sexta-feira, 29 de maio de 2015

Lectio Divina - 29/05/15


DIA 29/05/15
PRIMEIRA LEITURA à Eclesiástico 44,1.9-13
  •  Este elogio dos homens que foram grandes com Deus será retomado na epístola aos Hebreus (c.11) e permanece na memória que a Igreja faz dos mártires e Santos, que construíram sua história, a história mais profunda e verdadeira, a do homem com Deus. “Em seu dia natalício a Igreja proclama o mistério pascal realizado nos Santos que sofreram com Cristo e com ele são glorificados, e propõe aos fiéis o seu exemplo, que atrai todos ao Pai por meio de Cristo”. A luta pela oração, pela vitória da Igreja. Também da história de nossa vida, o que em verdade permanecerá a história de nosso amor com relação a Deus e aos irmãos.

ORAÇÃO INICIAL
  • Pai, ensina-me a viver a religião pura e agradável a ti. Cheio de fé e disposto a perdoar e a viver reconciliado, que eu possa rejeitar tudo o que desvirtua a verdadeira religião.

REFLEXÃO à Marcos 11,11-26
  • A figueira simboliza a sociedade que Jesus encontra. Tem folhas, mas não tem frutos, tem aparência de vida, mas não alimenta o povo faminto. A figueira secou: a sociedade que não acolhe a ação transformadora de Jesus morre sem dar frutos.
  • Diante dela Jesus inicia uma comunidade que será o novo templo: comprometida com ele na fé e na confiança em Deus, a comunidade cristã será a semente de nova árvore frutífera para os homens.
  • O comércio no templo deu margem para que a corrupção tomasse conta dele. Jesus interpretou o fato como uma forma de profanação, embora a classe sacerdotal e o pessoal ligado ao culto fossem coniventes com a situação implantada.
  • Criou-se um perigoso conluio entre religião e comércio, a ponto de se operar uma sacralização deste em desprestígio daquela. Os comerciantes, é óbvio, ambicionavam o lucro, esquecendo-se de que sua presença no lugar sagrado só deveria visar a facilitação da vida dos peregrinos. A casa de Deus transformou-se num pólo de exploração.
  • O comércio acentuava ainda mais a distinção entre ricos e pobres. Os primeiros possuíam dinheiro suficiente para comprar animais de grande porte para oferecer em sacrifício, e trocavam grandes somas de dinheiro com os cambistas.
  • Quanto aos pobres, pouco tinham para adquirir o suficiente para a própria oferta. Sendo assim, os verdadeiros fundamentos da religião acabavam sendo olvidados. Antes de mais nada, a vida de oração baseada numa fé sólida, que dá ao orante a certeza de ser atendido.
  • A fé abre o coração para Deus, impedindo a pessoa de confiar na posse dos bens. Pelo contrário, perdão e a reconciliação deixavam de fazer parte das disposições de quem se aproximava de Deus, no templo convertido em um antro de ladrões.
  • O ambiente dispersivo impedia que o peregrino se conscientizasse do dever de buscar a comunhão com o próximo, antes de voltar-se para Deus. O Templo de Jerusalém, desde sua construção por Salomão, sempre teve como anexo o Tesouro, destinado ao depósito das imensas riquezas acumuladas a partir das ofertas e das taxas cobradas do povo.
  • Naquele momento de intenso comércio praticado durante a festa da Páscoa, Jesus denuncia esta corrupção do Templo.
  • A figueira que secou por não dar frutos representa o sistema religioso do Templo, com sua infidelidade a Deus. O monte que com fé é lançado ao mar simboliza o monte Sião, com Jerusalém e o Templo.
  • A verdadeira religião, agradável a Deus, é a do perdão e da misericórdia.

PARA REFLEXÃO PESSOAL
  •          O que acontece com a sociedade que não acolhe a ação transformadora de Jesus?
  •          Em que se transformou a casa de Deus com o conluio entre religião e comércio?
  •          O que Jesus denunciou que estava acontecendo no Templo?

ORAÇÃO FINAL
  •          (SALMO 149)




quinta-feira, 28 de maio de 2015

Lectio Divina - 28/05/15


DIA 28/05/15
PRIMEIRA LEITURA à Eclesiástico 42,15-26
  • O universo foi sempre algo maravilhoso para os antigos, a ponto de endeusarem vários fenômenos da natureza. Israel deu um passo à frente, descobrindo o Deus que está além de tudo e criou todas as coisas. A ciência atual penetra cada vez mais os mistérios da natureza, sempre descobrindo novos mistérios e constatando uma perfeição que parece prolongar-se ao infinito.

ORAÇÃO INICIAL
  • Pai, dá-me forças para lutar contra a cegueira que me impede de reconhecer teu amor misericordioso manifestado em Jesus. Faze com que eu veja!

