sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Lectio Divina - 28/11/14


SEXTA-FEIRA -28/11/2014



PRIMEIRA LEITURA: Apocalipses 20,1-4.11-21,2



João apresenta agora a dinâmica do fim dos tempos: com a morte e ressurreição de Jesus, o fim da história já começou, e se vai processando ao longo da história, até chegar à consumação final, quando a Aliança entre Deus e os homens se tornar plenamente manifesta. O fim da história é o julgamento, no qual se manifesta a vida. A morte e o mal vão ser destruídos, e os homens serão julgados conforme viveram. O trono evoca a presença do juiz. Este céu e terra desaparecem, porque tudo se renovará. O julgamento de Deus não é arbitrário: quem pronuncia a sentença é a própria vida de cada um. O livro da vida é o livro do Cordeiro; nele está o nome dos que deram o testemunho de Jesus. A morte e a morada dos mortos personificam os poderes do mal. São destruídos, porque doravante tudo será vida. O Apocalipse não considera tanto o futuro longínquo ou próximo, como se o triunfo de Cristo devesse chegar depressa e devessem cessar as atuais perseguições; considera o hoje, a luta, que durará e será sempre árdua. Na realidade presente do reino, os cristãos que sofrem compartilham a cada momento a vitória de Cristo, enquanto voluntariamente compartilham sua morte. Em nosso tempo atual as perseguições, calúnias, contestações e o silencio ferem os seguidores do Cordeiro. Mas desde já, os que são condenados falsamente sentam-se para julgar os seus verdugos. Os homens são agora julgados com base no livro da vida; vai-se agora construindo um novo céu e uma nova terra. A atual oposição e perseguição do mundo é o mais belo sinal da vitória da Igreja. A dor e a perseguição fazem sentir o reino como vivo num mundo que morre. O triunfo da Igreja perseguida não está na promessa de que tais provas cessarão (e então virá o prêmio), mas na garantia de que estes sofrimentos já são a vitória.




ORAÇÃO INICIAL 

Mova Senhor, os corações de teus filhos, para que, correspondendo generosamente a tua graça, recebam com maior abundância a ajuda de tua bondade. Por Nosso Senhor…





