (Jo 17,21). “Não lhes impeça. Quem não está contra está a nosso favor” (Mc 10,39-40).




PARA REFLEXÃO PESSOAL

A família ajuda ou dificulta tua participação na comunidade cristã?
Como assume teu compromisso na comunidade cristã sem prejudicar nem a família nem a comunidade?





ORAÇÃO FINAL 

(SALMO 119,33-34)
Hoje tomarei uma ou duas destas sentenças, as converterei em oração e as repetirei várias vezes ao longo do dia. 




segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Lectio Divina - 22/09/14


SEGUNDA-FEIRA -22/09/2014



PRIMEIRA LEITURA: Provérbios 3,27-34


Este belo livro dos Provérbios está sempre cheio de ensinamentos atuais e importantes para a vida, não só do cristão, mas, de todos em geral. Dentro dos conselhos eu no propõe centremos nossa reflexão no primeiro. Nele vemos o importante que é ajudar aos demais e, sobretudo, fazê-lo oportunamente. É triste que nós, como cristãos, sejamos em algumas ações, daqueles que vão colocando a caridade para um dia ou uma hora mais adequada. Devemos lembrar que o próprio Jesus nos dizia: “a todo àquele que pedir, dê”, e que ele próprio se apresentou a todos como uma grande disponibilidade para atender a todos os que necessitavam, sem importar se estava ou não cansado. Não posterguemos a caridade. Esta deve se feita no momento em que se solicita. Se puder ajudar, faça no momento que o pedem. Isto te apresentará como um autêntico seguidor de Jesus.



ORAÇÃO INICIAL 

Senhor, tu que tens dignado redimir-nos e tens querido fazer-nos teus filhos, olha-nos sempre com amor de pai e faz que, quantos acreditarem em Cristo, teu Filho, alcance a liberdade verdadeira e a herança eterna. Por Nosso Senhor...



REFLEXÃO

Lucas 8,16-18

A lâmpada no lampadário é nosso Senhor Jesus Cristo, a verdadeira luz do Pai que ilumina todo o homem que vem a este mundo. Dito de outra forma, é a Sabedoria e a Palavra do Pai; tendo aceitado a nossa carne, tornou-se realmente e foi chamada a “luz” do mundo. É celebrado e exaltado na Igreja pela nossa fé e pela nossa piedade. Torna-se assim visível a todas as nações e brilha para todos os da casa, isto é, para o mundo inteiro, tal como é dito nas suas palavras: Não se acende uma candeia para pô-la debaixo de um vaso, mas no candelabro onde brilhe para todos os da casa. Mais uma vez, com estas palavras, Jesus nos incita a levarmos uma vida sem mancha, aconselhando-nos a velar constantemente sobre nós mesmos, uma vez que estamos colocados diante dos olhos de todos os homens, tal como atletas num estádio visto por todo o universo na linguagem paulina.
Como se vê, Cristo designa-se a si mesmo como lâmpada. Sendo Deus por natureza, tornou-se carne no plano da salvação, uma luz escondida na carne, tal como debaixo de um vaso. Era nisto que David pensava quando dizia: Uma lâmpada para os meus passos é a tua palavra, uma luz no meu caminho. Porque faz desaparecer as trevas da ignorância e do mal entre os homens, o meu Salvador e Deus. E é chamado lâmpada na Sagrada Escritura.
Porque é o único a poder aniquilar as trevas da ignorância e a dissipar a escuridão do pecado, tornou-se para todos os caminhos de salvação. Conduz junto do Pai aqueles que, pelo conhecimento e pela virtude, avançam com ele pelo caminho dos mandamentos, considerado caminho da justiça.

O lampadário é a Santa Igreja porque o Verbo de Deus brilha por causa da sua pregação. É deste modo que os raios da sua verdade podem iluminar o mundo inteiro… Mas com uma condição: não a esconder sob a letra da lei. Todo aquele que fica preso apenas à letra da Escritura vive segundo a carne: põe a lâmpada debaixo do vaso. Pelo contrário, colocada no lampadário, Cristo Cabeça da Igreja ilumina todos os homens.
Assim, iluminados por Cristo, não podemos sentar-nos tranqüilos, escondidos num cantinho do mundo, porque estamos à vista de todos os homens, tal como uma cidade situada no cimo de um monte, tal como em casa uma luz que se pôs sobre o lampadário. Saiba que as piores malícias não poderão lançar qualquer sombra sobre a nossa luz, se vivermos na vigilância dos que são chamados a conduzir para o bem o mundo inteiro.
Portanto, que a nossa vida responda, pois, à santidade do nosso ministério, para que a graça de Deus seja anunciada em toda a parte.