REFLEXÃO à Marcos 10,46-52
  • Ao fazer a leitura do profeta Isaías, na sinagoga de Nazaré, Jesus identificou-se com o Messias, ungido pelo Espírito do Senhor, para "anunciar aos cegos a recuperação da vista". De certo modo, todo o seu ministério consistiu em ajudar a humanidade a superar a cegueira de que era vítima.
  • Cegueira do egoísmo, que impede de reconhecer o semelhante como quem merece afeição. Cegueira da idolatria, que leva o ser humano a trocar Deus pela criatura e deixar-se tiranizar por ela.
  • Cegueira do pecado, com suas mais diversas manifestações, cujo resultado é a desumanização da pessoa, reduzindo-a à mais terrível escravidão. A súplica do cego de Jericó pode ser a de todo discípulo: "Senhor, que eu veja!" Sim, o discipulado exige a libertação de todo tipo de cegueira. Isto só pode ser obra de Jesus.
  • É ele quem possibilita ao discípulo ter visão e discernimento para fazer as escolhas certas e optar pelos caminhos mais condizentes com as exigências do Reino. Contudo, o motor de tudo isto é a fé.
  • No caso do cego de Jericó, foi a fé que o moveu a implorar misericórdia junto a Jesus. E, também, pela fé o discípulo é levado a buscar libertação junto a ele. Quanto mais profunda ela for, tanto mais apurada será a visão do discípulo, ou seja, maior será sua capacidade de "ver" o que Deus deseja dele.
  • A cegueira é a expressão típica da falta de entendimento da missão de Jesus. Os escribas e fariseus são "cegos" (Mt 23,16-26) e a missão de Jesus é a de recuperar a vista aos cegos (Lc 4,18), isto é, fazer com que todos compreendam e dêem sua adesão ao projeto libertador e vivificante de Deus.
  • Este cego, Bartimeu, "vê" Jesus como "Filho de Davi", o que exprime o equívoco de um messianismo triunfalista. A restituição da visão, a compreensão da verdadeira missão de Jesus, na fé, é que permite que se siga Jesus pelo caminho.
  • Ao longo de vinte séculos de história da Igreja, novas luzes do Espírito permitem uma visão renovada da face de Jesus. O último milagre de Jesus é uma cura significativa. Ele não abre apenas os olhos do cego, mas também o coração.
  • E o cego curado reconhece Jesus como o Messias (filho de Davi). E, com mais coragem do que Pedro e do que o homem rico, segue a Jesus no caminho para a morte. Desse modo, Bartimeu torna-se o modelo do verdadeiro discípulo.

PARA REFLEXÃO PESSOAL
  • O que a cegueira do egoísmo impede reconhecer?
  • Quem é que possibilita ao discípulo ter visão e discernimento para fazer escolhas?
  • O que moveu o cego de Jericó a implorar por misericórdia?

ORAÇÃO FINAL
  • (SALMO 32/33)






quarta-feira, 27 de maio de 2015

Lectio Divina - 27/05/15

DIA 27/05/15
PRIMEIRA LEITURA à Eclesiástico 36,1-2.5-6.13-19
  • Estamos lendo uma bela passagem que nos mostra a idéia que tinha o povo de Israel sobre seu Deus. Era um Deus terno, compassivo, um Deus que cumpre suas promessas, que dá à cada mais do que merecem suas obras, um Deus atento às suplicas dos humildes. Jesus nos revelou em seu Evangelho que todas estas idéias não só são corretas, mas, que têm que ser superadas, pois, ele próprio nos revelou que este Deus é um PAI. Quando o cristão consegue entender em seu coração que Deus é SEU pai, toda sua existência se transforma como produto da confiança infinita que nasce do saber que Deus é seu Paizinho (como lhe chamava Jesus: Abba). É a partir desse momento quando se estabelece uma relação de confiança total que faz com que nos possamos colocar como diz o Pe. Carlos de Focalud, “em suas mãos com uma confiança INFINITA”. Peça ao Espírito Santo em tua oração diária, que te faça conhecer interiormente que Deus é teu PAI, e que te faça experimentar seu amor.
ORAÇÃO INICIAL
  • Concede-nos tua ajuda, Senhor, para que o mundo progrida, segundo teus desígnios; gozem as nações de uma paz estável e tua igreja se alegre de poder servir-te com uma entrega confiada e pacífica.  Por Nosso Senhor...
REFLEXÃO à Marcos 10,32-45
  • O evangelho de hoje apresenta o terceiro anuncio da paixão e, novamente, como nas vezes anteriores, mostra a incoerência dos discípulos (Cf. Mc 9,30-37). Enquanto Jesus insistia no serviço e na entrega de sua vida, eles continuavam discutindo sobre os primeiros postos no Reino, um a direita e outro a esquerda do trono. E tudo isto indica que os discípulos continuavam cegos! Sinal de que a ideologia dominante da época havia penetrado profundamente em sua mentalidade. Apesar da convivência de vários anos com Jesus, todavia não havia renovado sua maneira de ver a s coisas. Olhavam para Jesus com o antigo olhar. Queriam uma retribuição pelo fato de seguir Jesus.
