DIA 05/03/15
PRIMEIRA LEITURA -- Jeremias 17,5-10
- Talvez
a causa de que muitos irmãos vivam em uma constante perturbação, cheios de
medos e angustias, é o querer construir sua vida e realizar seus projetos
com suas próprias forças. Parece que, depois de tantos anos e de tantas
tentativas falidas, não nos temos dado conta de nossa fraqueza para
realizá-las. Se quisermos que nossa vida seja uma vida plena, cheia de
paz, de alegria, e, sobretudo, de esperança, é necessário que deixemos
mais espaço a Deus para trabalhar nela. Hoje, mais que nunca, o homem tem
que deixar que seja Deus quem construa sua vida e quem dê impulso a seus
projetos, pois, só Deus é poderoso e capaz de fazer o que para nós não é
possível. Colocar nossa confiança em Deus implica soltar-se, deixar que
Deus vá tomando o controle de nossa vida. “Coloque todo teu esforço -
dizia um santo – como se tudo dependesse de ti, porém confie totalmente em
Deus como se tudo dependesse Dele”. Este é o segredo para que nossa vida
transcorra na paz de Deus.
ORAÇÃO INICIAL
- Senhor,
tu que amas a inocência e a devolves a quem a tenha pedido, atrai para ti
nossos corações e abrase-os no fogo de teu Espírito, para que permaneçamos
firmes na fé e eficazes no trabalhar bem. Por Nosso Senhor.
REFLEXÃO -- Lucas 16,19-31
- Cada
vez que Jesus tem uma coisa importante para comunicar, ele cria uma
história e conta uma parábola. Assim, através da reflexão sobre uma
realidade visível, leva aos ouvintes a descobrir os chamados invisíveis de
Deus, presentes na vida. Uma parábola é feita para pensar e refletir. Por
isto, é importante prestar atenção a seus mínimos detalhes. Na parábola do
evangelho de hoje, aparecem três pessoas: o pobre Lázaro, o rico sem nome
e o Pai Abraão. Dentro da parábola, Abraão representa o pensamento de
Deus. O rico sem nome representa a ideologia dominante da época. Lázaro
representa o grito silencioso dos pobres do tempo de Jesus e de todos os
tempos.
- Lucas
16,19-21: A SITUAÇÃO DO RICO E DO POBRE. Os dois extremos da sociedade.
Por um lado, a riqueza agressiva. Por outro, o pobre sem recursos, sem
direitos, coberto de úlceras, impuro, sem ninguém que o acolha, a não ser
os cachorros que lambem suas feridas. O que separa os dois é a porta
fechada da casa do rico. De parte do rico não existe acolhida nem piedade
para os problemas do pobre que está a sua porta. Porém o pobre tem nome e
o rico não tem. Isto é, o pobre tem seu nome inscrito no livro da vida, o
rico não. O pobre se chama Lázaro. Significa Deus ajuda. Através do pobre
Deus ajuda o rico e o rico poderá ter seu nome no livro da vida. Porém, o
rico não aceita ser ajudado pelo pobre, pois, permanece com sua porta
fechada. Este início da parábola que descreve a situação é um espelho fiel
do que estava ocorrendo no tempo de Jesus e no tempo de Lucas. É o espelho
do que acontece hoje no mundo!
- Lucas
16,22: A MUDANÇA QUE REVELA A VERDADE ESCONDIDA. O pobre morreu e foi
levado pelos anjos para os seio de Abraão. Morre também o rico e é
enterrado. Na parábola, o pobre morre antes do rico. Isto é um aviso para
os ricos. Até que o pobre está a porta, existe salvação para os ricos.
Mas, depois que o pobre morre, morre também o único instrumento de
salvação para os ricos. Agora, o pobre está seio de Abraão. O seio de
Abraão é a fonte de vida, de onde nasceu o povo de Deus. Lázaro, o pobre,
é parte do povo de Abraão, do qual era excluído quando estava diante da
porta do rico. O rico que pensa ser filho de Abraão não vai estar no seio
de Abraão. Aqui termina a introdução da parábola. Agora começa a revelação
de seu sentido, através da conversa entre o rio e o pai Abraão.