PARA REFLEXÃO PESSOAL

Já se sentiu como uma lâmpada no meio de sua comunidade?
Onde estava sua luz, debaixo da mesa, ou, sobre o candelabro?
Não esconda o brilho que lhe foi proporcionado por Cristo, compartilhe com os demais!





ORAÇÃO FINAL 

(SALMO 14)
Hoje ficarei atento aos pedidos de recursos materiais, espirituais ou de tempo nos quais possa contribuir e o farei com disposição e alegremente.




sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Lectio Divina - 19/09/14


SEXTA-FEIRA -19/09/2014



PRIMEIRA LEITURA: 1Corintios 15,12-20


Deus nos tem dado a presença de seu Espírito para que possamos viver esta vida com alegria, com paz e com gozo, mas também nos prometeu que “ai onde Ele está também estaremos um dia com Ele”. Esta é a esperança que alenta nossa vida: poder participar um dia, por toda a eternidade com Ele. Por isso, como dirá Paulo, para o cristão a vida é Cristo, e a morte, um lucro. Santa Teresa de Ávila, que havia entendido bem a vida que lhe esperava, dizia: “Morro porque não morro, e tão alta vida espero, que morro porque não morro”. Nossa vida na terra, fundada em Cristo e vivida no poder do Espírito, é a experiência mais fabulosa que o homem pode ter, mas ainda assim, o que Deus tem preparado para os que lhe amam: “Nem olho viu, nem ouvido ouviu”. A prova definitiva da fidelidade de Cristo a suas promessas, a temos em Maria Santíssima, a qual, sendo de natureza humana como todos nós, Deus, havendo Maria terminado o curso de sua existência na terra, foi elevada ao céu; com isso nos mostrou o que será de nossa vida se, como ela, sabemos ser fiéis e viver nossa vida em Cristo. Viva você vida na alegria do Espírito e deixa que a irmã morte, seja a porta que um dia, te conduzirá aos braços amorosos do Pai.



ORAÇÃO INICIAL 

Ó Deus, criador de todas as coisas, volvei para nós o vosso olhar e, para sentirmos em nós a ação do vosso amor, fazei que vos sirvamos de todo o coração. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.