  • Marcos 10,32-34: O terceiro anuncio da paixão. Eles vão a caminho de Jerusalém. Jesus os precede. Tem pressa. Sabe que vão matá-lo. O profeta Isaias já havia anunciado (Is 50,4-6;53,1-10). Sua morte não é fruto de um destino cego ou de um plano já preestabelecido, mas, é a conseqüência do compromisso assumido com a missão que recebeu do Pai ao lado dos excluídos de seu tempo. Por isto, Jesus alerta aos discípulos sobre a tortura e a morte à que vai enfrentar, ali em Jerusalém. Pois, o discípulo tem que seguir seu mestre, ainda que for para sofrer com ele. Os discípulos estavam espantados, e os que o seguiam estavam com medo. Não entendiam o que estava acontecendo. O sofrimento não combinava com a idéia que eles tinham do messias.
  • Marcos 10,35-37: Pedem o primeiro posto. Os discípulos não só não entendiam, mas, continuavam com suas ambições pessoais. Tiago e João pedem um lugar preferencial na glória do Reino, um a direita e outro a esquerda de Jesus. Querem adiantar-se a Pedro! Não entendem a proposta de Jesus. Estavam preocupados só com seus próprios interesses. Isto reflete o enfrentamento e as tensões que existiam nas comunidades, no tempo de Marcos, e que existem até hoje em nossas comunidades. No evangelho de Mateus é a mãe de Tiago e de João que pede para os filhos (Mt 20,20). Provavelmente, diante da difícil situação de pobreza e da falta de emprego crescente naquela época, a mãe intercede pelos filhos e tenta garantir que tenham um emprego na vinda do Reino que Jesus tanto falava.
  • Marcos 10,38-40: A resposta de Jesus. Jesus reage com firmeza: “Não sabeis o que pedis”. E pergunta se são capazes de beber o cálice que Ele, Jesus, beberá, e se estão dispostos a receber o batismo que Ele vai receber. É o cálice do sofrimento, o batismo de sangue! Jesus quer saber se eles, em vez de lugar de destaque, aceitam entregar a vida até morte. Os dois respondem: “Podemos!”. Parece uma resposta da boca para fora, pois, poucos dias depois, abandonaram Jesus e o deixaram só na hora do sofrimento (Mc 14,50). Eles não têm muita consciência crítica, nem percebem sua realidade pessoal. Quanto ao lugar de destaque, de honra, no Reino ao lado de Jesus, quem o dá é o Pai. O que Ele Jesus tem para oferecer é o cálice e o batismo, o sofrimento e a cruz.
  • Marcos 10,41-44: Entre vós não seja assim. No final da instrução sobre a Cruz, Jesus fala, de novo, sobre o exercício de poder (Mc 9,33-35). Naquele tempo, os que detinham o poder no Império Romano não tinham em conta as pessoas. Agiam segundo entendiam (Mc 6,17-29). O Império Romano controlava o mundo e o mantinha submetido pela força das armas e assim através de tributos, impostos e taxas, conseguia concentrar a riqueza das pessoas nas mãos de poucos lá em Roma. A sociedade estava caracterizada pelo exercício repressivo e abusivo do poder. Jesus tinha outra proposta. Disse: “Entre vós não deverá ser assim! E quem quer ser grande entre vós, será vosso servidor”. Ele ensina contra os privilégios e contra a rivalidade. Inverte o sistema e insiste no serviço como remédio contra a ambição pessoal. A comunidade tem que apresentar uma alternativa para a convivência humana.
  • Marcos 10,45: O resumo da vida de Jesus define sua missão e sua vida: “O Filho do Homem não veio para ser servido, mas sim, para servir e dar a vida como resgate por muitos”. Jesus é o Messias Servo, anunciado pelo profeta Isaias (cf. Is 42,1-9; 49,1-6; 50,4-9; 52,13-53,12). Aprendeu de sua mãe que disse ao anjo: “Eis aqui a escrava do Senhor!” (Lc 1,38). Proposta totalmente nova para a sociedade daquele tempo. Nesta frase na qual Ele define sua vida, aparecem os três títulos mais antigos, usados pelos primeiros cristãos para expressar e comunicar aos demais, o que Jesus queria indicar ao usá-los: Filho do Homem, Servo de Yahweh, Resgate dos excluídos (libertador, salvador). Humanizar a vida, Servir aos irmãos e as irmãs, Acolher os excluídos.
PARA REFLEXÃO PESSOAL
  • Tiago e João pediram o primeiro posto no Reino. Hoje muita gente reza a Deus pedindo dinheiro, promoção, cura, êxito. Eu, o que é que procuro em minha relação com Deus e o que peço em minha oração?
  • Humanizar a vida, Servir aos irmãos e as irmãs, Acolher os excluídos. É o programa de Jesus, e nosso programa. Como estou fazendo isso?
ORAÇÃO FINAL