REFLEXÃO

Lucas 21,29-33


Hoje o evangelho nos trás as recomendações finais do Discurso Apocalíptico. Jesus insiste em dois pontos: (a)-na atenção que precisamos dar aos sinais dos tempos (Lc 21,29-31) e (b)-na esperança, que tenha seu fundamento na firmeza da palavra de Jesus, que expulsa o medo e o desânimo (Lc 21,32-33).
Lucas 21,29-31: OLHAI PARA A FIGUEIRA E PARA TODAS AS ÁRVORES. Jesus manda olhar à natureza. “Olhai para a figueira e as demais árvores. Quando brotarem, saberão que o verão estará próximo. Assim também vós, quando verem acontecer estas coisas, sabereis que o Reino está próximo”. Jesus pede para que contemplemos os fenômenos da natureza para aprender deles como ler e interpretar as coisas que estão acontecendo no mundo. Os brotos na figueira são um sinal de que o verão está chegando. Assim também aqueles sete sinais são prova de que o “Reino está próximo!”. Fazer este discernimento não é fácil. Uma pessoa só não dá conta da mensagem. É refletindo juntos em comunidade que a luz aparece. E a luz é esta: experimentar em tudo o que acontece um chamado e não fechar-se no momento presente, mas, manter o horizonte aberto e perceber em tudo uma “seta” que aponta para mais além, para o futuro. Mas, a hora exata da chegada do Reino ninguém sabe. No evangelho de Marcos, Jesus chega a dizer: “Quanto a este dia ou a esta hora, ninguém sabe, nem os anjos do céu, nem o Filho, mas somente o Pai” (Mc 13,32).
Lucas 21,32-33: “EU VOS ASSEGURO QUE NÃO PASSARÁ ESTA GERAÇÃO ATÉ QUE TUDO ISTO ACONTEÇA. O CÉU E A TERRA PASSARÃO, PORÉM, MINHAS PALAVRAS NÃO PASSARÃO”. Esta palavra de Jesus evoca a profecia de Isaias que dizia: “Toda carne é erva e toda a sua graça como a flor do campo. Seca-se a erva e murcha-se a flor, quando o vento de Iahweh sopra sobre elas; seca-se a erva, murcha-se a flor, mas a palavra do nosso Deus subsiste para sempre”. (Is 40,7-8). A palavra de Jesus é a fonte de nossa esperança. O que diz acontecerá!
A VINDA DO MESSIAS E O FIM DO MUNDO. Hoje muita gente vive preocupada com o fim do mundo. Alguns se baseiam em uma leitura errônea e fundamentalista do Apocalipse de João, e chegam a calcular a data exata do fim do mundo. No passado, a partir dos “mil anos” mencionados no Apocalipse (Ap 20,7), as pessoas diziam: “O ano 1000 passou, porém, o 2000 não passará!. Por isto, na medida em que se ia aproximando o ano 2000, muitos ficavam preocupados. Houve até gente que, angustiada com a chegada do fim do mundo, suicidou-se. Porém, o ano 2000 passou e nada aconteceu. O fim do mundo não chegou! A mesma problemática estava viva nas comunidades cristãs dos primeiros séculos. Elas viviam na expectativa da vinda iminente de Jesus. Jesus viria realizar o Juízo Final para terminar com a história injusta do mundo daqui de baixo e iniciar uma nova fase da história, a fase definitiva do Novo Céu e da Nova Terra. Pensavam que isto ocorreria dentro de uma ou duas gerações. Muita gente estaria viva, quando Jesus aparecesse glorioso no céu (1Ts 4,16-17; Mc 9,1). E havia até pessoas que haviam deixado de trabalhar, porque pensavam que a vinda fosse coisa de poucos dias, ou, de semanas (2Ts 2,1-3;3,11). Assim pensavam. Porém, até agora, a vinda de Jesus, entretanto, não ocorreu! Como entender esta demora? Nas ruas da cidade, a pessoa vê pintada nas paredes as palavras: Jesus voltará! Vem ou não vem? E como será sua vinda? Muitas vezes a afirmação: “Jesus voltará”, é usada para colocar medo nas pessoas e obrigá-las a ir à uma determinada igreja. No Novo Testamento, o retorno de Jesus é sempre motivo de alegria e de paz. Para os explorados e oprimidos, a vinda de Jesus é uma Boa Notícia. Quando virá? Entre os judeus, as opiniões eram muito variadas. Os saduceus e os herodianos diziam: “Os tempos messiânicos já chegaram!”. Pensavam que seu bem estar durante o governo de Herodes fosse expressão do Reino de Deus. Por isto, não queriam mudar e estavam contra a pregação de Jesus que convocava as pessoas para mudar e converter-se. Os fariseus diziam: “A chegada do Reino vai depender de nosso esforço na observância da Lei!”. Os essênios diziam: “O Reino prometido chegará só quando tenhamos purificado o país e todas as impurezas”. Entre os cristãos havia a mesma variedade de opiniões. Alguns da comunidade de Tessalônica na Grécia, apoiando-se na pregação de Paulo, diziam: “Jesus voltará!” (1Ts 4,13-18; 2Ts 2,2). Paulo responde que não era tão simples como imaginavam. E aos que haviam deixado de trabalhar dizia: “Quem não quer trabalhar, que não coma!” (2Ts 3,10). Provavelmente tratava-se de pessoas que na hora do almoço iam mendigar comida na casa do vizinho. Os cristãos opinavam que Jesus voltaria depois que o evangelho fosse anunciado ao mundo inteiro (At 1,6-11). E pensavam que quanto maior fosse o esforço de evangelizar, mais rapidamente viria o fim do mundo. Outros, cansados de esperar, diziam: “Não voltará!” (2Pd 3,4). Outros baseando-se nas palavras de Jesus, diziam acertadamente: “Já está no meio de nós!” (Mt 25,40).
Hoje acontece o mesmo. Existe gente que diz: “Como vão as coisas, estão bem tanto na Igreja como na sociedade”. Não querem mudar. Outros esperam o retorno imediato de Jesus. Outros pensam que Jesus voltará por meio de nosso trabalho e anuncio. Para nós, Jesus está em nosso meio (Mt 28,20). Ele já está do nosso lado na luta pela justiça, pela paz, pela vida. Porém, a plenitude não chegou, todavia. Por isto, esperamos com firme esperança a libertação total da humanidade e da natureza. (Rm 8,22-25).