REFLEXÃO

Lucas 8,1-13


O evangelho de hoje dá continuidade ao episódio de ontem que falava da atitude surpreendente de Jesus para com as mulheres, quando defendeu uma moça, conhecida na cidade como pecadora, contra as críticas de um fariseu. Agora, no começo do capítulo 8, Lucas descreve como Jesus andava pelos povoados e cidades da Galiléia e a novidade é que ele era acompanhado não só por discípulos mas também por discípulas.
Lucas 8,1: Os doze que seguem Jesus. Numa única frase Lucas descreve a situação: Jesus anda por toda a parte, pelos povoados e cidades da Galiléia, anunciando a Boa Nova do Reino de Deus e os doze estão com ele. A expressão “seguir Jesus” (cf. Mc 1,18; 15,41) indica a condição do discípulo que segue o Mestre, vinte e quatro horas por dia, procurando imitar o seu exemplo e participar do seu destino.
Lucas 8,2-3: As mulheres seguem Jesus. O surpreendente é que, ao lado dos homens, há também mulheres “junto com Jesus”. Lucas coloca os discípulos e as discípulas em pé de igualdade, pois ambos seguem Jesus. Lucas também conservou os nomes de algumas destas discípulas: Maria Madalena, nascida na cidade de Magdala. Ela tinha sido curada de sete demônios. Joana, mulher de Cuza, procurador de Herodes Antipas, que era governador da Galiléia. Suzana e várias outras. Delas se afirma que “servem a Jesus com seus bens”. Jesus permitia que um grupo de mulheres o “seguisse” (Lc 8,2-3; 23,49; Mc 15,41). O evangelho de Marcos, falando das mulheres no momento da morte de Jesus, informa: “Aí estavam também algumas mulheres, olhando de longe. Entre elas estavam Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago, o menor, e de Joset, e Salomé. Elas haviam seguido e servido a Jesus, desde quando ele estava na Galiléia. Muitas outras mulheres estavam aí, pois tinham subido com Jesus a Jerusalém” (Mc 15,40-41). Marcosdefine a atitude delas com três palavras:seguir, servir, subir até Jerusalém. Os primeiros cristãos não chegaram a elaborar uma lista destas discípulas que seguiam Jesus como fizeram com os doze discípulos. Mas pelas páginas do evangelho de Lucas aparecem os nomes de sete discípulas: Maria Madalena, Joana, mulher de Cuza, Suzana (Lc 8,3), Marta e Maria (Lc 10,38), Maria, mãe de Tiago (Lc 24,10) e Ana, a profetisa (Lc 2,36), de oitenta e quatro anos de idade. O número oitenta e quatro é doze vezes sete. A idade perfeita! A tradição eclesiástica posterior não valorizou este dado do discipulado das mulheres com o mesmo peso com que valorizou o seguimento de Jesus por parte dos homens. É pena.
O Evangelho de Lucas sempre foi considerado o Evangelho das mulheres. De fato, Lucas é o que traz o maior número de episódios em que se destaca o relacionamento de Jesus com as mulheres. E a novidade não está só na presença delas ao redor de Jesus, mas também e sobretudo na atitude de Jesus em relação a elas. Jesus as toca ou se deixa tocar por elas sem medo de se contaminar (Lc 7,39; 8,44-45.54). Diferente dos mestres da época, Jesus aceita mulheres como seguidoras e discípulas (Lc 8,2-3; 10,39). A força libertadora de Deus, atuante em Jesus, faz a mulher se levantar e assumir sua dignidade (Lc 13,13). Jesus é sensível ao sofrimento da viúva e se solidariza com a sua dor (Lc 7,13). O trabalho da mulher preparando alimento é visto por Jesus como sinal do Reino (Lc 13,20-21). A viúva persistente que luta por seus direitos é colocada como modelo de oração (Lc 18,1-8), e a viúva pobre que partilha seus poucos bens com os outros como modelo de entrega e doação (Lc 21,1-4). Numa época em que o testemunho das mulheres não era aceito como válido, Jesus escolhe as mulheres como testemunhas da sua morte (Lc 23,49), sepultura (Lc 23,55-56) e ressurreição (Lc 24,1-11.22-24)



PARA REFLEXÃO PESSOAL

Na sua comunidade, no seu país, na sua Igreja, como é a valorização da mulher?
Compare a atitude da nossa Igreja com a atitude de Jesus.



ORAÇÃO FINAL 

(SALMO 16)
Hoje pensarei quais as coisas eu deixaria pendentes de fazer se hoje morresse e, procurarei regularizá-las, pois ninguém sabe nem o dia nem a hora.





quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Lectio Divina - 18/09/14


QUINTA-FEIRA -18/09/2014



PRIMEIRA LEITURA: 1Corintios 15,1-11


Ao tratar da mensagem cristã, Paulo coloca a ressurreição como ponto central de nossa fé. Em Cristo morto e ressuscitado revelou-se uma vida nova, da qual somos convidados a participar para sempre. O apóstolo traz uma exposição fundamental sobre a ressurreição. Em um primeiro momento, revela a ressurreição de Cristo como objeto da profissão de fé das testemunhas.




ORAÇÃO INICIAL 

Ó Deus, criador de todas as coisas, volvei para nós o vosso olhar e, para sentirmos em nós a ação do vosso amor, fazei que vos sirvamos de todo o coração. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.