  • (SALMO 78/79)
  • Hoje viverei em constante ação de graças por todos os dons e bens que Deus me tem dado, por pura generosidade sua.





terça-feira, 26 de maio de 2015

Lectio Divina - 26/05/15


DIA 26/05/15
PRIMEIRA LEITURAà Eclesiástico 35,1-15
  • A lei é uma palavra que merece estar em constante luta contra o valor absoluto das sociedades atuais: a liberdade. Quando o homem é convidado ou impedido a cumprir a lei, este se sente manchado no mais sagrado de seu interior, sente que é vitima no templo de sua sacralidade. Porém, a lei é algo próprio do homem, precisamente porque é sujeito de direitos. A lei nasce, antes de tudo, para proteger os direitos que os homens ganharam desde o momento de seu nascimento. Todavia, devido a estes direitos, corremos o risco de esquecer que outras pessoas têm os mesmos direitos que nós e é por isso que nossas liberdades se vêem podadas pelo direito do outro. Deus não procura limitar nossas liberdades, só espera que nós recordemos que os demais são irmãos nossos que querem respeito, atenção, cuidado e afeto e que assim como eles podem ter alguma necessidade, eu também posso encontrar alguma ocasião em seu lugar, por isso, a Deus agrada que os demais renunciem um pouco a nossa egolatria e sejamos um pouco generosos com os demais.
ORAÇÃO INICIAL
  • Concede-nos tua ajuda, Senhor, para que o mundo progrida, segundo teus desígnios; gozem as nações de uma paz estável e tua igreja se alegre de poder servir-te com uma entrega confiada e pacífica.  Por Nosso Senhor...
REFLEXÃO à Marcos 10,28-31
  • No evangelho de ontem, Jesus falava da conversão que tem que existir na relação dos discípulos com os bens materiais: desprender-se das coisas, vender tudo, dar aos pobres e seguir Jesus. Isto é, como Jesus, viver em uma total gratuidade, entregando a própria vida a Deus e colocando-a em suas mãos a serviço dos irmãos e das irmãs. No evangelho de hoje, Jesus explica melhor como deve ser esta vida de gratuidade e de serviço daqueles que abandonam tudo por Jesus e pelo Evangelho.
  • Marcos 10,28-31: Os cem por um, porém, com perseguições. Pedro observa: “Já o vês, nós deixamos tudo e te seguimos”. É como se dissesse: “Fizemos o que o Senhor pediu ao jovem rico. Deixamos tudo e te seguimos. Explica-nos como deve ser nossa vida?”. Pedro quer que Jesus explicite um pouco mais o novo modo de viver com espírito de gratuidade e de serviço. A resposta de Jesus é bonita, profunda e simbólica: “Eu vos asseguro: ninguém que tenha deixado casa, irmãos, irmãs, mãe, pai, filhos ou fazenda por mim e pelo Evangelho ficará sem receber os cem por um: agora, no presente, casas, irmãos, irmãs, mães, filhos e fazenda, com perseguições; e no mundo vindouro, vida eterna”. O tipo de vida que resulta da entrega de tudo é o que Jesus quer realizar: (a)-alarga a família e cria comunidade, pois aumenta cem vezes o número de irmãos e irmãs. b)-Faz com que os bens se compartilhe, pois, todos terão cem vezes mais casas e campos. A providência divina se encarna e passa pela organização fraterna, onde tudo é de todos e não haverá mais necessitados. Eles cumprem a lei de Deus que pede “entre vós não haja pobres” (Dt 15,4-11). Foi o que fizeram os primeiros cristãos (Hb 2,42-45). É a vivência perfeita do serviço e da gratuidade. c)-Não devem esperar nenhuma vantagem em troca, nem segurança, nem promoção de nada. Pelo contrário, nesta vida terá tudo isto, porém, com perseguições. Pois, os que neste mundo organizado a partir do egoísmo e dos interesses de grupos e pessoas, vivem a partir do amor gratuito e da entrega de si, estes, como Jesus, serão crucificados. d)-Serão perseguidos neste mundo, porém, no mundo futuro terão a vida eterna da qual falava o jovem rico.
  • Jesus a opção pelos pobres. Um duplo cativeiro marcava a situação das pessoas na época de Jesus: o cativeiro da política de Herodes, apoiada pelo Império Romano e mantida por todo um sistema bem organizado de exploração e de repressão, e o cativeiro da religião oficial, mantida pelas autoridades religiosas da época. Por isto, o clã, a família, a comunidade, estava se desintegrando e uma grande parte das pessoas vivia excluída, marginalizada, sem teto, sem religião, sem sociedade. Por isto havia vários movimentos que, como Jesus, procurava uma nova maneira de viver e conviver em comunidade: essênios, fariseus e, mais tarde, os zelotes. Dentro da comunidade de Jesus, entretanto, havia algo novo que marcava a diferença com os outros grupos. Era a atitude diante dos pobres e excluídos. As comunidades dos fariseus viviam separadas. A palavra “fariseu” quer dizer “separado”. Viviam separadas do povo impuro. Muitos fariseus consideravam o povo como ignorante e maldito (Jo 7,49), lugar de pecado (Jo 9,34). Jesus e sua comunidade, pelo contrário, viviam mesclados com as pessoas excluídas, consideradas impuras: publicanos, pecadores, prostitutas, leprosos. Jesus reconhece a riqueza e o valor que os pobres possuem (Mt 11,25-26). Os proclama felizes porque o Reino é deles, dos pobres (Lc 6,20). Define sua própria missão como “anunciar a Boa Nova aos pobres” (Lc 4,18). Ele mesmo vive como pobre. Não possui nada seu, nem sequer uma pedra onde reclinar a cabeça. E quem quer seguir-lhe para viver com Ele, manda escolher: ou Deus ou o dinheiro! Manda fazer a opção pelos pobres. A pobreza que caracterizava a vida de Jesus e dos discípulos, caracterizava também a missão. Ao contrário dos outros missionários, os discípulos e as discípulas de Jesus não podiam levar nada, nem ouro, nem prata, nem duas túnicas, nem sacola, nem sandálias. Deviam confiar na hospitalidade (Lc 9,4). E no caso de serem acolhidos pelas pessoas, deviam trabalhar como todo mundo e viver do que recebiam em troca. Além disso, deviam ocupar-se dos enfermos e necessitados (Mt 10,8). Então, podiam dizer as pessoas: “O Reino de Deus está chegando!” (Lc 10,9).
PARA REFLEXÃO PESSOAL
  • Em tua vida, como acolhe a proposta de Pedro: “Deixamos tudo e te seguimos?”.
  • Compartilhar, gratuidade, serviço, acolhida aos excluídos são sinais do Reino. Como eu vivo isso hoje?
ORAÇÃO FINAL
  • (SALMO 49/50)
  •  Hoje brindarei minha ajuda, tempo e atenção quem eu veja que necessita.