PARA REFLEXÃO PESSOAL

Jesus pede que olhemos a figueira, para contemplar os fenômenos da natureza. Em minha vida aprendi alguma coisa contemplando a natureza?
Jesus disse: “O céu e a terra passarão, porém, minha palavra não passará”. Como entendo estas palavras de Jesus em minha vida. 





ORAÇÃO FINAL 

(SALMO 84,5-6)
Farei um parada em meu caminho para ver quanto cresci espiritualmente durante este ano litúrgico, e fixarei metas para ano que começa.




quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Lectio Divina - 05/11/14



QUARTA-FEIRA -05/11/2014



PRIMEIRA LEITURA: Filipenses 2,12-18



Seguir a vontade de Deus nunca foi fácil, pois, o próprio Jesus nos mostrou com sua vida, que muitas vezes foi marcada com sinal da cruz e da perseguição. Por isso, Paulo, encoraja a comunidade para continuar trabalhando na construção do Reino, sabendo que o próprio Deus quem da força e energia para fazê-lo. Se vezes você se sente cansado e sem ânimo para seguir adiante no projeto que lhe foi proposto, pode ser porque quer fazê-lo depender de teu próprio esforço, ou, porque não era precisamente de acordo com o projeto de Deus. Por isso, quando vier o desânimo, seja por pelos problemas que encontrar em tua vida, ou, pelas dificuldades às quais tem que enfrentar, lembre que a força nos vem de Deus. Ele é o primeiro interessado em que seu projeto se cumpra (em tua família, em tua comunidade, no seu trabalho, na escola), e por isso não te negará os recursos que necessite para que o Reino se estabeleça e possa verdadeiramente brilhar como uma tocha no meio da escuridão. Coragem!





ORAÇÃO INICIAL 

Senhor de poder e de misericórdia, que tens querido fazer digno e agradável por, por favor, teu o serviço de teus fiéis, concede-nos caminhar sem tropeços para os bens que nos prometestes. Por Nosso Senhor...




