sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

Lectio Divina - 27/02/15




DIA 27/02/15
PRIMEIRA LEITURA -- Ezequiel 18,21-28
·         Se algum defeito pudéssemos encontrar em Deus este seria SUA FALTA DE MEMÓRIA PARA NOSSOS PECADOS. Deus como nos diz hoje o profeta, não procura castigar-nos ou enviar-nos para a morte eterna, mas sim, ao contrário: continuamente, e desde a criação do homem, tem procurado por todos os modos que o homem o ame, o escute, o obedeça e tenha com ele a felicidade neste mundo e na vida eterna. A prova máxima deste projeto de Deus é haver-nos enviado seu próprio Filho para que por Ele tivéssemos esta vida profunda e cheia de paz. Mais ainda, conhece nossa debilidade e, como diz o salmo 103, sabe de que barro fomos feitos, por isso não nos trata como merecemos. Quando nós vamos ao sacramento da Reconciliação com um profundo arrependimento, Deus nos perdoa e jamais se lembra de nossas faltas. A Quaresma é um tempo propício para reconciliar-nos, não só com Deus e com os irmãos, mas sim, inclusive com nós mesmos; é tempo de perdoar nossos erros, de aceitar-nos como somos e propor-nos novas metas. Tenha coragem, Deus quer que tenhas vida e que tenhas em abundância.
ORAÇÃO INICIAL
·         Que teu povo, Senhor, como preparação para as festas de Páscoa se entregue às penitências quaresmais, e que nossa austeridade comunitária sirva para a renovação espiritual de teus fiéis. Por Nosso Senhor...
REFLEXÃO -- Mateus 5,20-26
·         O texto do evangelho de hoje é parte de uma unidade maior de Mt 5,20 a Mt 5,48. Neste Mateus mostra como Jesus interpreta e explica a lei de Deus. Por cinco vezes repete a frase: “Haveis ouvido que se disse aos antepassados” (Mt 5,21.27.33.38.43). Um pouco antes havia dito: “Não pensem que vim acabar com a Lei e os Profetas. Não vim para acabar, mas sim, dar-lhes pleno cumprimento” (Mt 5,17). A atitude de Jesus diante da lei é, ao mesmo tempo, de ruptura e de continuidade. Rompe com as interpretações erradas, porém, mantém firme o objetivo que a lei quer alcançar: a prática de maior justiça é o Amor.
·         Mateus 5,20: A JUSTIÇA MAIOR QUE A JUSTIÇA DOS FARISEUS. Este primeiro versículo da a chave geral de tudo o que segue no conjunto de Mt 5,20-48. A palavra Justiça não aparece nem uma vez em Marcos, e sete vezes no Evangelho de Mateus (Mt 3,15; 5,6.10.20; 6,1.33; 21,32). Isto tem a ver com a situação das comunidades para as quais Mateus escreve. O ideal religioso dos judeus da época era “ser justo diante de Deus”. Os fariseus ensinavam: “A pessoa alcança a justiça diante de Deus quando chega a observar todas as normas da lei em todos seus detalhes!”. Este ensinamento engendrava uma opressão legalista e trazia muita angustia para as pessoas, pois, era muito difícil que alguém observasse todas as normas (cf. Rm 7,21-24). Por isto, Mateus recorre as palavras de Jesus sobre a justiça, mostrando que tem que superar a justiça dos fariseus (Mt 5,20). Para Jesus, a justiça não vem do que eu faço por Deus observando a lei, mas sim, do que Deus faz por mim, acolhendo-me como filho ou filha. O novo ideal que Jesus propõe é este: “Ser perfeito como o Pai do céu é perfeito” (Mt 5,48). Isto quer dizer: eu serei justo diante de Deus, quando procuro acolher e perdoar as pessoas como Deus me acolhe e me perdoa, apesar de meus defeitos e pecados.
·         Por meio de cinco exemplos bem concretos, Jesus mostrará como fazer para alcançar esta justiça maior que supera a justiça dos escribas e dos fariseus. Como veremos, o evangelho de hoje trás o primeiro exemplo relacionado com a nova interpretação do quinto mandamento: Não matarás! Jesus vai revelar o que Deus queria quando entregou este mandamento a Moisés.
·         Mateus 5,21-22: A LEI DIZ “NÃO MATARÁS!” (Ex 20,13). Para observar plenamente este quinto mandamento não basta evitar o assassinato. É preciso arrancar de dentro de si tudo aquilo que de uma maneira ou de outra pode levar ao assassinato, como por exemplo, raiva, ódio, desejo de vingança, exploração, insulto, etc.
·         Mateus 5,23-24: O CULTO PERFEITO QUE DEUS QUER. Para poder ser aceito por Deus e estar unido a Ele, é preciso estar reconciliado com o irmão, com a irmã. Antes da destruição do Templo, no ano 70, quando os judeus cristãos participavam nas romarias a Jerusalém para fazer suas oferendas ao altar e pagar suas promessas, eles se lembravam sempre desta frase de Jesus. Nos anos 80, no momento em que Mateus escreve, o Templo e o Altar já não existiam. Haviam sido destruídos pelos romanos. A comunidade e a celebração comunitária, passam a ser o Templo e o Altar de Deus.
·         Mateus 5,25-26: RECONCILIAR. Um dos pontos em que o Evangelho de Mateus mais insiste é a reconciliação. Isto mostra que, nas comunidades daquela época, haviam muitas tensões entre grupos radicais com tendências diferentes e até opostas. Ninguém queria ceder diante do outro. Não havia diálogo. Mateus ilumina esta situação com palavras de Jesus sobre a reconciliação que pedem acolhida e compreensão. Pois, o único pecado que Deus não consegue perdoar é nossa falta de perdão para com os outros (Mt 6,14). Por isto, procure a reconciliação, antes que seja demasiado tarde.
PARA REFLEXÃO PESSOAL
·         Hoje são muitas as pessoas que gritam “Justiça”. Qual é o sentido que tem para mim a justiça evangélica?
·         Como me comporto diante dos que não me aceitam como sou? Como se tem comportado Jesus diante dos que não o aceitam?
ORAÇÃO FINAL
·         (SALMO 130,1-2)
·         Hoje repetirei constantemente: “SENHOR DÁ-ME TUA VIDA”.






quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Lectio Divina - 26/02/15


DIA 26/02/15
PRIMEIRA LEITURA -- Ester 4,17
·         A Quaresma nos questiona sobre nosso crescimento e maturidade na fé. É que a maioria de nós diz que somos homens e mulheres de fé, todavia, só quando a crise cala fundo é que realmente podemos saber até onde nossa fé cresceu. Este texto nos mostra uma mulher cuja fé é de total confiança e abandono. É o relato de alguém que ouviu que o Deus de seus pais é um Deus poderoso que não abandona seu povo em situações difíceis. Agora é o momento de experimentá-lo, porém, para isso tem que cofiar cegamente que só Ele pode ajudar. Poderíamos dizer que a fé é como uma conta no banco, da qual poderemos depender no momento da necessidade. Por isso, ainda que, pareça que todos teus atos de piedade, tuas orações e sacrifícios, as horas diante do Santíssimo, a meditação diária da Escritura, etc., ficaram estéreis, lembre que só houve uma inversão que no momento da crise se transformará em graça e luz para tua vida, que te ajudaram a superar todos os obstáculos. Colocar-se nas mãos de Deus também é um exercício que requer prática e a Quaresma se apresenta como um espaço ideal para desenvolvê-lo.
ORAÇÃO INICIAL
·         Posto que sem ti nada podemos, concede-nos, Senhor, luz para distinguir sempre o bem e coragem para colocá-lo em prática, a fim de que possamos viver segundo tua vontade. Por Nosso Senhor...
REFLEXÃO -- Mateus 7,7-12
·         O evangelho de hoje cita uma parte do Sermão do Monte, a Nova Lei de Deus que nos foi revelada por Jesus. O Sermão do Monte tem a seguinte estrutura:
·         A)-Mateus 5,1-16: A porta de entrada: as bem-aventuranças (Mt 5,1-10) e a missão dos discípulos: ser o sal da terra e a luz do mundo (Mt 5,12-16).
·         B)-Mateus 5,17 a 6,18: A nova relação com Deus: a nova justiça  (Mt 5,17-48) que não procura méritos na prática da esmola, da oração e do jejum (Mt 6,1-18).
·         C)-Mateus 6,19-34: A nova relação com os bens da terra: não acumular (Mt 6,19-21), não olhar o mundo com  olhos sofredores (Mt 6,22-23), não servir a Deus e ao dinheiro (Mt 6,24), não preocupar-se pela comida e a bebida (Mt 6,23-34).
·         D)-Mateus 7,1-23: A nova relação com as pessoas: não ver o cisco no olho do irmão (Mt 7,1-5): não atirar pérolas aos porcos (Mt 7,6); o evangelho de hoje: não ter medo de pedir coisas à Deus (Mt 7,7-11); e a Regra de Ouro (Mt 7,12); escolher o caminho difícil e estreito (Mt 7,13-14), ter cuidado com os falsos profetas (Mt 7,15-20).
·         E)-Mateus 7,21-29: Conclusão; não só falar, mas praticar (Mt 7,21-23); a comunidade construída sobre este fundamento ficará bem firme na tempestade (Mt 7,24-27). O resultado destas palavras é uma nova consciência diante dos escribas e dos doutores (Mt 7,28-29).
·         Mateus 7,7-8: As três recomendações de Jesus. Três recomendações: pedir, procurar e chamar à porta: “Pedi e se vos dará, buscai e achareis, chamai e se os abrirá”. Em geral se pede algo à alguém. A resposta depende tanto da pessoa como da insistência do pedido. Procurar se faz orientando-se para um critério. Quanto melhor for o critério, tanto melhor será a certeza de encontrar o que se busca. Chamar à porta se faz com a esperança de que alguém esteja do outro lado da casa. Jesus complementa a recomendação, oferecendo a certeza da resposta: Porque todo aquele que pede recebe; o que procura, encontra; e o que chama, a porta se abrirá. Isto significa que quando pedimos a Deus, Ele atende nosso pedido. Quando buscamos a Deus, Ele se deixa encontrar (Is 55,6). Quando chamamos a porta da casa de Deus, Ele atenderá.
·         Mateus 7,9-11: A pergunta de Jesus as pessoas: “Por acaso existe alguém entre vocês que o filho lhe pede pão e vocês lhes dão uma pedra; ou, se pede um peixe, lhes dão uma cobra?”. Falando aos pais e as mães de família, lhes pede que façam referencia à vida de cada dia. Nas entrelinhas, das perguntas se advinha a resposta das pessoas que gritam: “Não!”. Pois ninguém dá uma pedra ao filho que pede pão. Não existe um pai ou uma mãe que dê uma serpente ao filho ou a filha que lhe pede um peixe: “Se, pois, vós sendo maus, sabeis dar coisas boas a vossos filhos, quanto mais vosso Pai que esta nós céus dará coisas boas aos que lhe pedirem!”. Jesus nos chama de maus para acentuar a certeza de sermos atendidos por Deus quando lhe pedimos algo. Pois, se nós que não somos santos nem santas, sabemos dar coisas boas aos filhos, quanto mais o Pai do céu. Esta comparação tem como objetivo tirar-nos as dúvidas a respeito do resultado da oração dirigida a Deus com confiança. Deus nos atenderá! Lucas acrescenta que Deus nos dará o Espírito Santo (Lc 11,13).
·         Mateus 7,12: A Regra de Ouro. “Portanto, tudo quanto quiseres que vos façam os homens, faça-o também vocês a eles; porque esta é Lei e os Profetas”. Este é o resumo de todo o Antigo Testamento, da Lei e dos profetas. É o resumo de tudo o que Deus nos tem que dizer, o resumo de todo ensinamento de Jesus, mas também, de uma maneira ou de outra, em todas as religiões. Responde ao sentimento mais profundo e mais universal do ser humano.
PARA REFLEXÃO PESSOAL
·         Pedir, procurar, chamar à porta: como você ora e como conversa com Deus?
·         Como você vive a Regra de Ouro?
ORAÇÃO FINAL
·         (SALMO 138,2-3)
·         Hoje farei uma visita ao Santíssimo e dedicarei alguns momentos ao Senhor para adorá-lo por sua infinita grandeza e bondade.






segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Lectio Divina - 23/02/15


DIA 23/02/15
PRIMEIRA LEITURA à Levítico 19,1-2.11-18
·         Poderíamos dizer que toda a lei e todos os preceitos que Deus tem dado a seu povo têm como único fim conduzi-los a santidade, de maneira que a observância destes manifesta o estado de santidade que Deus quer de cada um de nós. Nesta primeira semana da Quaresma, a liturgia nos convida a preparar e a trabalhar sobre um projeto de vida que nos conduzirá à santidade ou que faça que esta continue desenvolvendo-se em nós. É por isso, que nesta leitura nos é proposto o que está ou deve estar na base de toda a vida cristã, e que é o cumprimento da Lei de Deus. Não podemos aspirar às coisas maiores quando o mínimo, o básico, não está sendo capaz de cumprir. É, pois, necessário que antes de realizar qualquer projeto vejamos onde estamos com respeito aos mandamentos que não estamos observando possam ser vividos na alegria de Deus. Lembre que a Quaresma é um tempo de trabalho espiritual que nos tem de levar a viver de uma maneira mais plena a vida evangélica.
ORAÇÃO INICIAL
·         Converte-nos a ti, Deus nosso Salvador; ilumina-nos com a luz de tua palavra, para que a celebração desta Quaresma produza em nós seus melhores frutos. Por Nosso Senhor...
REFLEXÃO à Mateus 25,31-46
·         O Evangelho de Mateus apresenta Jesus como o novo Moisés. Como Moisés, Jesus promulgou a Lei de Deus. Como na antiga Lei, assim a nova lei dada por Jesus tem cinco livros ou discursos. O Sermão do Monte (Mt 5,1 a 7,27), o primeiro discurso, se abre com as oito bem-aventuranças. O Sermão da Vigilância (Mt 24,1 a 25,46), o quinto e último se encerra com a descrição do Juízo Final. As bem-aventuranças descrevem a porta de entrada para o Reino de Deus, enumerando oito categorias de pessoas: os pobres de espírito, os mansos, os aflitos, os que têm fome e sede de justiça, os misericordiosos, os de coração limpo, os promotores da paz e os perseguidos por causa de justiça (Mt 5,3-10). A parábola do Juízo Final conta os que devemos fazer para poder tomar posse do Reino: acolher aos famintos, aos sedentos, aos estrangeiros, aos desnudos, aos enfermos e presos (Mt 25,35-36). Tanto no começo como no final da Nova Lei, estão os excluídos e os marginalizados.
·         Mateus 25,31-33: Abertura do Juízo Final. O Filho do Homem reúne ao seu redor as nações do mundo. Separa as pessoas como o pastor separa as ovelhas dos cabritos. O pastor sabe discernir. Ele não se equivoca: as ovelhas a direita, os cabritos à esquerda. Ele sabe discernir os bons e os maus. Jesus não julga, nem condena (cf. Jo 3,17;12,47). Ele apenas separa. É a própria pessoa que julga ou se condena pela maneira como se porta em relação com os pequenos e os excluídos.
·         Mateus  25,34-36: A sentença para os que estão a direita do Juiz. Os que estão a sua direita são chamados: “Benditos de meu Pai!”, isto é, recebem a benção que Deus prometeu à Abraão e a sua descendência (Gn 12,3). Eles são convidados a tomar posse do Reino, preparado para eles desde a fundação do mundo. O motivo da sentença é este: “Tive fome e sede, era estrangeiro, estava nu, enfermo e preso, e vocês me acolheram e me ajudaram”. Esta frase nos faz saber quem são as ovelhas. São as pessoas que acolheram o Juiz quando este estava faminto, sedento, estrangeiro, desnudo, enfermo e preso. “E pelo modo de falar: “meu Pai” e Filho do Homem”, sabemos que o Juiz é o próprio Jesus. Ele se identifica com os pequenos!
·         Mateus 25,37-40: Uma demanda de esclarecimento e a resposta do Juiz: Os que acolhem os excluídos são chamados “justos”. Isto significa que a justiça do Reino não se alcança observando normas e prescrições, mas, acolhendo aos necessitados. Porém, o curioso é que os justos não sabem quando foi que acolheram a Jesus necessitado. Jesus responde: “Toda vez que o fizestes a um destes meus pequenos irmãos, a mim o fizestes!”. Quem são estes meus irmãos pequenos? Em outras passagens do Evangelho de Mateus, as expressões “meus irmãos” e “pequenos” indicam os discípulos (Mt 10,42;12,48-50; 18,6.10.14;28,10). Indicam também aos membros mais abandonados da comunidade, aos desprezados que não têm para onde ir e que não são bem recebidos (Mt 10,40). Jesus se identifica com eles.  Mas, não só isto. No contexto tão amplo desta parábola final, a expressão “meus irmãos pequenos” se alarga e inclui a todos aqueles que na sociedade não têm lugar. Indica todos os pobres. E os “justos” e os “benditos de meu Pai” são todas as pessoas de todas as nações que acolhem ao outro em total gratidão, independentemente do fato de ser cristão ou não.
·         Mateus 25,41-43: A sentença para os que estão a sua esquerda. Os que estão do outro lado do Juiz são chamados “malditos” e são destinados ao fogo eterno, preparados pelo diabo e aos seus. Jesus usa a linguagem simbólica comum daquele tempo para dizer que estas pessoas não vão entrar no Reino. E aqui também o motivo é um só: não acolheram a Jesus faminto, sedento, estrangeiro, desnudo, enfermo e preso. Não é Jesus que nos impede entrar no Reino, mas sim, nossa prática de não acolher ao outro, a cegueira que nos impede ver Jesus nos pequenos.
·         Mateus 25,44-46: Um pedido de esclarecimento à resposta do Juiz. O pedido de esclarecimento mostra que se trata de gente que se porta bem, pessoas que têm a consciência em paz. Estão seguras de haver praticado sempre o que Deus lhes pedia. Por isso estranham quando o Juiz diz que não o acolheram. O Juiz responde: “Todas as vezes que não fizeram isto a um destes pequenos, comigo deixastes de fazê-lo!”. A omissão! Não fizeram mais! Apenas deixaram de praticar o bem aos pequenos e acolher aos excluídos. E continua a sentença final: estes vão para o fogo eterno, e os justos vão para a vida eterna. Assim termina o quinto livro da Nova Lei!
PARA REFLEXÃO PESSOAL
·         O que é que mais tem chamado  atenção na parábola do Juízo Final?
·         Pare e pense: se o Juízo Final fosse hoje, você estaria do lado das ovelhas ou dos cabritos?
ORAÇÃO FINAL
·         (SALMO 19,9)
·         Neste dia terei mais vigilância para meus pensamentos, emoções e ações para detectar e erradicar aquelas que não expressam o Senhorio de Jesus em minha vida.





sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Lectio Divina - 20/02/15


DIA 20/02/15
PRIMEIRA LEITURA -- Isaías 58,1-9
·         O jejum sempre tem sentido na “privação e na renúncia”. Vejamos hoje o aspecto da privação. Jejuar consiste, essencialmente, em privar-nos do alimento (origem da palavra), mas, em geral é referido a qualquer classe de privação. Nesta passagem, Jesus procura redimensionar esta prática religiosa. Qual é o sentido do jejum? Essencialmente: dar espaço a Deus em nossa vida e em nosso coração. Por isso, enquanto o noivo (Jesus) estava com eles, não havia necessidade de dar-lhe espaço, quando Ele não estiver mais, é necessário dar-lhe espaço, para que as coisas deste mundo não terminem enchendo o coração. Deus quer que o coração do homem seja só para Ele, mas, para isso é necessário esvaziá-lo de tudo o que o estava enchendo e que acaba com o espaço de Deus. Desgraçadamente, na Igreja, temos dado ao jejum o sentido que tinha para os discípulos de João e dos fariseus: SIMPLESMENTE UMA PRÁTICA RELIGIOSA.
ORAÇÃO INICIAL
·         Confirmamos Senhor, no espírito de penitência com que começamos a Quaresma, e que na austeridade exterior com que a praticamos sempre, venha acompanhada pela sinceridade de coração. Por Nosso Senhor. . .
REFLEXÃO -- Mateus 9,14-15
·         Hoje o evangelho é uma versão abreviada do evangelho que já meditamos em janeiro, onde nos propunha o mesmo assunto do jejum (Mc 2,18-22), porém, com uma pequena diferença. A liturgia de hoje omite todo o relativo ao remendo novo em roupa velha e sobre o vinho novo em odres velhos (Mt 9,16-17), e concentra sua atenção no jejum.
·         Jesus não insiste na prática do jejum. O jejum é um costume muito antigo, praticado em quase todas as religiões. O próprio Jesus o praticou durante quarenta dias (Mt 4,2). Porém, Ele não insiste com os discípulos para que façam o mesmo. Dá-lhes a liberdade. Por isto, os discípulos de João Batista e dos fariseus, que eram obrigados a jejuar, querem saber por que é que Jesus não insiste no jejum.
·         Enquanto o noivo, enquanto está com eles não precisam jejuar. Jesus responde com uma comparação. Enquanto o noive estiver com os amigos do novo, isto é, durante a festa de bodas, não precisam jejuar. Jesus se considera o noivo. Os discípulos são os amigos do noivo. Durante o tempo em que Ele, Jesus, está com os discípulos, existe festa de bodas. Chegará o dia em que o noivo não estará. Nesse tempo, sim, se quiserem poderão jejuar. Nesta frase Jesus lembra sua morte. Sabe e sente que, se continua por este caminho de liberdade, as autoridades religiosas vão querer matá-lo.
·         O jejum e a abstinência da carne são práticas universais e bem atuais. Os muçulmanos têm o jejum do mês do Ramadan, durante o qual não comem nem bebem, desde o amanhecer até o anoitecer do sol. Cada vez mais, as pessoas, por motivos diversos, se impõem a si mesma alguma forma de jejum. O jejum é um meio importante para chegar a um domínio de si mesmo, a um auto-controle, como existe em quase todas as religiões e como é apreciado por todos os desportistas.
·         A Bíblia faz muita referência ao jejum. Era uma forma de fazer penitência e provocar a conversão. Através da prática do jejum, os cristãos imitavam Jesus que jejuou quarenta dias. O jejum visa alcançar a liberdade da mente, o controle de si, uma visão critica da realidade. É um instrumento para manter livre a mente e para não deixar-se levar por qualquer vento. Através do jejum, a clareza da mente aumenta. E é, além disso, uma forma para cuidar melhor da saúde. O jejum pode ser uma forma de identificação com os pobres que são forçados o inteiro e raramente comem carne. Existe o jejum como forma de protesto.
·         Apesar de que hoje não se pratica o jejum nem a abstinência, o objetivo que estava na base desta prática continua inalterada como força que deve animar nossa vida: participar na paixão, morte e ressurreição de Jesus. Dar a vida para poder possuí-la em Deus. Ter consciência de que o compromisso com o Evangelho é uma viagem sem retorno, que exige perder a vida para poder ganhá-la e reencontrar tudo em total liberdade.
PARA REFLEXÃO PESSOAL
·         Que formas de jejum você pratica? E se não o faz de que forma poderia fazê-lo?
·         O jejum como pode ajudar a preparar-me melhor para a festa da páscoa?
ORAÇÃO FINAL
·         (SALMO 51,3-4)
·         Nesta Quaresma, procuremos jejuar das coisas que tiram o espaço de Deus em nossa vida para que, ao chegar a Páscoa, estejamos totalmente plenos de Deus.






quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Lectio Divina - 19/02/15



DIA 19/02/15
PRIMEIRA LEITURA -- Deuteronômio 30,15-20
·         Não devemos nunca esquecer que o cristianismo é e sempre foi uma opção pessoal. É por esta adesão pessoal que o homem escolhe viver de acordo com o Evangelho e com isso, como nos refere o texto, escolhe a Vida. Pelo modo como se tem desenvolvido nos últimos séculos nossa evangelização, entendemos que esta escolha não é uma realidade em muitos de nossos irmãos. Muitos são só cristãos pelo batismo, porém, não tem feito uma opção pessoal por Cristo e seu evangelho. Isto leva a frieza e ao desinteresse na vida religiosa e espiritual. Deus nos propõe de novo nesta Quaresma fazer esta escolha; cada um de nós deve tomar a decisão mais importante de nossa vida, a decisão para escolher entre a vida e a morte. Façamos um projeto espiritual para que esta Quaresma nos ajude a aprofundar em nossa opção por Jesus.
ORAÇÃO INICIAL
·         Oh Deus força dos que em ti esperam, ouça nossas súplicas, pois, o homem é frágil e sem ti nada pode, concede-nos a ajuda de tua graça para guardar teus mandamentos e agradar-te com nossas ações e desejos. Por Nosso Senhor...
REFLEXÃO à Lucas -- 9,22-25
·         O evangelho de hoje é uma versão abreviada do evangelho que já meditamos em janeiro (segunda-feira da 2ª Semana Comum), quando nos foi proposto o mesmo assunto do jejum (Mc 2,18-22), mas com uma pequena diferença. A liturgia de hoje omitiu os acréscimos sobre o remendo novo em pano velho e sobre vinho novo em odre velhos (Mt 9,16-17), e concentrou a sua atenção no jejum.
·         Jesus não insiste na prática do jejum.  O jejum é um costume muito antigo, praticado em quase todas as religiões. O próprio Jesus praticou-o durante quarenta dias (Mt 4,2). Mas ele não insiste com os discípulos para que façam o mesmo. Deixa a eles a liberdade. Por isso, os discípulos de João Batista e dos fariseus, que eram obrigados a jejuar, querem saber porque Jesus não insiste no jejum.
·         Enquanto o noivo, está com eles não precisam jejuar. Jesus responde com uma comparação. Enquanto o noivo está com os amigos do noivo, isto é, durante a festa do casamento, estes não precisam jejuar. Jesus se considera o noivo. Os discípulos são os amigos do noivo. Durante o tempo em que ele, Jesus, estiver com os discípulos, é festa de casamento. Chegará o dia em que o noivo vai ser tirado. Aí, se eles quiserem, poderão jejuar. Nesta frase Jesus alude à sua morte. Sabe e sente que, se ele continuar neste caminho de liberdade, as autoridades religiosas vão querer matá-lo.
·         O jejum e a abstinência de carne são práticas universais e bem atuais. Os muçulmanos têm o jejum do mês do Ramadan, durante o qual não comem nem bebem, desde o nascer até o pôr do sol. Cada vez mais, há pessoas que, por motivos diversos, se impõem a si mesmas alguma forma de jejum. O jejum é um meio importante para se chegar a um domínio de si mesmo, a um auto-controle, como existe em quase todas as religiões e como é apreciado pelos esportistas.
·         A Bíblia faz muita referência ao jejum. Era uma forma de se fazer penitência e provocar a conversão. Através da prática do jejum, os cristãos imitavam Jesus que jejuou quarenta dias. O jejum visa alcançar a liberdade da mente, o controle de si, uma visão crítica da realidade. É um instrumento para manter livre a mente e para não se deixar levar por qualquer vento. Através do jejum, a clareza da mente aumenta. É também uma forma de cuidar melhor da saúde. O jejum pode ser uma forma de identificação com os pobres que fazem jejum forçado o ano inteiro e raramente comem carne. Existe o jejum como protesto: Dom Luis Cappio.
·         Mesmo que hoje não se pratique mais o jejum e a abstinência, o objetivo que estava na base desta prática continua inalterada como força que deve animar a nossa vida: participar na paixão, morte e ressurreição de Jesus. Doar a vida para poder possuí-la em Deus. Tomar consciência de que o compromisso com o Evangelho é uma viagem sem retorno, que exige perder a vida para poder possuí-la e reencontrar tudo na total liberdade.
PARA REFLEXÃO PESSOAL
·         Qual a forma de jejum você faz? E se não faz, qual a forma que você poderia fazer?
·         Como o jejum pode ajudar-me a preparar-me melhor para a festa de páscoa?
ORAÇÃO FINAL
·         (SALMO 01)
·         A partir de hoje começarei a trabalhar em sacrifícios e penitências que realmente irão criando espaços em mim para poder aproximar-me de Deus.







quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Lectio Divina - 18/02/15


DIA 18/02/15
PRIMEIRA LEITURA à Joel 2,12-18
  • A conversão é uma atitude permanente do cristão. É o esforço do homem para deixar sua vida de pecado e unir-se intimamente a Deus; é aceitar dia a dia a proposta de Jesus de viver conforme o amor, e deixar que nossa vida seja conduzida de maneira total pelo Espírito Santo; é responder ao Pai, como Maria Santíssima, com um “sim” diário a sua amorosa vontade, apesar de que esta nem sempre é adequada à nossa. É como nos diz hoje o profeta: voltar para Deus, como o filho pródigo, que depois de experimentar a miséria que produz o pecado no coração humano, deixa que o amor misericordioso do Pai cure suas feridas e o restabeleça como filho e herdeiro do Reino. Quaresma, em definitivo, é um caminho a percorrer que se apresenta como uma nova oportunidade para avançar e crescer na santidade. Aproveite-a.
ORAÇÃO INICIAL
  • Senhor Jesus, envia teu Espírito, para que Ele nos ajude a ler a bíblia do mesmo modo com o qual Tu a  leu aos discípulos no caminho de Emaús. Por Nosso Senhor...
REFLEXÃO à Mateus 6,1-6.16-18
·         O evangelho desta Quarta-Feira de Cinzas é tirado do Sermão da Montanha e quer oferecer-nos uma ajuda para podermos entender como praticar as três obras de piedade: oração, esmola e jejum e como utilizar bem o tempo da Quaresma. O modo de cumprir estas três obras tem mudado muito através dos séculos, segundo as culturas e costumes dos povos e a saúde das pessoas. Hoje as pessoas mais velhas lembram o jejum severo e obrigatório de quarenta dias durante toda a quaresma. Apesar das mudanças no modo de praticar as obras de piedade, fica a obrigação humana e cristã (1)-de compartilhar nossos bens com os pobres (esmola), (2)-de viver em contato com o Criador (oração) e (3)-de saber controlar nosso ímpeto e nossos desejos (jejum). As palavras de Jesus que meditamos podem fazer surgir em nós a criatividade necessária para encontrar novas formas para viver estas três práticas tão importantes da vida cristã.
·         MATEUS 6,1: A CHAVE GERAL PARA ENTENDER O ENSINAMENTO. Jesus diz: “Cuidado para não praticar vossa justiça diante dos homens, para serem vistos por eles; do contrário, não tereis recompensa de vosso Pai que está nos céus”. A justiça da qual fala Jesus consiste em conseguir o lugar onde Deus nos quer. O caminho para chegar ali está expresso na Lei de Deus. Jesus avisa do fato de que não se deve observar a lei para ser elogiado pelos homens. Antes havia dito: “Se vossa justiça não superar a justiça dos doutores da lei e dos fariseus, não entrareis no Reino dos céus” (Mt 5,26). Quando lemos esta frase, não devemos pensar só nos fariseus do tempo de Jesus, mas sim, no fariseu que está adormecido em cada um de nós. Se José,  esposo de Maria, houvesse seguido a justiça da lei dos fariseus, teria denunciado Maria. Porém, ele era “justo” (Mt 1,19), já possuía a nova justiça anunciada por Jesus. Por isto, transgrediu a antiga lei e salvou a vida de Maria e de Jesus. A nova justiça anunciada por Jesus repousa sobre outra base, sai de outra fonte. Devemos construir nossa segurança a partir de dentro, não no que nós fazemos por Deus, mas sim, no que Deus faz por nós. E esta é a chave principal para entender o ensinamento de Jesus sobre as obras de piedade. Em tudo o que segue, Mateus aplica este principio geral na pratica da esmola, da oração e do jejum. Desde o ponto de vista didático, primeiro diz como não deve ser, e logo em seguida ensina como deve ser.
·         MATEUS: 6,2: COMO NÃO DAR ESMOLA. O modo errado de dar esmola, seja nos tempos passados como hoje, é o de usar um modo vistoso, para ser reconhecido e aclamado pelos outros. Às vezes, sobre os bancos das igrejas se vêm escritas estas palavras: “Oferta da família Tal”. Na televisão, os políticos gostam de mostrarem-se como grandes benfeitores da humanidade nas inaugurações de obras públicas a serviço da comunidade. Jesus diz: “Aqueles que assim fazem, já receberam sua recompensa”.
·         MATEUS 6,3-4: COMO DAR ESMOLA. O modo correto de dar esmola é este: “que sua mão esquerda não saiba o que faz a direita”. Ou seja, devo dar esmola de tal modo que nem eu tenha a sensação de estar fazendo uma coisa boa, que merece uma recompensa por parte de Deus e elogio por parte dos homens. A esmola é uma obrigação. É uma forma de compartilhar algo que tenho, com aqueles que nada têm. Numa família, o que é de um é de todos. Jesus elogia o exemplo da viúva, que doava até o que lhe era necessário (Mc 12,44).
·         MATEUS 6,5: COMO NÃO ORAR. Falando de alguns modos equivocados de orar, Jesus menciona alguns usos e costumes raros daquela época. Quando se tocava a trombeta para a oração da manhã, do meio dia ou da tarde, havia pessoas que gostavam de estar no meio da rua para orar somente com os braços abertos param serem vistos por todos e serem considerados, desta forma, como pessoas piedosas. Outros na sinagoga, assumiam posturas extravagantes, para chamar a atenção da comunidade.
·         MATEUS 6,6: COMO ORAR. Para não deixarmos dúvidas, Jesus exagera sobre como orar. Diz que é preciso orar, em segredo, só diante de Deus Pai. Ninguém te verá. Inclusive, para os outros, tu serás alguém que não reza. Não importa! Também falaram de Jesus: “Não é de Deus”. E isto porque Jesus orava muito de noite e não lhe importava a opinião dos demais. O importante é ter a consciência em paz e ter a certeza de que Deus é Pai e me acolhe e, não partir daquilo que faço por Deus ou da satisfação daquilo que busco no fato dos outros me apreciarem como uma pessoa pia que ora.
·         MATEUS 6,16: COMO NÃO JEJUAR. Jesus critica as práticas equivocadas do jejum. Havia pessoas que desfiguravam o rosto, não se lavavam, usavam roupas rasgadas, não se penteavam, de modo que todos pudessem ver que estavam jejuando e de um modo perfeito.
·         MATEUS 6,17-18: COMO JEJUAR. Jesus recomendava o contrário. Quando jejuares derrame perfume sobre tua cabeça, lave o rosto, de modo que ninguém se de conta de que está jejuando, mas sim, só o Pai que está nos céus. Como dizíamos antes, trata-se de um caminho novo de acesso ao coração de Deus que se abre diante de nós. Jesus, para assegurar-nos interiormente, não pede o que nós fazemos por Deus, mas sim, o bem que Deus faz por nós. A esmola, a oração e o jejum não são modas para comprar o favor de Deus, mas só a resposta da gratidão ao amor recebido e experimentado.
PARA REFLEXÃO PESSOAL
·         Qual é o ponto do texto que mais lhe chamou a atenção ou que tenha gostado mais?
·         Como entender a advertência inicial feita por Jesus?
·         O que critica e o que ensina Jesus sobre a esmola? Faça um resumo para você.
·         O que critica e o que ensina Jesus sobre a oração? Faça um resumo para você.
·         O que critica e o que ensina Jesus sobre o jejum? Faça um resumo para você.
ORAÇÃO FINAL
·         (SALMO: 50/51)
·         Hoje irei tomar cinzas e, além disso, farei meu plano para viver adequadamente esta quaresma.






terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

Lectio Divina - 17/02/15


DIA 17/02/15
PRIMEIRA LEITURA -- Gênesis 6,5-8;7,1-5.10
·         A auto-suficiência chega ao máximo da pretensão: o homem começa a considerar-se um deus ou semi-deus, projetando uma super-humanidade independente do projeto original de Deus. Vendo sua criação desfigurada, Deus decide exterminá-la. Tudo perdido? Não. A história vai continuar através de Noé, o homem justo. Inspirada nas inundações periódicas dos grandes rios, a narrativa do dilúvio é típica das antigas culturas médio-orientais. Os autores bíblicos a utilizaram por causa do seu significado simbólico: o dilúvio é uma volta ao primitivo (compare Gn 1,6-30 com 6,17 e 7,18-24). Contudo, qual é o dilúvio que acontece na história? São os acontecimentos catastróficos gerados pela auto-suficiência que chega a formas tão extremas que produz o caos na natureza e no mundo humano. O texto é também uma apologia do justo: este sabe discernir a catástrofe e tomar uma atitude para sobreviver e preservar a vida. É através do justo que a história continua.  Desvinculado de Deus e desligado do outro num clima de violência, ameaça e insegurança, o homem se sente perdido, sem proteção. Desesperado, procura a salvação no ambiente do rito e da magia, até confundir completamente o divino com o humano (Gn 6,1-4) e corromper o sentido da vida (Gn 6,5). É a atitude que acabará por ameaçar a própria sobrevivência da humanidade, e que provoca o dilúvio (Gn 6,7). O homem, com uma atitude livre, pode pôr em perigo a ordem e sobrevivência de sua raça. Esta é a visão que a Bíblia nos oferece sobre a invasão do mal no mundo. Este mal entra por meio de uma semente muito pequena, mas dilata-se e cresce até chegar à imensidade dos males que a todos podem atingir; e que são outros tantos apelos de Deus à consciência de cada um de nós: não podemos assumir diante deles uma atitude de passiva resignação, mas somos chamados a agir contra eles ativamente.
 ORAÇÃO INICIAL
·         Senhor tu que tem prazer em habitar nos retos e simples de coração, concede-nos viver por tua graça de tal maneira, que mereçamos ter-te sempre conosco. Por Nosso Senhor…
REFLEXÃO à Marcos -- 8,14-21
·         O evangelho de ontem falava do mal entendido entre Jesus e os fariseus. O evangelho de hoje fala do mal entendido entre Jesus e os discípulos e mostra como a “levedura dos fariseus e de Herodes” (religião e governo), havia-se infiltrado também na cabeça dos discípulos até o ponto de não serem capazes de acolher a Boa Nova.
·         Marcos 8,14-16: CUIDADO COM A LEVEDURA DOS FARISEUS E DE HERODES. Jesus adverte aos discípulos: “Guardai-vos da levedura dos fariseus e de Herodes”. Mas, eles não entendiam as palavras de Jesus. Pensavam que falava assim porque haviam esquecido de comprar o pão. Jesus disse uma coisa e eles entenderam outra. Este desencontro era o resultado da influência insidiosa da “levedura dos fariseus” na cabeça e na vida dos discípulos.
·         Marcos 8,17-18: AS PERGUNTAS DE JESUS. Diante desta falta quase total de percepção dos discípulos, Jesus faz uma série de perguntas rápidas, sem esperar uma resposta. Perguntas duras que evocam coisas muito sérias e revelam uma total incompreensão por parte dos discípulos. Por incrível que pareça, os discípulos chegaram a um ponto em que não se diferenciavam dos inimigos de Jesus. Anteriormente, Jesus havia ficado triste com a “dureza de coração” dos fariseus e dos herodianos (Mc 3,5). Agora os próprios discípulos tinham um “coração endurecido” (Mc 8,17). Anteriormente, “os