segunda-feira, 25 de maio de 2015

Lectio Divina - 25/05/15



DIA 25/05/15
PRIMEIRA LEITURAà Eclesiástico 17,20-28
  • Um dos livros cheios de conselhos sobre como viver a vida de fidelidade a Deus, é o livro do Eclesiástico, também conhecido como livro de Sirácida. A passagem que nos propõe hoje a liturgia centra sua atenção na conversão, a qual não é algo que acontece em um momento, mas sim, é um processo que se inicia em um momento e se prolonga durante toda a vida. Este processo se chama em grego: “METANÓIA”, que significa: “MUDAR DE RUMO”. Ao finalizar os tempos fortes da Páscoa e da Quaresma, a igreja nos convida a retomar nosso caminho de conversão, o qual, procura diante de tudo quitar os obstáculos que nos impedem viver na graça e no amor de Deus. Deus nos tem presenteado seu Espírito para que em nossa vida brilhe sua luz e seu amor se faça manifesto aos demais. Tem-nos dado, junto com isto, a força para que evitemos (sempre em um processo) tudo o que nos afasta de Jesus. Retoma com ânimo renovado teu caminho de perfeição no Senhor.
ORAÇÃO INICIAL
  • Concede-nos tua ajuda, Senhor, para que o mundo progrida, segundo teus desígnios; gozem as nações de uma paz estável e tua igreja se alegre de poder servir-te com uma entrega confiada e pacífica.  Por Nosso Senhor...
REFLEXÃO à Marcos 10,17-27
  • O evangelho de hoje narra duas coisas: (a)-conta a história do homem rico que pergunta pelo caminho da vida eterna, e (b)-Jesus chama a atenção sobre o perigo das riquezas. O homem rico não aceitou a proposta de Jesus, pois, era muito rico. Uma pessoa rica esta protegida pela segurança que a riqueza lhe dá. Tem dificuldade em abrir a mão e deixar escapar esta segurança. Agarrada às vantagens de seus bens vive defendendo seus próprios interesses. Uma pessoa pobre não costumava ter esta preocupação. Porém, pode ter uma cabeça de rico. Então, o desejo de riqueza cria nela uma dependência e faz que esta pessoa se torne escrava do consumismo. Existe gente que tem tantas atividades que já não tem tempo para dedicar-se ao serviço do próximo. Com esta problemática na cabeça, tanto das pessoas como dos países, vamos meditar o texto do homem rico.
  • Marcos 10,17-19: A Observância dos mandamentos e da vida eterna. Alguém chega próximo de Jesus e lhe pergunta: “Bom Mestre, o que é que devo fazer para ter por herança a vida eterna?”. O evangelho de Mateus informa que se trata de um jovem. (Mt 19,20.22). Jesus responde bruscamente: “Por que é que me chamas de bom? Ninguém é bom, mas sim, somente Deus!”. Jesus afasta a atenção sobre si mesmo e aponta para Deus, pois, o que importa é fazer a vontade de Deus, revelar o Projeto do Pai. Em seguida, Jesus afirma: “Já conhece os mandamentos: Não matar, não cometer adultério, não roubar, não levantar falso testemunho, não ser injusto, honrar pai e mãe”. É importante olhar bem a resposta de Jesus. O jovem havia perguntado pela vida eterna. Queria viver próximo de Deus! Mas, Jesus não menciona os três primeiros mandamentos que definem nossa relação com Deus. Lembra os mandamentos que falam do respeito à vida próxima do próximo! Para Jesus, só conseguimos estar bem com Deus, se estamos bem com o próximo. Não serve de nada enganar-se. A porta para chegar a Deus é o próximo.
  • Marcos 10,20: Observar os mandamentos, para que serve? O homem responde dizendo que já observava os mandamentos desde a sua juventude. O que é curioso é o seguinte. Ele havia perguntado pelo caminho da vida. Agora, o caminho da vida era e continua sendo: fazer a vontade de Deus expressa nos mandamentos. Quer dizer, que ele observava os mandamentos sem saber a que serviam. Do contrário, não haveria feito a pergunta. É como ocorre a muitos católicos de hoje: não sabem dizer para que é que serve ser católico. “Nasci em um país católico, por isto sou católico!”. Coisa de costumes!
  • Marcos 10,21-22: Compartilhar os bens com os pobres e seguir Jesus. Ouvindo a resposta do jovem: “Jesus fixando nele seus olhos, o chamou e disse: Uma coisa te falta, ande quanto tens vende-os e dê aos pobres e terás um tesouro no céu, depois, vem e segue-me!”. A observância dos mandamentos é apenas o primeiro degrau de uma escada que vai mais além e mais alto. Jesus pede mais! A observância dos mandamentos prepara a pessoa para que possa chegar a entrega total de si a favor do próximo. Jesus pede muito, porém, o pede com muito amor. O jovem não aceitou a proposta de Jesus e se foi “porque tinha muitos bens”.
  • Marcos 10,23-27: O camelo e o buraco da agulha. Depois que o jovem se foi, Jesus comentou sua decisão: “É difícil que aqueles que tenham riquezas entrem no Reino dos Céus! É mais fácil que um camelo passe pelo buraco da agulha, que um rico entrar no Reino de Deus”. A expressão “entrar no Reino” indica não só e em primeiro lugar a entrada no céu depois da morte, mas sim, também e, sobretudo, a entrada na comunidade ao redor de Jesus. A comunidade é e deve ser uma mostra do Reino. A alusão à impossibilidade de que um camelo passe pelo buraco da agulha vem de um provérbio popular da época usado pelo povo para dizer que uma coisa era humanamente impossível. Os discípulos ficaram desconcertados diante da afirmação de Jesus e se perguntavam uns aos outros: “Quem poderá se salvar?”. Sinal de que não haviam entendido a resposta de Jesus ao jovem rico: “Vai, vende todos seus bens e dê aos pobres, depois vem e segue-me!”. O jovem havia observado os mandamentos desde sua juventude, mas, sem entender porque da observância. Algo semelhante estava acontecendo com os discípulos. Eles já haviam abandonado todos os bens segundo havia pedido Jesus ao jovem rico, porém, sem entender o porquê do abandono! Se não houvessem entendido não haveriam ficado assombrados diante da exigência de Jesus. Quando a riqueza ou o desejo de riqueza ocupam o coração e os olhos, a pessoa deixa de perceber o sentido do evangelho. Só Deus pode ajudar! Jesus olha para os discípulos e diz: “Para os homens é impossível, porém, não para Deus. Porque tudo é possível para Deus!”.    
PARA REFLEXÃO PESSOAL
·         Uma pessoa que vive preocupada com sua riqueza ou que vive adquirindo as coisas da propaganda da televisão, pode libertar-se de tudo para seguir Jesus e viver em paz em uma comunidade cristã? É possível? O que você pensa? Como você faz?
·         Conhece alguém que conseguiu deixar tudo pelo Reino? O que é que significa hoje para nós: “Vai, vende tudo, dê aos pobres?”. Como entender e praticar hoje os conselhos que Jesus deu ao jovem rico?
ORAÇÃO FINAL
·         (SALMO 31/32)
  • Hoje viverei em um constante regressar a Deus e merecerei seu perdão, perdoando a quem me tenha ofendido.