REFLEXÃO

Lucas 7,36-50


O evangelho de hoje traz o episódio da moça de perfume que foi acolhida por Jesus durante uma refeição na casa de Simão, o fariseu. Um dos aspecto da novidade que a Boa Nova de Deus traz é a atitude surpreendente de Jesus para com as mulheres. Na época do Novo Testamento, a mulher vivia marginalizada. Na sinagoga ela não participava, na vida pública não podia ser testemunha. Muitas mulheres, porém, resistiam contra sua exclusão. Desde os tempos de Esdras, crescia a marginalização das mulheres pelas autoridades religiosas (Esd 9,1 a 10,44) e crescia também a resistência das mulheres contra a sua exclusão, como transparece nas histórias de Judite, Ester, Rute, Noemi, Suzana, da Sulamita e de tantas outras. Esta resistência encontrou eco e acolhida em Jesus. No episódio da moça do perfume transparecem o inconformismo e a resistência das mulheres no dia-a-dia da vida e o acolhimento que Jesus lhes dava.
Lucas 7,36-38: A situação que provocou o debate. Três pessoas totalmente diferentes se encontram: Jesus, Simão, o fariseu, um judeu praticante, e a moça, da qual diziam que era pecadora. Jesus está na casa de Simão que o convidou para um jantar. A moça entra, coloca-se aos pés de Jesus, começa a chorar, molha os pés de Jesus com as lágrimas, solta os cabelos para enxugá-los, beija e unge os pés com perfume. Soltar os cabelos em público era um gesto de independência. Jesus não se retrai nem afasta a moça, mas acolhe o gesto dela.
Lucas 7,39-40: A reação do fariseu e a resposta de Jesus. Jesus estava acolhendo uma pessoa que, conforme os costumes da época, não podia ser acolhida, pois era pecadora. O fariseu, observando tudo, critica Jesus e condena a mulher: "Se este homem fosse um profeta, saberia que tipo de mulher é esta que o toca, pois é uma pecadora!" Jesus usa uma parábola para responder à provocação do fariseu.
Lucas 7,41-43: A parábola dos dois devedores. Um devia 500 denários, o outro, 50. Nenhum dos dois tinha como pagar. Ambos foram perdoados. Qual dos dois terá mais amor? Resposta do fariseu: "Amará mais aquele a quem mais se perdoa!". A parábola supõe que os dois, tanto o fariseu como a moça, tinham recebido algum favor de Jesus. Na atitude que os dois tomam diante de Jesus, mostram como apreciam o favor recebido. O fariseu mostra o seu amor, a sua gratidão, convidando Jesus para o jantar. A moça mostra o seu amor, a sua gratidão, através das lágrimas, dos beijos e do perfume.
Lucas 7,44-47: O recado de Jesus para o fariseu. Depois de receber a resposta do fariseu, Jesus aplica a parábola. Mesmo estando na casa do próprio fariseu, a convite do mesmo, Jesus não perde a liberdade de falar e de agir. Defende a moça contra a crítica do judeu praticante. O recado de Jesus para os fariseus de todos os tempos é este: "Aquele, a quem pouco foi perdoado, mostra pouco amor!" Um fariseu acha que ele não tem pecado, porque observa em tudo a lei. A segurança pessoal que eu, fariseu, crio para mim pela observância das leis de Deus e da Igreja, muitas vezes, me impede de experimentar a gratuidade do amor de Deus. O que importa não é a observância da lei em si, mas sim o amor com que observo a lei. E usando os símbolos do amor da moça, Jesus dá a resposta ao fariseu que se considerava em paz com Deus: "Você não me deu água para lavar os pés, não me deu o beijo de acolhida, não me deu água de cheiro! Simão, apesar de todo o banquete que me ofereceu, você tem pouco amor!"
Lucas 7,48-50: Palavra de Jesus para a moça. Jesus declara a moça perdoada e acrescenta:"Tua fé te salvou! Vai em paz!" Aqui transparece a novidade da atitude de Jesus. Ele não condena, mas acolhe. E foi a fé que ajudou a moça a se recompor e a se reencontrar consigo mesma e com Deus. No relacionamento com Jesus, uma força nova despertou dentro dela e a fez renascer. 



PARA REFLEXÃO PESSOAL

Onde, quando e como as moças são desprezadas pelos fariseus de hoje ?
A moça certamente não teria feito o que fez, se não tivesse antes a certeza absoluta de ser acolhida por Jesus. Será que os marginalizados e os pecadores de hoje têm a mesma certeza a nosso respeito?





ORAÇÃO FINAL 

(SALMO 117/118)





quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Lectio Divina - 17/09/14

QUARTA-FEIRA -17/09/2014



PRIMEIRA LEITURA: 1Corintios 12,31-13,13



A imagem do corpo é usada para falar da unidade, diversidade e solidariedade que caracterizam a comunidade cristã. Esta é una, porque forma o corpo de Cristo, dado que todos receberam o mesmo batismo e o mesmo Espírito, que produzem a comunhão e igualdade fundamental. Contudo, as pessoas são diferentes entre si; cada uma com sua originalidade contribui, de maneira indispensável, para a construção e crescimento de todos; portanto, não há lugar para complexos de superioridade ou inferioridade. O cimento da vida comunitária é a solidariedade, que faz todos voltar-se para cada um, principalmente para os mais fracos e necessitados, partilhando os sofrimentos e alegrias. 13,1-13: O caminho que ultrapassa a todos os dons e ao qual todos os membros da comunidade devem aspirar é o amor. “Deus é amor” (1Jo 4,8), Jesus é o enviado do amor (Jo 3,16), e o centro do Evangelho é o mandamento do amor (Mc 12,28-34), que sintetiza toda a vontade de Deus (Rm 13,8-10). O amor é a fonte de qualquer comportamento verdadeiramente humano, pois leva a pessoa a discernir as situações e a criar gestos oportunos, capazes de responder adequadamente aos problemas. Os outros dons dependem do amor, não podem substituí-lo, e sem ele nada significam. O amor é a força de Deus e também a força da pessoa aliada a Deus. É a fortaleza inexpugnável que sustenta o testemunho cristão, pois “tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta”. O amor é eterno e transcende tempo e espaço, porque é a vida do próprio Deus, da qual o cristão já participa. É maior do que a fé e a esperança, que nele estão contidas. 



ORAÇÃO INICIAL 

Ó Deus, criador de todas as coisas, volvei para nós o vosso olhar e, para sentirmos em nós a ação do vosso amor, fazei que vos sirvamos de todo o coração. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.



REFLEXÃO

Lucas 7,31-35


No evangelho de hoje veremos como a novidade da Boa Nova foi avançando de tal modo que as pessoas agarradas às formas antigas da fé ficavam perdidas sem entenderem mais nada da ação de Deus. Para esconder sua falta de abertura e de compreensão elas se defendiam e buscavam pretextos infantis para justificar sua atitude de não aceitação. Jesus reage com uma parábola para denunciar a incoerência dos seus adversários "Vocês parecem crianças que não sabem o que querem!"
Lucas 7,31: Com que vou comparar vocês? Jesus estranha a reação do povo e diz: "Com quem eu vou comparar os homens desta geração? Com quem se parecem eles?” Quando uma coisa é evidente e as pessoas, ou por ignorância ou por má vontade, não o perceber nem querem perceber, é bom encontrar uma comparação evidente que lhes revele a incoerência e a má vontade. E Jesus é mestre em encontrar comparações que falam por si. 
Lucas 7,32: Como crianças sem juiz. A comparação que Jesus encontrou é esta. Vocês se parecem com “crianças que se sentam nas praças, e se dirigem aos colegas, dizendo: Tocamos flauta, e vocês não dançaram; cantamos música triste, e vocês não choraram”. No mundo inteiro crianças mimadas têm a mesma reação. Reclamam quando os outros não fazem e agem como elas querem. O motivo da queixa de Jesus é a maneira arbitrária como, no passado, reagiram diante de João Batista e, agora no presente, diante do próprio Jesus.
Lucas 7,33-34: A opinião deles sobre João e Jesus. “Pois veio João Batista, que não comia nem bebia, e vocês disseram: 'Ele tem um demônio!' Veio o Filho do Homem, que come e bebe, e vocês dizem: Ele é um comilão e beberrão, amigo dos cobradores de impostos e dos pecadores!” Jesus foi discípulo de João Batista, acreditava nele e se fez batizar por ele. Foi por ocasião do batismo no Jordão, que ele teve a revelação do Pai a respeito da sua missão como Messias Servo (Mc 1,10). Ao mesmo tempo, Jesus ressalta a diferença entre ele mesmo e João. João era mais severo, mais ascético, não comia nem bebia. Ficava no deserto e ameaçava o povo com os castigos do Juízo final (Lc 3,7-9). Por isso diziam que ele tinha um demônio, era possesso. Jesus era mais acolhedor, comia e bebia como todo mundo. Andava pelos povoados e entrava nas casas do povo, acolhia cobradores de impostos e prostitutas. Por isso diziam que era comilão e beberrão. Apesar de generalizar ao falar dos “homens desta geração” (Lc 7,31), provavelmente, Jesus tem em mente a opinião das autoridades religiosas que não acreditavam em Jesus (Mc 11,29-33).
Lucas 7,35: A conclusão óbvia a que Jesus chega. E Jesus termina tirando a conclusão: “Mas a sabedoria foi justificada por todos os seus filhos” A falta de seriedade e de coerência aparece claramente na opinião que emitem sobre Jesus e João. A má vontade é tão evidente que não precisa de prova. Isto faz lembrar a resposta de Jó aos amigos que pretendiam ser sábios: “Oxalá vocês ficassem calados! Seria o melhor ato de sabedoria!” (Jó 13,5).