REFLEXÃO

Lucas 14,25-33


O evangelho de hoje nos fala do discipulado e apresenta as condições para que alguém possa ser discípulo ou discípula de Jesus. Jesus está a caminho de Jerusalém, onde vai morrer na Cruz. Este é o contexto em que Lucas coloca as palavras de Jesus sobre o discipulado.
Lucas 14,25: EXEMPLO DE CATEQUESE. O evangelho de hoje é um bonito exemplo de como Lucas transforma as palavras de Jesus em catequese para as pessoas das comunidades. Diz: “Caminhava com Ele muita gente. E voltando-se lhes disse”. Jesus fala a grandes multidões, isto é, fala para todos, inclusive para as pessoas das comunidades do tempo de Lucas e fala hoje também a nós. No ensinamento que segue, coloca as condições para que alguém seja seu discípulo.
Lucas 14,25-26: PRIMEIRA CONDIÇÃO: ODIAR PAI E MÃE. Alguns acham a palavra “odiar” muito forte e traduzem como “dar preferência a Jesus acima dos pais”. Este texto original usa a expressão “odiar os pais”. Em outro lugar Jesus manda amar e honrar os pais (Lc 18,20). Como explicar esta contradição? É uma contradição? No tempo de Jesus, a situação social e econômica levava as famílias a fechar-se em si mesmas e lhes impedia cumprir com a lei do resgate, isto é, socorrer aos irmãos e irmãs da comunidade que estavam ameaçados de perder sua terra ou de cair na escravidão (Cf. Dt 15,1-18; Lv 25,23-43). Encerradas em si mesmas, as famílias debilitavam a vida da comunidade. Jesus quer refazer a vida em comunidade. Por isto, pede que se rompa a estreita visão da pequena família que se fecha em si mesma e pede que as famílias se abram entre si na grande família, na comunidade. Este é o sentido de odiar o pai e a mãe, a mulher, os filhos, os irmãos e as irmãs. O próprio Jesus, quando os parentes de sua pequena família querem levá-lo de novo para Nazaré, não atende seu pedido. Ignora seu pedido e alarga a família dizendo: “Meu irmão, minha irmã, minha mãe são todos aqueles que fazem a vontade do Pai” (Mc 3,20-21.31-35). Os vínculos familiares não podem impedir a formação da Comunidade. Esta é a primeira condição.
Lucas 14,27: SEGUNDA CONDIÇÃO: CARREGAR A CRUZ, “o que não carregar sua cruz e vir após mim, não pode ser meu discípulo”. Para entender melhor o alcance desta segunda exigência devemos olhar o contexto em que Lucas coloca esta palavra de Jesus. Jesus está indo para Jerusalém onde será crucificado e morrerá. Seguir Jesus e carregar a cruz atrás Dele significa ir com Ele até Jerusalém onde será crucificado com Ele. Isto evoca a atitude das mulheres que “haviam seguido Jesus e haviam servido desde quando estava na Galiléia. Muitas outras estavam ali, pois, haviam subido com Jesus a Jerusalém” (Mc 15,41). Evoca também a frase de Paulo na carta aos Gálatas: “Quanto a mim, jamais me gloriarei a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, por quem o mundo está crucificado para mim e eu para o mundo” (Gl 6,14).
Lucas 14,28-32: DUAS PARÁBOLAS. As duas têm o mesmo objetivo: levar as pessoas a pensar melhor antes de tomar uma decisão. Na primeira parábola diz: “Porque quem de vós, que quer edificar uma torre, não se senta primeiro para calcular os gastos e, ver se tem possibilidade de acabá-la? A não ser que, havendo colocado o cimento e não podendo terminar, todos os que vêem começam a dizer: Este começou a edificar e não pode terminar!”. Esta parábola não necessita explicação, fala por si só, que cada um reflita bem sobre sua maneira de seguir Jesus e se pergunte se calculou as condições antes de tomar a decisão de ser discípulo de Jesus. A segunda parábola: “Por que um rei, antes de guerrear com outro rei, não se senta para deliberar se com dez mil pode enfrentar o outro, que vem contra ele com vinte mil? E se não, quando o outro está longe, envia uma embaixada para pedir condições de paz”. Esta parábola tem o mesmo objetivo da anterior. Alguns se perguntam: Como é que Jesus pode usar um exemplo de guerra? A pergunta é pertinente para nós que conhecemos as guerras hoje. Só a segunda guerra mundial (1939-1945) causou 54 milhões de mortos. Naquele tempo, as guerras eram como a competitividade comercial entre as empresas de hoje que lutam para obter mais benefícios.
Lucas 14.33: CONCLUSÃO PARA O DISCIPULADO. A conclusão é uma só: seguir Jesus é uma coisa séria. Hoje, para muita gente, ser cristão não é uma opção pessoal, nem uma decisão de vida, mas sim, um simples fenômeno cultural. Não lhes passa pela cabeça ter uma opção. Quem nasce brasileiro, é brasileiro. Muita gente é cristã porque nasceu assim e morre assim, sem nunca ter a idéia de optar e de assumir o que já é por nascimento. 




PARA REFLEXÃO PESSOAL

Ser cristão é coisa séria. Tenho que calcular bem minha maneira de seguir Jesus. Como isso acontece em minha vida?
“Odiar aos pais”; Comunidade ou família. Como combino estas duas coisas? Você consegue harmonizá-las?