sexta-feira, 22 de maio de 2015

Lectio Divina - 22/05/15



DIA 22/05/15
PRIMEIRA LEITURA à Atos 25,13-21
  • Paulo pediu para ver “César”, isto é, pediu para ver o maior governante para expor-lhe a fé em Cristo, como o próprio Senhor lhe pediu. É muito importante que nossos governantes não só conheçam Jesus, mas que procurem viver de acordo com seu evangelho. Não faz muito tempo foi aprovado no México o aborto, coisa que em um país cujo censo revela que 96% da população é “cristã” não deveria ter existido nem sequer como iniciativa de lei. Se isto acontece é porque muitos dos governantes (não só no México, mas na maioria dos paises) não foram profundamente evangelizados. Certamente não é fácil chegar a essas cúpulas, porém, é dever nosso procurar os meios (ainda que seja com nossa oração diária), para que o Evangelho toque seus corações e assim evitar todas as injustiças e desordens morais que vêm por falta de conversão de muitos daqueles que dirigem nossa sociedade. Tornemos público o Evangelho, busquemos os meios para que todos, sobretudo, os que estão em nossa esfera social, conheçam e amem Jesus.
ORAÇÃO INICIAL
  • Oh Deus, que pela glorificação de Jesus Cristo e a vinda do Espírito Santo nos abriu as portas de teu reino, faz que a recepção de dons tão grandes nos leve a dedicar-nos com maior empenho a teu serviço e a viver com maior plenitude as riquezas de nossa fé. Por Nosso Senhor...
REFLEXÃO à João 21,15-19
  • Estamos nos últimos dias de Pentecostes. Durante a Quaresma, a seleção dos evangelhos do dia continua a antiga tradição da Igreja. Entre a Páscoa e Pentecostes, a preferência é para o evangelho de João. Assim, nestes últimos dois dias antes de Pentecostes, os evangelhos diários apresentam os últimos versículos do evangelho de João. Logo retomamos o Tempo Comum, e voltaremos ao evangelho de Marcos. Nas semanas do Tempo Comum, a liturgia diária faz a leitura continua do evangelho de Marcos, de Mateus e de Lucas.
  • Os evangelhos de hoje e de amanhã apresentam o último encontro de Jesus com seus discípulos. Foi um reencontro de celebração, marcado pela ternura e pelo carinho. No final, Jesus chama Pedro e lhe pergunta três vezes: “Me amas?”. Somente depois de haver recebido, por três vezes, a mesma resposta afirmativa, Jesus dá a Pedro a missão de cuidar das ovelhas. Para que possamos trabalhar na comunidade Jesus não pergunta se sabemos muitas coisas. O que pede é que tenhamos muito amor!
  • João 21,15-17: O amor no centro da missão. Depois de uma noite de pesca no lago sem pegar nenhum peixe, ao chegar as margens da praia, os discípulos descobrem que Jesus havia preparado um comida com pão e pescado assado sobre as brasas. Terminada a comida, Jesus chama Pedro e lhe pergunta três vezes: “Me amas?”. Três vezes, porque foi por três vezes que Pedro negou Jesus (Jo 18,17.25-27). Depois de três respostas afirmativas, Pedro também se volta para o “Discípulo Amado” e recebe a ordem de cuidar das ovelhas. Jesus não pergunta a Pedro se havia estudado exegese, teologia, moral ou direito canônico. Só lhe pergunta: “Me amas?”. O amor em primeiro lugar. Para as comunidades do Discípulo Amado a força que as sustenta e que as mantém unidas não é a doutrina, mas sim o amor.
  • João 21,18-19: A previsão da morte. Jesus disse a Pedro: Em verdade, em verdade te digo: quando era jovem, tu mesmo te cingias, e ias onde querias, porém quando ficar velho estenderá tuas mãos e outro te cingirá e te levará aonde você não quer ir. Ao longo da vida, Pedro e todos nós vamos envelhecendo. A prática do amor irá se estabelecendo na vida e a pessoa deixa de ser dona de si mesma. O serviço de amor aos irmãos e irmãs nos ocupará do todo e nos conduzirá. Outro te cingirá e te levará aonde não quer ir. Este é o sentido do seguimento. O evangelista comenta: “Com isto indicava a classe de morte com que Pedro ia glorificar a Deus”. E Jesus acrescentou: “segue-me!”.
  • O amor em João – Pedro, me amas? – O Discípulo Amado. A palavra amor é uma das palavras que mais usamos, hoje em dia. Por isto mesmo, é uma palavra muito desgastada. Mas, é com esta palavra que as comunidades do Discípulo Amado manifestavam sua identidade e seu projeto. Amar é antes de tudo uma experiência profunda de relação entre pessoas, onde existe uma mescla de sentimentos e valores com alegria, tristeza, sofrimento, crescimento, renuncia, entrega, realização, doação, compromisso, vida, morte, etc. Esse conjunto na Bíblia se resume em uma única palavra em língua hebraica. Esta palavra é “Hesed”. É uma palavra de difícil tradução para nossa língua. Em nossas Bíblias geralmente se traduz por caridade, misericórdia, fidelidade ou amor. As comunidades do Discípulo Amado procuram viver esta prática de amor em toda sua radicalidade. Jesus a revela aos seus em seus encontros com as pessoas, com sentimentos de amizade e de ternura, como por exemplo, em sua relação com a família de Marta em Betânia: “Jesus amava Marta a sua irmã e a Lázaro”. Chora diante da tumba de Lázaro (Jo 11,5.33-36). Jesus sempre encarnou sua missão como uma manifestação de amor: “Havendo amado aos seus os amou até o fim” (Jo 13,1). Neste amor Jesus manifesta sua profunda identidade com o Pai. Para as comunidades não havia outro mandamento se não este: “Agir com agia Jesus” (1Jo 2,6). Isto envolve “amar aos irmãos”(1Jo 2,7-11; 3,11-24; 2Jo 4-6).  Sendo um mandamento tão central na vida da comunidade, os escritos joaninos definem assim o amor: “Nisto conhecemos o Amor: quem o deu sua vida por nós. Nós também devemos dar nossa vida pelos irmãos e irmãs”. Por isto não devemos “amar só de palavra, mas sim, dar a vida pelos nossos irmãos” (1Jo 3,16-17). Quem vive o amor o manifesta em suas palavras e atitudes e se torna também Discípula Amada, Discípulo Amado.
PARA REFLEXÃO PESSOAL
  • Olhe dentro de ti e de qual é o motivo mais profundo que te leva a trabalhar em comunidade.  É o amor ou as idéias te preocupam?
  • A partir das relações que temos entre nós, com Deus e com a natureza, que tipo de comunidade nós estamos construindo?
ORAÇÃO INICIAL
  • (SALMO 102/103)
  •  Hoje procurarei nas notícias cinco situações importantes em meu pais e entidades e farei uma oração especifica por cada uma delas, além disso, verei se existe algo que eu possa colaborar.