- Lucas
16,23-26: A PRIMEIRA CONVERSA. Na parábola, Jesus abre uma janela sobre o
outro lado da vida, o lado de Deus. Não se trata do céu. Trata-se do lado
verdadeiro da vida que só a fé abre e que o rico sem fé não percebe. E só
sob a luz da morte a ideologia do império se desintegra na cabeça do rico
e aparece para ele o que é o valor real na vida. Ao lado de Deus, sem
propaganda, sem a propaganda enganadora, os papéis mudam. O rico vê Lázaro
no seio de Abraão, e pede que seja aliviado de seus sofrimentos. O rico
descobre que Lázaro é seu único possível benfeitor! Porém, agora é
demasiado tarde! O rico sem nome é devoto, já que reconhece Abraão e o
chama de Pai. Abraão responde e lhe chama de filho. Esta palavra de
Abraão, na realidade, está sendo dirigida a todos os ricos vivos. Enquanto
vivos, eles têm ainda a possibilidade de tornarem-se filhos, filhas de
Abraão, se souberem abrir a porta à Lázaro, o pobre, o único que em nome
de Deus pode ajudá-los. A salvação para o rico não é que Lázaro lhe traga
uma gota para refrescar sua língua, mas sim, que ele, o rico, abra a porta
fechada ao pobre e assim tape o grande abismo.
- Lucas
16,27-29: A SEGUNDA CONVERSA. O rico insiste: “Pai, te suplico: mande
Lázaro para casa de meu pai. Tenho cinco irmãos!”. O rico não quer que
seus irmãos cheguem ao mesmo lugar de tormento. Lázaro, o pobre, é o único
verdadeiro intermediário entre Deus e os ricos. É o único, porque só aos
pobres os ricos podem devolver aquilo que têm e, assim, restabelecer a
justiça prejudicada. O rico está preocupado com os irmãos. Nunca esteve
preocupado com os pobres. A resposta de Abraão é clara: “Têm a Moisés e os
Profetas: que os ouçam!”. Têm a Bíblia! O rico tinha a Bíblia, a conhecia
de memória. Porém, nunca se deu conta de que a Bíblia tinha algo a ver com
os pobres. O segredo para que o rico possa entender a Bíblia é o pobre
sentado a sua porta.
- Lucas
16,30-31: A TERCEIRA CONVERSA. “Não pai, se alguém entre os mortos lhes
avisa de algo, eles vão se arrepender”. O rico reconhece que está
equivocado, pois, fala de arrependimento, coisa que durante a vida não
sentiu nunca. Ele quer um milagre, uma ressurreição! Mas, este tipo de
ressurreição não existe. A única ressurreição é a de Jesus. Jesus
ressuscitado vem até nós na pessoa do pobre, dos que não tem direitos, dos
sem terra, dos famintos, dos sem teto, dos que não tem saúde. Em sua
resposta final, Abraão é breve e contundente: “Se não ouvem a Moisés e aos
profetas, tampouco, se convencerão ainda que um morto ressuscite”. Fim da
conversa. Final da parábola.
- O
segredo para entender o sentido da Bíblia é o pobre Lázaro, sentado à
porta. Deus vem a nós na pessoa do pobre, sentado a nossa porta, para
ajudar-nos a tapar o abismo insondável que os ricos criaram. Lázaro também
é Jesus, o Messias pobre e servo, que não foi aceito, mas, cuja morte
mudou radicalmente todas as coisas. É a luz da morte o pobre que muda
tudo. O lugar do tormento é a situação da pessoa sem Deus. Por mais que o
rico pense ter religião e a fé, não há como ele possa estar com Deus,
pois, não abriu a porta ao pobre, como fez Zaqeu (Lc 19,1-10).
PARA REFLEXÃO PESSOAL
- Qual
é o tratamento que damos aos pobres? Existe um nome para nós? Nas atitudes
que tomo na vida, sou visto como Lázaro ou como o rico?
- Entrando
em contato conosco, os pobres percebem algo diferente? Percebem uma Boa
Notícia? Para que lado se inclina meu coração: para o milagre ou para a
Palavra de Deus?
ORAÇÃO FINAL
- (SALMO
1,1-2)
·
Hoje procurarei a coisa que mais me preocupa
e que me agonia e a entregarei ao Senhor, confiando que Ele a resolverá, e se
Ele deseja usar-me nessa situação, estarei disponível, porém, com a firme
convicção de que a mão de Deus está ocupando-se de minha causa.
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