ORAÇÃO FINAL 

(Salmo 27,1)
Hoje direi diretamente a Deus que tome conta daquilo que tanto tenho me esforçado para solucionar ou concluir e ainda não consegui, com fé lhe pedirei que me ajude com sua graça.







terça-feira, 4 de novembro de 2014

Lectio Divina - 04/11/14


TERÇA-FEIRA -04/11/2014



PRIMEIRA LEITURA: Filipenses 2,5-11


Um dos mais antigos hinos litúrgicos que a Igreja tem recorrido sobre a pessoa de Jesus Cristo é o que nos transmite Paulo nesta carta, e que coloca como modelo par a vida da comunidade com as palavras: “Tenham entre vocês os mesmos sentimentos que teve Cristo”. Que palavras profundas e que convite tão claro à deixar de lado nosso egoísmo, nossa soberba, nossa vaidade e auto-suficiência. Esta mensagem cai muito bem a todos, porém, de maneira especial àqueles que estão acostumados a fazer uso de dos “privilégios” como sacerdotes, pais de família, irmãos maiores, chefes, políticos, etc., pois, nos faz ver que é precisamente a renuncia a estes “privilégios” que permite que seja Deus o que nos dê a verdadeira honra. É um convite claro a ser servidores daqueles aos quais consideramos “inferiores” a nós, e a reconhecer que é precisamente nesse serviço onde se encontram ao mesmo tempo a verdadeira glória e a paz. Estas palavras de Paulo nos dão de novo a oportunidade de reconhecer, que não sou melhor que os demais, e que se Deus me tem concedido alguma “dignidade” ou “cargo” na sociedade ou na família, isto tem sido para que a partir daí sirva melhor aos que dependem de mim.




ORAÇÃO INICIAL 

Senhor de poder e de misericórdia, que tens querido fazer digno e agradável por, por favor, teu o serviço de teus fiéis, concede-nos caminhar sem tropeços para os bens que nos prometestes. Por Nosso Senhor...




REFLEXÃO

Lucas 14,15-24


O evangelho de hoje continua a reflexão ao redor de assuntos relacionados com a comida e os convites. Jesus conta a parábola do banquete. Muita gente tem sido convidada, porém, a maioria não comparece. O dono da festa fica indignado vendo que os convidados não comparecem e, manda chamar os pobres, os aleijados, os cegos, os coxos. Estes, porém, também não comparecem. Então o dono manda convidar todo mundo, até que a casa fique cheia. Esta parábola é uma luz para as comunidades do tempo de Lucas. 
Nas comunidades do tempo de Lucas havia cristãos, vindos do judaísmo e cristãos vindos dos pagãos. Apesar das diferenças de raça, classe e gênero, eles tinham um grande ideal, baseado no compartilhar e na comunhão (At 2,42;4,32;5,12). Porém, havia muitas dificuldades, pois, os judeus tinham normas de pureza legal que lhes impediam comer com os pagãos. E até depois de haver entrado na comunidade cristã, alguns deles guardavam o antigo costume de não sentar-se com os pagãos ao redor da mesma mesa. Assim, Pedro teve conflitos na comunidade de Jerusalém, por haver entrado na casa de Cornélio, um pagão e haver ceado com ele (At 11,3). Em vista desta problemática das comunidades, Lucas guarda uma série de palavras de Jesus a respeito da comunhão ao redor da mesa (Lc 14, 1-24). A parábola que aqui meditamos é um retrato do que estava acontecendo nas comunidades.
Lucas 14,15: FELIZ O QUE PODE COMER NO REINO DE DEUS. Jesus havia terminado de contar duas parábolas: uma sobre a escolha dos lugares (Lc 14,7-11), e a outra sobre a escolha dos convidados (Lc 14,12-14). Ao ouvir estas parábolas, alguém que estava na mesa com Jesus percebeu o alcance do ensinamento de Jesus disse: “Feliz o que pode comer no Reino de Deus!”. Os judeus comparavam o tempo futuro do Messias a um banquete, marcado pela fartura, a gratidão e a comunhão (Is 25,6; 55,1-2; Sal 22,27). A fome, a pobreza e a carestia faziam que o povo tivesse esperança no futuro. A esperança dos bens messiânicos, comumente experimentado nos banquetes, se projetava para o final dos tempos.
Lucas 14,16-20: O GRANDE BANQUETE ESTÁ PRÓXIMO. Jesus responde com uma parábola: “Um homem deu uma grande ceia e convidou a muitos”. Porém, os deveres de cada um impedem aos convidados que aceitem o convite. O primeiro disse: “Comprei um campo. Tenho que ir vê-lo!”. O segundo disse: “Comprei cinco juntas de bois e vou prová-los!”. O terceiro disse: “Casei-me. Não posso ir!”. Dentro das normas e dos costumes da época, aquelas pessoas tinham direito a não aceitar o convite (cf. Dt 20,5-7).
Lucas 14,21-22: O BANQUETE PERMANECE DE PÉ. O dono da festa fica indignado com as escusas. No fundo, quem se indigna é o próprio Jesus, pois, as normas de estrita observância da lei reduziam o espaço para que as pessoas pudessem viver gratuitamente um banquete amigo que gerava fraternidade e partilha. Ali, o dono da festa manda os empregados que convidem os pobres, os cegos, os coxos, os aleijados. Os que, normalmente, eram excluídos como impuros, agora são convidados para sentar-se em torno da mesa do banquete. 
Lucas 14,23-24: AINDA EXISTE LUGAR. A sala não se encheu. Ainda restava lugares. Então, o dono da casa manda convidar aos que andam pelos caminhos. São os pagãos. Eles também são convidados a sentar-se em torno da mesa. Assim, no banquete da parábola de Jesus, sentam-se juntos na mesma mesa, judeus e pagãos. No tempo de Lucas havia muitos problemas que impediam a realização deste ideal da mesa em comum. Por meio da parábola, Lucas mostra que a prática da comunhão da mesa vinha do próprio Jesus.
Depois da destruição de Jerusalém, no ano 70, os fariseus assumiram a liderança nas sinagogas, exigindo o cumprimento rígido das normas que os identificavam como povo judeu. Os judeus que se convertiam ao cristianismo eram considerados como uma ameaça, pois, derrubavam os muros que separavam Israel dos demais povos. Os fariseus procuravam obrigá-los a abandonar a fé em Jesus. Tudo isto produzia uma lenta e paulina separação entre judeus e cristãos e era fonte de muito sofrimento, sobretudo, para os judeus convertidos (Rm 9,1-5). Na parábola, Lucas deixa bem claro que estes judeus convertidos não são infiéis à seu povo. É o contrário! São os convidados que aceitaram ir ao banquete. São os verdadeiros prosseguidores de Israel. Infiéis foram aqueles que não aceitaram o convite e não quiseram reconhecer em Jesus o Messias (Lc 22,66; At 13,27).



