quarta-feira, 8 de abril de 2015

Lectio Divina - 08/04/15


DIA 08/04/15
PRIMEIRA LEITURA à Atos 3,1-10
·         O episódio, com suas consequências, lembra a cura do cego de nascença. Pedro e João personificam a Igreja, através da qual Jesus continua presente e atuante. O aleijado encarna a situação do povo fraco e dependente. A riqueza (ouro e prata) não liberta; ao contrário, produz sempre novas formas de submissão e opressão. Só o nome de Jesus é capaz de libertar o povo, fazendo-o levantar-se e caminhar. A Igreja define-se em relação a Cristo ressuscitado. Não se pode compreender a si mesma, trabalhar e crescer, senão em relação a ele. É bastante para a Igreja ter que anunciar Cristo. A riqueza terrena, a ciência, o poder não entram na definição da Igreja. O único poder da nova comunidade é o nome de Jesus: Cristo ressuscitado, vivo e presente na Igreja com o poder de sua ressurreição. A Igreja é testemunha, não só porque repete com as palavras tudo o que viu e sentiu do Cristo, mas sobretudo porque repete em sua vida as vicissitudes de seu Senhor. O milagre de Pedro é mais que “outro” milagre de Jesus. Basta compará-lo com os milagres que Cristo opera no evangelho. Na Igreja como em Cristo, exatamente porque Cristo está presente, Deus age e opera os sinais extraordinários da salvação e suscita ainda no homem salvação, maravilha, estupor.
ORAÇÃO INICIAL
  • Tu, Senhor, que nos salvou pelo mistério pascal, continua favorecendo com dons celestes teu povo, para que alcance a liberdade verdadeira e possa gozar da alegria do céu, que já começou a experimentar na terra. Por Nosso Senhor...
REFLEXÃO à Lucas 24,13-35
·         Lucas salienta os “lugares” da presença de Jesus ressuscitado. Primeiro, ele continua a caminhar entre os homens, solidarizando-se com seus problemas e participando de suas lutas. Segundo, Jesus está presente no anúncio da Palavra das Escrituras, que mostra o sentido da sua vida e ação. Terceiro, na celebração eucarística, onde o pão repartido relembra o dom da sua vida e refontiza a partilha e a fraternidade, que estão no cerne do seu projeto. A fé na ressurreição consolidou-se no coração dos discípulos de maneira muito lenta.
·         O choque provocado pela crucifixão do Mestre causou-lhes um impacto enorme. Embora tivesse demonstrado ser “um profeta poderoso em obras e palavras, diante de Deus e de todo o povo”, Jesus fora condenado à morte reservada aos malditos e marginais. Com isto, os discípulos viam esvair-se sua esperança de ver Israel libertado da opressão estrangeira, e reconquistar a condição de povo livre, segundo o querer do Pai.
·         A decepção deu lugar à deserção. Seria inútil dar continuidade ao grupo formado pelo Mestre quando ele ainda vivia, já que, diante da cruz, tudo quanto dissera e fizera tinha perdido sua consistência. Conseqüentemente, nem merecia ser recordado. Era tempo de colocar um ponto final nessa experiência que despontara tão promissora! A superação deste desânimo deu-se após um lento processo de repensamento, à luz das Escrituras, de tudo quanto acontecera com o Senhor.
·         Foi preciso que os discípulos vissem a cruz com uma perspectiva aberta, relacionando-a com o conjunto da vida do Mestre, relida à luz do cumprimento do desígnio de Deus. Na medida em que se deslanchava um processo de compreensão da ressurreição, eles experimentavam uma profunda mudança interior.
·         Revigorados na fé, reconheceram ser preciso voltar à vida de comunidade e se tornar proclamadores da ressurreição. Após a narrativa da crucifixão e sepultura de Jesus e do encontro do túmulo vazio pelas mulheres, Lucas insere as narrativas das aparições do ressuscitado.
·         As narrativas do encontro do túmulo vazio e as das aparições representavam duas compreensões sobre o destino de Jesus após sua morte, que circulavam separadamente nas novas comunidades. Lucas não se refere a aparições às mulheres que encontram o túmulo vazio, ao contrário de Mateus e João (no evangelho de Marcos as narrativas de aparições são acréscimos tardios). Em Lucas, a primeira aparição acontece no encontro com os discípulos de Emaús. Os discípulos de Jesus viviam a expectativa do messias, ou seja, de um líder político: "Nós esperávamos que fosse ele quem libertaria Israel...". E a morte de Jesus era o fim. Nesta aparição aos discípulos de Emaús, encontramos um ensinamento didático-catequético, que remove aquele entendimento: após sua crucifixão, Jesus permanece vivo e é reencontrado na releitura das escrituras e na partilha do pão, como havia feito com as multidões excluídas. O núcleo da pregação dos apóstolos é a trajetória da vida de Jesus de Nazaré, sua execução por morte na cruz e sua ressurreição, de maneira que, vivo, é agora doador do Espírito Santo.
·         A ressurreição de Jesus significa a sua presença entre nós. É a permanência de Jesus de Nazaré, que em toda sua vida comunicou tanto amor e paz divinos. É uma presença concreta, que é experimentada na partilha da vida, no amor, vivida em comunidades abertas a todos. Envolvidos pelo amor de Jesus, somos libertados da "vida fútil", herdada desta sociedade de mercado e consumo, estruturada e conservada pelos ricos e poderosos.
PARA REFLEXÃO PESSOAL
·         Quais foram os lugares citados por Lucas, cuja presença teve o Ressuscitado?
·         A crucificação de Jesus causou impacto nos apóstolos?
·         O que significa a ressurreição de Jesus para nós?
ORAÇÃO FINAL
·         (SALMO 104/105)
·         Pai, não permitas que eu caia na tentação de viver distante de meus irmãos e irmãs de fé, pois o Senhor Ressuscitado nos quer todos reunidos em seu nome.





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