quinta-feira, 21 de maio de 2015

Lectio Divina - 21/05/15


DIA 21/05/15
PRIMEIRA LEITURA à Atos 22,30;23,6-11
  • Jesus havia anunciado no momento da Ascensão que o Evangelho haveria de ser anunciado a todo mundo. Paulo, que foi chamado pelo Senhor a ser seu testemunho, terá agora que ir até ao berço do Império para aí, diante do imperador, dar testemunho de Jesus. É importante nesta passagem dar-nos conta que se no princípio Paulo evangelizava por iniciativa própria e ia onde ele queria, agora é o próprio Senhor, que valendo-se das circunstâncias, o envia à Roma. Pensemos quantas vezes, Deus nos envia à diferentes cidades, trabalhos, ambientes e nos desestabiliza, para com isso levar-nos a uma nova oportunidade de pregar e de ser seu testemunho. O que muitas vezes consideramos uma “tragédia” ou uma situação desagradável pode ser o converter-se na ocasião que Deus nos propõe para que nosso testemunho se faça visível e desta maneira atrair para Ele outras pessoas, que de outra maneira possivelmente nunca o haveriam conhecido. Saibamos descobrir em tudo a mão amorosa de Deus que nos convida a ser seus testemunhos, até os últimos confins do mundo.
ORAÇÃO INICIAL
  • Que teu Espírito Senhor, nos penetre com sua força, para que nosso pensamento te seja grato e nosso trabalho concorde com tua vontade. Por Nosso Senhor...
REFLEXÃO à João 17, 20-26
  • O evangelho de hoje nos apresenta a terceira e última parte da Oração Sacerdotal, na qual Jesus olha para o futuro e manifesta seu grande desejo de unidade entre nós, seus discípulos, e para a permanência de todos no amor que unifica, pois, sem amor e sem unidade não merecemos credibilidade.
  • João 17,20-23: Para que o mundo acredite que tu me enviaste. Jesus alarga o horizonte e reza ao Pai: Não rogo só por estes, mas também por aqueles que, por meio de sua palavra, acreditaram em mim, para que todos sejam um. Como tu, Pai, em mim e Eu em ti, que eles também sejam um em nós, para que o mundo acredite que tu me enviaste. Aqui aflora a grande preocupação de Jesus pela união que deve existir nas comunidades. Unidade não significa uniformidade, mas sim, permanecer no amor, apesar de todas as tensões e de todos os conflitos. O amor que unifica a ponto de criar entre todos, ma profunda unidade, como aquela que existe entre Jesus e o Pai. A unidade no amor revelada na Trindade é o modelo para as comunidades. Por isto, através do amor entre as pessoas, as comunidades revelam ao mundo a mensagem mais profunda de Jesus. Como as pessoas diziam aos primeiros cristãos: “Olhem como se amam!”. É trágica a atual divisão entre as três religiões nascidas de Abraão: judeus, cristãos e muçulmanos. Mais trágica, todavia, é a divisão entre os cristãos que dizem que acreditam em Jesus. Divididos, não merecemos credibilidade. O Ecumenismo está no centro da última oração de Jesus ao Pai. É seu testamento. Ser cristão e não ser ecumênico é um contra senso. Contradiz a última vontade de Jesus.
  • João 17,24-26: Que o amor que Tu me amaste esteja neles. Jesus não quer ficar só. Diz: Pai, os que tu me deste, quero que onde eu esteja também estejam comigo, para que contemplem minha glória, a que me tens dado, porque me amou antes da criação do mundo. A felicidade de Jesus é que todos nós estejamos com Ele. Quer que seus discípulos tenham a mesma experiência que Ele teve do Pai. Quer que conheçam o Pai como Ele o conheceu. Na Bíblia, a palavra conhecer não se reduz a um conhecimento teórico racional, mas envolve a experiência e a presença de Deus na conivência de amor com as pessoas na comunidade.
  • Que sejam um como nós! (Unidade e Trindade no evangelho de João). O evangelho de João nos ajuda muito na compreensão do mistério da Trindade, a comunhão entre as pessoas divinas: O Pai, o Filho e o Espírito. Dos quatro evangelhos, João é o que acentua a profunda unidade entre o Pai e o Filho. Pelo texto do Evangelho (Jo 17,6-8) sabemos que a missão do Filho é a suprema manifestação do amor do Pai. E é justamente esta unidade entre o Pai e o Filho que faz proclamar Jesus: Eu e o Pai somos uma só coisa (Jo 10,30). Entre Ele e o Pai existe uma unidade tão intensa que quem vê o rosto de um, vê também o rosto do outro. Cumprindo esta missão de unidade recebida do Pai, Jesus revela o Espírito. O Espírito da Verdade vem do Pai (Jo 15,26). O Filho pede (Jo 14,16), e o Pai envia o Espírito a cada um de nós para que permaneça em nós, dando-nos ânimo e força. O Espírito nos vem do Filho também (Jo 16,7-8). Assim, o Espírito da Verdade, que caminha conosco, é a comunicação da profunda unidade que existe entre o Pai e o Filho (Jo 15,26-27). O Espírito não pode comunicar outra verdade que não seja a Verdade do Filho. Tudo o que se relaciona com o mistério do Filho, o Espírito o dá a conhecer (Jo 16,13-14). Esta experiência da unidade em Deus foi muito forte nas comunidades do Discípulo Amado. O amor que une as pessoas divinas Pai e Filho e Espírito nos permite experimentar Deus através da união com as pessoas em uma comunidade de amor. Assim, também, era a proposta da comunidade, onde o amor deveria ser o sinal da presença de Deus no meio da comunidade (Jo 13,34-35). E este amor construiu a unidade dentro da comunidade (Jo 17,21). Eles olhavam a unidade em Deus para poder entender a unidade entre eles.
PARA REFLEXÃO PESSOAL
  • Dizia o bispo Dom Pedro Casaldáliga: “A Trindade é ainda melhor que a comunidade”. Na comunidade na qual é membro, percebe algum reflexo humano da Trindade Divina?
  • Ecumenismo. Você é ecumênico?
ORAÇÃO FINAL
  • (SALMO 15/16)
  • Hoje farei uma recontagem de situações difíceis em minha vida e vou pensar como posso dar um melhor testemunho de minha fé nesses casos que, no futuro, quando tornar a passar por alguma circunstância semelhante, possa dar um verdadeiro testemunho.