PARA REFLEXÃO PESSOAL

Quais são as pessoas que geralmente são convidadas e quais não são convidadas para nossas festas?
Quais são os motivos que limitam hoje a participação das pessoas na sociedade e na Igreja? E quais são os motivos que alguns alegam para excluir-se da comunidade? São motivos justos?



ORAÇÃO FINAL 

(SALMO 21/22)
Hoje procurarei alguma pessoa que normalmente me sirva e de algum modo lhe prestarei um serviço com amor.






segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Lectio Divina - 03/11/14


SEGUNDA-FEIRA -03/11/2014



PRIMEIRA LEITURA:Filipenses 2,1-4



Pode imaginar um mundo que pensasse assim como nos diz Paulo hoje? Seria realmente maravilhoso. Acabariam as escolhas, os egoísmos, as desavenças, etc. Que bom seria realmente, se nós os cristãos, considerássemos aos demais como superiores, se o espírito de humildade se apoderasse de nós. As relações na família se transformariam e, sobretudo, haveria uma grande alegria e uma grande paz nos corações de todos. Nos trabalhos, o progresso estaria baseado em nossa luta feita por amor e não por outras motivações, as quais, nem sempre são muito lícitas. Nossa ascensão e promoção ficariam em nosso coração e saberíamos que são procedentes do bom uso de nossos carismas, não a teríamos conseguido nada se nosso Senhor Jesus Cristo não houvesse participado. Quando nós tomamos esta postura proposta por Paulo, o que estamos fazendo não é outra coisa senão deixar que o Espírito Santo possa agir em nós. Isto acontece já que, ao esvaziar-nos de nós mesmos, deixamos que o Espírito nos preencha e possa dirigir nossa vida. Esvazie-se de ti mesmo para que Deus possa preenchê-lo todo.




