segunda-feira, 22 de junho de 2015

Lectio Divina - 22/06/15


DIA 22/06/2015
PRIMEIRA LEITURA à Genesis 12,1-9
  •  A história de Abraão está diretamente ligada à história de toda a humanidade: com ele começa a surgir o embrião de um povo que terá a missão de trazer a bênção de Deus para todas as nações da terra. Esse povo será portador do projeto de Deus: toda nação que se orientar por esse projeto estará refazendo no homem a imagem e semelhança de Deus, desfigurada pelo pecado. O caminho começa pela fé: Abrão atende o chamado divino e aceita o risco sem restrições. Ele percorre rapidamente a futura terra prometida: isso mostra que o projeto do qual ele é portador é um projeto histórico, encarnado dentro da ambigüidade e conflitividade humana. O que Deus promete a Abrão? Simplesmente aquilo que qualquer nômade desejava: terra para os rebanhos e filhos para cuidar deles. Em outras palavras, o que Deus promete é exatamente aquilo a que o homem aspira para responder às suas necessidades vitais. E hoje, quais são as supremas necessidades do homem? Por trás das necessidades estão as aspirações e, dentro destas, a promessa de Deus. A leitura leva-nos ao ambiente de uma estação ou ao tombadilho de uma nau que vai partir: a separação do emigrante. Não é o turista que viaja para conhecer ou espairecer, contando com um próximo retorno. É o afastamento de quem deixa tudo. Como pesa este "tudo", feito sobretudo de pessoas queridas, vultos amados de cuja presença não mais se gozará na terra! Nesse clima se coloca a voz de Deus, não transmitida por alto-falantes, não atordoante, pelo menos na normalidade das vocações porém "lida" nos acontecimentos. A experiência de Abraão, incessantemente repetida em nós, requer capacidade de leitura, supõe prévia "alfabetização". Trata-se de uma capacidade vital de atenção à vontade de Deus. É o dom que nos concede o Espírito, de participar um pouco na tensão jubilosa em direção à vontade do Pai que constituiu o roteiro da vida de Jesus. Atitude nada débil ou infantil. Atitude que pressupõe idéias claras e vontade decidida de viver intensamente, momento por momento, mas ignorando o itinerário e mesmo aonde nos chamará o Pai no instante seguinte.

ORAÇÃO INICIAL
  • Pai, livra-me de julgar meus semelhantes de maneira severa e impiedosa. Que eu seja misericordioso com eles, assim como és misericordioso comigo.

REFLEXÃO à Mateus 7,1-5
  • Deus nos julga com a mesma medida que usamos para os outros. O rigor do nosso julgamento sobre o nosso próximo (cisco) mostra que desconhecemos a nossa própria fragilidade e a nossa condição de pecadores diante de Deus (trave). O imperativo de Jesus, a respeito do julgamento do próximo, reveste-se de uma profundidade imperceptível à primeira vista.
  • Seu pressuposto é que ninguém pode ser identificado com seus atos exteriores, ou com suas aparências. Dentro de cada um, existe um mistério profundo e impenetrável, cujo conhecimento é reservado unicamente a Deus. É preciso respeitá-lo, sabendo que, por trás de cada ato humano, existe uma história que nos escapa.
  • O discípulo do Reino evita qualquer tipo de julgamento, a não ser quando é feito por amor ao próximo. Só o amor possibilita-o posicionar-se de maneira conveniente em relação a seu semelhante, e emitir um juízo a seu respeito.
  • Quem é movido pelo ódio ou pela malevolência, jamais será capaz de olhá-lo com objetividade e emitir um juízo verdadeiro sobre ele. O julgamento mais radical ao qual o ser humano será submetido é o de condenação ou de salvação.
  • Evidentemente, só ao Pai compete fazer tal julgamento. Aqui, também, vale o critério do amor. Ou seja, apenas o Pai ama tanto o ser humano, a ponto de poder determinar se este é merecedor de salvação ou de condenação.
  • Ele conhece cada pessoa, na sua intimidade. Por isso, não corre o risco de se enganar. É com misericórdia que ele pesa as ações humanas. Ao longo do Sermão da Montanha são abordados vários aspectos característicos do Reino dos Céus: a responsabilidade dos discípulos, os pontos fundamentais que Jesus inova em relação à antiga Lei, a intimidade com o Pai, o desapego das riquezas.
  • Agora as palavras de Jesus constituem orientação e norma para o harmonioso convívio comunitário. A negação do "julgar" na realidade se refere à negação do condenar. O convívio humano comporta discernimento e avaliações. Quem faz um julgamento condenatório está condenando a si mesmo.
  • É o sentido da comparação baseada em antigas normas de contratos comerciais de troca de cereais: a mesma medida deve ser aplicada a ambas as partes. O hábito de criticar com freqüência oculta a fuga de uma auto-avaliação.
  • A crítica exacerbada ofusca a lucidez. A autocrítica sincera leva à humildade e à misericórdia para com os outros. A qualificação "hipócrita" pode sugerir que o texto teria sido originalmente dirigido aos fariseus, sendo depois transferido para a comunidade.
  • Na humildade, na acolhida e na valorização do irmão constrói-se a comunidade viva e aberta que transforma o mundo.

PARA REFLEXÃO PESSOAL
  • Como somos julgados por Deus?
  • Como é que o Pai nos ama para merecermos a salvação?
  •  A quem compete julgar-nos?

ORAÇÃO FINAL

  • (SALMO 32/33)






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