quarta-feira, 20 de maio de 2015

Lectio Divina - 20/05/15


DIA 20/05/15
PRIMEIRA LEITURA à Atos 20,28-38
  •  Paulo põe em estreita relação a missão do apóstolo e a especial vocação por parte do Espírito, que dá a seu ministério um caráter sagrado e o coloca no âmago da própria ação salvífica, procedente do seio da Trindade. Desta essência teologal da missão apostólica derivam certas atitudes e certa responsabilidade. Antes de tudo a vigilância, não penas entendida como ação inquisitiva e censória perante inimigos internos e externos que ameaçam a vida da comunidade, mas, sobretudo, como disponibilidade dos pastores a se dar a si mesmos, “noite e dia”, pelo bem do rebanho, a ponto de imitar o bom Pastor na doação da própria vida. Depois, a confiança no poder da Palavra de Deus e de sua graça. É tal este poder que Paulo não confia a Palavra aos pastores, como deveria fazer numa transmissão de poderes, porém confia os pastores ao poder da Palavra. Finalmente, o desinteresse. Paulo sempre recusou ser pesado a seus ouvintes, para ser livre e proclamar, com sua atitude, a total gratuidade do dom de Deus.

ORAÇÃO INICIAL
  • Pai, reforça minha fidelidade a Jesus, de maneira que o Maligno não prevaleça sobre mim. Protege-me contra a maldade do mundo, consagrando-me na verdade.

REFLEXÃO à João 17,11-19
  • Os discípulos vão continuar a missão de Jesus. Como Jesus, eles romperam com a mentalidade perversa do sistema que rege a sociedade. A missão deles, porém, não é sair do “mundo”, e sim permanecerem unidos, presentes no meio da sociedade, dando testemunho de Jesus.
    ·         O Pai os protegerá de se contaminarem com o espírito do “mundo”, a cujas ameaças e seduções eles não cederão. Jesus não poupa seus discípulos das tribulações que o mundo lhes prepara. Melhor dizendo: o Mestre não lhes reserva um lugar especial, geograficamente separado, onde estejam imunes de tentações.
  • A prova de sua fé acontece no confronto com o Maligno. É então que podem dar mostras da solidez ou da fragilidade de sua adesão ao Senhor. No colóquio com o Pai, Jesus alude ao fato da deserção de um discípulo, seduzido pelo Maligno: "Nenhum deles se perdeu, a não ser o filho da perdição".
  • Nesta dolorosa exceção, sente-se como que fracassado em sua missão. Todo o seu ministério foi marcado por uma dedicação exemplar àqueles que o Pai lhe confiara. Guardava-os, com desvelo, para não se desviarem do caminho.
  • Falava-lhes do Pai, revelando-lhes a sua face amorosa. Consagrou-os na verdade e os enviou para serem continuadores de sua missão. Entretanto, além de não tê-los segregado, também não os privou da liberdade. Assim, ficou aberto o espaço para a infidelidade e a deserção. Alguém deu mais atenção ao mundo do que à palavra do Mestre.
  •  Foi o que fez Judas, o "filho da perdição". Foi-lhe franqueada a salvação. Ele, porém, a rejeitou. A perseverança dos discípulos é obra do Espírito, força divina que os move a resistir diante das sugestões do Maligno.
  • Quem é cauteloso sabe como precaver-se! A oração da unidade, de Jesus, no evangelho de João, após destacar a "glória" conjunta de Jesus e do Pai, discorre sobre o "guardar" e o "consagrar".
  • O "guardar" é a presença amorosa que atrai os discípulos, os une e liberta-os do império maligno que domina o mundo. Jesus foi esta presença amorosa no mundo. Agora, ao se ausentar, pede ao Pai que manifeste seu amor com o envio do Espírito Santo. Este guardará os discípulos, que permanecem no mundo.
  • Os frutos do Espírito são o amor e a alegria. "Consagrar" é dedicar a Deus. Jesus, enviado ao mundo pelo Pai, consagrou-se pelos discípulos: dedicou-se ao anúncio da palavra da verdade que salva o mundo.
  • Agora os discípulos são enviados, em missão, ao mundo, consagrados ao anúncio da Verdade, que é a realização da vontade de Deus: justiça, paz e vida sobre a terra.
PARA REFLEXÃO PESSOAL
  •  Baseados em quem os discípulos romperam com a mentalidade perversa da sociedade?
  •  A perseverança dos discípulos é obra de quem?
  • O que significa “guardar” e “consagrar”?
ORAÇÃO FINAL
·         (SALMO 67/68)