ORAÇÃO INICIAL 

Senhor de poder e de misericórdia, que tens querido fazer digno e agradável por, por favor, teu o serviço de teus fiéis, concede-nos caminhar sem tropeços para os bens que nos prometestes. Por Nosso Senhor...




REFLEXÃO

Lucas 14,12-14


Hoje Jesus continua seu ensinamento que estava dando sobre diversos assuntos, todos eles referentes a mesa e a comida: cura durante uma refeição (Lc 14,1-6); um conselho para não ocupar os primeiros postos (Lc 14,7-12); um conselho para convidar os excluídos (Lc 14,12-14). Esta organização das palavras de Jesus sobre uma determinada palavra, como “mesa ou comida”, ajuda a perceber o método usado pelos primeiros cristãos para guardar na memória as palavras de Jesus. 
Lucas 14,12: CONVITE INTERESSADO. Jesus está comendo na casa de um fariseu que lhe havia convidado. O convite para “fazer a refeição” constitui no assunto do ensinamento do evangelho de hoje. Existem diversos tipos de convites: convites interessados em benefício próprio e convites desinteressados em benefício de outros. Jesus disse: “Quando fizer uma ceia, não convide teus amigos, nem teus irmãos, nem teus parentes, nem teus vizinhos ricos; para que não te convidem por sua vez e te retribuam do mesmo modo”. O costume normal das pessoas era este: para almoçar ou jantar convidavam os amigos, irmãos e parentes. Porém, ninguém se sentava ao redor da mesa com pessoas desconhecidas. Comiam apenas com gente conhecida! Este era um costume entre os judeus e continua sendo um costume que usamos até hoje. Jesus pensa de forma distinta e manda convidar de forma desinteressada como ninguém costumava fazer. 
Lucas 14,13-14: CONVITE DESINTERESSADO. Jesus disse: “Quando der um banquete, chame os pobres, os aleijados, os coxos, os cegos”. Jesus manda romper o círculo fechado e pede que convidemos os excluídos: os pobres, os aleijados, os coxos e os cegos. Não era o costume e ninguém fazia isto, nem sequer hoje. Porém, Jesus insiste: “Convide essas pessoas!”. Por quê? Porque no convite desinteressado, dirigido à pessoas excluídas e marginalizadas, existe uma fonte de felicidade: “ e serás feliz, porque não podem retribuir-te”. Felicidade estranha, diferente! Você será feliz “porque eles não podem retribuir-te”. É a felicidade que nasce do fato de haver feito um gesto de total gratuidade. Um gesto de amor que quer o bem do outro e para o outro, sem esperar nada em troca. É a felicidade daquele que faz as coisas gratuitamente, sem querer nenhuma retribuição. Jesus disse que esta felicidade é a semente da felicidade que Deus dará na ressurreição. Ressurreição não só no final da história, mas sim, já desde agora. Agir assim já é uma ressurreição.
O REINO QUE JÁ ACONTECE. O conselho que Jesus nos dá no evangelho de hoje evoca o envio dos setenta e dois discípulos para a missão do anuncio do Reino (Lc 10,1-9). Entre as diversas recomendações dadas naquela ocasião como sinais da presença do Reino, estão (a)-a comunhão ao redor da mesa, (b)-a acolhida dos excluídos: “Na cidade em que entreis e os recebam, comei o que lhes servirem, curai os enfermos que exista nela, e dizei-lhes: O Reino de Deus está próximo de vocês” (Lc 10,8-9). Aqui nestas recomendações, Jesus manda transgredir aquelas normas de pureza legal que impediam a convivência fraterna.




PARA REFLEXÃO PESSOAL

Convite interessado e convite desinteressado: qual dos dois acontece mais em minha vida?
Se fizesse somente convites desinteressados, isto te traria dificuldades? Quais?



ORAÇÃO FINAL 

(SALMO 131,1-2)
Hoje nada farei por rivalidade nem perseguição, farei tudo por humildade, considerarei os demais como superiores a mim mesmo e não procurarei meu próprio interesse, mas sim, o de meu próximo.