PARA REFLEXÃO PESSOAL

Quando emito opinião sobre os outros sou como os fariseus e escribas que opinavam sobre João e Jesus? Eles apenas expressavam seus próprios preconceitos e nada informavam sobre as pessoas que por eles eram julgados.
Você conhece grupos na igreja de hoje que mereceriam a parábola de Jesus?



ORAÇÃO FINAL 

(SALMO 32,12-13)
Hoje praticarei, com maior afinco, aquilo no qual sei que sou especialmente bom, devido aos dons que Deus tem colocado em mim, na confiança de que eu os utilizarei para o bem comum.







terça-feira, 16 de setembro de 2014

Lectio Divina - 16/09/14



TERÇA-FEIRA -16/09/2014



PRIMEIRA LEITURA: 1Corintios 12,12-14.27-31


Depois do problema da desordem nas assembléias, Paulo convida a valorizar o dom com o qual Deus abençoou a cada um dos membros da comunidade e a dar-se conta de que todos, seja qual o dom que tenham, são partes do mesmo corpo de Cristo, que é sua Igreja. É que, na medida em que cada um dos membros da Igreja se coloca a serviço dos demais o carisma ou o dom que Deus lhe deu, o funcionamento é mais harmônico e perfeito. O problema está em que, por um lado, nem todos dão conta dos dons que tem, e por outro, que ainda sabendo, não querem colocá-lo a serviço dos demais. Isto faz que não cresçamos e que o corpo se atrofie. E isto é aplicado não só à “estrutura eclesial”, mas, à todo o povo de Deus. Em nossos centros de trabalho, em nossas escolas, em nossas próprias casas, é necessário que coloquemos à serviço dos demais o que Deus nos tem premiado. Todos nós somos distintos precisamente para que, esta diferença, seja aquilo que ajude e complemente aos demais. Descubra teus dons, rompa teu egoísmo, e coloque-os a serviço dos demais. 


ORAÇÃO INICIAL 

Oh Deus, criador e dono de todas as coisas, olha-nos, e, para que sintamos o afeto de teu amor, concede-nos servir-te de todo coração. Por Nosso Senhor… 



REFLEXÃO

Lucas 7,11-17


O evangelho de hoje narra o episódio da ressurreição do filho da viúva de Naim. É esclarecedor o contexto literário deste episódio no capítulo VII do Evangelho de Lucas. O evangelista quer mostrar como Jesus vai abrindo caminho, revelando a novidade de Deus que avança por meio do anuncio da Boa Nova. Vão acontecendo a transformação e a abertura: Jesus acolhe o pedido de um estrangeiro não judeu (Lc 7,1-10) e ressuscita o filho de uma viúva (Lc 7,11-17). A maneira como Jesus revela o Reino surpreende aos irmãos que não estavam acostumados a tão grande abertura. Até João Batista ficou perdido e mandou perguntar: “És tu o senhor ou devemos esperar outro?” (Lc 7,18-30). Jesus chegou a denunciar a incoerência de seus anfitriões: “Sois como crianças que não sabem o que querem!” (Lc 7,31-35). E no final, a abertura de Jesus para com as mulheres (Lc 7,36-50).
Lucas 7,11-12: O ENCONTRO DAS DUAS PROCISSÕES. “Continuando foi a uma cidade chamada Naim. Iam com ele seus discípulos e uma grande multidão. Quando se aproximava da porta da idade levavam para enterrar um morto, filho único de sua mãe, que era viúva; acompanhava muita gente da cidade”. Lucas é como um pintor. Com poucas palavras consegue pintar o quadro tão bonito do encontro das duas procissões: a procissão da morte que sai da cidade e acompanha a viúva que leva seu único filho para o cemitério, a procissão da vida que entra na cidade e acompanha Jesus. As duas se encontram na pequena cidade, junto à porta da cidade de Naim.
Lucas 7,13: A COMPAIXÃO ENTRA EM AÇÃO. “Ao vê-la o Senhor teve compaixão dele e disse: Não chores!”. É a compaixão que leva Jesus a falar e a agir. Compaixão significa literalmente: “sofrer com”, assumir a dor da outra pessoa, identificar-se com ela, sentir com ela a dor. É a compaixão que aciona em Jesus o poder, o poder da vida sobre a morte, poder criador. 
Lucas 7,14-15: JOVEM, A TI DIGO, LEVANTA-TE!”. Jesus se aproxima, toca o féretro e diz: “Jovem, a ti te digo, levanta-te! O morto se incorporou e começou a falar. E Jesus “o devolveu à sua mãe”. Às vezes em momentos de grande sofrimento provocado pelo falecimento de uma pessoa querida, as pessoas dizem: “Naquele tempo, quando Jesus andava pela terra havia esperança de não perder uma pessoa querida, pois, Jesus poderia ressuscitá-la”. Elas olhavam o episódio da ressurreição do filho da viúva de Naim como um evento do passado que apenas provoca saudade e certa inveja. A intenção do evangelho, no entanto, não é provocar nem saudade nem inveja, mas sim ajudar a experimentar melhor a presença viva no meio de nós. Ele hoje está conosco, e diante dos problemas e do sofrimento que nos assolam, nos diz: “Te ordeno, levanta-te!”.
Lucas 7,16-17: A REPERCUSSÃO. “Todos ficaram com muito medo e glorificavam a Deus dizendo: Um grande profeta surgiu entre nós, e Deus veio visitar seu povo”. E que se dizia dele se propagou por toda a Judéia e por toda a região circunvizinha. É o profeta que foi anunciado por Moisés (Dt 18,15). O Deus que veio nos visitar é o “Pai dos órfãos e das viúvas” (Sl 68,6, conf. Jd 9,11).