de fora” (Mc 4,11) não entendiam as parábolas, porque “tinham olhos e não viam ouvidos e não escutavam” (Mc 4,12). Agora, os próprios discípulos não entendiam nada, porque “tinham olhos e não viam ouvidos e não ouviam” (Mc 8,18). Além disso, a imagem do “coração endurecido” evocava a dureza do coração das pessoas do AT que sempre se desviava do caminho. Evocava o coração endurecido do faraó que oprimia e perseguia o povo (Ex 4,21; 7,13; 8,11.15.28; 9,7…). A expressão “tem olhos e não vêm, ouvidos e não ouvem” evocava não só a pessoa sem fé, criticada por Isaias (Is 6.9-10), mas também aos adoradores dos falsos deuses, dos quais o salmo dizia: “Tem olhos e não vêm, tem ouvidos e não ouvem” (Sl 115,5-6).
·         Marcos 18,21: AS DUAS PERGUNTAS SOBRE O PÃO. As duas perguntas finais são sobre a multiplicação dos pães. Quantos cestos sobraram da primeira vez? Doze! E da segunda? Sete!. Como os fariseus, os discípulos também, apesar de haver colaborado ativamente na multiplicação dos pães, não chegaram a compreender seu significado. Jesus termina: “Ainda não entenderam?”. A forma que Jesus tem de lançar estas perguntas, uma depois da outra, quase sem esperar resposta, parece uma ruptura. Revela um desencontro muito grande. Qual é a causa deste desencontro?
·         A CAUSA DO DESENCONTRO ENTRE JESUS E OS DISCÍPULOS. A causa deste desencontro não foi sua má vontade. Os discípulos não eram como os fariseus. Estes também não entendiam, porém, neles havia malícia. Serviam-se da religião para criticar e condenar Jesus (Mc 2,7.16.18.24; 3,5.22-30). Os discípulos, pelo contrário, era boa gente. Não tinham má vontade. Pois, ainda sendo vítimas da “levedura dos fariseus e dos herodianos”, não estavam interessados em defender o sistema dos fariseus e dos herodianos contra Jesus. Então, qual era a causa? A causa do desencontro entre Jesus e os discípulos tinha a ver com a esperança messiânica. Havia entre os judeus uma grande variedade de expectativas messiânicas. De acordo com as diversas interpretações das profecias, havia gente que esperava um Messias Rei (cf. Mc 15,9.32). Outros, um Messias Santo ou Sacerdote (cf. Mc 1,24). Outros um Messias Guerrilheiro subversivo (cf. Lc 23,5; Mc 15,6; 13,6-8). Outros um Messias Doutor ( cf. Jo 4,25; Mc 1,22.27). Outros, um Messias Juiz (cf. Lc 3,5-9; Mc 1,8). Outros, um Messias Profeta (6,4; 14,65). Ao que parece ninguém esperava um Messias Servo, anunciado pelo profeta Isaias (Is 42,1;49,3;52,13). Eles não davam valor a esperança messiânica como serviço do povo de Deus à humanidade. Cada qual, segundo seus próprios interesses e segundo sua classe social, esperava o Messias, querendo encaixá-lo em sua própria esperança. Por isto, o título Messias, dependia das pessoas ou da posição social, podia significar coisas bem diferentes. Havia muita confusão de idéias! Nesta atitude de Servo que está a chave que vai acender a luz na escuridão dos discípulos e que os ajudará a converter-se. Somente aceitando o Messias como Servo sofredor de Isaias, eles serão capazes de abrir os olhos e compreender o Mistério de Deus em Jesus.
PARA REFLEXÃO PESSOAL
·         Hoje qual é a levedura dos fariseus e de Herodes para conosco? O que é que significa hoje, para mim, ter o “coração endurecido”?
·          A levedura de Herodes e dos fariseus impedia aos discípulos entender a Boa Nova. A propaganda da televisão nos impede hoje entender a Boa Nova de Jesus?
 ORAÇÃO FINAL
·         (SALMO 28/29)
·         Hoje farei um sacrifício de algum tipo, orarei mais e observarei com mais atenção quem me sonda e por quê?