DIA 02/04/15
PRIMEIRA
LEITURA à Ex
12,1-8.11-14
- Esta composição
litúrgica fornece detalhes de uma festa já antiga entre os pastores
seminômades do antigo Oriente Próximo. Era uma oferenda desses pastores
pela prosperidade de seus rebanhos, quando a tribo partia em busca de
novas pastagens. Isto acontecia na primavera e, na verdade, em uma ocasião
bastante decisiva na vida do rebanho. Era a época em que nasciam as crias
das ovelhas e das cabras. As indicações da antiguidade de festa são as
seguintes: nenhum sacerdote, nenhum santuário, nenhum altar. Outros
detalhes se encaixam neste ambiente pastoril. O animal é assado, não
cozido, pois existem pouquíssimos utensílios de cozinha. Talvez por isso
explique por que os ossos não são quebrados. A hora é o anoitecer da
primeira lua cheia da primavera, o que coincide com a volta dos pastores
ao acampamento na noite mais clara do mês. Os pães sem fermento são os
pães comuns consumidos por esses pastores, e as ervas amargas são as
plantas do deserto usadas por eles como condimentos. As vestes e os trajes
combinam com esse ambiente: “o cinto à cintura as sandálias aos pés e o
bastão na mão...”. O rito de sangue tem propósito apotropaico, isto é,
passar o sangue nos umbrais e na verga da porta das casas tem o propósito
de afastar todo o perigo para os membros da tribo, em especial para os que
estavam prestes a nascer.
ORAÇÃO
INICIAL
- Renova meu
coração, purifica meus lábios, para que fale contigo como tu queres, para
que fale com os demais como tu queres, para que fale comigo mesmo, com meu
mundo interior, como tu queres.
REFLEXÃO
à
João 13,1-15
- Jesus se
encontra em um simples jantar com
os seus. Tem plena consciência da missão que o Pai lhe confiou: Dele
depende a salvação da humanidade. Com tal conhecimento quer mostrar “aos
seus”, mediante a lavagem dos pés, como se cumpre a obra salvífica do Pai
e indicar com tal gesto a entrega de sua vida para a salvação do homem. É
vontade de Jesus que o homem se salve e um forte desejo o guia para dar
sua vida e entregar-se. É consciente de que “o Pai havia colocado tudo em
suas mãos”; tal expressão deixa entrever que o Pai deixa para Jesus
completa liberdade de ação.
- Jesus, além
disso, sabe que sua origem e a meta de seu itinerário é Deus, sabe que sua
morte na cruz, expressão máxima de seu amor, é o último momento de seu
caminho salvador. Sua morte é um “êxodo”: o ápice de sua vitória sobre a
morte; no dar a vida, Jesus nos revela a presença de Deus como vida plena
e ausente de morte. Com esta consciência de sua identidade e de sua
completa liberdade Jesus se dispõe a cumprir o grande e humilde gesto do
“lava pés”. Tal gesto de amor se descreve com um conjunto de verbos (oito)
que convertem a cena complicada e cheia de significados. O evangelista
apresentando a última ação de Jesus sobre os seus, usa esta figura
retórica de muitos verbos sem
repeti-los para que tal gesto permaneça impresso no coração e na mente de
seus discípulos e de qualquer leitor e para que se retenha um mandamento
que não deve esquecer-se. O gesto cumprido por Jesus tenta mostrar que o
verdadeiro amor se traduz em ação tangível de serviço.
- Jesus se
despoja de suas vestes se cinge de um avental de serviço. O despojar-se de
suas vestes é uma expressão que tem a função de expressar o significado do
dom da vida. Qual é o ensinamento que Jesus quer transmitir à seus
discípulos com este gesto? Mostra-lhes que o amor se expressa no serviço,
no dar a vida pelos demais como Ele tem feito.
- No tempo de
Jesus, “lavar os pés” era um gesto que expressava hospitalidade e acolhida
com os hóspedes. Normalmente era feito por um escravo com os hóspedes ou
por uma mulher ou filhas a seu pai. Além disso, era costume que o rito do
“lava pés” fosse sempre antes de sentar-se à mesa e não durante a
refeição. Esta forma de trabalhar de Jesus tenta sublinhar a singularidade
de seu gesto.
- E assim Jesus
se põe a lavar os pés de seus discípulos. O reiterado uso do avental com o
qual Jesus se cingiu mostra que a atitude de serviço é um atributo
permanente da pessoa de Jesus. De fato, quando acaba a lavagem dos pés,
Jesus não tira o avental. Este particular tenta mostrar que o serviço-amor
não termina com a morte. Os pormenores de tantos detalhes mostram a
intenção do evangelista em querer colocar de relevo a importância e a
singularidade do gesto de Jesus. Lavando os pés de seus discípulos Jesus
tenta mostrar-lhes seu amor, que é um todo com o do Pai. É realmente
impressionante esta imagem que Jesus nos revela de Deus: não é um soberano
que reside só no céu, mas sim, que se apresenta como servo da humanidade.
Deste serviço divino brota para a comunidade dos que acreditam aquela
liberdade que nasce do amor e que torna todos seus membros “senhores” (livres) em servidores. É como dizer que
só a liberdade cria o verdadeiro amor. De agora em diante o serviço que os
crentes darão ao homem terá como finalidade
o de instaurar relações entre os homens na qual a igualdade e a liberdade
sejam uma conseqüência da prática do serviço recíproco.
- Jesus com seu
gesto tenta demonstrar que qualquer indício de domínio ou prepotência
sobre o homem não está de acordo com o modo de Deus trabalhar, quem, faz o
contrário, serve ao homem para atrair-lo para si. Além disso, não tem
sentido as pretensões de superioridade de um homem sobre o outro, porque a
comunidade fundada por Jesus não tem forma piramidal, mas sim, horizontal,
na qual cada um está a serviço do outro, seguindo o exemplo de Deus e de
Jesus. Em síntese, o gesto que Jesus cumpre expressa os seguintes valores:
o amor para os irmãos exige uma mudança na acolhida fraterna, na
hospitalidade, ou seja, serviço permanente.
- Ao terminar o
“lava pés”, Jesus tenta dar a sua ação uma validade permanente para sua
comunidade e ao mesmo tempo deixar nela um memorial ou mandamento que
deverá regulamentar para sempre as relações fraternas. Jesus é o Senhor,
não na linha do domínio, mas sim, quando comunica o amor do Pai (seu
Espírito) que nos faz filhos de Deus e aptos para imitar Jesus, que
livremente dá seu amor aos seus. Esta atitude interior de Jesus quis
comunicar aos seus, um amor que não exclui ninguém, nem sequer Judas que o
vai trair. Portanto, se os discípulos o chamam Senhor, devem imitá-lo, se
o consideram Mestre devem ouvi-lo.
PARA
REFLEXÃO PESSOAL
- Levantou-se da
mesa: como você vive a Eucaristia? De modo sedentário ou se deixa levar
pela ação de fogo do amor que recebe?
- Corre o perigo
de que a Eucaristia da qual participa se perca no narcisismo
contemplativo, sem levar o compromisso de solidariedade e desejos de
compartilhar?
- Teu compromisso
pela justiça, pelos pobres, vem do costume de encontrar-se com Jesus na Eucaristia,
da familiaridade com Ele?
- Você sabe
reconhecer o rosto de Cristo quando pede ser servido e amado nos pobres?
ORAÇÃO
FINAL
- (SALMO 116)
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