PARA REFLEXÃO PESSOAL

Foi a compaixão que levou Jesus a ressuscitar o filho da viúva. O sofrimento dos demais. Produz em nós a mesma compaixão? O que faço para ajudar o outro a vencer a dor e criar vida nova?
Deus visitou seu povo. Percebo as muitas visitas de Deus em minha vida e na vida das pessoas?



ORAÇÃO FINAL 

(SALMO 100,2-3)
Hoje praticarei, com muito maior afinco, aquilo em que sei que sou especialmente bom, devido aos dons que Deus colocou em mim, na confiança que eu os utilizarei para o benefício comum.




segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Lectio Divina - 15/09/14



SEGUNDA-FEIRA -15/09/2014



PRIMEIRA LEITURA: Hebreus 5,7-9



O versículo 7 há muito tempo é foco de interesse. Tradicionalmente tem sido considerada referência à oração de Jesus no Getsêmani, conforme relatado em Mc 14,32-42 e paralelos. Mais dois fatores fazem hesitar em entendê-lo dessa maneira: do ponto de vista da linguagem, o versículo não tem nada em comum com a história do Gstsêmani, e também essa seria a única referência em Hebreus a uma passagem evangélica especifica. A alternativa é supor que o versículo é uma descrição do herói judaico típico, tal como Abraão ou Moisés, que reza efusivamente a Deus. A linguagem usada tem notáveis paralelos na descrição que Filon faz de tais pessoas. Se há alguma referência à narrativa evangélica, é referência muito indireta.



ORAÇÃO INICIAL 

Oh Deus, criador e dono de todas as coisas, olhe-nos, e, para que sintamos o efeito de teu amor, concede-nos servir-te de todo coração. Por Nosso Senhor…



REFLEXÃO

João 19,25-27

Hoje é comemorado o dia de Nossa Senhora das Dores, o evangelho do dia relata o momento em que Maria, a mãe de Jesus, e o discípulo amado se encontram no calvário diante da Cruz. A Mãe de Jesus aparece duas vezes no evangelho de João: no começo, nas bodas de Caná (Jo 2,1-5), e no final, aos pés da Cruz (Jo 19,25-27). Estes dois episódios, exclusivos do evangelho de João, têm um valor simbólico muito profundo. O evangelho de João, comparado com os outros três evangelhos é como uma radiografia, enquanto, os outros três são como uma fotografia. A radiografia ajuda a descobrir nos acontecimentos dimensões que o olhar comum não consegue perceber. O evangelho de João, além de descrever os fatos, revela a dimensão simbólica que neles existem. Assim, nos dois casos, em Caná e na Cruz, a Mãe de Jesus representa simbolicamente o Antigo Testamento que aguarda a chegada do Novo Testamento e, nos dois casos, contribui na chegada do Novo. Maria aparece como o elo entre o que havia antes e o que virá depois. Em Caná, simboliza o AT, percebe os limites do Antigo e toma a iniciativa para que o Novo possa chegar. Vai e fala ao Filho: “Não têm vinho!” (Jo 2,3), E no Calvário? Vejamos:
João 19,25: AS MULHERES E O DISCÍPULO AMADO JUNTO DA CRUZ. Assim diz o Evangelho: “A mãe de Jesus, a irmã de sua mãe, Maria de Cleófas, e Maria Madalena estavam junto da cruz”. A “fotografia” mostra a mãe junto com o filho, de pé. Mulher forte, que não se deixa abater. Ela é uma presença silenciosa que apóia o filho em sua entrega até a morte, e a morte de cruz (Fl 2,8). Além disto, a “radiografia” da fé mostra como se realiza o momento do AT e NT. Como em Caná, a Mãe de Jesus representa o AT. O Discípulo Amado representa o NT, a comunidade que cresceu ao redor de Jesus. É o filho que nasceu do AT, a nova humanidade que se forma a partir da vivência do Evangelho do Reino. Ao final do primeiro século, alguns cristãos pensavam que o AT, já não era necessário. De fato, no começo segundo século, Marcião rejeitou todo o AT e ficou somente com uma parte do NT. Por isso, muitos queriam saber qual era a vontade de Jesus a esse respeito. 
João 19,26-28: O TESTAMENTO OU VONTADE DE JESUS. As palavras de Jesus são significativas. Vendo sua mãe e ao lado dela, o discípulo que Ele amava, disse a sua mãe: “Mulher, eis ai teu filho!”. Depois disse ao discípulo: “Eis ai tua Mãe!”. O Antigo e o Novo Testamento devem caminhar juntos. O pedido de Jesus, o discípulo amado, o filho, o NT, recebem a Mãe, o AT em sua casa. Na casa do Discípulo Amado, na comunidade cristã, descobre-se o sentido pleno do AT. O Novo não se entende sem o Antigo, nem o Antigo é completo sem o Novo. Santo Agostinho dizia: “O Novo está escondido no Antigo, o Antigo deságua no Novo”. O Novo sem o Antigo seria um edifício sem fundamentos. E o Antigo sem o Novo seria uma árvore frutífera que não dá frutos.
MARIA NO NOVO TESTAMENTO. Fala-se muito pouco de Maria no NT, e ela mesmo fala menos ainda. Maria é a Mãe do Silêncio. A Bíblia conserva apenas sete palavras de Maria. Cada uma destas sete palavras é como uma janela que permite olhar para dentro da casa de Maria para descobrir como ela se relacionava com Deus. A chave para entender tudo isto Lucas nos dá nesta frase: “Felizes os que ouvem a Palavra de Deus e a colocam em prática” (Lc 11,27-28).
1ª PALAVRA:- “Como pode acontecer isto se não conheço homem?”. (Lc 1,34)
2ª PALAVRA:- “Eis aqui a escrava do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra”.(Lc 1,38)
3ª PALAVRA:- “Engrandece minha alma o Senhor, se alegra meu espírito em Deus meu Salvador”. (Lc 1,46-55)
4ª PALAVRA:- “ Meu Filho, por que nos fez isto? Teu pai e eu, angustiados, te procuramos” (Lc 2,48)
5ª PALAVRA:- “Não tem vinho!” (Jo 2,3)
6ª PALAVRA:- “Fazei tudo o que Ele vos disser!” (Jo 2,5)
7ª PALAVRA:- “O silêncio aos pés da Cruz, mais eloqüente que mil palavras”. (Jo 19,25-27)




PARA REFLEXÃO PESSOAL

Maria aos pés da Cruz. Mulher forte e silenciosa. Como é minha devoção a Maria, a mãe de Jesus?
Na “Pietá” de Michelangelo, Maria aparece bem jovem, mais jovem que seu Filho crucificado, quando já teria no mínimo ao redor de 50 anos. Ao perguntar ao escultor porque havia esculpido o rosto de Maria tão jovem, Michelangelo replicou: “As pessoas apaixonadas por Deus, não envelhecem nunca!”. Apaixonada por Deus! Existe em mim esta paixão?



ORAÇÃO FINAL 

(SALMO 31,20)
Hoje vigiarei minha maneira de falar e de dirigir-me aos demais e verei se há algo que não seja digna conduta do filho do Grande Rei, e sacá-lo-ei de minha vida para sempre.